32. Vai ficar tudo bem
⚠️ ALERTA: ESSE CAPÍTULO CONTÉM VIOLÊNCIA FÍSICA E TORTURA. SE VOCÊ FOR SENSÍVEL A ESSE TIPO DE CONTEÚDO, SUGIRO QUE PULE OS PARÁGRAFOS MARCADOS COM (*). ⚠️
"Contanto que você me ame, serei seu soldado, lutando a cada segundo do dia pelos seus sonhos, garota. Contanto que você me ame, serei sua platina, sua prata, seu ouro... – As Long As You Love Me, Justin Bieber."
À medida que o carro seguia o seu percurso, as ruas iam ficando mais escuras e desertas, no início achei que fosse só impressão minha por estar assustada, mas não era. A paisagem agora era mórbida, com fachadas de prédios velhos e edifícios abandonados.
"Infelizmente o lado sul da cidade é um lugar bem violento agora. Deve pensar duas vezes antes de andar por lá.", a voz do tio Alex, o pai da May, ecoou em meus pensamentos, provocando um calafrio que percorreu por todo o meu corpo. O que ele sabia desse lugar? O que realmente tinha no lado sul, e por que o Jason viria a uma zona de perigo?
Esgueirei meu olhar pela janela, estava bem escuro lá fora, mas consegui enxergar pichações por todos os lados, das paredes aos portões, isso conseguiu me deixar ainda mais inquieta. Ninguém no carro soltava uma palavra sequer. Porém, um pouco adiante, pude ver um certo movimento nas ruas. Nada muito agradável já que, praticamente, se resumia a drogados e prostitutas.
Notei que adentramos por mais duas ruas, até sentir a velocidade do carro reduzir. Estacionamos em frente a uma... boate. Jason saiu apressado do veículo, e achei que fosse me deixar sozinha com aqueles dois, mas logo a porta ao meu lado se abriu e ele me puxou para fora pelo braço, com uma certa brutalidade, que quase me fez cair, e teria mesmo, se não me apoiasse em seu peitoral.
– O que tá... – antes que eu conseguisse completar a frase, ouvi o barulho das outras portas batendo, isso me fez olhar para trás.
– Vê se não sai de perto de mim! – Jason sussurrou em meu ouvido, e me arrepiei inteira pelo susto.
– Vamos logo, McClain! – disse Thomas, passando por nós.
Jason apenas assentiu, me puxando pelo braço.
– Você está me machucando! Eu posso... Posso andar muito bem sozinha! – tentei me largar algumas vezes, até sentir o seu olhar de reprovação recair sobre mim – Não vou sair de perto, mas solta o meu braço, por favor?
Pedi, contendo as lágrimas, e Jason me largou, se virando para frente enquanto subia os degraus. Parei alguns instantes, analisando a situação. Haviam muitas pessoas ali em frente, a maioria eram homens. O barulho da música lá dentro era tão alto que eu podia sentir a vibração do som percorrer pelo meu corpo.
Uma lufada de vento extremamente gélido me golpeou, bagunçando os meus cabelos, e me fazendo tiritar de frio na calçada. Abracei meus próprios braços, desejando, mais que tudo, não ter levantado daquele sofá. Agora, provavelmente, estaria segura com o Jordan.
Será que ele me perdoaria por isso? Por ter vindo até aqui? Meu Deus, nem eu mesma sabia o porquê tinha feito isso. Ou melhor, sabia. Tive medo de que o Jason estivesse em perigo, mas dava para ver agora que ele estava muito bem. Me sentia envergonhada por ter sido tão boba e estúpida.
Quando Tedy resmungou algo ao passar por mim, me acordei de meus curtos devaneios. Respirei fundo, tratando de subir os degraus também. Jason ia um pouco mais a frente, conversando com Thomas. Apressei o passo, e os dois pareceram me perceber, pois se calaram.
– Fala, chefia! – um homem forte, coberto por tatuagens, o qual eu juguei ser um dos seguranças daquele lugar, cumprimentou Jason, passando seu olhar a mim – Ela é uma das garotas novas, sr. McClain?
– Não! – respondeu Jason, parecendo se irritar ao perceber o olhar daquele homem sobre mim.
– Ah, certo. – o segurança soou meio nervoso pela instabilidade de humor de Jason, acredito – A encomenda já está lá atrás, chefe.
"Encomenda? Chefe?" Como assim? Jason por acaso era dono daquele lugar? E por que um cara bem mais velho que nós dois parecia estar com medo dele? Achei que isso se resumisse ao colégio, sabe... pessoas da nossa idade. Mas julgando pelo ocorrido com o Tedy no carro, Jason parecia assustador mesmo.
O segurança cruzou os braços a frente do corpo, se detendo olhar nossos pés, em um claro sinal de respeito e medo. Jason não disse mais nada, apenas assentiu, empurrando a porta e passando para dentro. Prendi minha respiração por alguns segundos, tratando de segui-lo.
A música estava bem mais alta lá dentro. A luz era baixa e haviam garotas nuas ou seminuas para todos os lados, algumas até dançavam em pole dances para rodas cheias de homens, em pequenos palcos redondos, enquanto eles jogavam dinheiro para elas e tocavam seus corpos de forma vulgar. Então logo percebi que estávamos numa boate de prostituição.
À medida que eu caminhava para dentro, pude notar que toda a decoração era em vermelho e preto. Também havia um bar mais ao fundo a direita, onde algumas pessoas se serviam, sentadas em frente ao enorme balcão de madeira escura reluzente. O lugar estava bem movimentado, todas as mesas e palcos estavam rodeados.
– Foi mal, gracinha. – um homem bêbado falou ao esbarrar em mim, passando o seu olhar pelo meu corpo – Tem uma vadia vestida aqui! Hey, o que acha de me deixar arrancar essa roupa?
– A-ah... não. – minha voz soou trêmula, então passei apressada por ele, seguindo em direção ao Jason que estava um pouco mais a frente.
– Volta aqui, vagabunda! Eu pago bem. – senti que meu coração saltaria pela boca, ao vê-lo me seguir.
Apressei mais o passo, e acabei esbarrando nas costas do Jason, que conversava com uma das garotas daquele lugar. Não consegui prestar muita atenção nela, pois estava nervosa e, num impulso, me agarrei ao braço do Jason, olhando assustada para trás. Assim que ele acompanhou o meu olhar, o cara que me seguia paralisou no meio do caminho, tomando outra rota em segundos.
Soltei a minha respiração de uma vez, fechando os olhos e afundando meu rosto contra o ombro do Jason, enquanto tentava engolir o choro preso em minha garganta. Meus dedos se entrelaçaram aos seus, numa busca desesperada de me sentir segura e, percebendo isso, ele apertou minha mão de volta, quase como se me pedisse para se acalmar. Bom, eu acho que era mesmo isso.
– Quem é ela? – ouvi a garota a frente praticamente berrar por conta da música alta.
Dessa vez, consegui me atentar melhor aos seus detalhes. Notei que ela usava um pouco mais de roupa que as outras meninas, o que não quer dizer que fosse bastante para cobrir todo o seu corpo. Mas me concentrei em seu rosto. Seus cabelos eram castanhos com pontas rosas e onduladas. E um batom vermelho sangue destacava seus lábios, o que me fez lembrar da Christine, já que essa era tipo a marca registrada dela.
– Não é da sua conta, Alice! Só faz o que eu mandei, porra! – respondeu Jason, numa grosseria só, me puxando e passando comigo por ela.
– Aonde... – estremeci ao vê-lo empurrar outra porta, e logo adentramos por um corredor um tanto escuro.
Jason fechou a porta atrás de nós, abafando quase que por completo o som da música e das risadas das pessoas na boate. Me encolhi contra o seu braço, ouvindo ele bufar o ar pelo nariz, em uma visível irritação, a qual teria me feito lhe soltar caso não estivesse tão assustada.
Mas, sinceramente, acho que eu preferia ouvir suas grosserias, a ter que ficar sozinha naquele lugar. Começamos a caminhar, sem trocar uma única palavra sequer. Eu não queria soltá-lo, não conseguiria fazer isso, pelo menos não até me acalmar, o que estava sendo bem difícil essa noite.
– É melhor você ficar de boca fechada, Lizzie. – disse ele, em tom baixo – Aqui não é lugar para você!
– Então, por que me trouxe? – perguntei, encarando a luz avermelhada que piscava no teto.
– Caso não se lembre, você que entrou no carro e não quis sair. – Jason apertou minha mão outra vez, quando um grito agonizante ecoou ao longe pelo corredor.
Meu corpo estremeceu de dentro para fora, e logo o encarei assustada.
– O que está acontecendo? Por que viemos aqui? – perguntei amedrontada, e ele rolou os olhos.
– O que eu disse sobre ficar de boca fechada? – rebateu Jason, impaciente. Eu respirei fundo, assentindo, precisava me acalmar – Não vamos passar muito tempo aqui, só preciso de uma informação.
– Tudo bem. – menti. Não estava nada bem, mas Jason assentiu.
Em seguida, paramos quase em frente a outra porta, uma bem grande, de ferro. Como aquelas de celas especiais nos presídios para prisioneiros perigosos. Bem, eu nunca fui a um presídio, mas tinha experiência em documentários e séries. Então sim, aquela porta me lembrou isso. No mesmo instante que pensei em me soltar do Jason, pude ouvir mais gritos agonizantes ecoarem com ainda mais força. Aparentemente, vinham de dentro daquela sala. Engoli em seco, tentando conter um soluço preso em minha garganta.
– Vê se relaxa. Fica aqui, eu volto agora. – disse ele, se soltando de mim, e dei um passo em sua direção.
– Mas e se aquele cara... – interrompi minha fala quando sua destra tocou delicadamente o meu rosto, fazendo uma suave carícia em minha bochecha.
Fechei os olhos por alguns segundos, apreciando seu toque delicado sobre minha pele.
– Só fica tranquila, tá bom? Ninguém vai entrar aqui sem autorização minha. – Jason olhou em meus olhos assim que os abri.
Encontrei mansidão nos seus, apesar de toda aquela situação e, quase automaticamente, senti meus batimentos reduzirem a intensidade. Uma onda de calor me percorreu e, naquele instante, eu sabia que estava segura. Então assenti.
– Por que não posso entrar com você? – perguntei baixinho, e Jason interrompeu o carinho que fazia em meu rosto.
O vi respirar fundo, como se estivesse se controlando, em seguida se afastou dois passos para trás.
– Porque eu não quero que você veja o que vai acontecer lá dentro. Pode ficar aqui só por uns minutos? – pediu ele, e senti a precisão de uma confirmação em seus olhos.
– Tá. – abracei um de meus braços, vendo-o se virar em direção a porta, sem dizer mais nada.
Assim que sua mão tocou a tranca, mais um grito pôde ser ouvido. Jason abriu a porta, e escutei alguém chorando em desespero lá dentro, o que fez a minha respiração pesar outra vez. O vi entrar apressado, e dei alguns passos para trás, esbarrando contra a parede fria. O que estava acontecendo?
Os gritos pararam por um instante. Fechei os olhos, tentando me tranquilizar, mas tive um sobressalto ao ouvir quem quer que fosse gritando de novo. Sei que a ordem era para que eu esperasse, mas estava angustiada, sozinha e com muito medo. Fora que a pessoa lá dentro parecia mesmo estar sofrendo.
* Encarei os meus pés tentando me convencer de ficar quieta, mas eles não me obedeceram. Antes que eu pudesse impedir, minha mão já estava na tranca da porta. Suspirei baixinho, e estremeci de novo pelos gritos de dor. Mordi meu lábio inferior, e logo adentrei aquela sala. Engoli em seco ao ver um homem seminu amarrado em uma cadeira. Seu corpo estava encharcado e haviam fios de eletricidade entrelaçados pelos seus dedos.
* Abaixo da cadeira, tinha uma poça de líquido amarelado. A sala fedia a vários odores, entre sangue e carne queimando. Era realmente assustador. Meus olhos logo encontraram Jason, que estava mais ao canto da sala, de costas para mim, conversando com uma mulher. Ela era quase da sua altura, tinha pele preta e cabelos roxos, presos a tranças dreads.
"Péssima ideia, Lizzie, péssima ideia!", minha mente gritava enquanto meus pés se moviam cada vez mais para dentro da sala. Eu queria sair, queria ir embora, mas não conseguia fazer isso. A moça a frente do Jason me viu, e arqueou as sobrancelhas, falando algo para ele que se virou logo em seguida, arregalando os olhos ao me ver ali dentro.
– O que porra eu disse sobre esperar lá fora? – Jason parecia muito irritado, enquanto se aproximava de mim em passos largos.
Parei de caminhar, pois minhas pernas simplesmente travaram.
* – E-eu... – gaguejei, olhando dele para o homem amarrado ao lado, o qual parecia chorar em desespero e dor – O que está acontecendo, Jason?
– Volta para o corredor agora! – ele mandou entredentes, e eu franzi a testa, voltando a encará-lo.
– Não enquanto você não me responder o que está acontecendo. – falei firme, e ele rangeu os dentes.
– Deixa a princesinha assistir o show, McClain! – a mulher ao canto da sala falou em deboche, e rapidamente percebi o ódio se formar nos olhos dele.
– Cala a porra da boca, Yovanna! – Jason berrou, me puxando pelo braço – Vem, vamos sair!
* – Jason, não! – me soltei dele, quase em desespero – Por favor, me responde, por que... por que estão machucando pessoas aqui?
– Então você quer uma resposta? – ele perguntou entredentes, eu assenti.
* – Sim, eu quero! – respondi, mas me arrependi ao vê-lo puxar a arma do cós da calça.
* – Onde estão as drogas que foram roubadas? – Jason destravou a arma, me fazendo dar um passo para trás ao vê-lo apontá-la em direção ao cara amarrado.
* Nada além de um choro baixo foi ouvido e ele puxou o gatilho, o que provocou um estardalhar metálico que ecoou por toda a sala, produzindo um zumbido ensurdecedor em meus ouvidos. As lágrimas logo invadiram meus olhos.
* – AAH! – estremeci mais ainda com o grito de dor, vendo a perna daquele pobre homem sangrar – VÃO PARA O INFERNO! EU JÁ DISSE QUE NÃO SEI!
* – Para quem passou o meu endereço? – perguntou Jason, outra vez, movendo seu braço sem nem olhar para o lado, então puxou o gatilho novamente.
* Isso me fez soltar um gritinho pelo susto.
* – PORRA! – o homem olhava em desespero para o braço ferido, e eu não consegui conter minhas lágrimas – EU NÃO SEI DE NADA!
* – Se não falar agora, o próximo vai ser na cabeça, onde estão os filhos da puta? – Jason moveu o braço outra vez e, mesmo sem olhar, ele estava mirando para a cabeça daquele homem.
* – Jason, para, por favor? – minha voz soou trêmula, e embargada pelo choro.
* As lágrimas já rolavam sem controle, queimando a pele de meu rosto. Jason travou o maxilar, como quem tenta se controlar, mas seu dedo se moveu no gatilho. Ele ia mesmo puxar?
– Eu falo, pelo amor de Deus, eu falo o que quiserem! – o cara disse com dificuldade, e ouvimos um gotejar no chão.
– Ora, ora, ora... parece que o nosso amiguinho linguarudo aqui se mijou todinho de novo! – a tal Yovanna se aproximou, rindo em deboche.
– Já está satisfeita com a sua resposta? – Jason travou a arma, me encarando fixamente. Eu solucei, tentando conter meu choro – Agora sai!
Ele se virou de costas para mim, e sequei as lágrimas em meu rosto, na verdade eu tentei secá-las, estava mesmo muito nervosa. Vi Yovanna puxar os cabelos do homem amarrado, com brutalidade, fazendo-o inclinar a cabeça para trás.
Olhei para a porta, avistando o corredor escuro lá fora, o que me fez soltar o ar com força pelo nariz, então neguei com a cabeça, tornando minha atenção ao Jason, ouvindo o cara amarrado sussurrar algo para aquela mulher sombria, que sorria extremamente maldosa. Dei um passo à frente, encolhendo os ombros ao sentir seus olhares sobre mim.
– Lizzie? – arrepiei inteira ao ouvir aquela voz rouca soar ofegante, e extremamente preocupada atrás de mim – Mas o que porra está acontecendo aqui?
Me virei, a tempo de ver o Jordan adentrar aquela sala com um olhar confuso estampado em seu rosto. O qual logo assumiu outro sentimento ao cruzar com o do Jason. Como se aquele simples ato fosse capaz de acender o ódio dentro dele.
– Agora que chegou, faz o favor de sair com... – antes que Jason pudesse completar a frase, Jordan passou apressado por mim, partindo para cima dele.
* Aquilo foi tão rápido que só o vi acertar um soco no rosto do Jason, que aparentemente foi pego de surpresa, pois cambaleou para o lado, um tanto atônito. Sem dar espaço para que ele pudesse se recuperar, Jordan o puxou pela gola da camisa, acertando mais dois socos seguidos, com toda a força que tinha no braço.
* Eu queria gritar para que ele parasse, mas a minha voz simplesmente não saía. Estava travada em minha garganta. Ouvi o barulho metálico da arma ao tombar no chão, e Jason agarrou Jordan pela cintura, empurrando-o para trás. Os dois caíram juntos, e o gêmeo furioso acertou o primeiro soco em seu irmão.
* Jordan tentou empurrá-lo, mas Jason o segurou, desferindo mais um soco em seu rosto, e já levantava o braço outra vez quando finalmente recuperei o controle do meu corpo, me precipitando em direção aos dois. Não aguentaria ver aquilo, vê-lo machucar o Jordan me doía profundamente.
– PARA! NÃO BATE NELE! NÃO... POR FAVOR? – gritei desesperada, puxando a camisa do Jason para trás, numa tentativa frustrada de arrancá-lo dali.
Não tinha força suficiente para separar os dois, mas eles pararam. Jason pausou o movimento do braço, encarando Jordan com o ódio estampado em seu olhar.
– Pega a Lizzie e some da minha frente, seu merda! – Jason puxou a gola da camisa do Jordan, e depois o empurrou com força contra o chão, antes de se levantar limpando o sangue da boca com as costas da mão.
Ele se livrou de meu toque, se abaixando para apanhar a arma que havia derrubado. Então Jordan se levantou, ainda atordoado pelos socos. O encarei com extrema tristeza, caminhando apressada em sua direção, mas ele recuou um passo, voltando seu olhar ao Jason.
– Seu animal! – vociferou Jordan, mas seu irmão permaneceu de costas – Por acaso já deu uma olhada nesse buraco para onde arrastou a Lizzie?
– Não foi ele... – falei baixinho, tentando secar as lágrimas, e um soluço escapou por entre meus lábios – E-eu... Não foi culpa do Jason!
– Como assim? – Jordan franziu a testa em completa confusão.
– Aew, McClain, o show de família está emocionante, de verdade, deixei até escorrer uma lágrima agora. Mas já tenho a localização. Então, isso aqui... Você finaliza ou eu? – perguntou Yovanna, em tom sarcástico, apontando um canivete em direção ao homem amarrado na cadeira.
– Não. Por favor, eu contei. Eu disse tudo o que vocês queriam saber. – o cara se desesperou no mesmo instante.
– Quer fazer o favor de sair logo com a Lizzie daqui? Eu tenho negócios para resolver. Mas posso fazer isso na frente de vocês se insistirem em ficar. – Jason falou irritado, e vi o Jordan cerrar os punhos com força.
Sei que estava se controlando para não sair no soco com seu irmão outra vez.
– O que... – olhei para trás, confusa, e Jordan se aproximou, me puxando para um abraço.
Estremeci pelo contato entre nossos corpos, encarando-o assustada, mas logo o abracei de volta, afundando meu rosto em seu peitoral. Senti seus braços me apertarem, e o calor do seu corpo se misturar ao meu. Fechei os olhos com força, inalando o seu perfume, enquanto respirava fundo para me acalmar.
– Só me dá tempo de tirar ela daqui? – pediu Jordan, em tom mais leve.
– Vaza! – foi tudo o que Jason respondeu.
– Vamos, Liz, precisamos sair. Vou te levar para casa. Vai ficar tudo bem. – Jordan afagou meus cabelos, e eu assenti, tornando a abrir os olhos.
– Não, por favor, não! Eles vão... – a voz do cara amarrado foi interrompida.
Tentei olhar naquela direção, mas o Jordan me abraçou de lado, escondendo o meu rosto contra o seu peitoral, enquanto seguíamos para fora da sala. Não ouvi mais uma única palavra sequer, e a porta atrás de nós se fechou. Me partia o coração deixar o Jason sozinho naquele lugar, mas estava me sentindo muito mal depois de tudo o que aconteceu.
Só queria sair dali, queria que o Jordan me levasse para longe daquele lugar. Saímos da boate, e eu ainda estava aos prantos quando entramos no carro. Dan ficou em silêncio enquanto dirigia. Eu só conseguia lembrar da cena horrível onde o Jason atirava naquele homem. Nunca, em toda a minha vida, presenciei algo tão perturbador, mas a culpa era toda minha por tê-lo desobedecido.
Depois de alguns longos minutos, finalmente consegui controlar o meu choro. Tomei uma dose de coragem e olhei para o Jordan, mas ele estava irritado e nem sequer me olhou de volta. Eu não podia tirar a sua razão, não mesmo. O que eu fiz foi muito imprudente e perigoso, estava envergonhada por isso. Mas precisava dele agora, sentir a sua frieza me destruía por dentro.
Fiquei calada também, porque o medo do que ele poderia me dizer, me consumia lentamente. Eu não fazia ideia do que estava se passando na sua cabeça e isso me assustava. Notei adentrarmos a rua da minha casa e suspirei baixinho, sentindo o carro reduzir a velocidade. Não queria sair do lado dele. Estacionamos em frente a minha casa e eu encarava as minhas mãos em meu colo, apertando os meus dedos uns contra os outros, não sabia o que dizer, ou fazer.
– É melhor você descer agora. Seus pais estão preocupados. – a voz do Jordan soou indiferente a mim, então o encarei, sentindo os meus olhos arderem.
– Me perdoa, Dan? – pedi baixinho e ele respirou fundo, olhando para frente.
– Boa noite, Liz. – disse ele, ainda sem me encarar, e uma lágrima rolou pelo meu rosto.
– Jordan, por favor? Eu não fiz por mal... – minha voz soou embargada, e ele negou com a cabeça, passando finalmente o seu olhar a mim.
– Eu pedi para você ficar longe do Jason, Lizzie. E olha onde eu te encontro... Você, literalmente, cruzou a cidade com ele, se pondo em risco. – ele arqueou as sobrancelhas, e eu assenti, sabia disso – Acha que ele se importaria se algo te acontecesse?
– E-ele... O Jason cuidou de mim. – respondi, e Jordan franziu a testa.
– Você estava numa espécie de sala de tortura, e acha realmente que ele cuidou de você? – a expressão em seu rosto era de incredulidade.
– Eu que... Olha, ele pediu para eu esperar no corredor, mas... não vou mais fazer isso. – tentei convencê-lo, mas o vi negar com a cabeça.
– Não, Lizzie. Enquanto você estiver perto de mim, aparentemente, não vai se afastar dele. Jason é meu irmão, não tenho como mudar isso. Mas a última coisa que eu quero, é que você se machuque, então... – ele se interrompeu, desviando o olhar.
Percebi a sua voz ficar mais rouca ao final da frase, e mais lágrimas rolaram pelo meu rosto.
– Não faz isso, por favor, eu te amo. – minha voz soou quase num apelo, e ele soltou o ar com força pelo nariz.
– Eu também amo você, Lizzie. Mas depois dessa noite, não sei o que dizer. – ele estava triste, eu podia ver em seus olhos – Isso... nós dois... não acho que seja seguro para você.
– Mas a culpa não foi sua, Jordan, não...
– Liz, vai para casa. A gente conversa melhor outro dia. – ele me interrompeu, girando a chave na ignição outra vez, o que me fez fechar os olhos com força, sentindo meu coração ficar pequenininho dentro do peito.
– Dan... – abri meus olhos quando ele soltou o meu cinto.
– Vai, Lizzie. – ele pediu outra vez, e senti como se o meu mundo estivesse desabando.
Jordan estava... ele estava terminando comigo? O encarei por mais alguns segundos, mas ele parecia decidido a não mais me olhar. Eu não sabia mais o que dizer, então resolvi fazer a única coisa que eu deveria ter feito essa noite: obedecê-lo. Saí do carro, batendo a porta atrás de mim, e o olhei uma última vez, antes de me afastar. Abracei os meus próprios braços enquanto caminhava para casa.
Queria mesmo que ele tivesse vindo atrás de mim, mas não veio. Parei em frente a porta de entrada, tentando controlar o meu choro, teria de enfrentar outro quadro quando cruzasse a soleira para dentro. Meus pais. Sequei as lágrimas, respirando fundo, engolindo toda aquela dor quando toquei a maçaneta.
Olhei para o lado e o carro do Jordan ainda estava parado, mas o motor continuava ligado, sei que ele só estava esperando que eu entrasse. Contudo, fazer aquilo era mais difícil do que parecia. Finalmente abri a porta, dando de cara com os meus pais sentados no sofá. O rosto da minha mãe estava um tanto inchado e ela parecia ter chorado a beça, o que me fez acreditar que levaria uma bronca daquelas.
No entanto, a essa altura, eu já não estava me importando mais, eles podiam brigar comigo, me colocar de castigo, ou... não sei. Só conseguia pensar no que Jordan me disse no carro. Acho que consegui estragar a única coisa verdadeiramente boa que me aconteceu desde que cheguei aqui. Eu o amava tanto, e agora... Estava arrasada demais para conseguir pensar em outra coisa.
– Lizzie? – minha mãe se levantou em um sobressalto ao me ver – Lizzie, meu amor, você voltou!
– Mãe, eu... – antes que mais alguma palavra saísse da minha boca, ela correu em minha direção e me abraçou com força.
– Nos perdoe, querida? – ela choramingou, e vi o meu pai se levantar, tirando os óculos enquanto se apressava a secar as lágrimas dos olhos.
– O que... – estava muito confusa agora. Por que eles me pediriam desculpas?
– Jordan nos contou que você estava nervosa e que saiu com o Jason para espairecer. Sei que devíamos ter ficado ao seu lado, querida. – minha mãe continuava me apertando naquele abraço, enquanto falava com a voz embargada.
Isso me fez se sentir pior ainda. Mesmo com tudo, Jordan tinha me acobertado.
– Mas acontece que... – meu pai se aproximou, colocando os óculos outra vez – Nós ficamos... ficamos muito nervosos também, filha.
– Tá... Tudo bem. – falei quando ele pousou as mãos nos ombros da minha mãe que logo desfez o abraço comigo – Eu acho que preciso... preciso subir, estou cansada e...
– Certo, querida, claro. – meu pai disse compadecido, eu assenti.
– Boa noite. – me despedi, secando as lágrimas que se formavam em meus olhos.
Tudo o que eu mais precisava agora era me jogar na cama. Queria chorar até esvaziar aquela dor do meu peito.
– Boa noite, filha. – eles disseram enquanto eu seguia para as escadas.
Comecei a subir e não mais consegui controlar o choro, solucei baixinho, apressando o meu passo, não queria que os meus pais ouvissem. Não queria ter de explicar ou falar mais nada, não conseguiria. Assim que alcancei o andar de cima, praticamente corri para o meu quarto, entrei rápido e fechei a porta, desabando num choro profundo, enquanto encostava a minha testa nela.
Não fazia barulho nenhum, aquele silêncio estava me matando, ainda mais porque a culpa era toda minha. Fechei meus olhos com força, soltando a respiração pelo nariz. Essa, sem dúvidas, foi a pior noite de toda a minha vida e eu nunca me perdoaria se perdesse ele, se perdesse o Jordan, por ser uma total idiota, cabeça dura e irresponsável.
Ele estava se sentindo culpado, mas a culpa não era dele. Tudo o que fez foi me tirar daquele lugar horrível e me trazer em segurança para casa. Como pude? Por Deus, como pude ser tão imprudente? Coloquei não só a minha vida em perigo, mas também a dele, indo até aquele lugar. E pra quê? Será que o Jordan seria capaz de me perdoar?
– Lizzie... – estremeci ao ouvir aquela voz, completamente rouca, soar baixinho atrás de mim.
Abri meus olhos rapidamente, me virando apressada. Jordan estava parado, de pé, bem no meio do meu quarto. Não dei tempo para que ele falasse mais nada, apenas corri em sua direção, golpeando-o com um abraço, e afundando meu rosto em seu peito.
Não sei por que ele tinha voltado, por que tinha vindo atrás de mim de novo, mas eu precisava... precisava que ele ficasse. Não podia... Não me imaginava mais sem o seu amor, sem os seus carinhos. Eu o amava tanto, e me sentia tão culpada por magoá-lo. Seus braços se entrelaçaram a minha volta, e senti meus ombros tremerem pelo choro.
– O que eu disse... – sua voz estava carregada de tristeza. Ele se afastou um pouco, sem romper o abraço, mas segurou em meu queixo, me fazendo olhá-lo – Me perdoa?
– Ah, Dan... se alguém aqui deve desculpas, sou eu. – meus olhos estavam embaçados pelas lágrimas que escorriam, queimando a pele do meu rosto.
Num movimento rápido, seus lábios se uniram aos meus. Pude sentir uma eletricidade percorrer pelo meu corpo inteiro, e fechei os olhos com força, me entregando completamente aquele beijo. Jordan segurou em meu rosto, eu sentia o gosto salgado das minhas lágrimas se misturando ao toque das nossas línguas.
Dei um passo a frente, fazendo-o se virar comigo em direção a cama. Sua destra pousou em minha cintura, enquanto sua mão esquerda acariciava o meu rosto, limpando as minhas lágrimas. Ele rompeu nosso beijo, encostando a sua testa na minha, o que me fez abrir os olhos, notando que os dele ainda estavam fechados. Vi seu maxilar travar, e toquei suavemente em seu rosto.
– Fica comigo, Jordan? – pedi baixinho, ele abriu os olhos, aqueles lindos olhos cor de mel que me arrancavam o fôlego – Prometo... Eu te prometo, meu amor, que nunca mais faço nada arriscado, mas não pode... Você não pode me deixar, Davis.
– Eu te amo, Lizzie! – ele disse baixinho, e não consegui conter o sorriso que se formou em meus lábios.
– Eu te amo, Dan! – lhe roubei alguns selinhos, até ver aquele sorriso gostoso iluminar seu rosto, então o puxei, e caímos juntos na cama.
Demos uma risadinha, e mordi meu lábio inferior, enquanto sentia seus beijinhos se espalharem por minhas bochechas. O abracei com força e ele deitou a cabeça em meus seios. Enfim, meu coração estava quentinho de novo.
Jordan era tudo o que eu mais precisava, ele era muito mais do que eu sonhava, muito mais do que eu merecia. Finalmente consegui controlar as minhas lágrimas. Ficamos em silêncio por alguns minutos, não era preciso dizer nada, eu só precisava senti-lo. Meus dedos acariciavam a sua nuca, quando ele levantou o rosto.
– Fica hoje? – pedi, antes que ele falasse algo, e o vi arquear as sobrancelhas – Não sei se consigo dormir sozinha.
– Tudo bem. Estou aqui, não vou sair. – sua voz doce inebriava meus pensamentos.
Jordan sorriu leve, e me roubou um selinho, antes de cair para o lado, me puxando para o seu peitoral.
– Promete que não vai embora nunca, Jordan? – pedi, me aconchegando melhor, enquanto escondia o meu rosto na curvatura do seu pescoço.
– Não vou, Lizzie. Enquanto você me amar, estarei sempre por perto para cuidar de você. Isso é uma promessa, meu amor. – disse ele, e eu sorri largo, abraçando-o...
[...]
💋. E aí, o que acharam do primeiro contato da Liz com o mundo do Jason? Essa outra realidade deu uma sacudida na bichinha, né? 👀
💋. Tadinha da Liz, foi tentar ajudar, mas acabou tomando um susto e tanto, hein... 💔🤣
💋. Se gostaram do capítulo, deixem seus comentários, e não esqueçam de votar na ⭐ tenham certeza de que vão fazer uma autora muito feliz 🥰 Até o próximo capítuloooo 😘
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