33. Dia dos Namorados
"Estou pensando em como as pessoas se apaixonam de maneiras misteriosas. Talvez apenas com o toque de uma mão. Bem, eu, eu me apaixono por você a cada dia. Eu só quero te dizer que estou apaixonado, então querida, agora, me abrace amorosamente. Beije-me sob a luz de mil estrelas... – Thinking out loud, Ed Sheeran."
Já se faziam três semanas desde o terrível ocorrido na casa dos Davis. As coisas pareciam ter voltado ao normal, o tio Henry foi embora, mas o Jason ainda não tinha aparecido de novo. Sei que depois de tudo, eu deveria mesmo sentir medo dele, pois aquela noite na boate foi perturbadora, mas eu simplesmente não conseguia. Suspeito que tê-lo visto tão vulnerável na noite em que chegou machucado em casa, me fez criar um certo vínculo de amizade, afinal foi quando percebi que o seu jeito grosseiro de tratar as pessoas não passava de uma casca por fora e que, no fundo, ele tinha mesmo um bom coração.
No entanto, isso não foi capaz de impedir os pesadelos horríveis que me acometeram nas noites que se sucederam ao tiroteio, e só não foi pior porque o Jordan ficou comigo, ele ficou ao meu lado e me ajudou a superar esse episódio traumático. Mas esse sumiço do Jason estava começando a me angustiar, nos últimos dias eu estava muito preocupada com aquele idiota. Afinal, e se tivesse acontecido algo ruim com ele? Tentava me convencer do contrário, e acreditar que estava tudo bem, que logo nos toparíamos pelos corredores do colégio de novo, que aquele garoto arrogante voltaria a me irritar com suas piadas sarcásticas e sorrisos sacanas.
É, sim, logo estaríamos discutindo de novo como dois velhos ranzinzas. Eu só não gostava da ideia de que talvez o Jason ainda estivesse zangado comigo, por desobedecê-lo e por ter levado um policial à sua casa. Contudo, durante todos esses dias, eu me forcei a se concentrar nas coisas do colégio, trabalhos, ensaios, apresentações de seminário... E, claro, no Jordan. Havíamos oficializado as coisas há pouco menos de um mês, mas sentia que fazia muito mais tempo, porque nossas almas estavam ligadas desde o segundo em que nos vimos a primeira vez. Era meio bobo pensar assim, mas era verdade. O amor dele me fazia transbordar de felicidade, como eu sempre sonhei me sentir.
– Ai, meu Deus! – Dylan arregalou os olhos, e eu franzi a testa, um tanto confusa.
– Mas o que... – interrompi minha fala, ao me virar, vendo Logan se aproximar com um lindo ursinho em uma mão, e uma caixa de chocolates na outra.
– Um docinho para o meu docinho. – ao falar isso, Dylan saltou em seu pescoço e ambos trocaram um selinho demorado.
Senti minhas bochechas corarem, e desviei o olhar, fechando o meu armário. Hoje era dia de São Valentim, o dia mais romântico do ano, dia dos namorados. Sim, os dois estavam juntos desde o domingo após a festa do pijama na casa da Christine. Parece que ela conseguiu convencer o Dylan a aceitar o convite do Logan, e aquilo estava mesmo dando certo.
– Ah, que fofinhos! – disse Rose, batendo palmas, enquanto dava curtos saltinhos ao meu lado.
– Chocolate vegano. Me digam, meninas, tem como eu resistir? – perguntou Dylan, pendurado no pescoço do seu namorado.
– Estou orgulhosa da minha puta número um. – Emily deu uma risadinha, ao passar a alça da mochila pelo ombro – Parece até que ele vai largar a zona por você, Logan, então não me decepcione.
Eu e Rose demos uma risada contida, afinal mais casais trocavam presentes pelos corredores, e interromper esse momento romântico seria muito rude da nossa parte.
– Zona? Quem lembra da zona quando olha pra esse príncipe lindo aqui? – Dylan trocou mais um selinho com o Logan, que sorria largo – Meus dias de puta acabaram. E, a propósito, eu amei a surpresa, obrigado. Mas o seu presente eu só entrego mais tarde, quando estivermos a sós.
– Hummmm! – Emily, Rose e eu puxamos juntas.
– Tudo bem, meu docinho. – disse Logan, e roubou outro selinho do Dylan – Eu mal posso esperar.
– Ah, não fala assim. Só pra você saber, agora vou caprichar ainda mais no seu... presente, grandão. – disse Dylan, com extrema malícia em seu tom de voz.
– Ah, é? – Logan arqueou uma sobrancelha, enquanto sua destra escorregava pelas costas do namorado.
– Meu Deus! – Emily arqueou as sobrancelhas, impedindo-o de completar o ato – Se comportem vocês dois! Estamos no colégio.
Todos nos entreolhamos, antes de cairmos na risada. Os dois haviam assumido relacionamento para todos no colégio há pouco menos de uma semana, e não pareciam se incomodar com os olhares ou fofocas maldosas. Na verdade, estavam muito bem. Tanto, que a Emily tinha que agir como a razão do novo casal de minuto em minuto. Isso era uma graça.
– Amei a surpresa, mas você não tinha que estar no treino agora, bebê? – perguntou Dylan, ao romperem o abraço.
Logan assentiu, meio desconfiado.
– É que o treinador... ele ainda não chegou. – o vimos coçar a nuca.
– Bom, menos mal. Mas aquele velho caquético devia dar uma folga no dia dos namorados. – Dylan pareceu não perceber que o Logan estava mentindo, e logo ouvimos o sinal bater.
– Preciso ir agora. Mas nos vemos no almoço, certo? – Logan deu outro selinho em Dylan, que assentiu.
– Claro, bebê. Até o almoço. – troquei olhares com as meninas, enquanto os dois se despediam.
Acho que não fui a única a perceber que tinha algo estranho. Mas o que podia ser? Bom, por via das dúvidas, era melhor não tocar no assunto agora. Ao som do segundo sinal, todos seguimos para a sala de aula. O sr. Boonan dividiu a classe em duplas, e pediu que identificássemos alguns componentes químicos em determinadas amostras pelo microscópio. Emily ficou comigo.
– Eu estou louca, ou você também notou que o Logan ficou nervoso com a pergunta do Dylan? – questionei ao sentarmos, e ela assentiu, antes de olhar para trás por cima do ombro, checando se Dylan e Rose estavam distantes o suficiente.
– Sim. Noah me contou que Logan e Marcus se estranharam no vestiário ontem. – ela colocou sua mochila sobre a mesa – Um bate-boca, seguido de empurrões, e os dois receberam castigos.
Nesse instante, me lembrei de uma conversa recente que tive com Jordan, ele me disse que desde que Logan assumiu sua sexualidade, alguns caras do time estavam provocando com apelidos estúpidos e comentários homofóbicos. Marcus era o pior, porque incitava os outros, mas tudo pelas costas do treinador.
– O Dylan não sabe? – perguntei em tom baixo, e Emily rapidamente negou com a cabeça.
– É melhor assim. Ele é bem esquentado, vai fazer um alarde se souber. – ela sussurrou de volta, e eu assenti.
Sabia bem disso, e não duvidava nada que Dylan tomasse medidas em grande escala, como publicar uma matéria no jornal, por exemplo. O que poderia piorar tudo. Me senti um pouco mais tranquila em relação aquele assunto, apenas quando Emily me disse que o treinador Watson teve uma longa conversa com os meninos, e que chamou inclusive os pais de alguns para participarem.
Ela também me disse que ele deixou claro que não toleraria comportamentos homofóbicos, preconceituosos, ou até mesmo violentos em sua equipe. Avisando aos devidos responsáveis por tal conduta, que haveriam punições e em casos mais extremos, expulsões. Acho que assim esse comportamento não tornaria a se repetir, pelo menos esperava que não.
Estávamos quase terminando de classificar os componentes químicos, quando ouviu-se duas batidinhas na porta da sala. Automaticamente olhei naquela direção, e vi aquele sorriso doce e apaixonante. Jordan trazia um lindo buquê de rosas vermelhas em mãos, parado bem na porta da sala de aula. O sr. Boonan assentiu e ele agradeceu, passando para dentro da classe, se aproximando da mesa onde eu estava sentada com Emily.
De imediato, meus olhos encheram de lágrimas, as quais tentei secar rapidamente, antes de me levantar. Ele parou bem a minha frente, e selou meus lábios devagar. Senti minhas bochechas esquentarem, quando algumas pessoas a volta bateram palmas, entre suspiros e assovios.
– Dan, – pousei minhas mãos em seu peitoral, e ele ajeitou uma mecha de cabelo para trás da minha orelha – achei que o combinado era trocar os presentes à noite.
– Ah, mas esse aqui não é o seu presente, amor. Só queria que começasse o dia com um sorrisinho nesses lábios. – ele acariciou o meu rosto, delicadamente.
– Que coisinha mais fofa! – comentou Dylan, nos fazendo rir.
– Dylan, fica de bico fechado! – Emily o repreendeu, e ele bufou o ar pelo nariz ao som das risadas da turma.
Balancei a minha cabeça para os lados, após pegar aquele lindo buquê. As rosas eram em um vermelho sangue intenso, e tão perfumadas. Senti as mãos do Jordan pousarem em minha cintura, ele depositou um beijo carinhoso em minha testa, me fazendo suspirar baixinho.
– Você não existe, né? – sorri largo, vendo-o umedecer os lábios rapidamente com a língua.
– Eu te amo, Lizzie. – disse Jordan, alcançando uma das minhas mãos, dando um beijinho nela.
– Ah, Dan, eu te amo. – selei seus lábios.
– Sei que hoje é um dia romântico e tudo mais, no entanto, Sr. Davis, preciso continuar a minha aula. – o Sr. Boonan chamou nossa atenção, sorrindo de canto a canto.
Ele estava certo, por mais lindo e romântico que aquilo fosse, estávamos atrasando a aula.
– Tudo bem. Já consegui o que eu queria, professor. Obrigado. – Jordan sorriu gentil para ele, depois voltou sua atenção a mim – Ainda está de pé a noite, tá?
Ele se referia ao nosso jantar, não disse onde seria, porque queria me fazer surpresa, mas me fez o convite ontem, quando estávamos almoçando. Jordan disse que teve um sonho comigo e que queria fazer acontecer, para que eu soubesse o quão especial era o que tínhamos.
– Claro. Estou ansiosa. – sorri doce, antes dele me dar o último selinho.
Nos despedimos, entre os suspiros da classe e ele saiu pela porta, a qual o sr. Boonan tratou de fechar, dando continuidade à sua aula logo em seguida. Dylan, Emily e Rose se contiveram até a hora do almoço, depois me encheram de perguntas e estavam super animados para saberem do nosso jantar. Claro que eu tinha contado a eles, pois estava louca para que a hora chegasse. O dia se seguiu com mais surpresas e demonstrações de carinho entre os casais no colégio.
Eu adorava o dia dos namorados, porque sempre me derretia com as declarações dos casais. Meus pais não ficavam de fora, todo ano nessa data, o sr. Louis preparava uma surpresa para a minha mãe, os dois saíam para jantar e voltavam bem tarde. Era romântico assistir. No entanto, essa era a primeira vez que eu também recebia surpresas. Geralmente eu ficava em casa, assistindo um bom filme clichê, suspirando com os personagens, imaginando como seria quando acontecesse comigo. A sensação era muito melhor do que eu pensava.
Quando cheguei em casa, minha mãe colocou as rosas que ganhei em um jarro, bem ao lado das que ela ganhou na cozinha, como eu disse, meu pai nunca falhava. Os dois também sairiam para jantar, tinham reservas em algum restaurante bem chique. Então, praticamente nos arrumamos juntas. Ela me ajudou com a maquiagem e o vestido. Nada muito forte, nem extravagante. Escolhi um vestido de mangas curtas, em tom azul bebê, ele media até quase os meus joelhos e sempre lhe atribuí um tom romântico, digno desta noite.
Ao descermos, nossos respectivos pares já nos aguardavam na sala. Meu pai em sua poltrona, vestido de terno e gravata, sorria contente em uma conversa com o Jordan, que se encontrava no sofá a esquerda, bem menos formal que o sr. Louis. Ele usava uma calça jeans de lavagem clara, um pouco desfiada nos joelhos, uma camisa branca e uma jaqueta de estampa militar por cima, adorava aquele estilo Davis, o deixava tão original. Ambos se puseram de pé, assim que nos viram.
– Eu sou um cara de sorte, Jordan. Olhe só se não são as duas mulheres mais lindas desse mundo. – disse meu pai, em tom risonho.
– Com todo respeito, senhor, eu concordo. – Jordan fez minhas bochechas esquentarem imediatamente.
– Ah, querido, deixe disso. – minha mãe sorriu – Vamos logo, ou perderemos nossas reservas.
– Sim, senhora. – meu pai riu, se adiantando até ela.
Jordan veio junto e segurou em uma das minhas mãos, antes de me roubar um discreto selinho, enquanto minha mãe ajudava o meu pai a vestir seu paletó.
– Você está linda, amor. – ele falou baixinho, olhando profundamente em meus olhos.
– Ah, obrigada, bebê. – sorri doce – Você também está.
Acariciei o seu rosto suavemente, vendo aquele sorriso gostoso apontar em seus lábios. Nunca me cansaria de vê-lo sorrir, isso era algo impossível de acontecer. Meus pais se apressaram a sair de casa e eu peguei a sacola com o presente do Jordan sobre a mesinha de centro, não era nada muito caro, pois minha mesada não era lá essas coisas. Mesmo assim, escolhi com muito carinho, isso que importava, não é mesmo? Sei que ele gostaria. Também saímos logo em seguida e nos despedimos dos meus pais.
Jordan abriu a porta do carro para mim, como um cavalheiro. Quando ele entrou, lhe questionei aonde iríamos, já estava muito curiosa, mas ele não revelou, disse que era uma surpresa. Desconfio que ele queria me matar do coração, isso sim. Em certo momento do percurso, me estendeu uma venda e pediu que eu a usasse, aquilo me fez dar uma risadinha, mas obedeci.
Minutos depois, notei a velocidade do carro reduzir, até que estacionamos. Minha curiosidade quase me fez arrancar a venda fora, quando ouvi a porta bater, indicando que o Jordan havia descido, mas me controlei, não queria estragar a surpresa que ele havia preparado com tanto empenho.
– Vem, amor. Deixa eu te ajudar. – senti a sua mão tocar a minha e sorri, descendo do carro, à medida que ele me ajudava.
– Jordan, onde estamos? – perguntei ansiosa, e ouvi sua risadinha, assim que fechou a porta do carro.
– Já estamos quase lá, só mais um pouquinho, linda. – ele deu um beijinho em minha cabeça, me puxando para sua frente.
Me apoiei em seus braços que me agarravam pela cintura, enquanto caminhávamos devagar, pois tinha medo de tropeçar em alguma coisa e me esborrachar no chão. Sei que o Jordan não permitiria, mas isso não me impedia de sentir medo mesmo assim. Percebi ele empurrar uma porta e passamos para dentro, seja lá de onde fosse. De repente, o som agradável da música que tocava no rádio, misturado a algumas vozes que ecoavam baixinho, se tornou estranhamente familiar para mim. Caminhamos mais um pouco até finalmente pararmos.
– Pode abrir os olhos, amor. – disse ele, ao retirar a venda que os cobria.
Reconheci de cara que estávamos na Candy's, mas, aparentemente, entramos pelos fundos, pois não ouvi o costumeiro soar da sineta ao passarmos para dentro. Haviam mais casais ali, na verdade, todas as mesas estavam lotadas. Algumas pessoas até dançavam numa pista improvisada. Mas notei que as luzes do lado onde estávamos, se encontravam quase apagadas.
Notei que nossa mesa era a única forrada e com algumas velas, em meio a pétalas de rosa espalhadas para dar um clima mais romântico. Meus olhos arderam pelas lágrimas, e me virei no mesmo instante, abraçando Jordan bem apertado. Aquele garoto sempre dava um jeito de me surpreender, meu Deus.
– Você gostou, Liz? – ele perguntou baixinho, ao rompermos o abraço, acariciando a minha bochecha.
– Ah, Dan, eu adorei. Está perfeito. – sorri, secando as lágrimas nos cantos dos olhos.
– Fico feliz, linda. Deu um trabalhinho para convencer a sra. Candy a me ajudar. – ele riu, fazendo sinal para que eu me sentasse.
– Imagino, mas não precisava caprichar tanto assim. – coloquei a sacola do seu presente sobre a mesa, e ele se sentou junto a mim.
Ficamos um de frente para o outro.
– Mas é claro que precisava. Você merece muito mais, Liz. – Jordan acariciou minha mão, olhando fixamente em meus olhos.
Será que ele sabia que podia arrancar o meu fôlego inteirinho assim? Só por me olhar? Apertei meus dedos aos seus e uma playlist romântica começou a tocar. Olhei para o balcão, avistando a garçonete se aproximar, com duas bandejas em mãos. Ela sorria de forma simpática para nós. Assim que serviu nossa mesa, Jordan lhe agradeceu. Depois me contou que havia feito uma coisa meio louca, ao pedir que preparassem a receita de macarronada da sua avó, a qual ele julgava ser a melhor do mundo.
Eu dei risada, mas assim que provei, incontestavelmente concordei com ele. Era uma delícia mesmo. Nosso jantar prosseguiu em um clima romântico e aconchegante. Jordan me contou que na sua próxima viagem para o Texas, a qual ocorreria muito provavelmente nas férias de verão, ele me levaria junto para conhecer os seus avós que, segundo ele, iriam me adorar. Sem dúvidas, eu gostaria muito de acompanhá-lo, mas pensar nas férias de verão não me deixava nada contente. Ainda não sabia como seria a faculdade para nós dois, e a ideia de ficarmos distantes era melancólica, mas sabíamos que podia acontecer.
Mudamos de assunto algumas vezes, Jordan estava ansioso para o jogo da terça que ocorreria em Chicago. O time sairia na segunda e só estariam de volta na quarta. As Lioness não iriam junto, porque o colégio só custearia os jogos mais importantes, acredito que as finais. Quando acabamos de tomar um delicioso milkshake de sobremesa, vi a garçonete se aproximar outra vez, com uma sacola em mãos, a qual deixou sobre a mesa, após recolher os pratos e as taças. Estava na hora da troca de presentes.
– Eu começo. – me apressei, em uma risadinha – Não é nada caro, mas escolhi com muito amor.
Passei minha sacola para ele que sorriu, assentindo. Meus batimentos aceleraram quando Jordan olhou dentro dela. O vi pegar a caixinha de cor vinho e, assim que ele a abriu, seus olhos encontraram os meus.
– Amor, – ele falou, meio bobo, tirando o relicário delicado de dentro, o cordão era de ouro, e o pingente tinha formato arredondado – é lindo.
– Abre. – pedi ansiosa, e Jordan assentiu – É uma foto nossa, Dylan que tirou.
Vi um sorrisinho se formar em seus lábios, e seus olhos encontraram os meus outra vez, me dando a certeza de que ele tinha adorado.
– Daqui por diante, essa vai ser a minha medalhinha da sorte. Vou usar no jogo de terça e trazer a vitória para você. – Jordan deu um beijinho carinhoso em minha mão.
– Bom, ainda tem mais uma coisinha dentro da sacola. – entrelacei meus dedos aos seus, vendo-o pegar os dois ingressos do jogo dos Lakers em Chicago.
Esse era o time de basquete favorito do Jordan, e consegui encontrar um jogo bem na semana em que ele estaria em Chicago. Comprei dois para que ele levasse um amigo junto, afinal, ir sozinho seria meio chato, não é mesmo?
– Lizzie, eu não acredito. Tentei comprar pela internet, mas não consegui, já haviam esgotado. Como você sabia? – seus olhos estavam brilhando agora.
– Ah, digamos que eu adivinhei. – dei uma risadinha, e Jordan se esticou sobre a mesa, me dando um selinho.
– Você é perfeita, não é? Eu amei, linda. – disse ele, ao se sentar outra vez, e guardou os ingressos na sacola – Agora é a minha vez.
Jordan empurrou o seu presente para mim. Respirei fundo, soltando da sua mão e alcancei a sua sacola. Dei uma boa olhada dentro e peguei a caixinha roxa, de tamanho médio, toda delicada. Tinha um laço muito fofo em cima, o qual eu tive pena de desfazer. Retirei a tampa e havia uma carta em cima, muito bem dobrada em três partes.
Foi a primeira coisa que eu abri. Olhei para ele antes de ler, e pude ver um sorriso envergonhado surgir em seus lábios. Jordan era tão lindinho com vergonha, que me dava vontade de cobri-lo com beijos cheios de amor. Mas me detive outra vez em sua carta, a qual dizia o seguinte:
Minha querida Lizzie,
Me pego sentado em frente a escrivaninha do meu quarto há um longo tempo agora, com um desejo enorme de escrever essa carta. Já a fiz e refiz algumas vezes em minha mente. O problema não é o que te dizer, mas, sim, como dizer. As palavras parecem não se ordenar, pois são incapazes de te mostrar tudo o que me faz sentir. Essa é a primeira vez que me sinto completamente entregue a alguém. Você muda tudo em mim, amor. Basta um olhar seu, e todos os meus sentidos ganham vida.
Você enobrece minha alma e me torna um homem melhor para ser digno de todo o seu amor. Sua graça foi capaz de iluminar as minhas noites mais escuras, e tive certeza de que conheci o mais belo e puro dos anjos. Nunca duvidei que seu abraço era a minha casa, da qual eu jamais quero ir embora. Minha pequena, seu sorriso trouxe propósito à minha vida, e seus beijos pintam em tons coloridos tudo o que já foi cinza um dia, porque você é única e inigualável.
Seus lindos e doces olhos verdes, que me remetem a duas preciosas esmeraldas, foram capazes de me ensinar quanto o amor pode preencher uma alma. Fizemos e faremos memórias para nós mesmos. Nunca serei capaz de esquecê-las, pois sinto que cada espaço de tempo ao seu lado é um infinito rememorável, e espero que eternize todos os seus momentos infinitos nessas páginas, ainda em branco.
Espero também, fazer parte da maioria deles. E saiba que você já faz parte de muitos dos meus.
Com todo o meu mais profundo e verdadeiro amor,
Jordan Brendon Davis.
Ao final da carta, duas lágrimas rolaram dos meus olhos, e Jordan sorriu doce para mim, entrelaçando seus dedos aos meus. Apertei sua mão e sequei minhas lágrimas rapidamente, tornando a dobrar aquela carta com todo o cuidado. Dentro da caixa, tinha um diário delicadinho, preso por uma corda da capa traseira para a dianteira.
– Obrigada, Dan, isso foi... Você é tão maravilhoso. – dessa vez, eu me estiquei sobre a mesa e selei seus lábios.
Sem dúvidas, aquele foi o melhor presente que eu já recebi na vida, do tipo que era incapaz de se esquecer. Assim que voltasse para casa, como o primeiro momento infinito registraria essa noite incrivelmente maravilhosa com o Jordan. Tinha certeza que cada uma daquelas páginas seriam preenchidas com um pouquinho dele, era até impossível pensar o contrário disso, não é mesmo? Ficamos ali, sentados à mesa, por mais um tempo, apenas trocando carícias, até vermos alguns casais pedirem as suas contas para irem embora, então fizemos o mesmo.
Passaria a noite hoje na casa do Jordan, ele havia me convidado, e é claro que num dia tão romântico como hoje não dava nem mesmo para cogitar recusar uma proposta dessas. Após ele pagar a conta, a qual fez questão de fazer sozinho, nos encaminhamos de volta para o seu carro bem agarradinhos. Eu acho que, a essa altura, já não víamos a hora de finalmente ficarmos a sós e, pelo que ele me disse, teríamos a casa toda para nós hoje, pois a sua mãe havia saído com as amigas e dormiria fora.
Bom, confesso que ainda me causava um certo frio na barriga, pois eu sabia exatamente o que significava ficar sozinha com o Jordan, mas acontece que agora era um friozinho dos bons. Eu adorava os nossos momentos de intimidade, eram tão quentes e intensos que me arrancavam todo o fôlego só de pensar. Por sorte, o caminho até a sua casa foi bem tranquilo, e não custamos muito a chegar, mas, para a minha surpresa, dessa vez não subimos direto para o seu quarto. Jordan havia separado um dos meus romances favoritos para assistirmos juntos, e até fez pipoca para acompanhar.
Então, nos sentamos bem agarradinhos no sofá da sua sala para apreciarmos "A cinco passos de você". Por Deus, o Jordan era tão perfeito que nem sei explicar em palavras, às vezes me pegava se questionando se ele era mesmo real... Aquele garoto sempre pensava em todos os detalhes, e sempre conseguia me surpreender positivamente. Ao final do filme, eu chorava rios de lágrimas, e prontamente ele me ofereceu uma caixa com lencinhos, depois me puxou carinhosamente para o seu colo a fim de me fazer se acalmar. Me ajeitei melhor ali, com uma perna para cada lado, e senti minhas bochechas esquentarem sob seu olhar.
– Você deve me achar uma idiota, não é? – funguei com o nariz, ao finalmente conter as minhas lágrimas – Chorando assim por um filme...
– Eu te acho linda. – Jordan riu anasalado, acariciando uma das minhas bochechas com o polegar – Gosto do quanto é emotiva, isso é muito fofo.
– Não precisa mentir. – rolei os olhos, entrelaçando meus braços em volta do seu pescoço – Ninguém acha isso fofo.
– Mas eu eu acho, e não estou mentindo. Tudo é perfeito em você, amor. – ele se inclinou para a frente, segurando firme em meu quadril com a destra, enquanto deslizava sua mão esquerda em direção a minha nuca – É toda perfeita pra mim.
Ao dizer aquilo, seus lábios macios tocaram gentilmente os meus num selinho demorado, o qual me fez sentir o bater de asas das borboletas em meu estômago. Sem pensar duas vezes, mergulhei os meus dedos por entre os fios dourados dos seus cabelos, os apertando e dando leves puxões ali. Naquele ritmo, não demorou muito até os nossos selinhos se aprofundarem num beijo apaixonado, e estremeci inteira ao toque desejoso da sua língua quente e molhada na minha, a qual suguei algumas vezes, me deliciando no sabor de menta em sua boca.
Em resposta, o Jordan puxou os meus cabelos com certa força, me arrastando um pouco mais para cima em seu colo e, antes que eu percebesse, comecei a rebolar sobre a ereção que crescia em sua calça. Ao me dar conta, o empurrei contra o encosto do sofá, e ele me puxou junto, me encarando com tanto desejo que me fez sentir os pelos da nuca eriçarem. Então, tudo o que consegui fazer foi voltar a beijar os seus lábios, de forma ainda mais intensa que antes, me esfregando em seu colo a fim de senti-lo melhor entre as minhas pernas.
A verdade é que, eu estava louca para ser tocada pelo Jordan essa noite, sentir a sua língua quente me chupando, enquanto os seus dedos me invadiam com pressa até me fazer gozar. Sim, era disso que eu precisava agora. E, quase como se ouvisse os meus pensamentos, ele sorriu sacana entre o nosso beijo, passando a sua destra para baixo do meu vestido, ao sentir sua mão grande apertar firme a minha coxa, eu arfei pesado rompendo o contato entre os nossos lábios. Os seus se adiantaram numa trilha caprichada até o meu pescoço, o que me fez inclinar a cabeça para cima com os olhos ainda fechados.
– Dan! – gemi seu nome baixinho, arranhando a sua nuca com as pontas das unhas.
– Rebola pra mim, linda. – ele sussurrou quente em meu ouvido, e senti uma deliciosa corrente de energia percorrer pelo meu corpo – Sente o quanto estou duro pra você... Gosta disso, não gosta?
– Si-sim! – gaguejei, sentindo o meu rosto inteiro esquentar, e logo voltei a rebolar como ele pediu.
– Porra, que delícia! – Jordan apertou meus quadris, me puxando com certa força contra o seu – Não vejo a hora de você rebolar assim com o meu pau cravado bem fundo na sua boceta. Você deve ser tão apertadinha... Uma vadia gostosa e apertada!
Sua destra apalpava o meu traseiro, enquanto aquelas sacanagens que ele soprava em meu ouvido, estranhamente me faziam sentir o calor entre as minhas pernas dobrar. Eu estava excitada. Ao abrir os olhos outra vez, posso quase ter esquecido de como respirar sob o seu olhar dominante, e puxei seus cabelos com força quando os seus dentes se precipitaram a mordiscar o meu pescoço. Em seguida, percebi seus dedos se adiantarem até o zíper do meu vestido, que ficava em minhas costas, e sorri maliciosa. No entanto, ao me dar conta de que nós dois ainda estávamos na sala, tratei de pará-lo imediatamente.
– Não é melhor a gente subir primeiro? – perguntei, um tanto nervosa.
– Relaxa, não tem ninguém em casa, linda. – Jordan beijou o meu ombro, terminando de descer o zíper do meu vestido – Somos só eu e você.
– Mas... E se alguém chegar? – olhei em direção a porta, enquanto ele empurrava delicadamente as mangas da minha roupa para baixo pelos meus braços – Eu morreria de vergonha.
– Não vai chegar ninguém, eu prometo. – sua mão esquerda alcançou o meu queixo entre o polegar e o indicador, me fazendo encará-lo novamente – Além do mais, não te excita fazermos isso aqui na sala? Porque a ideia de te botar de quatro e chupar a sua boceta nesse sofá, me dá um tesão fodido.
– É? – apertei seus ombros, sentindo a minha intimidade ficar ainda mais úmida ao vê-lo assentir com um sorriso extremamente malicioso desenhado em seus lábios – Ai, Dan, você tem certeza que não vai chegar ninguém, não é?
– É, eu tenho sim. – ele rapidamente selou os meus lábios, puxando o meu vestido para cima.
Nos afastamos um pouco, até ele se livrar por completo daquela peça de roupa, e voltar a me beijar com intensidade. Então, logo deslizei minhas mãos de volta à sua nuca, a qual tornei a arranhar com as pontas das unhas, enquanto as suas pousavam em minhas coxas, as quais passou a apertar com força, causando arrepios deliciosos pelo meu corpo. De uma forma inexplicável, o Jordan tinha mesmo razão, aquela nossa safadeza na sala da sua casa conseguia mesmo ser ainda mais excitante do que o comum.
Mordisquei o seu lábio inferior, rebolando cada vez mais fundo em seu colo, e ao rompermos o beijo, cravei as minhas unhas em suas costas por cima do tecido da sua camisa, ao passo que os seus dedos se adiantavam até o fecho do meu sutiã, o qual ele abriu com extrema facilidade. Sorri maliciosa, ao vê-lo jogar aquela peça para longe, passando a distribuir beijos molhados pelo meu pescoço e colo, em direção aos meus seios agora expostos. No entanto, ao ouvir passos pesados descendo as escadas, arregalei os olhos sentindo certo desespero me preencher, e meus batimentos rapidamente aceleraram...
[...]
💕. Adendo: O dia dos namorados, conhecido como valentine's day nos EUA, é comemorado em 14 de fevereiro, ou seja, ainda no início do ano. Como a história se passa por lá, seguimos com essa data 😘
💕. Esse Jordan é um romântico incurável, né? Sempre surpreendendo a Liz. O que acharam desse jantar?
💕. Sintam-se a vontade para deixarem seus comentários e opiniões. E, se gostaram do capítulo, não esqueçam de votar na ⭐ ajuda muito para o desenvolvimento da obra aqui no wattpad, fora que deixa uma autora muuuuito feliz. Até o próximoooo 😘
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