18. Fotos para o jornal

"Sim, veja que estou em um buraco. Mas eu sei eu sei... parece cobrar seu preço. Eu rezo para ter alguma esperança, mas agora preciso da sua ajuda, pois eu caí no inferno. – To the souls that leave us too soon, Doug Clark."

Duas semanas depois...

Passar o feriado em Seattle, na casa da vovó Dália, foi realmente ótimo para espairecer. Fiquei o máximo de tempo que pude com a May, que conseguiu me proporcionar um aniversário discreto e tranquilo num SPA maravilhoso, onde passamos um final de semana inteiro só com as vikings, bom... Algumas não puderam comparecer, pois estavam fora da cidade, mas foi incrível mesmo assim. Durante esse tempo fora, tratei de esquecer que tinha um celular, pois não queria contato com ninguém que me fizesse lembrar da minha última e desagradável noite em Shadowtown, pelo menos não antes de ter que voltar para a realidade.

Me diverti bastante com as minhas amigas, como disse fomos para um SPA no fim de semana, mas também fomos ao shopping, ao cinema e à nossa lanchonete favorita da cidade. A única parte ruim foi receber notícias indesejadas do Luke, que pelo que me disseram, havia ido morar com o pai, após receber um convite para ser capitão do time de futebol de um colégio bastante renomado. Imagino que o seu ego devia ter crescido em uns mil por cento, aquele cretino não valia nada, e acho que de certa forma me incomodava saber que coisas boas aconteciam para pessoas ruins como ele. Contudo, não me permiti gastar minhas boas energias com isso.

Era para termos voltado no último sábado, mas por conta do tio Henry que vinha com a gente, e teve de passar primeiro em seu departamento de polícia em Washington, acabamos atrasando e chegamos apenas ontem pela manhã. Apesar de ser uma plena segunda-feira, resolvi não ir à aula, pois estava exausta. Então, apenas tomei banho e caí na cama, só me lembrei de conferir as mensagens no meu celular quando acordei quase no fim da tarde. Haviam algumas da Christine, perguntando como eu estava e informando sobre uma pequena mudança no horário dos treinos, já que ela ainda não havia chegado de viagem.

Também tinham muitas do Dylan e da Emy, o que me fez se sentir mal por não ter falado com eles nesse tempo todo que passei fora. Mas o que me deixou mesmo confusa foi ver tantas ligações perdidas do Jordan, a maioria das mensagens eram suas, mas eu não abri nenhuma, não havia mais o que conversar com ele. Infelizmente, hoje a minha rotina havia voltado ao normal, e já estava na troca do segundo horário no colégio. Então, seguia para o meu armário onde estava meu livro de biologia, pois parece que teria um horário vago aquela manhã para mim, e eu queria ir para a biblioteca, adiantar o trabalho que o Sr. Boonan havia passado.

Sei que o prazo para a entrega só acabava na próxima semana, mas era uma pesquisa meio extensa, seria bom adiantar no tempo livre. Fora o fato de que na biblioteca eu não corria o risco de topar com o casalzinho insuportável Jordan e Ashley. Afinal, quanto mais longe pudesse ficar daqueles dois, melhor seria para mim. Abri o meu armário e, para a minha surpresa, duas folhas dobradas que estavam presas na porta caíram aos meus pés, olhei de um lado para o outro antes de me abaixar para apanhá-las no chão, mas aparentemente ninguém mais havia notado o que acabara de acontecer. "Menos mal", pensei comigo mesma, pois podia se tratar de uma pegadinha ou coisa assim.

Em silêncio, ajeitei minha mochila no ombro, chegando mais perto do meu armário enquanto tratava de abrir o papel menorzinho, muito curiosa por sinal. Sorri largo ao ver um coelhinho fofo desenhado com um balão em cima da cabeça dizendo: "Parabéns pelos seus 18 anos, precisamos comemorar. Espero que volte logo, sinto sua falta! XOXO.", embaixo havia a assinatura da Emily. Ainda não tinha visto ela hoje, mas teríamos uma oficina de artes juntas pela tarde, e depois poderíamos tomar um bom milkshake na Candy's para pôr o papo em dias. Carinhosamente, tornei a dobrar o seu bilhete, o qual guardei entre os livros do meu armário.

– Bom, agora vamos ver esse aqui. – falei baixo, tratando logo de abrir o papel maior.

No entanto, ao fazê-lo, meus olhos se arregalaram em uma surpresa, era eu mesma desenhada a lápis no papel, e a arte estava muito bonita por sinal. Olhei de novo pelo extenso corredor, a fim de checar se ninguém me observava de longe, mas, sem sucesso, voltei a minha atenção para aquele desenho onde eu parecia distraída lendo um livro em minha carteira. Sorri leve, me perguntando quem teria feito? Virei a página umas duas vezes, à procura de uma assinatura ou coisa parecida, porém, infelizmente, não tinha mais nada ali.

– Voltou a linda flor! – Dylan saltou ao meu lado, me dando um baita susto – Uau! Que desenho bonito! É você? Quem fez?

– Ah, eu não sei. – senti as minhas bochechas esquentarem – Estava no meu armário quando eu abri, mas não tem nome.

– Hum, pode ter sido o Davis, ele tem perguntado bastante de você desde que voltou do Texas. – supôs ele.

– Bom, se foi ele, então eu vou jogar no lixo. – desfiz o sorriso no mesmo instante.

– Não faz isso. – Dylan se apressou a tomar o desenho das minhas mãos – Quer dizer, você nem sabe se foi ele mesmo, e pode ter sido outra pessoa, tipo um admirador secreto.

– Sério, Dylan? – cruzei os braços – Você acha mesmo que eu teria um admirador secreto?

– Por que não? Já se olhou no espelho hoje, por acaso? – suas sobrancelhas arquearam – Você é muito bonita, inteligente, meiga... São qualidades que chamam atenção.

– Tá legal, eu vou guardar o desenho, mas só porque ainda não sei quem fez. – estendi minha mão, pedindo aquilo de volta – Porém, se eu descobrir que foi o idiota do Jordan, jogo fora no mesmo segundo.

– Sei, sei. – Dylan me devolveu o desenho – Mas e aí, como foi o feriado? Eu já estava pensando que não fosse mais voltar.

– Como assim? Eu só perdi um único dia de aula. – apanhei o meu livro de biologia dentro do armário, onde guardei o meu desenho.

– Hellooo! Você sumiu duas semanas inteiras, sem dar uma única notícia. Eu e a Emily ficamos mortos de preocupação. – disse ele, enquanto eu fechava meu armário outra vez.

– Desculpa, eu não fiz por mal. Viajei com os meus pais e precisava esfriar a cabeça. – tentei explicar.

Dylan deu um sorrisinho, assentindo. Então, o agarrei pelo braço, puxando-o pelo corredor.

– Está perdoada, florzinha. Porém, da próxima vez, manda uma mensagem primeiro antes de só sumir. – ele me repreendeu em tom risonho – Mas e aí, me conta como passou seu aniversário de 18 aninhos? Espero que não tenha enchido a cara, mocinha. O meu passou em branco de tão bêbado que fiquei, tenho alguns arrependimentos quanto a isso.

– Eu não bebo, Dy. – sacudi a cabeça, dando uma leve risada – Meu aniversário foi muito legal e tranquilo, revi minha antiga equipe e...

As palavras morreram por entre meus lábios, e o meu sorriso foi se desmanchando devagar ao virarmos pelo corredor, pois avistei o Jordan em frente aos banheiros. Ele estava cercado por três garotas, e parecia bem entretido conversando com elas. Engoli em seco, puxando Dylan na direção contrária, pois ainda não me sentia confortável com a ideia de ter que encarar aquele garoto idiota ou a vadia estúpida da Ashley. Enquanto desse, eu tentaria evitar os dois, sei que uma hora ou outra as coisas fugiriam do meu controle, mas não precisava ser agora.

– Ah, Liz, você não está triste, né? – Dylan chamou a minha atenção – No seu primeiro dia aqui eu tentei te avisar sobre o Davis e as garotas.

– É, eu sei. Isso... Eu não estou triste. – forcei um sorriso, e ele respirou fundo.

– Ótimo, porque eu preciso de um favorzinho de nada. – ele logo parou de caminhar, e eu arqueei uma sobrancelha.

– E o que seria? – perguntei curiosa, vendo-o sorrir largo.

– Você tem aula vaga agora, não é? – perguntou, e eu assenti – Bom, é que a Mary, que cuida da sessão de esportes no jornal do colégio, está de atestado essa semana, e a coluna de amanhã está sem fotos, será que você poderia tirar umas para mim?

– Tirar... fotos para o jornal? – questionei, vendo ele abrir a mochila e pegar a câmera.

– Sim, é que eu tenho aula agora. Mas é bem simples. Está tendo educação física lá no campo, então é só segurar a câmera e clicar. – ele a entregou para mim.

– Certo, acho que consigo. – respondi, enquanto ele voltava a fechar o zíper da sua mochila, a qual passou pelo ombro.

– Pede para os garotos levantarem a camisa enquanto correm. Os tanquinhos sempre são um sucesso. – Dylan me fez dar uma risadinha, enquanto se afastava – Eu conto com você, florzinha.

– Tá! – levantei a câmera, observando-o seguir rápido pelo corredor na direção oposta.

Passei a cordinha da câmera pelo meu pescoço e segui caminho para o campo. Não sei como faria aquilo, morreria de vergonha em pedir que os meninos levantassem as camisas, isso seria... constrangedor. Saí pela porta de emergência, apreciando aquela manhã ensolarada. Quase não haviam nuvens no céu azulado. Sorri leve, pensando que depois de duas semanas de um friozinho aconchegante, era bom finalmente sentir o calorzinho do sol.

Pelo menos as fotos sairiam boas, claro que se eu não ficasse nervosa e tremesse tudo. Senti a brisa se chocar contra o meu rosto, trazendo um cheiro gostoso de terra molhada, e esvoaçando um pouco os meus cabelos. Ouvi o barulho dos meninos treinando ecoar cada vez mais alto, à medida que me aproximava do campo. Só tiraria essas fotos, porque Dylan era muito legal comigo. Adentrei pelo portão, logo avistando um grupo de garotos se preparando para mais uma jogada.

Caminhei pela área das arquibancadas, me lembrando daquele jogo a noite, do Jordan... Mas tratei de espantar esses pensamentos idiotas, colocando minha mochila sobre a fileira de baixo, após finalmente guardar o meu livro de biologia ali dentro. Liguei a câmera, passando minha atenção aos meninos, e logo comecei a clicar. Até que avistei o Jason em meio a eles. Seus cabelos estavam bagunçados e esvoaçavam enquanto corria, mas o que me chamou atenção foram as tatuagens espalhadas pelo seu antebraço direito. Isso era novidade.

De longe, a olho nu, não dava para ver bem, ou identificar qualquer desenho, então tentei fazer isso pelas lentes de zoom da câmera. Consegui ver o que acho que era uma coruja, a palavra "BELIEVE" em letras destacadas, uma letra grega com uma carpa logo embaixo, mas o que me chamou a atenção foi o desenho de uma mulher com asas de anjo. Será que... Não! Claro que não. Afinal, por que diabos o Jason tatuaria um desenho meu como cupido em seu braço? Ri anasalado, negando com a cabeça, acho que estava ficando louca.

Enquanto jogava com os outros rapazes, não pude deixar de notar o quanto parecia feliz, e acho que nunca tinha o visto sorrir sem ser com deboche ou malícia. Aquele sorriso me soava bem melhor que os de costume, lhe deixava até mais atraente. "O que foi isso?", cerrei o cenho ao me dar conta do rumo que os meus pensamentos tomavam, e meneei a cabeça, tentando me concentrar no trabalho que eu tinha ido fazer ali. Tirar fotos para o jornal do colégio.

De repente, Jason olhou para mim, então levantei a câmera em um curto aceno, o que o fez arquear as sobrancelhas. Ouvimos o apito e a bola foi lançada, consegui fotografar quando ele pulou para agarrá-la, e sorri vendo-o correr entre a defesa. O passe foi feito, logo em seguida o seu time marcou ponto. Aparentemente, Jason também sabia jogar. Avistei ele correr em minha direção, e me apressei em voltar a tirar fotos dos garotos que estavam pelo meio do campo, não queria parecer que estava o observando.

– Então agora você é fotógrafa também? – perguntou Jason risonho, se apoiando com os braços sobre o gradeado, eu sorri.

– É, tipo isso. – abaixei a câmera, já que os meninos estavam em descanso agora – Não sabia que você jogava.

– Eu não jogo. – ele foi bem rápido em me responder – Isso... é só educação física.

– Eu sei. – dei um sorrisinho, passando uma mecha de cabelo para trás da orelha – Mas estou dizendo que você é bom.

– Não, o Jordan que é bom. Esses caras só estão meio devagar hoje. – Jason sorriu e eu assenti – Você... deu uma sumida, né?

– Ah, eu viajei com os meus pais. – respondi, vendo-o curvar um pouco a coluna para frente – Queria passar o meu aniversário com as minhas amigas, mais perto de casa.

– Aniversário? – suas sobrancelhas arquearam, mostrando um certo interesse no assunto.

– Sim, finalmente completei 18, e em breve alçarei voo para longe do ninho. – tentei soar bem humorada, e acho que deu certo pois ele sorriu assentindo – É empolgante, não?

– É, parece que sim. – ele tornou a fitar a câmera em minhas mãos – E essa empolgação toda te levou a fazer fotos de caras suados na educação física? Não me leve a mal, parece exatamente o tipo de coisa que eu faria se fosse uma garota aos 18.

– Não seja idiota! É só um favor para um amigo meu do jornal. – respondi, lhe arrancando um fraco riso – Então... Você tem tatuagens agora?

– Ah é, eu fiz algumas durante o feriado. – Jason levantou o braço, passando a observar os desenhos por alguns breves segundos – Ainda não está completo, falta muita coisa aqui.

– Hum... Essas ficaram bem legais. – fui sincera, estavam mesmo muito boas.

­– Espero que não se ofenda, mas eu me inspirei no seu personagem para fazer essa daqui. – revelou ele, apontando para o desenho do "anjo" – Não é nada estranho, só curti o lance de anjinha sexy e tal.

– Sério? Eu nem tinha reparado. – menti descaradamente, sentindo um leve tremor nas palmas das mãos – O seu tatuador é bem talentoso.

­– Era isso, ou ter os miolos estourados. – ele voltou a se apoiar na grade, e eu arregalei os olhos – Relaxa, estou apenas brincando.

– Sei... – percebi os caras se levantarem em meio a alongamentos e, ao lembrar do pedido do Dylan, encarei o Jason outra vez – Você... tem barriga tanquinho, não tem?

Perguntei só por perguntar mesmo, pois nem precisava tê-lo visto pelado para observar que era um cara grande, com músculos muito bem distribuídos pelo corpo. Seu porte físico era bem parecido com o do Jordan, mas suspeito que fosse ainda melhor definido que o seu irmão, nada muito gritante. No entanto, ao me ouvir, Jason arqueou as sobrancelhas me encarando estranho, o que me fez engolir em seco quase morrendo de vergonha.

– Será que eu posso...? – levantei um pouco a câmera, e um sorriso sacana surgiu em seus lábios.

– A anjinha Lizzie voltou com fogo, hein... – Jason riu, se erguendo outra vez.

– N-não. – gaguejei, minhas bochechas estavam queimando agora, e ele dava risada, me deixando mais envergonhada ainda – É para as fotos... do jornal, Jason.

– Tudo bem. – ele levantou a camisa, e meus olhos percorreram pelo seu abdome, era tão definido quanto o de Jordan, um pouco mais talvez – Você gosta, Lizzie?

Sua voz soou com malícia, e logo voltei a encará-lo, olhando diretamente em seus olhos que eram só um pouco mais enegrecidos que os de Jordan. Agora eu já conseguia perceber. Ele mantinha sua atenção fixa a mim, com um sorriso sacana nos lábios, aquilo me deixou um tanto constrangida.

– Pode tocar também se quiser, eu não mordo. Só se você pedir com jeitinho. – Jason se aproximou um pouco mais da grade, e eu neguei com a cabeça.

– É só para as fotos, Jason! – respondi rápido, ele rolou os olhos, abaixando a camisa.

– Tudo bem, mas não precisa ficar tão tímida. – observou ele – Afinal, nós dois sabemos que você já viu bem mais do que só a minha barriga. Aliás, espero que tenha gostado do material, você me pegou desprevenido da última vez.

– Foi um acidente. – apertei a câmera ao sentir um leve tremor em minhas mãos – Será que você... pode esquecer isso?

– Tá legal, mas pra sua informação, não é errado sentir tesão. – Jason umedeceu rapidamente os lábios com a língua – Então tenta se soltar um pouco, sei lá... Se permitir curtir o momento.

– Por que... está dizendo isso? – perguntei tentando não demonstrar o quanto estava envergonhada.

– Porque quando eu te agarrei naquele banheiro, você gostou, tá que pensava que eu fosse o Jordan, mas gostou e mesmo assim teve receio de retribuir. – ele deu de ombros – O que estou tentando dizer é que, nessas horas, nem todo cara entende o que a garota realmente quer, se ela fica retraída e não demonstra, saca?

– Eu fiquei nervosa. – expliquei – Não sei se notou, mas não sei muito bem o que fazer nessas horas.

– Não, você sabe sim. – contestou ele – Só precisa relaxar e confiar mais nos seus instintos. Deixa o seu corpo falar, saca? Não comigo, a não ser que tenha mudado de ideia, com o Jordan talvez... Você gosta dele, não é?

– Não, o Jordan e eu não estamos mais juntos. – neguei, muito apressada por sinal – Ele está saindo com a Ashley agora, eu acho.

– Sei... Bom, eu só estou tentando dizer que você não precisa ser uma profissional nisso, Lizzie. – comentou ele – Às vezes, basta mostrar que está curtindo, e as coisas vão fluindo naturalmente.

– Jason!? – ouvimos o treinador chamar.

– Tenho que voltar! – ele bateu com as mãos no gradeado, e eu assenti – E a propósito, se eu fosse você, ficaria mais atento com a vadia da Ashley.

– O quê? Como assim? – questionei confusa.

– Depois a gente se fala, Lizzie. – ele se afastou mais alguns passos.

– Tudo bem, mas não esquece de pedir para os caras levantarem a camisa quando forem correr? – lembrei, e o vi rir assentindo.

– Só se você me deixar te ensinar umas coisinhas... – Jason me fez franzir a testa, completamente incrédula, antes de se virar correndo de volta para o meio do campo – Relaxa, é brincadeira.

Apertei a câmera em minhas mãos, observando ele se aproximar de novo dos outros garotos. Esperava que não falasse nada confuso ou comprometedor, mas notei que assim que começou a falar com eles, todos olharam em minha direção. Levantei a câmera em um curto aceno, e quatro caras arrancaram suas camisas fora. Jason se virou, me lançando uma piscadela e eu sorri, ele provavelmente tinha falado alguma idiotice, porém de qualquer modo aquilo serviria para as fotos.

Ao longo de mais ou menos trinta minutos, consegui fazer várias fotografias legais. Mas a aula de educação física chegou ao fim, e os meninos seguiram para o vestiário. Aproveitei o silêncio para me sentar na arquibancada, onde fiquei conferindo meu trabalho. Jason aparecia em algumas fotos, e aquilo me fez dar umas risadas. Ele era tão idiota, basicamente só sabia falar em sexo, o que me deixava muito constrangida, mas de alguma forma aquilo hoje conseguiu ser engraçado.

Ouvi algumas vozes se aproximarem, e quando olhei para frente, avistei Tayler chegar ao campo com o Noah e mais outros caras do time. Então teria treino oficial agora? Isso me fez se levantar em um sobressalto, eu não queria dar de cara com o Jordan logo ali, ele ia ficar pensando que eu tinha ido atrás dele, e isso era uma coisa que eu realmente não faria. Caminhei rápido até a minha mochila, mas tomei um susto ao escutar alguém saltar pelo gradeado.

– Oi, princesa. – era Marcus.

Jordan tinha me apresentado ele uma vez. Um cara mais ou menos de sua altura, apenas alguns poucos centímetros mais baixo. Ele tinha cabelos castanhos e olhos negros, os quais costumavam encarar as garotas de forma meio desconfortável, pelo menos eu me sentia assim quando ele me olhava. Acho que não fui com a cara dele logo de início, mas podia ser só impressão minha, e eu não gostava de julgar as pessoas sem conhecer direito, então sorri educada.

– Ah, oi, Marcus. – respondi ajeitando minha mochila no ombro.

– Fiquei sabendo que não está mais com o Davis. Isso é sério? – ele se aproximou, e olhei para o lado, avistando Jordan entrar em campo, brincando com Logan.

"Droga!", praguejei em pensamento.

– Eu... preciso ir. – falei nervosa, mas antes que pudesse me afastar, senti as mãos de Marcus em minha cintura, me puxando para perto, o que me assustou.

– Você é bem gostosa. – ele escorregou a sua destra para a minha bunda, então o empurrei com força – Qual foi, gata? A gente pode se divertir. Eu também tenho uns amigos que iam adorar te traçar em todas as posições.

– Vai se ferrar, seu babaca! – dei as costas, extremamente irritada, e ele me agarrou por trás.

– Não se faz de difícil, garota. – sua mão correu entre as minhas pernas, subindo a minha saia – Depois da sua brincadeira pervertida com o Jordan e os caras no vestiário, todo mundo já sabe a vadiazinha que você é.

– Me larga! – berrei enraivecida, mas ele só se afastou quando pisei com toda força em seu pé.

– Filha da puta! – me virei rápido, a tempo de ver Marcus mancando para trás.

Cerrei os punhos com força, sentindo minha respiração falhar entre as lágrimas que se acumulavam em meus olhos. O que aquele idiota disse... Jordan estava espalhando boatos sobre mim? Meu Deus, como me enganei? Ele era igualzinho ao Luke. Foi exatamente o que ele fez quando terminamos, e era o que estava acontecendo agora de novo. Por quê?

Olhei para o lado, avistando Tayler segurar Jordan no meio do campo, enquanto ele parecia gritar alguma coisa tentando passar. Noah saltou pelo gradeado, correndo em direção a Marcus, que já parecia se recompor agora. Engoli em seco e uma lágrima escorreu, a qual eu logo tratei de limpar com as costas da mão, me virando e saindo apressada dali.

Assim que sumi completamente de vista, corri um pouco, sentindo o choro entalado em minha garganta me sufocar. Meu cabelo esvoaçava com o vento, enquanto que a câmera de Dylan se chocava contra o meu peito. Juntei todas as minhas forças e empurrei a porta de emergência, passando novamente para dentro do colégio.

A primeira coisa que notei foi que os corredores estavam cheios agora. Encolhi os ombros, sentindo os olhares recaírem sobre mim, em meio a algumas risadinhas e cochichos. Não sei bem explicar, mas não importava para onde eu olhasse, naquele instante senti que eu era o assunto, e que todos riam de mim. Minhas pernas chegaram a fraquejar uma ou duas vezes, ao tempo em que eu tentava seguir em frente por aquele corredor que se tornava cada vez mais extenso.

– Essa é a tal garota que transou com vários caras no vestiário da natação depois da peça de natal? – ouvi algumas garotas cochicharem atrás de mim, entre risadinhas.

– Parece que encontraram a fantasia dela no chão do box, e estava toda suja de... Bom, você sabe. – cerrei os punhos com força – O boato que está rolando é que foi com o Jordan e uns amigos dele.

– Tem que ser muito vadia pra isso... – olhei de lado, recebendo seus olhares de julgamento.

– Liz?! – ouvi a voz do Dylan, e assim que meu olhar se encontrou com o dele, não consegui conter meu choro – Ai, meu santinho das causas perdidas, o que aconteceu, florzinha?

Ele se apressou em me abraçar, e eu escondi meu rosto na curvatura do seu pescoço, tentando conter os meus soluços, para não chamar ainda mais atenção do que já estava.

– Vem comigo, vamos conversar... – Dylan me puxou pelo meio das pessoas, seguindo em direção a sala do jornal.

Não consegui dizer nada, apenas assenti, tentando controlar as lágrimas que rolavam feito cascata. Só conseguia me perguntar por que Jordan foi tão maldoso? Sei que o evitei todos esses dias, mas ele estava com a Ashley, e eu só queria seguir de cabeça erguida. Não ia me meter entre eles dois, eu não era assim. Dylan destrancou a sala do jornal, e nós dois rapidamente adentramos ali.

– Vem, senta aqui... – ele jogou sua mochila sobre uma das mesas, rapidamente puxando uma cadeira para mim.

– O-obrigada... – solucei, tentando limpar as lágrimas que não pareciam querer cessar de jeito nenhum.

– Deixa eu pegar um copo d'água para você... – vi ele se aproximar do filtro, enchendo rapidamente um copo para mim – Toma um pouquinho, tenta se acalmar.

Minhas mãos estavam tremendo quando peguei o copo com água. Bebi de pouquinho, controlando minha respiração. Houve silêncio por um ou dois minutos, até que Dylan arrastou outra cadeira, parando-a bem a minha frente. Foi onde se sentou logo em seguida, segurando firme em minhas duas mãos. Eu assenti, fungando com o nariz quando finalmente parei de chorar.

– Pronto, agora me conta o que aconteceu, dear? – pediu Dylan, em tom manso.

– O Marcus... eu tava saindo do campo de futebol, e ele me agarrou. – fiz uma pausa, pressionando um lábio ao outro – Ele disse... Jordan está falando coisas de mim.

– Não. Ele... isso é impossível, florzinha. Sair com muitas garotas até que sim, mas espalhar boatos... isso não faz o estilo do Davis. – Dylan refutou sem nenhuma sombra de dúvidas.

– Dylan, o Marcus... Ele tentou me tocar a força e disse que Jordan espalhou mentiras sobre mim. – minha voz saiu meio trêmula – E agora todo mundo está... falando sobre isso.

– Mas você e o Jordan... Florzinha, vocês...? – arqueei as sobrancelha quando Dylan se interrompeu, mas logo entendi o ponto que ele queria chegar.

– Não, Dylan. Eu nunca... não rolou nada. Jordan está mentindo. – mordi o canto interno do lábio, desviando meu olhar do dele.

– Não fica assim, Liz, me parte o coração. – Dylan se esticou um pouco, me puxando para outro abraço – Olha, eu... Não tenho certeza, mas isso não tem a cara do Jordan.

– Como não? – me separei de seu abraço – Você... ouviu o que eu falei?

– Sim, mas é que... está estranho, Liz. Hoje mesmo ele tava louco para te ver. – Dylan voltou a segurar em minhas mãos – Quando você foi tirar as fotos, o Dan deixou aquelas garotas e veio falar comigo, estava super nervoso perguntando se eu tinha notícias suas. Eu só falei que você estava no colégio, não disse onde, mas ele ficou todo bobo.

– O quê? – franzi a testa, completamente confusa.

– E no dia do musical... olha, ele ficou muito puto com a Ashley pelo beijo. Foi ela quem beijou ele, não o contrário. – Dylan explicou como se tentasse montar um quebra-cabeça – É sério, eu nunca tinha visto o Davis ser tão rude com uma garota como foi com ela. Tadinha, até chorou.

– Não importa mais quem beijou quem. Ele não tinha o direito de espalhar boatos sobre mim. – me retraí um pouco na cadeira.

– Eu sei. Ninguém tem esse direito, darling. Mas e se não foi ele? – suas sobrancelhas arquearam, e eu engoli em seco...

[...]

🍁. Jason e Lizzie se dando bem, fofo? kkkkk esses dois...

🍁. Será que foi o Jordan mesmo quem disse aquelas coisas da Liz, ou o Dylan está certo e tem algo estranho acontecendo? Qual a opinião de vocês?

🍁. Deixem seus comentários, e não esqueçam de votar no capítulo, basta clicar na estrelinha ⭐ Até o próximo 😘😘

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