26. Parque das Bétulas
"É você, é sempre você. Conheci muitas pessoas, mas ninguém é como você... – It's you, Ali Gatie."
Ontem não foi tão divertido quanto imaginei que seria. Conseguimos cuidar da Rose, e fazê-la se sentir melhor. Mas as coisas que a Ashley me disse, junto aquela sensação estranha em meu peito... Mal consegui pregar o olho pela noite. Só me acalmei mesmo quando mergulhei no abraço do Jordan hoje. Eu não sabia explicar muito bem, mas era como se em seus braços nada de ruim pudesse me atingir.
Como prometido, ele veio me buscar logo cedo e pareceu bem preocupado quando me viu. Acho que eu precisava lhe perguntar sobre a Ashley. Viemos à Candy's para tomar café. Ele pediu panquecas recheadas, e eu, uma salada de frutas. Mas estava sem fome, procurando uma maneira de conversar sobre aquelas coisas na minha cabeça.
– Está preocupada, Liz? – ele se interrompeu na primeira garfada, ao notar que eu girava a colher sobre a tigela intacta de salada – Percebi desde a casa da Christine, mas achei melhor te dar um tempo para respirar. Quer conversar agora sobre isso?
– Não. Quer dizer, quero. Mas não estava nervosa por conta disso, eu só precisava de um abraço seu. – coloquei a colher sobre a tigela, encarando-o a tempo de ver um leve sorrisinho surgir em seus lábios.
– E está mais calma agora? – questionou Jordan, e rapidamente assenti.
– Um pouco. Mas preciso te perguntar umas coisas, e não ache que estou te jugando ou algo do tipo. Só... eu quero saber por você. – pousei minha mão sobre a sua na mesa, ele sorriu assentindo.
– Tudo bem. Pode perguntar, não vou mentir, seja o que for. – ele estava calmo, o que me tranquilizou mais para prosseguir.
– Ontem, a Ashley veio conversar comigo. Ela me pediu desculpas. – falei rápido, e suas sobrancelhas arquearam – Disse que estava arrependida do que fez.
– Isso é bom, não é? – perguntou Jordan, confuso. Eu assenti.
– Sim, é. Mas... – me virei de lado no banco, ficando de frente para ele, que apoiou seu braço por cima do encosto.
– Mas? – vi sua testa franzir um pouco.
– Ela me contou umas coisas... – fiz uma rápida interrupção, ele assentiu para que prosseguisse – disse que você traía ela.
– Liz, o que eu tinha com a Ashley não era bem um relacionamento. Mas, antes de você, para mim foi o que mais chegou perto de um. – ele falou meio vago, eu precisava de um pouco mais de informação.
– Você sabia que fazia ela sofrer? – perguntei receosa, pois fiquei mesmo entristecida pelo jeito que ela me contou as coisas ontem.
– No início ela nem se importava. Era bom para nós dois. – ele respondeu simples, e arqueei uma sobrancelha – Quer dizer, eu deixei claro que não queria nada sério.
– Como assim? – perguntei, e seus dedos se entrelaçaram aos meus.
– Amor, eu sei que errei com a Ashley. Mas nunca menti para ela, nunca escondi nada. – seus olhos encaravam os meus enquanto ele falava, e senti que estava sendo sincero.
– Então ela sabia que você saía com outras garotas? – fui mais direta dessa vez.
– Sim, e não ligava. Ela só se importava em ser popular, e ter o "namorado perfeito". – Jordan fez aspas usando os dedos – Não me escolheu porque gostava de mim, foi porque eu era amigo do Tayler, e ele estava começando a sair com a Christine. E bem, não me importei com isso também.
– Mas pareceu que ela gostava mesmo de você. – me lembrava do jeito que ela chorava soluçando ontem.
– Bom, eu acho que a Ashley se apegou a mim em determinado momento. Tentei terminar, juro, só que foi piorando, até ela decidir que tinha cansado. Achei que nós dois tínhamos levado numa boa. – explicou ele, e eu respirei fundo, assentindo.
Aquilo era muito triste, devia ser horrível amar alguém que não ama você.
– Acho que entendi. Mas ela também me contou que você e o Jason tem um jogo para ver quem leva primeiro as garotas para cama. Isso é verdade? – mudei um pouco o rumo do assunto.
Realmente não era necessário ele me dar mais detalhes do seu ex-relacionamento com a Ashley, isso me deixaria desconfortável.
– Amor, não. Quer dizer, não é assim que funciona. Acho que ela te disse isso por conta dos boatos que rolam no J. Falls. – sua voz saiu risonha – Mas a gente nunca apostou garota nenhuma. Eu não faria isso, e o Jason não teria o mínimo saco.
Acabei sorrindo ao ouvi-lo, afinal de contas, pensando bem, o Jason não teria paciência para esse tipo de jogo idiota mesmo.
– Mas como surgiu esses boatos sobre apostas? – perguntei, vendo-o assentir algumas vezes seguidas, tentando controlar o riso.
– Ah, como eu te explico isso? – senti os seus dedos acariciarem a minha mão sobre a mesa, antes de soltá-la, pousando sobre a minha coxa – Geralmente, as garotas que dormiam comigo, o Jason acabava... Ele era acostumado a transar com a maioria.
– Quê? – franzi a testa, aquilo era meio estranho, certo?
– É que, eu acho que as garotas sentem tesão por essa coisa de gêmeos. Ele sempre se aproveitou bem disso. Mas era só sexo. – Jordan me parecia bem tranquilo em relação a isso, mas eu não.
– Você está me dizendo que acha normal o seu irmão dormir com as suas garotas? – arqueei as sobrancelhas, e Jordan rapidamente negou com a cabeça.
– De forma alguma. Elas não eram minhas garotas. Você é a minha garota, e eu nunca deixaria o Jason tocar em um só fio de cabelo seu. – ele passou uma mecha de cabelo para trás da minha orelha, acariciando a minha bochecha delicadamente.
– Eu te amo, sabia? – sorri meio boba, e ganhei um selinho.
– Eu te amo muito mais, Liz! – aqueles olhos cor de mel mergulharam nos meus, fazendo um arrepio me percorrer.
– Amor, – ainda precisava que ele me respondesse mais uma pergunta, mas não queria que soasse tão pessoal, ou que a Ashley voltasse a conversa – você acha que se uma dessas garotas não quisesse o Jason... se elas não quisessem dormir com ele, acha que ele tentaria a força?
– Sinceramente? O meu irmão pode fazer um monte de merdas e ser um completo babaca a maior parte do tempo, mas tenho certeza de que ele nunca tocaria em uma garota sem ela querer. – sua resposta saiu convicta, ele parecia mesmo estar certo disso.
O Jason era um idiota, mas ele realmente não havia encostado em mim desde o dia em que deixei claro que não queria. Sei que às vezes ficava fazendo aqueles comentários e insinuações pervertidas, mas realmente não tocava em mim, e sempre se afastava quando eu mandava. No entanto, aparentemente todo o resto se encaixava, então será que... Não! Por que eu estava pensando isso? Definitivamente, o Jason não era assim.
Não insisti mais naquela conversa, e logo trocamos de assunto, enquanto tomávamos o nosso café da manhã. Deixei que a insegurança que me rondava fosse substituída pela ansiedade de passar o dia ao lado do Jordan. Ele disse que havia preparado um dia inteiro de programação "à moda Davis", e eu mal podia esperar para conhecer o tal lugar especial...
Horas mais tarde...
Sentia a brisa do vento batendo contra os nossos rostos, fazendo barulho ao soprar as folhas das árvores altas pelo parque. Nossas risadas ecoavam e nossos pés pedalavam apressados. Eu podia ver as costas do colete jeans do Jordan mais a frente, seus cabelos esvoaçavam no ar. Ele me olhou sobre o ombro, numa tentativa de checar se eu o acompanhava, mas a minha respiração já estava pesada após quase vinte minutos daquela corrida.
Acontece que fizemos uma aposta e eu estava tentando me divertir, apesar de ter plena certeza de que perderia. Depois do café da manhã, que se deu de forma muito agradável, Jordan me levou a um planetário, estava tendo uma exposição sobre uma supernova, e ele me explicava baixinho toda vez que eu me perdia no discurso da palestrante.
Confesso que entendia muito mais com o Dan, do que com ela. Suas palavras eram mais simples e sempre vinham acompanhadas de toques carinhosos em minha mão ou coxa, simplesmente adorei cada segundo. Quando a exposição acabou, já era hora do almoço, descemos para a cantina e comemos um bom hambúrguer com fritas.
– Anda, Liz, você vai perder! – ouvi a risada gostosa do Jordan ecoar a frente.
Quando terminamos de almoçar, ele dirigiu com as janelas do carro abertas, o vento soprava bagunçando os nossos cabelos, a sensação era deliciosa, mas os enormes prédios logo foram ficando para trás. Estacionamos em um parque repleto de bétulas, a vista era linda e, aquela altura, o sol já começava a cair no céu, entre os dois pequenos e modestos prédios a oeste.
Não haviam muitas pessoas ali, apenas um casal com seus dois filhinhos brincando no balanço, uma senhorinha alimentando os pombos e três mulheres fazendo caminhada. O som das aves e do vento soprando as folhas, tornava aquele lugar tranquilo e agradável.
– Jordan, eu não vou correr! – falei risonha também, sentindo o vento bagunçar as mechas de cabelo soltas do meu coque.
– Ah, não vai me dizer que está com medo agora? Vai me pagar um milkshake, hein... – ele me fez lembrar da nossa aposta, e eu ri um pouco mais.
Pagava um milkshake, no caminho de volta para casa, aquele que chegasse por último ao destino final. Como eu disse, sabia que perderia, mas aceitei só para dar boas risadas com ele e foi assim durante quase todo o caminho desde o estacionamento.
– Não vale, Jordan. Você está roubando! – recorri ao apelo, era a minha única saída. Logo o vi desacelerar drasticamente.
– Eu? Não estou roubando coisa nenhuma! – seu olhar veio em minha direção quando nossas bicicletas ficaram lado a lado, mas neguei com a cabeça, só para fazer charminho.
– Sim, você está! Apostou corrida comigo, sendo que é um atleta, já eu... mal tenho fôlego para fazer uma caminhada. – menti na cara de pau e ele deu risada, negando em uma clara contestação.
– Acho que alguém aqui está fazendo drama, mocinha. – o ouvi provocar e fingi estar ofendida, abrindo a minha boca e cerrando os olhos, mas caímos os dois na gargalhada logo em seguida.
– Tá bom, tá bom. Mas é sério, chega de apostas, eu pago o seu milkshake. – me rendi, vendo-o arquear uma sobrancelha.
– Se eu soubesse que seria tão fácil, teria corrido mais. – sua voz saiu engraçada e eu prendi o lábio entre os dentes – Estou brincando, amor, vem cá?
Jordan estendeu sua mão direita em minha direção e eu fiz o mesmo, esticando a minha mão esquerda, enquanto as nossas bicicletas se aproximavam na trilha, rodeada de árvores. Primeiro tocamos as pontas dos dedos, até que eles se entrelaçaram suavemente, seguimos pedalando bem devagar.
– Qual o nome desse lugar, Dan? – perguntei curiosa, ao lembrar que fiquei tão surpresa com o fato do Jordan alugar bicicletas, que acabei nem lendo na placa.
– Ah, esse é o condomínio do parque das bétulas. – ele respondeu com um sorrisinho nos lábios. Eu assenti, fazia sentido por ter tantas bétulas por ali.
– Aqui é muito bonito. – soltei seus dedos ao pararmos de pedalar.
– Eu gosto daqui... ainda mais hoje. – o vi descer da bicicleta, quase no mesmo instante que eu.
– É? Você... – senti uma leve queimação no estômago e desviei o olhar, empurrando as bicicletas com ele.
– Eu? – me arrepiei quando ele questionou, por um segundo achei que não tivesse ouvido.
– Hã... Você traz... muitas garotas aqui? – perguntei, tentando não demonstrar o meu incômodo, escorando a minha bicicleta em um tronco de árvore, ele fez o mesmo.
– Não. – sua resposta foi animadora e fui incapaz de controlar o meu sorriso – Esse é um dos lugares que gosto de vir para relaxar ou esfriar a cabeça. Nunca trouxe ninguém aqui, até hoje.
– Então sou a primeira garota que traz aqui? – questionei em um impulso idiota, sentindo minhas bochechas esquentarem, mas ele sorriu se aproximando.
– Ah, sim. Você é sim. – o vi estender a mão em minha direção, não me detive em agarrar o seu braço. Gostava daquilo, dele fazer coisas novas comigo, além do que já fez com outras garotas.
– E desde quando vem aqui? – perguntei, extremamente curiosa, afinal se ele não levava garotas ali, então o que mais podia fazer... sozinho?
– Desde quando eu nasci. Morava aqui quando criança, Lizzie. – respondeu Jordan, pacientemente, enquanto caminhávamos em direção a um dos prédios a frente – Bem nesse ali, no terceiro apartamento do quarto andar.
Senti uma leve pontada de tristeza tomar a sua voz e suspirei baixinho, apertando seu braço, numa tentativa de dizer que estava com ele, então um sorriso se formou em seus lábios.
– Vem, vamos entrar. Já está quase na hora. – ele empurrou a porta de vidro, adentrando pelo saguão comigo – Tudo bem, sr. Burrows?
– Ah, Jordan! Há quanto tempo, menino! – o porteiro, que era um senhor baixinho e gorducho, ficou de pé atrás do balcão da recepção, parecia bem animado – Como vai sua mãe?
– Ela vai muito bem. Obrigado por perguntar. E a sua senhora? – Jordan deu um leve aperto em minha mão, antes de soltá-la para apertar a mão do senhor simpático.
– Estamos todos bem, rapaz. O seu irmão continua dando trabalho? – perguntou Burrows e, nesse instante, senti um calafrio me percorrer a espinha.
Abracei meus próprios braços, contendo discretamente o ardor que subia por minha garganta. Era uma sensação ruim, minha língua amargou dentro da boca e sem notar eu apertava meus braços com tanta força que as unhas quase cravaram na pele. Ouvi o Jordan falar alguma coisa e me forcei a voltar à conversa outra vez.
– E essa moça linda, vai me dizer que finalmente está namorando? – Burrows passou seu olhar tênue a mim.
– Estou rezando para que ela aceite. – Jordan deu uma risadinha ao meu lado, fazendo meu rosto inteiro esquentar.
– Me chamo, Lizzie Andrews. É um prazer conhecê-lo. – me apresentei apressada, cumprimentando aquele senhor com um aperto de mão.
– O prazer é todo meu, querida. Se é amiga do pequeno Dan, sempre será bem vinda aqui. – ele sorriu doce para nós dois, e o agradeci com um sorriso de volta.
– Ah, nós podemos ir lá agora, sr. Burrows? – Jordan voltou a segurar em minha mão, parecia um pouco envergonhado por ter sido chamado de "pequeno Dan", o que eu achei fofinho.
– Claro. Está livre lá atrás. – o velho senhor confirmou animado – Mas não façam nada que eu não faria, hein...
Se eu já não estava vermelha antes, agora com certeza tinha ficado.
– Pode deixar. Obrigado, sr. Burrows. – Jordan sorriu agradecido, me puxando em direção aos fundos.
O velhinho sorriu, acenando para nós, eu acenei de volta, adentrando por um corredor um pouco estreito com o Jordan. Ele ia a frente, ainda segurando em minha mão, e me olhou por cima do ombro, me fazendo sorrir tímida. O vi umedecer os lábios com a língua rapidamente, voltando sua atenção para o caminho.
– Aonde especificamente nós estamos indo, Sr. Davis? – perguntei curiosa, ouvindo sua risadinha.
Viramos a direita e pude ver, bem a frente, uma porta de ferro com uma pequena janelinha no centro.
– Para um lugar especial, srta. Andrews. – ele respondeu brincalhão, apertando minha mão.
– Jordan, eu espero que você não esteja pensando em fazer nenhuma loucura... – falei quando o vi empurrar a porta.
– Eu nunca faria nada para te assustar, linda. – sua voz soou doce ao passar para fora, me puxando junto consigo.
Uma brisa morna tocou nossos rostos, me fazendo se agarrar mais ao braço do Jordan, à medida em que olhava em volta. Era uma área ampla, onde haviam duas piscinas de água azulzinha, com pelo menos umas dez espreguiçadeiras de cada lado. Uma parte era coberta, mas o resto ficava a mercê dos raios alaranjados do sol que caía no céu, tornando os ladrilhos no chão mais reluzentes.
– A vista daqui é linda. – falei quando ele me puxou para sua frente, encostando o seu queixo em meu ombro.
– É um dos meus lugares favoritos na cidade. – encostei minha cabeça na sua, apoiando minhas mãos em seus braços a minha volta.
– E posso mesmo confiar que sou a primeira garota que você traz aqui? – meu tom de voz saiu sapeca, Jordan deu uma risadinha.
– Eu nunca mentiria para você, amor. – ele sussurrou em meu ouvido, me fazendo arrepiar.
– Nunca? – o olhei por cima do ombro direito, sentindo-o me abraçar mais forte por trás.
– Nunca! – respondeu Jordan, e selou os meus lábios, antes de me soltar.
Mais uma brisa nos golpeou, e eu fechei os olhos sentindo o vento bagunçar os fios de cabelos soltos do meu coque.
– Você... – sua voz saiu meio trêmula, então abri os olhos novamente, o encarando.
– Eu? – arqueei uma sobrancelha, vendo-o umedecer os lábios com a língua novamente, em um sorrisinho.
– Vamos nadar? – ele pediu tirando o colete, o que me fez franzir a testa.
– Jordan, não pode entrar aí... – falei apontando para a placa com o letreiro "Apenas moradores do condomínio", mas ele pareceu não se importar com isso, puxando a sua camisa para cima.
– Só não pode se te pegarem. – Jordan jogou a peça de roupa sobre uma das espreguiçadeiras.
Sem que eu percebesse, estava admirando o seu físico tonificado, e sua pele que parecia brilhar sob os raios alaranjados do sol. Mas desviei o olhar quando ele começou a desabotoar o cinto.
– Alguém pode chegar. – tentei convencê-lo de que era uma loucura, mas ele só deu uma risadinha, abaixando a sua calça.
– Não vem ninguém aqui a essa hora. – ele insistiu e tentei disfarçar o meu nervosismo olhando para os meus pés – Vem, amor? Você vai gostar.
Seus dedos tocaram os meus, e senti o meu corpo estremecer quando encarei os seus olhos. Estavam em um castanho ainda mais claro que o de costume. Pareciam quase amarelos, simplesmente lindo.
– Mas eu não trouxe biquíni. – alertei mais para mim mesma, sentindo o seu corpo se aproximando do meu, o que fez imediatamente um calor me percorrer.
– Você sabe que não tem problema nenhum ficar só de lingerie para mim, não é? – sua voz rouca saiu baixinho, junto ao toque suave da sua mão em meu rosto, me causando outro arrepio.
– Sim. – meus olhos mergulharam naquele mar de mel que eram os seus, e engoli em seco – Tem certeza de que ninguém vem aqui a essa hora?
– Tenho sim, linda. – sua confirmação saiu convicta, antes de seus lábios se unirem aos meus em um selinho – Você confia em mim, não confia?
– Claro. – dei um sorriso, assentindo, ele acariciou a minha bochecha outra vez – Será que você pode...
– Sim. Vou te esperar dentro d'água, tá bom? – ele sugeriu, com um sorrisinho vitorioso nos lábios, após me soltar – Não demora!
O vi correr e logo saltar dentro da segunda piscina, fazendo a água respingar para os lados, dei uma risadinha boba, Jordan causava esse efeito em mim. Ele emergiu na água e virou de costas, me dando privacidade. Ainda não estava completamente certa do que fazer quando me virei, mas comecei a empurrar as alças do meu macacão.
Aquele incômodo estranho no meu peito ainda não havia passado, porém, não devia ser nada demais, só estava nervosa por estar fazendo algo completamente inusitado com Jordan. Devia mesmo ser isso, afinal, nunca fiquei só de lingerie e tão exposta assim em sua frente. Olhei por cima do ombro, e ele ainda estava virado de costas dentro da piscina, só mexendo os braços na água.
Me livrei do meu macacão, sentindo um friozinho na barriga, e me arrepiei com o vento quando puxei a minha blusa para cima, a qual prendeu no coque que se desfez. Balancei minha cabeça para os lados, espalhando bem os meus cabelos. Dobrei as minhas roupas, colocando-as sobre a espreguiçadeira, junto as dele.
Engoli em seco, cobrindo os meus seios com os braços, estava usando sutiã e calcinha, mas nada muito elaborado. Me sentia nua quando me sentei na borda da piscina, colocando os meus pés para dentro d'água que, a propósito, estava morninha. Jordan continuava de costas, balançando os braços lentamente na água.
– Já posso me virar? – ele arriscou uma olhadinha por cima do ombro, e eu mergulhei apressada, antes que minha vergonha fosse tão grande que me fizesse desistir.
O contato com a água me causou um arrepio intenso, e logo percebi o Jordan se virar completamente, seu olhar veio direto a mim. Apenas a minha cabeça estava para fora d'água agora, enquanto eu tentava cobrir os meus seios submersos com os braços. Ele nadou até mim e logo senti suas mãos tocarem a minha cintura, me fazendo estremecer inteirinha. Seus olhos estavam fixos aos meus, e nossos rostos ficaram bem pertinho, pude sentir a sua respiração pesar contra a minha.
– Não, amor. Não se cubra. Já lhe disse que não precisa sentir vergonha de mim, nunca. – sua voz soou suave, causando um rubor em minhas bochechas.
– Dan... – estava mesmo envergonhada, mas ao vê-lo sorrir doce, tive certeza de que podia confiar nele, então soltei os meus braços, tocando minhas mãos em seus ombros.
– Bem melhor assim. – sussurrou Jordan, próximo aos meus lábios, e engoli em seco, mas lhe dei um sorrisinho tímido – Você é tão linda, Liz.
– Dan, não me deixe mais envergonhada, por favor? – pedi baixinho, vendo-o sorrir leve.
Ele assentiu, prendendo o meu queixo entre o polegar e o indicador.
– Adoro ver esses olhos verdes de tão perto. – sussurrou, esfregando os seus lábios vagarosamente contra os meus, antes de me dar um selinho – São as esmeraldas mais belas que já vi.
Sem avisos, Jordan me puxou para baixo d'água. Fechei os olhos pelo susto, prendendo a respiração também. Emergimos e pude ouvir a sua risada, enquanto sacudia os cabelos, espalhando as gotinhas para os lados. Abri a boca para repreendê-lo, mas desisti logo em seguida, me juntando a ele nas risadinhas.
– Vem mais para o fundo, Liz? – sugeriu ele, segurando em minha mão, me puxando para nadarmos juntos.
Não sei explicar o que Jordan fazia comigo, como me fazia sentir, mas estava adorando. Estar com ele era a melhor sensação que já tive na vida, era a melhor coisa que já me aconteceu, e as vezes, como agora, me pegava se perguntando se não estava em um tipo de sonho delirante, se não me acordaria depois de um tempo, ainda no meu quarto, em Seattle, com o sentimento de vazio por descobrir que nada daquilo existiu de verdade. Mas o Jordan era real e estava bem vivo para mim, ele me fazia se sentir viva.
– A água tá uma delícia, né? – perguntou ele, ao pararmos mais no centro, e balancei a cabeça em afirmação.
Sua mão se desprendeu da minha, e ele se jogou de costas, boiando na água, eu dei uma risadinha ao vê-lo tão relaxado, inclinando a minha cabeça para trás. Pensei em fazer o mesmo, mas assim ele veria todo o meu corpo exposto. Respirei fundo, tentando espantar aquele nervosismo idiota, deixando o meu corpo emergir, apenas balançando meus pés e braços lentamente na água.
– Você sempre nada aqui? – tentei puxar assunto para relaxar mais, ele olhou em minha direção.
– Não quando tem gente. – ouvi a sua risadinha, e acabei rindo junto – Mas, geralmente, quando preciso esfriar a cabeça. E você, já fez isso, Lizzie, em Seattle?
– Nunca invadi um condomínio antes e, de certo, nunca estive com alguém tão especial quanto você. – falei essa última parte baixinho, vendo-o se endireitar na água, e nadar em minha direção.
– Então, quer dizer que eu sou especial para você? – o seu sorriso estava radiante quando ele tocou as mãos nas minhas costas por baixo d'água.
– É claro que sim, Dan. – respondi, um tanto tímida, sentindo os seus olhos passearem por todo o meu corpo.
– Você também é muito especial para mim, Liz. – seus olhos se fixaram aos meus, e senti as gotas, que pingavam dos seus cabelos, tocarem a minha pele, caindo sobre o meu sutiã.
Jordan se inclinou um pouco para frente, acariciando suavemente a minha bochecha, antes de me dar um selinho. Eu fiz menção de me levantar, mas ele negou com a cabeça, me repreendendo sutilmente com o olhar, o que me fez dar um sorrisinho.
Seus dedos desenharam o formato dos meus lábios e, cuidadosamente, foram deslizando em toques suaves pelo meu pescoço. Fechei os olhos, escutando apenas o barulho da água a nossa volta, sentindo as pontas dos seus dedos se esfregarem pelo meu colo, até chegarem na minha barriga, desenhando alguns círculos em minha pele molhada, me fazendo arrepiar com uma certa eletricidade que me percorria. Apertei os olhos, me auto impedindo de abri-los e romper aquela sensação.
Respirei fundo algumas vezes seguidas, numa tentativa de relaxar mais, então senti o toque macio dos seus lábios em meu seio direito, o que me fez estremecer, perdendo o controle logo em seguida. Meu corpo afundou na água, mas o Jordan me segurou firme, me puxando para cima enquanto dava risada do meu susto. Abri os olhos, ficando de frente para ele outra vez, enquanto segurava com força em seus ombros, o encarando um tanto zangada por ele estar rindo da minha cara agora.
– Hey, eu não ia te deixar afundar. – disse Jordan, com voz risonha.
Então bati minha mão na água, fazendo-a espirrar contra o seu rosto. Dei risada da cara de espanto que ele fez, foi ótimo revidar o susto que tomei. Mas logo me arrependi, quando aquelas sobrancelhas arquearam e em seus lábios surgiu um sorriso absurdamente maldoso.
– Então é assim, Lizzie? – perguntou Jordan, malvado, e eu tentei nadar para longe, mas senti a sua mão agarrar o meu tornozelo direito, me puxando para trás.
– Davis! – me debatia em risadas na água quando ele me segurou pela cintura, me suspendendo e me jogando para o outro lado daquela enorme piscina.
Meu corpo fez um estardalhar alto ao se chocar contra a superfície da piscina, afundando e espirrando água para todo lado. Fechei os olhos com força e emergi, cuspindo a água que acabou entrando pela minha boca.
– Lembre-se de que você quem pediu, Lizzie! – ele falou alto, e eu abri os olhos a tempo de vê-lo nadar até mim.
Dei mais risada, espirrando água em sua direção, batendo na superfície da piscina diversas vezes seguidas. Ele ria junto comigo, e logo começou a fazer o mesmo. Eu nadava de um lado ao outro para me esquivar. Nossas risadas ecoavam em meio a todo o chiado que produzíamos na piscina.
Ficamos assim durante os minutos seguintes, incontáveis minutos de alegria. Já podia sentir a minha barriga doer de tanto rir quando ele finalmente conseguiu se aproximar de mim outra vez. Sua risada era tão gostosa de ouvir, mas eu tentava me concentrar em recuperar o meu fôlego.
– Ah, Dan... – tentei falar alguma coisa, mas ele tocou o meu rosto, e deitei minha cabeça um pouco sobre a sua mão.
– Eu te amo mais que tudo, Liz. – ele encarou meus olhos com uma certa profundidade, e meu sorriso foi incontrolável, assim como a aceleração dos meus batimentos.
– Eu te amo tanto, Jordan, que não consigo nem descrever. Nunca me senti tão feliz assim antes. – fiz uma breve declaração, não era muito boa com isso, mas pude ver, pelo brilho que surgiu em seus olhos, que já havia sido o suficiente.
Jordan acariciou meu rosto delicadamente, afastando algumas mechas do meu cabelo para trás da orelha. Entrelacei meus braços em seu pescoço, acariciando a sua nuca com as pontinhas dos dedos. Seu rosto voltou a se aproximar do meu e sua respiração se misturou com a minha, meus olhos correram em direção a sua boca rosada, queria senti-la mais que tudo agora.
E quando seus lábios quase encostaram nos meus, uma corrente de energia me percorreu por dentro, ouvindo o barulho da água se acalmando a nossa volta. Inclinei o meu rosto para frente, me apressando a pressionar os nossos lábios uns aos outros. Sua destra segurou firme em minha cintura, enquanto a sua mão esquerda acariciava o meu rosto.
O nosso beijo começou lento, nossas línguas se tocavam com suavidade, enquanto o delicioso sabor de menta se espalhava por minha boca. Senti algumas gotinhas de água pingarem de seus cabelos em meu rosto, e enfiei meus dedos por entre eles, acariciando sua nuca. Suas mãos desenhavam detalhadamente as curvas do meu corpo, o que me fez arranhar suas costas com as pontinhas das unhas.
Jordan segurou firme em minhas coxas, me dando impulso para cima, e entrelacei minhas pernas em sua cintura, prensando minhas coxas ali. Ele sorriu por um segundo quando soltei seus lábios, mas logo voltou a colar nossas bocas com mais intensidade que antes. Senti seus dedos afundarem nas carnes das minhas coxas, à medida que ele sugava a minha língua.
Seu quadril se esfregou contra o meu por baixo d'água, e eu arfei, rompendo o beijo outra vez. Seus lábios se reclinaram sobre a pele do meu pescoço, eu estremeci, gemendo o seu nome baixinho, sentindo seus dentes prenderem o lóbulo da minha orelha em uma suave mordidinha. Sem que eu percebesse, o calor entre as minhas pernas já se espalhava pelo meu corpo inteiro.
– Você disse... que nunca se tocou antes, então... nunca gozou, Lizzie? – perguntou Jordan, com um sussurro rouco em meu ouvido, e estremeci em seus braços – Quero saber se conhece a sensação de gozar, bebê. Me diz?
Senti minhas bochechas esquentarem quando seus beijinhos cessaram, e seus olhos mergulharam nos meus. A coisa mais ousada que eu já havia feito, foi chupá-lo aquele dia em meu quarto, então neguei com a cabeça.
– Não? – suas sobrancelhas arquearam, eu assenti, estava muito envergonhada para falar alguma coisa, mas ele sorriu – Eu quero que conheça. Você quer... quer saber como é, linda?
Seus olhos tinham um certo brilho malicioso agora, mas ao mesmo tempo doce. E ainda encaravam fixamente os meus.
– Dan... – minha voz soou meio trêmula, estava nervosa e não sabia o que responder.
– Deixa eu te tocar como eu quero, Liz? – pediu ele outra vez, e mordi meu lábio inferior, sentindo-o se mover embaixo d'água, indo em direção a borda da piscina, sem me soltar.
– A-aqui? – perguntei, um tanto mais tensa. Estava indecisa, e ele voltou a beijar o meu pescoço.
– Não. Apesar de que eu gostaria. Mas já está escurecendo, logo vai esfriar e... bem, eu quero muito fazer uma coisa em específico para você gozar a primeira vez. Posso te levar para a sua casa, ou para a minha, não tem ninguém lá a essa hora. – ele propôs, me fazendo se acalmar um pouco.
– Sua casa. – respondi, vendo um sorriso enorme se abrir em seu rosto.
– Eu te quero muito, Liz! – ele sussurrou em minha orelha e eu estremeci toda, apertando os seus ombros...
[...]
💕. Esse mal pressentimento da Liz... aiaiai! Alguém curioso aí?
💕. Jordan é um fofo ou não é? haha essa proposta no fim do capítulo... o que será que vai dar??
💕. Deixem seus comentários, e não esqueçam de votar na ⭐ caso tenham gostado do capítulo, não custa nada e ajuda muitooo. Até o próximo, beijinhos 😘
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