30. Um pedido inusitado
"Ainda somos crianças, mas estamos tão apaixonados. Lutando contra todas as possibilidades... Eu sei que ficaremos bem desta vez. Amor, apenas segure minha mão, seja minha garota, eu serei seu homem... – Perfect, Ed Sheeran."
Depois de toda aquela situação embaraçosa pela noite, Jordan e eu saímos bem cedo hoje pela manhã, antes mesmo que o Jason ou a sua mãe acordassem, pois precisávamos buscar as minhas coisas em casa. Por sorte, os meus pais ainda dormiam, e eu agradeci internamente por não ter que passar por nenhuma situação embaraçosa. Nem tanto pelo meu pai, mas a minha mãe provavelmente me encheria de perguntas, dona Elisa era sempre muito curiosa.
"E agora vamos as notícias matinais com a jornalista Garcia. É com você, querida!" – dizia o locutor da rádio local, que estava ligada em volume baixo no carro."
Jordan havia saído há pouco para comprar o nosso café da manhã, e aproveitei para me maquiar ali dentro com as coisas que peguei em casa. Normalmente, eu nunca fazia nada muito elaborado para ir ao colégio, mas hoje teria jogo dos Tigers, e não dava para aparecer em cima da hora de cara limpa ou a Christine me mataria.
"O tiroteio recente entre as gangues no lado Sul, vitimou três jovens moças num bar. As fontes afirmam que elas trabalhavam numa boate de strip-tease frequentada por marginais, que estão em busca de drogas e sexo. – tal informação chamou minha atenção – "Estima-se que mais mortes tenham ocorrido, mas que os corpos foram ocultados da polícia. O caso ainda está sob investigação."
Seria esse o motivo pelo qual o Jason chegara ferido em casa ontem? Quer dizer, ele tomou um tiro, então... No que diabos esse garoto estava metido? Interrompi a minha maquiagem, a fim de ouvir o resto da notícia, mas nada de muita relevância foi apontado, e logo mudaram o foco para os jogos da semana. Ainda assim, aquilo era tão estranho.
Tentei me concentrar de novo antes que o Jordan voltasse, afinal precisava me arrumar o mais rápido possível. Por sorte, deu tudo certo, apesar de tomarmos o nosso café com pressa em meio ao caminho para o colégio. O primeiro sinal já havia batido quando chegamos, então nos despedimos e segui direto para o vestiário, onde as meninas já se trocavam.
– Onde você se meteu? – Emily me arrastou pelo braço, antes que a Christine desse pelo meu pequeno atraso.
– Desculpa, é que eu dormi na casa do Bieber ontem. – expliquei – Acordamos bem cedo hoje, mas mesmo assim...
– Tudo bem, você já está quase pronta, agora é só se vestir, e a Christine nem vai notar. – ela abriu a porta de um box vazio pra mim.
– Obrigada. – sorri aliviada.
– Não precisa agradecer, agora pega o seu uniforme e me dá a sua mochila, eu vou guardar no meu armário. – sugeriu ela, olhando de um lado para o outro.
Naquele instante, Emily era como o meu anjo da guarda. Em vista da hora avançada, eu não disse mais nada, apenas fiz o que ela sugeriu, e me tranquei no box para me vestir. Quando os nossos nomes foram chamados, eu já terminava de organizar as duas marias chiquinhas que prendiam só a metade de cima do meu cabelo, deixando a parte de baixo e duas mechas na frente soltas. Esse era o meu penteado favorito quando entrava em campo para torcer.
Dessa vez, a Christine teve a ideia de organizar tudo para fazermos a entrada dos meninos, e é óbvio que o Jordan me escolheu para fazer a dele. Confesso que me senti meio nervosa por ele ser tipo o jogador mais aclamado do time, mas eu não caí ao executar os saltos e piruetas, então estava tudo bem. Como sempre, a torcida clamava o seu nome, num coro forte e, ao entrar, a primeira coisa que fez foi me dar um selinho em campo.
Depois disso, apresentei a primeira coreografia com as Lioness, e juro que podia sentir a vibração nas arquibancadas, a energia era surreal. Eu realmente amava fazer parte disso. A partida não demorou nada a começar, após sairmos de campo, e todas nós acompanhávamos o jogo dos rapazes com bastante entusiasmo, comemorando com vontade cada ponto marcado no placar.
Ouvi o apito soar, finalizando mais uma jogada, e saltei do banco junto com as meninas, animando a torcida para os Tigers. Contudo, notei o Jordan um tanto perdido, enquanto olhava em direção as arquibancadas, ao mesmo tempo em que voltava a se posicionar para a próxima jogada. Acabei olhando para lá também, e rapidamente avistei a Susana, ela estava de pé e parecia discutir algo com o Jason, que a encarava furioso.
Não sei sobre o que falavam, pois como já disse, saí bem antes deacordarem hoje. O soar do apito, me fez voltar a atenção para o jogo, mas em menos de dois segundos Jordan estava no chão. Acho que não tinha se concentrado direito ao ver aquilo na arquibancada. Senti meu coração pequenininho quando ele se levantou um tanto atordoado, ao som das lamentações da torcida pelo ponto do time adversário.
Tayler rapidamente reuniu o time, para decidirem a próxima jogada. O placar estava apertado, e se os Buldogs continuassem marcando na defesa, os Tigers teriam dor de cabeça. No entanto, o que realmente estava me afligindo agora era o Jason. As coisas que ele me contou ontem, aquele ferimento em seu braço, e agora uma discussão com a Susana? Pelo que seria?
Não me contive em olhar para as arquibancadas, na mesma direção que antes, mas agora a Susana estava sozinha, e me parecia indecisa entre descer ou voltar para o seu acento. Um pouco mais abaixo, avistei o Jason que descia os últimos degraus, segurando o seu tórax, ele usava uma jaqueta de couro preto por cima de sua típica camisa cinza chumbo, sempre cores fechadas. Era visível que aquele idiota estava sentindo dor, enquanto me parecia irritado ao telefone. A torcida vibrou e notei o placar dos Tigers subir três pontos, eles marcaram um Field Goal, que no caso era chutar a bola no meio do Y.
– Ah, foi o meu Noah, foi ele! – Emily comemorava, mas não foi nisso que me concentrei.
– Christine, eu já volto. Vou pegar uma água. – inventei aquilo, soltando os pompons sobre o banco, ela assentiu.
Me apressei a correr em direção ao portão de saída, enquanto a torcida rugia animada para a próxima jogada. Vi o Jason desligar o celular, balançando a cabeça para os lados, como quem está tentando se controlar. Bom, ontem ele me disse que eu consegui ajudá-lo a relaxar... Acho que não custava tentar outra vez, não é mesmo?
– Jason? – chamei, antes dele passar pelo portão de saída, então o vi se virar – Você não está indo embora, está?
Sorri, tentando soar descontraída, e seus olhos caramelados mergulharam nos meus. Por um curto instante, quase pude notar aquele enevoado enegrecido sumir de sua face, mas foi tão rápido que não sei dizer se foi só algo em minha cabeça, ou a vontade de que fosse real. Sua expressão voltou a ficar rígida, e a fúria alarmante em seus olhos interrompeu qualquer tom leve que pudesse guiar aquela conversa.
– Por acaso, está escrito na minha cara que é da sua conta, garota? – o mau humor se fazia presente em seu tom de voz, e eu franzi a testa.
– É que... você está machucado. – olhei para o seu braço direito coberto pela jaqueta.
Não queria nem me perguntar como ele tinha vestido aquilo. Aposto que o objetivo era para que ninguém visse que estava ferido. Esconder o curativo em seu braço me soava bem a cara dele, tão irresponsável...
– E daí? – ele questionou impaciente, o que me fez cerrar os olhos.
– Não precisa ser um idiota grosso e mal-educado. – cruzei os braços, numa tentativa de manter a paciência – Não sei quem te ligou, mas o Jordan e a Susana parecem...
– Não estou nem aí! – Jason me interrompeu, um tanto alterado, então dei um passo para trás.
– Por que está tão bravo? – perguntei, tentando ao máximo não ser rude – A ligação... foi sobre aquele cara que você me falou ontem?
O vi ranger os dentes. Em seguida, seu celular apitou com algumas mensagens, e Jason fechou a cara mais ainda.
– Só cuida da sua vida, Lizzie! – ele se virou, passando apressado pelo portão.
Não sei por que ele estava tão zangado, mas aposto que tinha a ver com o seu braço ferido, ou melhor... com o responsável por aquilo. Cerrei os punhos, me impedindo de segui-lo, afinal a sua costumeira grosseria estava de volta e, para mim, nada justificava aquele comportamento estúpido. O rugido alto da torcida me fez despertar, então logo tornei a seguir para o banco, onde as meninas gritavam eufóricas pelo recente ponto que os Tigers marcaram.
Tentei me concentrar em Jordan, que conseguiu se recompor nas jogadas ao longo da partida. Susana, que parecia um tanto aflita na arquibancada, também fez o mesmo que eu. O terceiro tempo encerrou com o placar de 18 pontos para os Buldogs, e 22 para os Tigers, o que era um tanto apertado. O treinador Watson não estava nada satisfeito quando entrou com os rapazes para o vestiário.
Enquanto isso, as Lioness assumiram o campo para animar a torcida. Estávamos finalizando algumas acrobacias, até que a pirâmide foi montada, com a Christine no topo e a música cessou quando eu e a Rose fizemos as últimas estrelinhas. Sorri animada com os aplausos e me virei, vendo as meninas descerem ao chão.
Elas começaram a dar as mãos, e eu franzi a testa, não lembrava de termos combinado nada do tipo, olhei para os lados e aquilo era um círculo a minha volta. No instante seguinte, uma música começou a tocar, eu reconheci no mesmo instante, era "Perfect" do Ed Sheeran. As meninas se balançavam de um lado ao outro seguindo o ritmo, ao mesmo tempo em que também cantavam.
Eu encontrei um amor para mim
Amor, entre de cabeça e me siga
Bem, eu encontrei uma garota, linda e doce
Ah, eu nunca soube que era você quem estava esperando por mim
Sorri meio nervosa, sem entender aquilo, pensei em me aproximar delas, mas logo avistei os meninos entrarem em campo em fila única, segurando os capacetes com uma das mãos, enquanto na outra traziam uma rosa. O que estava acontecendo? Ainda não era hora de retornarem.
Engoli em seco quando as meninas soltaram as mãos se posicionando em fileiras ao meu lado, me deixando sozinha no centro, enquanto seguiam cantando a música em coro. Eu não sabia o que devia fazer, mas sentia que minhas pernas não se moveriam em direção alguma caso me chamassem.
Mas, amor, apenas me beije devagar
Seu coração é tudo o que eu tenho
E, em seus olhos, você está segurando o meu
As pessoas na arquibancada foram silenciando. Passei minha atenção aos meninos, vendo Tayler, que era o capitão do time e o primeiro da fila, se aproximar com um sorriso largo nos lábios. Ao parar na minha frente, ele me entregou a rosa que trazia.
Olhei nervosa para a Christine, com medo dela me matar, já que morria de ciúmes dele. Eu tentaria lhe dizer que era um engano, não sabia por que ele estava me entregando uma rosa, afinal, eu deveria saber? Mas pude me acalmar quando a vi sorrir, assentindo e cantando com as outras. E, logo Tayler passou por mim.
Eu encontrei um amor
Para carregar mais do que apenas meus segredos
Para carregar amor, para carregar nossos filhos
Os meninos do time foram passando de um por um, me entregando uma rosa por vez. Noah, Chris, Logan, até o Marcus, mas diferente dos outros, ele não olhou em meus olhos, acho que estava com vergonha do que fez comigo há alguns dias, mas eu não me concentrei nisso. A essa altura meus olhos já estavam cheios de lágrimas.
Seja minha garota, eu serei seu homem
Eu vejo meu futuro em seus olhos
Querida, eu estou dançando no escuro
Com você entre meus braços
Algumas lágrimas rolaram dos meus olhos quando avistei o Jordan, ele era o último da fila, e caminhava devagar em minha direção, trazendo mais algumas rosas em mãos. Naquele momento, eu esqueci de tudo a minha volta, só queria abraçá-lo e sentir o gosto dos seus lábios nos meus. Queria ele para mim, por inteiro.
As batidas de meu coração soavam tão alto e apressadas, apenas por vê-lo. Era ele, eu não tinha dúvidas do quanto o amava. Dei um passo a frente, e uma das rosas escorregou dos meus braços. Aquela altura eu já segurava um buquê enorme, todos os jogadores do time me entregaram rosas, até o treinador Watson, e acho que foi a primeira vez que o vi sorrir gentilmente, já que não soava nada simpático quase sempre.
Mas, no instante em que o Jordan parou à minha frente, eu não consegui esconder o quanto estava emocionada. Ele tocou em meu rosto, limpando as minhas lágrimas delicadamente, e senti todos os meus pelinhos eriçarem com força. Fechei os olhos, quando seus lábios macios tocaram minha testa em um beijinho carinhoso, enquanto segurava o meu queixo entre o polegar e o indicador.
– Jordan, o que está fazendo? – perguntei nervosa, ouvindo a música cessar.
Então, tornei a abrir os olhos, a tempo de ver aquele sorriso lindo que ele tinha iluminar todo o seu rosto.
– Deixa que eu seguro para você, my darling. – Christine se aproximou, pegando as rosas.
Aproveitei para secar as lágrimas dos meus olhos.
– Obrigada. – agradeci, e a vi assentir, antes de se virar e seguir até as outras mais uma vez.
Assim que olhei para frente, Jordan selou meus lábios carinhosamente, segurando em minhas mãos.
– Amor... – disse e ele assentiu, tratando de se ajoelhar a minha frente, segurando firme em minha mão direita.
Senti um friozinho gostoso surgir em minha barriga, encarando diretamente aquele mar de mel que eram os seus olhos, os quais pareciam poder me engolir inteira. Eu gostava daquela sensação. Amava exatamente tudo o que Jordan me fazia sentir, era puro e verdadeiro, eu tinha certeza disso. Mas ainda queria entender o que estava acontecendo.
– Sabe, eu acho que nunca te contei... – o som da sua voz rouca me fez arrepiar, e o vi umedecer os lábios com a língua, em um leve sorrisinho – mas os Tigers tem meio que um ritual, quando um de nós se apaixona.
– Jordan... – o vi tirar uma caixinha do bolso, e cobri a minha boca com a mão livre, sentindo mais lágrimas se acumularem em meus olhos.
– E você sabe que eu te amo não é, Lizzie? – ele olhou para mim outra vez, não consegui falar nada porque estava muito emocionada, mas assenti em resposta – Então, decidi oficializar as coisas ao modo Tigers.
Sorri nervosa, e mais lágrimas rolaram, as quais logo tratei de secar. Jordan apertou a minha mão direita, um pouco antes de depositar um suave beijinho nela. Acariciei seu rosto, e o vi sorrir largo para mim, enquanto abria a caixinha, onde havia uma aliança de compromisso tão delicada e linda. Era prata, com uns detalhes precisamente talhados nas laterais e uma pedrinha ametista roxa no centro, em formato de dois corações entrelaçados.
Nesse instante, me perguntei se Jordan sabia o quanto eu queria beijá-lo...
– Você, Lizzie Andrews, aceita namorar comigo? – pediu Jordan, com aquela voz rouca completamente apaixonante.
Seus olhos estavam fixos aos meus, e senti que podia me afogar naquele mar de mel. Sorri, sem conseguir conter as lágrimas que rolavam desenfreadas pelo meu rosto. Apertei a sua mão, mordendo o meu lábio inferior com força, numa tentativa de provar para mim mesma que eu estava acordada e que aquilo não era um sonho.
Afinal, só via pedidos assim em filmes ou livros de romance, mas o Jordan era bem real, ele estava ali na minha frente, de coração aberto para mim. Eu o amava. Amava aquele loirinho lindo e perfeito mais que tudo. Então assenti insistentemente com a cabeça, vendo-o sorrir largo, aquele sorriso tão gostoso e todo para mim.
– Sim, Jordan. Claro que eu aceito, meu amor! – respondi, sem pensar duas vezes, e ele prendeu seu lábio inferior entre os dentes, sorrindo mais ainda logo em seguida.
Jordan depositou um beijo demorado nas costas da minha destra e, naquele segundo, foi como se só existisse nós dois em meio ao enorme campo. Sem torcida, sem ninguém ao redor. Meus olhos se concentraram apenas nos seus. Ele era tudo o que eu sempre quis. Era a única pessoa, no mundo inteiro, capaz de me desmontar toda e remontar de novo.
Eu o amava com todas as minhas forças, sentia que o amava para mais de uma vida. Era com ele que eu queria estar, só com ele, para sempre. Tentei conter as lágrimas, enquanto o via colocar a aliança de compromisso em meu dedo, e rapidamente sequei as que escaparam de meus olhos.
– Eu te amo, Lizzie! – Jordan se levantou, me agarrando pelas coxas, me suspendeu e girou comigo.
– ELA ACEITOOOOU! – ouvimos os meninos gritarem eufóricos.
Logo em seguida, passaram por nós, saltando e bagunçando os cabelos do Jordan, enquanto animavam a torcida que fez barulho junto, aplaudindo e gritando.
– Eu te amo, Jordan! – segurei em seu rosto com as minhas duas mãos, assim que ele me colocou ao chão.
– Amor, não chora. – Jordan secou as minhas lágrimas, dando outro beijo na minha testa ao mesmo tempo em que segurava o meu queixo.
– O que vimos aqui? Parece que o coração do camisa nove dos Tigers finalmente foi fisgado! Parabéns ao novo casal! – ouvimos a voz do narrador do jogo soar engraçada pelos altos-falantes, e rimos juntos.
– Esse seu sorriso, Lizzie, ah! Eu sou maluco por você, garota. – Jordan encostou sua testa na minha, tocando o meu rosto, antes de me dar um selinho, o que fez tudo dentro de mim estremecer – Olha quem veio, amor.
Ele virou o rosto em direção as arquibancadas, e eu franzi a testa, seguindo o meu olhar para lá também. Sorri largo ao ver os meus pais, junto ao meu tio e a Susana, que sorriam e acenavam para nós.
– Jordan, como? – voltei a encará-lo um tanto confusa, os meus pais tinham que estar no trabalho a essa hora.
– Pedi para a Christine te tirar de casa e, sei que foi antiquado, mas fui pedir a permissão do seu pai no sábado. – ele falou risonho e eu entreabri a boca, ainda mais surpresa, olhando para a Christine – Aí combinei com eles para que viessem hoje.
Então por isso aquela festa do pijama? Eu nem desconfiei, porque ela convidou todas, achei que fosse só para descontrair, mas aquilo... Todas elas sabiam? A Emily sabia? Nenhuma me contou nada, eu nem imaginava. O Jordan era realmente incrível, e sabia como me fazer se derreter todinha de amor. Tornei a encará-lo, selando os seus lábios demoradamente, eu queria... Nossa, como eu queria prolongar aquele beijo, e sei que ele também, mas percebemos alguém se aproximar.
– Vamos, Davis! – chamou Tayler, dando um tapinha nos ombros do Jordan.
– Eu tenho que ir agora, amor. Mas depois que vencermos o jogo, eu sou todo seu. – Jordan sussurrou em meu ouvido, me causando um arrepio gostoso. Então, o vi se afastar, caminhando de costas e sorrindo largo para mim – Vou marcar um touchdown para você, Lizzie!
– Eu vou estar torcendo por você, Davis! – falei alto, sorrindo de volta, e o vi assentir, mordendo o lábio inferior, antes de se virar e correr para o vestiário com os meninos...
Algumas horas mais tarde...
Os Tigers venceram o jogo. Na verdade, o último tempo foi todo deles. Jordan estava insano, marcou três touchdowns seguidos. Eu estava tão orgulhosa do meu neném. Ao final do jogo, nossos pais nos encontraram, e Susana propôs um jantar de comemoração. Era a primeira vez que nossas famílias teriam um momento assim, tão íntimo.
Não vou mentir que não fiquei nervosa com isso, passei duas horas só para decidir qual vestido usaria. Afinal, não podia ser algo simples demais, nem muito social, eu também não queria escolher nada que já tivesse usado antes. E quanto mais eu tirava do meu closet, mais parecia que eu não tinha nada devidamente apropriado. Por que era sempre assim?
Mas, por fim, acabei optando por usar o vestido que ganhei de natal da família da May. Era simplesmente lindo, em um azul marinho perfeito, de modelo rodadinho e composto, assim como eu adorava, sem contar no bordado delicado com pedras na parte superior. Não sei como fui me esquecer dele, mas que bom que o encontrei.
– Querida, é essa a rua? – a voz de meu pai me fez despertar. Ele me encarava pelo espelho retrovisor do carro.
– Ah... sim. – respondi ao me atentar ao caminho – Um pouco mais a frente, a casa com gramado na frente.
Meu pai assentiu e, logo em seguida, já estávamos estacionando em frente a casa do Jordan, do outro lado da rua. Senti um friozinho crescer em minha barriga, e apertei a bolsa em meu colo, antes de destravar o cinto de segurança. Ao descermos do carro, minha mãe me abraçou pelos ombros.
– Não fique nervosa, filha. Está linda, e estamos bem aqui. Vai dar tudo certo. – ela falou baixinho, enquanto meu tio discutia algo sobre aquele ser um bom bairro com o meu pai mais a frente.
– Obrigada, mãe. – sorri, respirando um tanto mais leve.
Era bom tê-la ao meu lado. De uma forma acolhedora, a dona Elisa sempre me deixava segura. Seguimos conversando até a porta da casa do Jordan, meu pai tocou a campainha, e não demorou muito até nos atenderem.
– Boa noite, sr. e sra. Andrews. – Jordan os cumprimentou educadamente – Boa noite, sr. Carter.
Ele estava tão lindo. Vestia uma camisa branca sem estampa e, por cima, uma esporte fino num tom de cinza bem suave, com os botões abertos, e as mangas dobradas até um pouco abaixo do cotovelo. Um jeans de lavagem escura e, claro, sua correntinha de ouro.
– Boa noite, Jordan. – os três responderam em coro, e precisei segurar a risada pela formalidade.
– Ah, que bom que vocês chegaram. – Susana apareceu ao lado do Jordan, com um sorriso encantador nos lábios – Venham, entrem.
Todos se cumprimentaram com apertos de mãos, à medida em que entravam. Fui a última a passar pela porta, a qual Jordan fechou, enquanto sua mãe encaminhava meus pais para a sala, questionando em bom tom como foi o caminho até aqui e se o trânsito estava uma loucura como era de costume. Olhei em volta pelo hall de entrada, e notei que o jarro que Jason espatifou na noite anterior já havia sido substituído por porta-retratos da família.
– Nossa! Mas você está muito linda, amor. – Jordan sussurrou em meu ouvido, me arrancando um arrepio ao me abraçar por trás.
– Gostou? – perguntei, em tom risonho, ao me virar de frente para ele, que me puxou pela cintura, selando meus lábios – Eu demorei um tempão me decidindo o que usar.
– Eu adorei, princesa. Mas você fica linda de qualquer jeito, sabe disso, não é? – sua voz soou doce, e seus olhos mergulharam nos meus, o que fez minhas bochechas esquentarem.
– Ah, Dan! Já estava com saudades. – entrelacei meus braços em seu pescoço, vendo-o umedecer os lábios rapidamente com a língua, em um sorrisinho atrevido.
– Você pode dormir aqui hoje se quiser, aí a gente mata essa saudade... – seus lábios se aproximaram da minha orelha para concluir aquela proposta, enquanto sua mão esquerda passava sorrateiramente para baixo do meu vestido – Sabe, como fizemos ontem.
– Dan... – suspirei baixinho, ao senti-lo apertar descaradamente o meu traseiro com força por baixo da minha roupa, enquanto um sorriso malicioso surgia em seus lábios.
– Quero me deliciar de novo na sua boceta docinha hoje, linda. – ele prosseguiu num sussurro quente, ao pé do meu ouvido, ao mesmo tempo em que suavemente me empurrava para trás, me fazendo encostar contra a parede – Me parece uma ótima sobremesa, hum?
– Não posso. – falei baixinho, acariciando sua nuca. Meus pais não ficariam muito contentes se eu dormisse mais uma noite fora, ainda mais no meio da semana – Não hoje.
– Por quê? – senti seus lábios se esfregarem carinhosamente contra os meus, e estremeci ao vê-lo sorrir.
– É que... – tentei controlar o nervosismo, sempre acontecia isso quando ia negar algo, porque me lembrava do Luke, de como ele ficava bravo comigo, mas Jordan não era ele – Bom, eu passei o final de semana todo fora, então...
– Seus pais? – Jordan arqueou as sobrancelhas, e eu assenti envergonhada – Tudo bem. Não é nenhum problema, princesa. Posso esperar uns dias, ou talvez... aparecer na janela do seu quarto qualquer noite dessas.
– Seu bobo... – desferi um leve tapinha em seu ombro esquerdo, e ele me puxou pela cintura, dando um sorrisinho malicioso.
– Minha gostosa! – o ouvi sussurrar de volta, e senti meu rosto inteiro se aquecer.
Nesse momento, ouvimos alguns passos descendo as escadas e olhamos para o lado, avistando o Jason. Ele vestia uma camisa preta de mangas longas, as quais estavam dobradas até quase os cotovelos, e uma calça preta de couro. Suas sobrancelhas arquearam assim que ele nos viu, mas logo seu melhor sorriso sarcástico surgiu em seus lábios, e o vi descer o último degrau.
– Boa noite, cunhadinha. – seu cumprimento soou carregado de ironia.
– Boa... noite, Jason. – respondi, meio sem jeito, e ele encarou Jordan por alguns segundos, com um sorriso zombeteiro.
– É bom desamarrar essa cara, maninho, ou vai assustar seus sogros. – ele falou em deboche, ao passar por nós, seguindo para a sala.
Jordan ficou em completo silêncio por alguns segundos, encarando o nada assim que Jason desapareceu de vista. Parecia estar tentando se controlar para não dizer ou fazer nada do que se arrependesse depois.
– Dan? – toquei seu rosto carinhosamente, e seus olhos tornaram a encarar os meus – Está chateado?
– Um pouco. – ele foi sincero, e arqueei uma sobrancelha – Não quero você perto do Jason, principalmente quando ele estiver descontrolado como ontem ou hoje mais cedo.
– Mas eu só...
– Promete, Liz? – pediu Jordan, em tom meio autoritário, estava mesmo zangado.
Acariciei seu rosto, e lhe roubei um selinho, a fim de deixá-lo mais calmo, o que pareceu funcionar.
– Tá. Eu prometo, amor. Mas o seu irmão... Acho que ele está com problemas. – falei em tom manso, e ele logo negou com a cabeça.
– O Jason sempre está com problemas, Lizzie! – Jordan soltou a respiração com força – E não tem nada a ver com você, então não te quero perto dele, ou vou acabar perdendo a cabeça com as piadinhas que esse...
– Hey! Eu te amo, Dan. – falei doce, puxando-o pela nuca, e selei seus lábios vagarosamente.
Jordan apertou minha cintura, prensando o seu corpo contra o meu, e mergulhei minhas mãos em seus cabelos. Ele pediu passagem com a língua, eu cedi, e assim que ambas se tocaram em nossas bocas, percebi seus músculos relaxarem devagar, enquanto se entregava ao nosso beijo.
– Jordan, querido... – rompemos apressados, ao ouvir a voz da Susana se aproximar, e ela logo apareceu sorridente – Me esqueci do vinho, filho, teria como...
– Claro, mãe. Vou ao mercado rapidinho. – ele nem mesmo deixou que ela terminasse a frase.
Parecia animado outra vez, isso me fez sorrir.
– Obrigada, meu amor. Venha, Lizzie? Estou louca para conversarmos... – Susana me chamou, então assenti.
Sorri timidamente ao passar por Jordan, mas ela me acolheu com um suave abraço de lado.
– Hã... Eu volto já, amor. – disse ele, antes de depositar um beijinho em minha bochecha, e outro na testa da Susana – Até logo, mãe.
– Tá bom, querido. – ela respondeu com um sorrisinho, e logo o vi sair pela porta.
Depois disso, Susana me puxou em direção a sala, dava para ouvir as vozes dos meus pais ao nos aproximarmos. E, assim que chegamos, vi o Jason sair da cozinha com três cervejas em mãos, não me agradava nada ele beber. Pelo menos, não depois da noite de ontem, mas prometi ao Jordan que não tentaria mais me aproximar dele outra vez. Era melhor mesmo, já que sempre me tratava com alguma grosseria.
Desviei meu olhar do seu, o qual parecia me analisar inteira, e sentei entre as nossas mães no sofá. Aquelas duas conversavam como velhas amigas, desde coisas bobas como a decoração, até nossos futuros, o que soava engraçado. Susana falava agora sobre a faculdade que Jordan queria cursar, engenharia civil, se não me engano. Ele havia me contado uma vez sobre isso.
– Não. É só um esporte que eu gosto. – a voz do Jason soou do outro lado da sala.
Além de beber, ele conversava com o meu pai e o meu tio, o que estava me deixando um tanto nervosa. Afinal, com tudo o que aconteceu, acabei esquecendo de mencionar sobre o tio Henry ser um agente do governo federal americano e, agora, os dois estavam próximos demais para que eu mencionasse alguma coisa sobre isso.
No entanto, se Jason se comportasse, e não falasse abertamente "Olá pessoal, sei que não vem ao caso, mas eu faço parte de uma gangue!", não teria como o meu tio descobrir, certo? Foi disso que tentei me convencer, pois aparentemente, eles até estavam se dando bem. Quando olhei em sua direção, o vi tomar um gole da cerveja a qual tinha em mãos, e suspirei baixo, rezando para que as coisas não saíssem do controle.
– Mas e você, querida, o que pretende cursar? – Susana me olhava curiosa.
Sorri sem graça, não fazia a mínima ideia do que responder. Na verdade, não tinha pensado nisso ainda.
– Ah... Bom, a Lizzie ainda está se decidindo. Mas tem notas muito boas no colégio. – ouvi minha mãe responder no meu lugar, e respirei mais aliviada – E preciso ressaltar que ela teve um ótimo desempenho no curso de primeiros socorros do verão passado. Eu e o pai dela já dissemos que leva muito jeito para a área da medicina.
– Mas eu também já disse que ainda não tenho certeza se é isso mesmo que quero, mãe. – forcei um sorriso, o qual receio ter saído muito mais nervoso do que o planejado.
– Entendo, é comum. Você ainda tem tempo para escolher, não é mesmo? O Jason também não se decidiu. – senti uma certa melancolia no tom de voz da Susana dessa vez.
E não pude deixar de lembrar que, uma vez, Jordan chegou a me dizer que ela sofria muito com o rumo que Jason decidiu tomar. Eu podia imaginar o quanto era difícil ver o seu próprio filho seguir por um caminho ruim e, pior ainda, não poder fazer nada para impedi-lo. Isso devia ser horrível.
– Querido, querido... – a voz da Susana me fez despertar de meus pensamentos novamente.
Olhei na mesma direção que ela, a tempo de ver o Jason seguir apressado para fora da sala, enquanto falava um tanto irritado naquele maldito celular.
– Ah, esses meninos... – ela tentou forçar um sorriso para mim e para a minha mãe, mas notei algumas lágrimas se acumularem em seus olhos azuis tão clarinhos.
Sabia que a Susana estava nervosa e entristecida agora, isso me fez sentir uma pontada de raiva do Jason por deixá-la tão preocupada de novo. Mas acontece que eu também estava preocupada, queria falar com ele, saber o que havia acontecido.
Acho que eu precisava conferir, apesar do que tinha prometido ao Jordan, pois me lembrava muito bem de como o Jason estava sobrecarregado ontem, e aquilo que ele me contou era bem sério. Definitivamente, eu não conseguiria ficar parada com aquela inquietação dentro do peito.
– Ah, eu preciso ir ao banheiro. – menti, ficando de pé.
Tanto a minha mãe, quanto a Susana me olharam.
– Claro, querida. Fica no andar de cima. A primeira porta a esquerda. Mas, se você preferir, pode usar o do quarto do Jordan, fique a vontade. – ela deu uma risadinha, e eu assenti.
– Obrigada, dona Susana. Eu volto já. – agradeci educadamente.
Em seguida, me apressei na mesma direção que o Jason. Sentia que precisava falar com ele, mesmo que fosse um estúpido grosseiro como foi pela manhã. Espiei pelo vidro ao lado da porta de entrada, para checar se não estava lá fora, e suspirei encarando as escadas. Eu iria mesmo subir? É, iria sim.
Cerrei os punhos, assim que cheguei ao andar de cima, reduzindo drasticamente o passo. Estava nervosa com o que poderia acontecer, fora que o Jordan provavelmente ficaria bravo comigo se me visse agora. Engoli em seco, sentindo a minha respiração falhar e dei mais um passo, parando em frente a porta do quarto do Jason.
Antes que eu pudesse controlar, minha mão foi à maçaneta, girando-a rapidamente. O ranger das dobradiças, provocou um calafrio em minha espinha, e fechei os olhos com força, mas tornei a abri-los ao ouvir um estalo de metal ecoar dentro do cômodo. No mesmo segundo, senti as batidas do meu coração subirem pela garganta...
[...]
💎. Esse pedido de namoro foi um amor, né? Esse Jordan todo apaixonadinho... haha
💎. Lizzie preocupada com o Jason, o que será que aconteceu nesse final? Palpites?
💎. Visual do Jordan:
💎. Visual do Jason:
💎. Look da Liz:
💎. Sintam-se a vontade para comentarem, meus amores. E não esqueçam de votar na ⭐ se gostaram do capítulo. Até o próximoooo 😘
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