3. Bad Boy

"Você não vai me beijar? Me cale, por favor... Ela é uma deusa, um desejo das estrelas no meu coração... – Dance with me, Shiloh Dynasty."

– Como consegue ser tão babaca, Jordan? – berrei com raiva e ele franziu a testa, me olhando como se eu tivesse lhe xingado com a pior ofensa do mundo.

De repente, Jordan embalou em uma risada descabida, me assustando a primeiro momento. O vi dar dois passos para trás, se encostando na parede branca do lado esquerdo do corredor. Seu riso descontrolado se misturava as batidas ritmadas da música que vinha do andar de baixo. Eu estava ainda mais confusa que antes agora. Qual era o problema dele? Será que tinha dupla personalidade ou só estava se divertindo com a minha cara? Bem, não sei dizer, mas isso estava sem dúvidas me incomodando ainda mais. De uma coisa eu tinha certeza agora, Dylan estava certo, eu não fazia o tipo dos jogadores idiotas do colégio J. Falls.

– Você, – Jordan fechou os olhos e respirou fundo, numa tentativa de controlar sua risada – deve ser retardada, garota!

– Retardado é você, seu babaca mal-educado! – xinguei de volta, sentindo uma enorme vontade de partir a cara dele em dois.

O vi rolar os olhos, se desencostando da parede logo em seguida. Então me mantive firme, mesmo estando meio assustada com a situação. O que ele faria com aquele garoto se eu não tivesse aberto a droga da porta?

– Você tá se fazendo ou o quê? – Jordan deu dois passos em minha direção, girando o canivete entre os dedos, antes de apontá-lo para mim e fechá-lo.

Engoli em seco, ao mesmo tempo em que notava ele me encarando com seriedade.

– É uma das vadias dele e não sabe nem distinguir? – disse ele, em tom irônico, e eu cerrei os olhos, completamente confusa

– Do que está falando, seu idiota? – notei o cara caído tentar se levantar outra vez, mas Jordan avançou para cima, acertando dois chutes com força no estômago dele – Para com isso!

Praticamente gritei, puxando-o pelo braço. Aquilo podia ser um erro, pois eu era muito mais magricela e com certeza não tinha nem metade da sua força, mas não dava para simplesmente deixá-lo espancar um garoto na minha frente.

– Jason? – uma voz rouca soou alto pelo corredor e eu franzi a testa ao me virar.

O que estava acontecendo agora? Dois "Jordan's"? Olhava de um para o outro, completamente desorientada, pois eles eram mesmo idênticos. De repente, o que estava mais perto me encarou com um sorriso diabólico nos lábios, e senti um calafrio me percorrer a espinha, então rapidamente soltei seu braço, dando alguns passos para trás.

Não senti exatamente medo dele, era mais uma sensação ruim mesmo, a qual indicava que eu deveria ficar longe naquele momento. Sem dúvidas, aquele Jason não era boa coisa, e talvez eu devesse ter percebido isso desde o início.

– Aí, maninho, leva a sua mais nova vadia estúpida daqui. Eu preciso acertar umas contas com esse filho da puta. – ele se abaixou a frente do cara caído e o puxou pelos cabelos, o obrigando a suspender a cabeça.

Então era isso. Os dois eram irmãos gêmeos, suponho. Acho que eu nunca me senti tão confusa e envergonhada assim antes.

– Chega, Jason! – Jordan se aproximou irritado, puxando-o para cima pela gola da camisa – Não vou deixar você transformar isso aqui numa confusão.

Jason se soltou do toque de seu irmão e os dois se empurraram, mas Jordan o jogou com força contra a parede. Eu recuei dois passos para trás, realmente assustada com aquilo. Não dava para separar aqueles dois se eles quisessem mesmo sair no soco.

– Mais um estraga prazeres. – Jason sorriu maldoso quando Jordan se afastou um pouco.

– Eu disse para você que se fosse para arrumar problemas, era melhor nem vir. – Jordan disse firme, e seu irmão rolou os olhos.

– Tudo bem, estou caindo fora. – ele anunciou e Jordan franziu a testa – Qual foi? Não esquenta, maninho, essa festa tá um saco mesmo. E quanto a vadia... – ele olhou para mim, com desdém – Vejo que o seu critério caiu bastante, você já arranjou mais espertas. Essa daí é burra igual uma porta.

Fechei a cara, e minha língua coçou dentro da boca para lhe dar uma boa resposta, mas não sei se era uma boa ideia prolongar ainda mais aquela conversa estranhamente incômoda, por isso me obriguei a ignorá-lo, permanecendo calada.

– Jason! – Jordan cerrou os punhos, furioso.

– Tá, tá. Já estou indo. Mas coloca esse cara para fora, ele tentou drogar uma garota lá embaixo. – Jason avisou, arrumando a jaqueta preta sobre os ombros. Jordan pareceu surpreso – Ah, meu Deus! Ele me deve também. Não precisa me olhar com essa cara de espanto. Não vim aqui para salvar a noite das donzelas burras.

Jason riu ao se virar, apressando-se em tirar um cigarro do bolso, o qual tratou de acender enquanto descia as escadas.

– Ah, e outra coisa... Ensina essa puta idiota a manter a língua presa na boca, ou vai acabar arrumando problemas por aqui. – acrescentou ele, nos lançando um breve olhar por cima do ombro.

– Seu...

– Lizzie, não... – Jordan me interrompeu, passando a minha frente para impedir que eu me aproximasse – Deixa ele ir, não vale a pena.

Em resposta, vi aquele cretino sorrir cínico, assentindo com a cabeça antes de encaixar o cigarro entre os lábios e retomar seu caminho descendo as escadas. Mesmo após sumir de vista, Jordan continuou parado encarando o espaço vazio pelo corredor, não sei explicar, mas ele me parecia realmente triste. Nesse momento, me culpei mentalmente por achar que... Bom, não tinha como eu adivinhar que ele tinha um irmão gêmeo perturbado, certo?

O vi se virar em minha direção, e encolhi os ombros ao sentir seu olhar um tanto perdido recair sobre mim. Sei que não tinha como adivinhar, mas mesmo assim estava envergonhada por tê-lo confundido com alguém tão repugnante, quanto Jason. A verdade é que, em meu íntimo, desde o primeiro momento eu julguei Jordan, e talvez por isso esperei ver o seu pior lado essa noite. Então, acho que era culpada, e entenderia se ele me achasse uma grande idiota agora.

– Desculpa por isso. – pediu Jordan, caminhando em minha direção, eu apenas neguei com a cabeça.

– Achei... Eu achei que ele fosse você. Então, eu é quem te devo desculpas. – me apressei a se corrigir, estava muito constrangida.

– Ele não te machucou, né? – Jordan perguntou preocupado e, novamente, eu neguei com a cabeça.

Antes que mais alguma coisa pudesse ser dita, vimos o garoto que Jason surrava instantes atrás se levantar com dificuldade, estava bastante machucado. Contudo, se era mesmo verdade o que ele tinha tentado fazer, aquilo até que era bem merecido. Deus que me perdoe, mas nenhum cara tem o direito de se aproveitar de uma garota, nem mesmo pensar nisso.

Ao sentir seu olhar vir em minha direção, recuei mais alguns passos para trás, meus batimentos ainda estavam acelerados pelo susto que tomei com Jason. Sem perder tempo, Jordan o agarrou pela gola da camisa, empurrando-o contra a parede com tanta força que a porcelana sobre a mesinha ao lado estremeceu. Engoli em seco ao perceber o quanto seus olhos caramelados soavam ameaçadores.

– Você vai sair dessa festa, entendeu? Se eu ou os outros caras virmos você por aqui, acabamos com a sua raça! – ele ameaçou o cara, que assentiu assustado, e o empurrou em direção as escadas.

Tentei me acalmar, ajeitando meu casaco sobre os ombros. Em seguida, cruzei os braços, apertando-os com força enquanto observava aquele cara descendo as escadas apressado. E, assim que ele sumiu de vista, Jordan se virou em minha direção outra vez, eu forcei um sorriso, mas acabei recuando um passo para trás quando ele fez menção de se aproximar.

– Está com medo de mim? – o vi franzir o cenho, e rapidamente neguei com a cabeça.

– Não. Não de você. – respondi rápido, não queria que ele ficasse pior.

Jordan, por sua vez, assentiu e olhou para trás.

– Acho melhor a gente descer. – sua voz soou baixinho, eu concordei, mas estava com um aperto no peito por vê-lo daquele jeito.

– Desculpa... – foi tudo o que eu consegui falar ao me aproximar dele.

– Ah... Liz, você não precisa mesmo se desculpar. – ele forçou um sorriso, afundando as mãos dentro dos bolsos da calça.

– E você não tem que se sentir mal. Isso... – parei de frente para ele, olhando no fundo daqueles olhos cor de mel – Bom, o que aconteceu aqui não foi sua culpa, Jordan.

– É, eu... Acho que está certa. – ele assentiu leve, recuando alguns passos para que eu pudesse passar.

Seu semblante era de quem estava cansado de passar por aquilo, e tinha mesmo razão. Sua boca abriu para falar alguma coisa, mas antes que a primeira palavra saísse, eu neguei com a cabeça, lhe oferecendo meu melhor sorriso. Minha avó costumava dizer que um sorriso verdadeiro podia curar as feridas mais dolorosas, e ela estava sempre certa.

– Bom, sendo assim... Estou com sede. O que acha de descermos, você me serve outra rodada de refrigerante e a gente retoma a conversa de onde parou? – lembrei aquilo em bom tom, e um suave sorriso se fez em seus lábios – Porque, se bem me lembro, você me prometeu que conversaríamos mais. Não estava mentindo, estava?

– Não, eu... não mentiria sobre isso. – ele me fez sorrir leve – Para ser sincero, adorei o seu plano.

– É, em Seattle eu era conhecida por ter bons planos. – dei um leve soquinho em seu braço, e seus olhos acompanharam atentamente o movimento de minha mão.

– Sério, eu adoro isso... – ele sacudiu levemente a cabeça – Esse seu bom humor, é tão...

– Aew, Davis, vai pro quarto, caralho! – ouvi alguém falar com voz risonha, e Jordan rapidamente desviou o olhar em direção a escada.

– Deixa de graça, Dempsey! – ele disse ao reconhecer o amigo e, naquele momento, senti minhas bochechas queimarem feito brasas numa fogueira – Cadê a Christine? Ela ainda não te matou?

– Ela me ama! – Tayler fez uma gracinha, mas cerrou os olhos ao notar a bagunça pelo chão de seu corredor – Mas o que porra vocês fizeram aqui em cima? Que pegação fodida que rolou? Sabiam que tem camas atrás dessas portas?

– Não, nós não... E-eu e Jordan... – as palavras simplesmente não saíam de tão nervosa e constrangida que eu estava agora.

Ele não podia mesmo estar achando que nós dois fizemos aquilo, não é?

– Cara, você tem demência? – Jordan deu uma risada, chamando a atenção de Tayler para si – Pra fazer essa bagunça toda, eu e ela precisávamos ter... Sei lá, saído no soco, seu otário.

– Ah. Então não foi vocês? – Tayler franziu a testa, como se tentasse processar a informação.

– Não! – respondemos em coro.

– Mas foi mal, irmão. O Jason passou por aqui, e se isso representar qualquer prejuízo eu pago o que ele quebrou. – Jordan parecia bem acostumado em tomar a responsabilidade pelas merdas que seu irmão fazia.

– Ah, não. Fica na conta pro próximo jogo, mas desçam logo, vai rolar a iniciação do Logan em alguns minutos. – ele passou por nós dois, como se nada tivesse acontecido – Eu só preciso trocar essa camisa, tem uma manchinha de nada aqui na gola e a Christine surtou com isso... Você acredita?

– Estamos falando da Christine, cara. Por acaso tem como não acreditar? – disse Jordan, em tom risonho, e Tayler ergueu sua mão no ar enquanto seguia caminho pelo corredor – Mas é isso... vê se não demora, nós já vamos descendo agora.

– Beleza, vejo vocês depois. – Tayler se despediu, abrindo a porta de seu quarto.

Jordan sacudiu a cabeça antes de me olhar, e eu sorri meio tímida, me apressando até a escada. Ele veio logo atrás. Quando finalmente descemos, quase tomei um empurrão de um cara que passou apressado, mas os braços fortes de Jordan me puxaram para trás bem a tempo, se envolvendo em minha cintura como se eu fosse o seu encaixe perfeito. Olhei para ele por cima do ombro, mas assim que aqueles olhos cor de mel encontraram-se aos meus, não tive coragem de dizer nada.

– Tem muita gente aqui. Não quero que se machuque. – ele falou bem rente ao meu ouvido, pela batida alta da música que tocava, senti os pelinhos da minha nuca eriçarem, mas tentei disfarçar apenas assentindo.

Ao voltar minha atenção para frente, avistei Dylan conversando com algumas meninas, mas uns dois segundos depois sua atenção veio a mim. Ele franziu a testa ao ver que eu estava com Jordan, então me encarou com um sorrisinho cínico nos lábios, o que me fez rolar os olhos, sorrindo envergonhada. Acho que já estava bêbado. Fora ele, senti alguns outros olhares sobre nós dois.

Mas também... eu estava acompanhada de um dos caras mais populares do colégio, enquanto era só a novata, que praticamente ninguém conhecia ainda. Jordan cumprimentou algumas pessoas, enquanto caminhávamos, e avistei Christine um pouco mais a frente, ela estava de costas, conversando com três garotas. A loira do grupo foi a primeira a me encarar, cerrando os olhos, o que fez as outras garotas se virarem para trás. Ótimo, sutis como coices de mula.

– Olha... desculpa pelo Tayler lá em cima, tá legal? Ele tá virado o dia todo. – Jordan chamou minha atenção, assim que adentramos a cozinha – Não que sóbrio seja menos... idiota, mas geralmente fica um pouco menos inconveniente.

– Ah... tudo bem, eu acho. – forcei um sorriso assim que seus braços me soltaram – Então, você também bebe muito assim?

– Não. Isso é meio... irresponsável. – ele fez uma leve careta, me arrancando um curto risinho – Mas em compensação, tenho que ficar de olho nos outros.

– É mesmo? – dei uma risada ao vê-lo assentir, enquanto abria a geladeira – Deve ser um saco.

– Ah, é sim, só que é engraçado também. – ele riu, sacudindo levemente a cabeça antes de me olhar por cima do ombro – Mas diz aí, qual sabor você prefere? De refrigerante... Temos coca, laranja, limão e uva.

– Coca. – respondi sem pensar muito, e ele sorriu, pegando uma garrafa ali.

– Nem me toquei de perguntar da primeira vez, então fiquei tipo "E se ela não gostar? Que merda, Jordan!". – ele fechou a geladeira, e pegou um abridor em uma das gavetas do balcão – Mas parece que acertei.

– É, acertou sim. – dei uma risadinha, vendo-o retirar a tampa da garrafa – Mas... Por que me levou lá pra fora se tinha refrigerante aqui?

– Parece que você me pegou. Acreditaria se eu dissesse que não sabia? – ele fingiu uma cara nervosa, enquanto pegava dois copos no armário, e eu sorri um pouco mais largo, negando com a cabeça – Tá, é que... eu queria que viesse comigo.

– Por quê? – perguntei um tanto confusa, e ele sorriu ao se virar em minha direção.

– Porque eu queria conversar com você, e pensei que lá fora ninguém fosse nos interromper. – Jordan respondeu sem rodeios – Mas parece que não deu muito certo, não é mesmo?

Abri a boca para respondê-lo, mas um grupo de garotos adentrou a cozinha fazendo barulho, como se a música que tocava da sala já não estivesse alta o suficiente. Jordan se concentrou em servir refrigerantes nos nossos copos, e logo saímos dali, caminhando de volta para a área das piscinas, onde parecia ter mais gente que da última vez, mas pelo menos os sons das risadas se dissipavam com o vento. O que tornava o ambiente um pouco mais agradável que lá dentro.

– Então... o que tá achando da festa? – Jordan apontou para umas espreguiçadeiras na parte menos movimentada, e eu assenti, seguindo com ele para lá – Muito diferente das que dão em Seattle?

– Bom, um pouco diferente sim... – segurei meu copo com as duas mãos – Mas tirando a parte confusa e assustadora com o seu irmão lá em cima, até que estou me divertindo.

– Desculpa por aquilo. Eu não sabia que o Jason vinha... – ele me pareceu um tanto envergonhado – Na verdade, eu convidei, mas ele disse que não vinha.

– Ele é sempre idiota daquele jeito? – franzi a testa assim que sentamos nas espreguiçadeiras.

– Não, às vezes consegue ser pior. – Jordan forçou uma risada – Não sei por que ainda perco meu tempo com ele, mas não vamos falar do Jason. Quero saber sobre você... pode ser?

Franzi o cenho quando uma brisa leve soprou meus cabelos, arrastando consigo a música que tocava mais ao longe na piscina, logo reconheci que se tratava da melodia envolvente de "Available" do Justin Bieber. Me apressei em organizar as mechas fujonas atrás da orelha, assentindo quase que automaticamente, aquela pergunta de Jordan acabou me pegando de surpresa.

Quer dizer, eu não me lembrava quando tinha sido a última vez que um garoto havia pedido para falar sobre mim mesma. Eles costumavam ser tão... apressados e desinteressantes. Até acho que se eu fosse listar, essa seria a primeira vez que realmente me sentia confortável ao lado de um cara, e isso queria dizer sem pressão alguma.

– Hum... tudo bem, o que você quer saber, Dan? – sorri, após dar um longo gole em meu refrigerante, e ao encarar seus olhos senti uma conexão estranha, como se o conhecesse por uma vida inteira...

Seria possível?

– Pode começar me dizendo qual é a sua idade, sua música favorita, passatempos que gosta... Sabe, coisas assim. – ele se ajeitou na espreguiçadeira só para poder me ver melhor.

– Ótimo. E não vai perguntar qual é o meu signo? – arqueei as sobrancelhas, lhe arrancando uma boa risada.

– Não... Por favor, não me diga que acredita nisso. – foi minha vez de rir, negando com a cabeça.

Acredito que assim como eu, ele também achava aquilo uma enorme perda de tempo. Quer dizer, qual o sentido de acreditar que sua vida já está de alguma forma toda predita nos astros? Seria o mesmo de contestar o tão famoso livre arbítrio. Pelo menos na minha concepção. Bom, por bem ou por mal, eu gostei de saber que Jordan não estava fingindo estar interessado em mim só para me agradar.

– Não mesmo, mas precisava testar se você diria qualquer coisa só para me agradar. – fui sincera, e também me ajeitei melhor sobre a espreguiçadeira – Que tal fazermos um jogo?

– Ah, menos mal. Mas de que tipo de jogo está falando? – ele pareceu curioso, e eu assenti.

– Bom, é bem simples. Eu te dou duas respostas a cada pergunta, se você descobrir qual é a verdadeira, pode me fazer mais perguntas. No entanto, se você errar, vai ter que responder as minhas. – propus, só para animar um pouco e não tornar as coisas chatas.

– Por mim tudo bem. – Jordan concordou prontamente, me fazendo sorrir largo.

– Então vamos lá. Eu tenho 18, ou será que é 17? – arqueei uma sobrancelha, e ele pareceu pensar um pouco.

– Eu acho... 18? – Jordan me respondeu com outra pergunta.

– Na verdade, eu só faço 18 em algumas semanas. – sorri leve antes de tomar um curto gole do meu refrigerante – E você, qual é a idade do quarterback mais adorado da temporada?

– Completei 18 semana passada. – disse ele, balançando sutilmente o copo em mãos – Ou será que é só semana que vem?

– Não, você já tem 18. – nem precisei pensar muito já que Jordan soou mais convicto na primeira frase – Qual o motivo de vestir o número nove em campo, sr. Davis?

– Foi a idade que eu descobri minha paixão pelo futebol, ou seria um número da sorte? – dessa vez eu não consegui identificar qual era a verdade, porque ele foi sorrateiro nas duas versões.

– Sua idade no futebol? – franzi a testa ao vê-lo rir, enquanto negava com a cabeça.

– Na verdade, eu jogo desde os sete. Era o mais novo na equipe de basquete. E quanto ao futebol, sempre foi minha paixão. – disse ele, me confirmando que "09" era o seu número da sorte – Agora, o que gosta de fazer nas horas vagas, srta. Andrews?

– Estudar, eu sou uma aluna muito aplicada, e quero ter um futuro. – tentei soar séria para convencê-lo, apesar daqueles olhos caramelados estarem bem fixos em mim dessa vez – Ou será que me perco nas páginas dos livros porque adoro suspirar com uma boa história?

Arqueei uma sobrancelha, e ele sorriu sacudindo levemente sua cabeça para os lados, acho que sabia exatamente qual era a resposta verdadeira. Ok, talvez eu não fosse tão boa mentindo assim, porque eu pensei que realmente tinha me esforçado.

– Que tipo de livro...

– Aew, Davis! É agora, cara. – um de seus amigos interrompeu a resposta que ele me daria – O Tayler e o Chris já pegaram o Logan.

– Ah, tá legal. Vai indo na frente, Marcus, eu já chego lá. – disse Jordan, apesar de não parecer muito animado para a tal "iniciação" que ia rolar hoje.

– Beleza! – Marcus concordou, mas antes de entrar me lançou um olhar estranho.

Então lembrei de que ele era o mesmo cara que havia esbarrado em mim no início da festa. Me apressei em desviar o olhar, trazendo meu copo a boca, mas vi quando sumiu para dentro de casa outra vez.

– Tem algum problema se a gente for lá dentro rapidinho? – perguntou Jordan, chamando minha atenção novamente.

– Ah, claro que n... – antes que eu pudesse respondê-lo, fui interrompida pelo toque estridente do meu celular – Será que... Você me dá só um minutinho?

Coloquei o copo de refrigerante sobre a mesinha de madeira ao lado, e Jordan assentiu ao me ver pegar o aparelho dentro da bolsa. Prendi a respiração ao ver "Mãe" no identificador de chamadas, me lembrando só então de que tinha saído sem a permissão dos meus pais. Apenas lhes deixei um bilhete preso na geladeira antes de sair. Sorri nervosa para Jordan a minha frente, e logo me levantei para atender.

– Ah... Oi, mãe? – franzi a testa, dando um passo a frente.

– Nada de "oi", mocinha. Está bem encrencada. – disse ela, um tanto brava do outro lado da linha, o que me fez se afastar um pouco mais do Jordan – Não sei onde é essa tal festa sobre a qual deixou escrito no bilhete, mas seu pai e eu queremos você já em casa.

– Mas mãe...

– Sem "mas", Lizzie. Venha agora para casa, entendeu? Não estamos em Seattle, querida. Não pode sair assim. – ela parecia bem firme, e pelo que lhe conhecia, eu sabia que não daria o braço a torcer.

– Tá. Tudo bem, eu já estou indo pra casa. – suspirei em derrota.

Discutir, ou desobedecer os meus pais não era uma das escolhas mais sábias. Ela apenas confirmou antes de encerrar a ligação. Não era sempre assim, quer dizer, eles não eram controladores, mas é que eu estava tão apressada que nem deixei um endereço, então deviam estar mesmo preocupados.

– Problemas? – perguntou Jordan, então rapidamente me virei em sua direção.

– Ah, não. Eu só... É, eu tenho que ir. – forcei um sorriso, um tanto envergonhada.

Mesmo que não tivesse ouvido, ele tinha entendido que eu havia acabado de tomar uma bronca. Bom, não era exatamente uma bronca, mas era por aí. De todo jeito, agora eu precisava ir embora.

– Tudo bem, eu posso te levar. – ele se levantou, após deixar seu copo ao lado do meu sobre a mesinha.

– Não, eu não quero incomodar. E tem a iniciação do seu amigo, eu posso chamar um uber. – senti minhas bochechas esquentarem.

– Não vou te deixar voltar sozinha pra casa. A essa hora pode ser perigoso tomar um uber, e quanto aquilo lá dentro... – ele olhou brevemente para trás – Bom, eu já cansei de ver, eles sempre fazem a mesma coisa. Então vai por mim, não tô perdendo nada.

– Tem certeza? Não quero incomodar mesmo. – perguntei novamente, e ele sorriu, negando com a cabeça.

– Relaxa, Liz. Vem comigo. – Jordan chamou ao passar por mim.

Antes de segui-lo, eu dei uma última olhada para trás, mas neguei com a cabeça. Não dava para me despedir de Emily e Dylan, a casa estava ainda mais cheia agora e com certeza eu demoraria um bom tempo procurando os dois, então seria mais prudente mandar uma mensagem no caminho. Apressei o passo e logo alcancei Jordan.

Dei uma risadinha ao vê-lo destravar seu carro. Era um impala 67, preto, o que rapidamente me fez lembrar da série "Supernatural". A May e eu costumávamos assistir quando éramos mais novas, ela adorava o Sam, mas o meu favorito era o Dean. Afinal, o Jensen Ackles era um gatinho, e um ótimo ator, claro.

– Sim, o Dean é o melhor irmão. – Jordan respondeu antes mesmo que eu pudesse perguntar.

– Como sabia que...

– Costume. – ele riu, abrindo a porta do carro pra mim – Eu era amarrado na série, e a minha mãe quis fazer uma surpresa quando ganhei o campeonato ano passado. Foi um bom presente.

– É. Põe bom nisso. – entrei, ainda admirada, e ele logo bateu a porta.

Não demorou muito e já estávamos saindo da propriedade. Conversamos um pouco sobre a série, era praticamente uma relíquia da TV americana. Acho que gostei de termos algo em comum, mas Jordan não esqueceu do nosso jogo e logo continuou suas perguntas cada vez mais interessado em descobrir minhas respostas sinceras. Infelizmente, ele acertava mais que eu, sendo assim, perguntava mais do que respondia.

Nem mesmo vimos o tempo passar. Apenas me dei conta quando adentramos por minha rua e, como num piscar de olhos, já estacionávamos em frente a minha casa. Suspirei baixinho ao notar a luz da varanda acesa, pois aquilo indicava que meus pais ainda estavam acordados, e prontos para me pôr contra a parede.

– Está entregue. – disse Jordan, bem ao meu lado, enquanto eu me livrava do cinto de segurança.

– Ah, Dan, eu realmente agradeço pela gentileza. – sorri doce, mas ele negou com a cabeça.

– Bom, eu preferia que me desse seu número. – senti um arrepio me percorrer quando seus olhos se encontraram aos meus – Quer dizer, acho que uma moça que não passa o número para um qualquer, não aceitaria carona de um desconhecido, não é?

Tive a ligeira impressão de que ele fitava meus lábios enquanto falava, e isso fez um certo friozinho bom surgir em minha barriga. Precisei soltar a respiração bem devagar, para que ele não percebesse nada.

– É. Parece que você me pegou, Davis. – senti minhas bochechas esquentarem ao ver um lindo sorriso se fazer em seus lábios.

– Isso quer dizer que agora eu posso ter o seu número? – suas sobrancelhas arquearam.

– Eu acho... Acho que pode sim. – respondi, e ele logo tirou seu celular do bolso.

Então me apressei a salvar meu número ali, antes que um de meus pais resolvesse sair e me fazer passar vergonha. Isso era bem possível de acontecer. Ainda não sabia se podia mesmo confiar em Jordan, mas resolvi lhe dar uma chance, e ademais se ele fosse um babaca era só eu bloquear depois. Mas eu realmente não achava que esse fosse ser o caso.

– Prontinho, sr. Davis. Depois é só mandar uma mensagem, e eu salvo o seu. – sorri ao lhe entregar seu celular de volta.

– Obrigado, Liz. – seus dedos entre tocaram os meus carinhosamente, e senti os pelinhos da nuca eriçarem – Espero te ver segunda no colégio.

– Ah, é. Sim, a gente se vê. – ajeitei a alça da bolsa no ombro, me virando para abrir a porta.

– Deixa que eu abro pra você. – Jordan se inclinou em minha direção para puxar a trava que era um tanto dura, e eu tomei um susto.

Mas ao olhá-lo, nossos lábios se tocaram num rápido selinho. Me afastei apressada, de olhos arregalados e bochechas inflamadas de tanta vergonha. Eu era mesmo uma grande estúpida, ele só quis ajudar, só que o meu grande nervosismo estragou tudo.

– Meu Deus, d-desculpa! – pedi, extremamente constrangida, mas Jordan negou com a cabeça.

– Não foi sua culpa. A verdade é que eu tô louco pra te beijar a noite toda. – seus doces olhos caramelados recaíram aos meus lábios.

Estávamos tão perto agora que senti sua respiração quente se chocando contra a minha pele, se misturando devagarinho com a minha que se tornava mais pesada a cada segundo. Jordan segurou o meu queixo entre o polegar e o indicador, me fazendo olhar em seus olhos outra vez, acho que ele precisava de uma confirmação, mas eu não sabia se devia beijá-lo. Quer dizer, tivemos uma noite legal, só que ainda era cedo pra isso, certo?

– Desculpa, mas eu preciso mesmo ir. – recuei, empurrando a porta, e ele logo me soltou.

– Tudo bem, não tem que me pedir desculpas, linda. Boa noite. – o vi se endireitar em seu banco, então assenti e me apressei a descer do carro.

Assim que bati a porta, uma brisa gélida soprou meus cabelos, o que me fez ajeitar melhor meu casaco sobre os ombros. Estava tão nervosa e envergonhada que nem mesmo olhei para trás. Ainda sentia minhas pernas bambas quando atravessei o cercadinho branco do quintal e, ao olhar para frente, pude ouvir o barulho do carro de Jordan seguir pela rua.

Só então um sorriso se fez em meus lábios, os quais rapidamente toquei com as pontinhas dos dedos. Mal conseguia acreditar que por um curto segundo pude sentir quão macios eram os seus... "Eu tô louco pra te beijar a noite toda", sua doce voz rouca me fez fechar os olhos com força. Será que fiz errado por não correspondê-lo? Sim, não... Essa dúvida não era suficiente para romper a felicidade que crescia dentro de mim agora...

[...]

🍁. E quase rola o primeiro beijinho do casal hahaha. Jordan tem um gêmeo do balacobaco kkkkkk o que será que vem por aí, hein? Deixem o voto no capítulo e comentem, meus amores, fico imensamente grata. <3 <3

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