CAPÍTULO QUINZE
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ATENÇÃO: o seu voto é importante, então deixe sua estrelinha quando chegar ao fim, por favor.
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Quarta - feira | 13:12
Emma vem na minha direção enquanto caminho pelo corredor por onde ecoa o som dos saltos finos dela, a baixinha de feição fechada me encara e por isso diminuo a velocidade dos meus passos.
- Alteza. - se reverência rapidamente. - Já estou sabendo, ela está bem? - paro por completo com ela a minha frente e eu suspiro.
- Bem, o Paul vai dizer. - não ter certeza sobre algo é realmente muito ruim, eu me senti exatamente assim quando mamãe estava grávida do meu irmão e eu a via chorar escondida. - Estava desacordada quando a deixei no quarto. - Emma arregala levemente os olhos enquanto a sensação ruim de aperto no peito continua a me sufocar.
- Meu Deus, que infelicidade. - ela arfa olhando pro chão e negando com a cabeça, a mão está sobre o peito e eu sorrio.
É engraçado pensar como as pessoas se preocupam com a garota, mesmo Emma que nunca interage ou mesmo vê Sophia.
- Eu tenho que passar na clínica agora. - acaricia a barriga de três meses e eu assinto. - Mas vou passar pra pegar flores para ela. - diz e eu concordo. - Sabe de quais Soph gosta? - franzo o cenho juntando as sobrancelhas sem ter uma ideiazinha se quer.
- Aaaah, ééé... - pondero e Emma ri. - Rosas?
- Tudo bem, eu não devia ter perguntado isso pra um homem. - brinca e eu sorrio. - Eu vou indo.
- Vai pela sombra e não caminha demais. - advirto virando para ver as costas da mulher que já se afasta. - Seu médico sabe que você anda andando de salto? - pergunto alto, mas ela não responde. - Isso é perigoso pro Henrico você sabe, né? - insisto. - Vou me juntar com o Paul para protestar. - falo com ela pronta pra virar o corredor.
Emma para de repente e gira sob seus calcanhares e sobre o scarpin laranja, ela mentem o rosto sério e meu sorriso some, disse alguma coisa errada?
Meu santo Senhor das senhoras grávidas.
- Falando em protesto, já viu as notícias hoje? - questiona e eu nego confuso, porque olharia? não sou um grande fã. - Ia comentar na reunião de mais tarde, mas ela foi cancelada e eu já ia me esquecendo. - volta todos os passos que deu enquanto revira a bolsa, para quando está próxima de mim outra vez e finalmente saca seu celular. - Estou te mandando o link de algumas matérias que saíram, dá uma olhada, conversa com o rei e marca uma reunião urgente. - diz bloqueando o aparelho após mexer seu dedo pra lá e pra cá, pra cima e pra baixo num ritmo rápido.
Curioso e um pouco preocupado pego meu celular e abro no chat de Emma, clico no link azul.
- Estou trabalhando em ideias para acalmar a população e os repórteres, mas um pronunciamento seu será ainda melhor. - ouço sua voz enquanto passo meus olhos pelo título exorbitante da notícia.
Evento cancelado e desperdício de mais de 60 mil.
- Da onde eles tiraram esse valor? - pergunto atônito e Emma me olha.
- É a mídia, eles conseguem o que querem e inventam o que não sabem.
- Sentido faz, mas foram quase oitenta mil. - corrijo olhando pra ela que ri da minha cara.
- Então eles pegaram leve. - assovia - Mas mesmo assim, precisamos agir, no twitter já tem pessoas militando a favor e outros contra, isso não tem como acabar bem, então, antes que tome proporções maiores, é melhor interferimos. - assinto em concordância e ao mesmo tempo franzindo o cenho para o que leio.
- Tem razão, eu já vou mandar pro meu pai e falar com ele sobre isso. - digo nervoso, achei que minha vida não poderia ficar ainda mais complicada.
- Temos os relatórios da programação passada, posso usar para calar os burburinhos já que vamos realmente seguir o projeto. - sugere e eu assinto.
- Vou resolver isso agora, perdemos alguns patrocinadores, tenho que falar com o agente da banda e com os ministros. - digo enquanto Emma faz uma careta. - Eu pediria pra você fazer isso, mas você já deve estar atrasada, quando voltar nós conversamos.
- Sobre isso alteza, eu gostaria de pedir o resto do dia. - sua voz sai hesitante. - Eu sei que as coisas estão corridas e agora ainda mais por causa disso, mas eu preciso fazer alguns exames de última hora. - explica enquanto eu guardo o celular no bolso interno do blazer e depois enfio as mãos novamente nos da calça.
- Tudo bem, não se preocupe. - concordo e ela me sorri. - Henrico precisa vir com saúde. - e de repente não sorri mais.
- Para de chamar o bebê assim, nem sabemos se é menino ou menina ainda. - resmunga e eu rio.
- Eu sinto Emma, sinto dentro do meu coração. - afirmo levando a mão ao peito e fecho os olhos dramaticamente e agora é a vez dela rir.
- É claro que sente. - murmura irônica e fecho a cara tentando soar ameaçador, mas essa mulher me conhece bem demais pra saber que não ofereço risco nenhum.
- Não fique surpresa quando ver o resultado. - aviso apontando para sua barriga relativamente grandinha demais ela grunhe e nega.
- Preciso ir, mas não me deixe desinformada sobre Sophia, nem sobre sua conversa com sua majestade. - pede e eu assinto. - Sério alteza, vou ficar fora, mas posso resolver assuntos urgentes.
- Tudo bem, eu prometo. - grudo uma mão na lateral do meu corpo e a outra ergo na altura da minha cabeça, ela semicerra os olhos, mas sorri segundos depois.
- As vezes eu posso te confundir com o uma criança, Adam. - me dá as costas e eu rio baixo. - Até mais, alteza. - ela acena caminhando sobre seus saltos finos e pernas curtas.
- Tchau, Emma. - volto minhas mãos para o abrigo, mas permaneço a olhando. - Cuida bem do meu afilhado, vai pela sombra. - insulto.
- O bebê não é seu afilhado e pare de dar sexo a ele. - ordena parando mais uma vez me fazendo rir ao me olhar.
- Ala, você acabou de se contradizer. - digo com um enorme sorriso no rosto - "O bebê", "dar sexo pra ele". - enfatizo as palavras e ela fecha a cara, suas sobrancelhas se juntam e suas bochechas coram quando ela solta um grunhido engraçado, está com raiva.
Emma sem dizer mais nada revira os olhos, volta a caminhar e eu gargalho vitorioso mais uma vez, entre todas as mulheres que eu convivo nesse palácio ela consegue ser a menor, por trabalharmos sempre juntos desenvolvemos uma boa amizade, Emma tem o pavio curto e eu adoro encher o saco dela.
Ela é literalmente a irmã mais velha que eu queria ter pra irritar, e só porquê ela está grávida eu estou pegando leve até porque o Henrico não pode passar nervoso, ou ela, os dois.
Enfim...
Quando ela some após virar o corredor eu volto a caminhar e paro em frente ao gabinete de meu pai, cumprimento os guardas enquanto bato duas vezes na porta e o ouço permitir a entrada.
- Pai? - chamo botando só minha cabeça pra dentro e o vejo me olhar por cima do óculos que tira antes de me lançar um sorriso fino.
- Entre, meu filho. - pede e assim eu faço.
- Está muito ocupado? posso voltar outra hora. - murmuro caminhando até a poltrona em sua frente me sentando relaxadamente.
Meu pai me observa e franze o cenho, mas logo ri do meu jeito desleixado, segundo a mamãe eu sou a versão jovem dele, um pouquinho mais problemático.
- Não. - nega cruzando as mãos em cima de alguns papéis que não me preocupo em espiar, a caneta entre dois dedos. - Como está Sophia? - pergunta e eu sorrio.
- Não sei, eu sai de lá tem alguns minutos já, estava desacordada. - com um suspiro ele assente e encosta as costas na da poltrona.
- Vocês não discutiram ou nada do tipo antes do almoço, não né? - eu realmente não o julgo por essa pergunta, mas hoje a minha consciência está limpa de que eu não fiz nada.
- Não. - afirmo me remexendo na cadeira, me sinto desconfortável quando o assunto é ela. - Na verdade hoje nem havíamos nos visto antes do almoço, eu realmente não sei o que levou ela a ter aquele...surto?
- Bem, tenho certeza que Paul saberá nos dizer. - afirma e olha pro relógio e com isso lembro que seu tempo é contado e que eu preciso falar logo para não o atrapalhar.
- Mudando de assunto rapidinho. - franzo o cenho e olho pro chão enquanto ele pra mim. - Eu desmarquei a reunião das duas. - aviso e ele assente.
- Tudo bem, eu ia pedir pra que o fizesse, Sophia tem que estar bem e presente. - concorda e eu suspiro remexendo a cabeça também.
- E tem outra coisa. - tiro meu celular do bolso, desbloqueio e estendo para ele o jornal online. - Emma me mostrou isso a pouco, o Google indica mais manchetes similares e uma delas mostra alguns twittes locais. - digo enquanto ele lê a notícia com cenho franzido. - Vou mandar alguns links pro senhor daqui a pouco.
Pelo histórico de rebelião que Lorena tem isso se torna muito preocupante, como Emma disse temos que agir antes que isso tome proporções maiores já que quando se fala em dinheiro até morto ressuscita.
- Isso é grave. - comenta me entendendo o aparelho de volta.
- Sim. - o guardo - Emma já está trabalhando para enviar um comunicado a mídia, mas disse que precisamos fazer um pronunciamento para acalmar o povo.
- Até agora tudo o que eles sabem é que o evento foi adiado. - assente em concordância.
- Não precisamos dar os detalhes no momento, até porque não temos, mas podemos organizar um pronunciamento pra informar que o evento ainda está de pé e que só teremos um adiamento.
- E quanto aos ministros? dois cancelaram a participação, não terão agenda para o fim desse mês, que é quando pretendia remarcar o evento. - murmura e eu mordo a bochecha.
Mais cancelamentos? droga.
- Talvez Sophia saiba indicar outros. - pondero e ele assente. - Tá, vamos deixar esse pra vermos com ela, e a banda? - pergunto com o coração na mão.
- Não vão poder vir também. - afirma e eu bufo me jogando pra trás desanimado.
- Ah, mas que mer... - o rei me interrompe depressa, a carranca deixando visível as marcas de expressões - Desculpa. - digo rápido arrumando a postura.
- Teremos que ir atrás. - suspira e eu tento pensar em algo.
- E se pedirmos aos Owes indicações?
- De jeito nenhum, Adam. - nega depressa - Eles estão em um hospital se recuperando, de maneira alguma vamos preocupá-los. - intervém e faço careta pensando que a ideia foi mesmo absurda.
- Sophia deve conhecer alguma. - comento baixo.
- É, parece que ela é nossa única opção. - sua voz soa engraçada e eu fecho a cara no mesmo instante e o encaro entendendo sua alfinetada.
- Tá, eu vou fazer algumas ligações. - me levanto, talvez depois dessa venha mais outras indiretas diretas e eu não estou afim hoje. - Preciso arranjar dois patrocinadores. - murmuro e reviro os olhos. - Pare de me olhar assim e para de sorrir desse jeito, pai. - resmungo irritado.
- Eu te avisei pra não assinar aquele contrato. - dá de ombros e eu suspiro.
- Não estarei aqui pra te ouvir me julgar. - sibilo dando as costas.
- Não estou te julgando filhão, eu só estou lembrando daquela frase que eu falei que ia usar. - sua voz soa zombeteira e eu giro a maçaneta da porta. - Eu te avisei. - conclui e ri baixo.
- Tá, tá. - abro a porta e o olho - Valeu pai. - digo irônico e ele ri ainda mais.
Saio de seu escritório e ainda ouço seu riso mesmo após fechar a porta, estou feito mesmo, viu?
A passos duros caminho pelo corredor em direção a minha sala enquanto digito o número do meu secretário.
*Roger. - saúdo.
*Alteza, perdão não responder sua mensagem, não estou no escritório, tive que vir recolher algumas assinaturas dos diretores da Forlence. - explica e eu assinto entrando no meu escritório.
*Tudo bem. - afirmo pressionando o celular contra minha orelha pra conseguir desabotoar o pulso da camiseta para subi-la ao ombro. *Espero que não esteja pulando o seu almoço. - ouço seu riso fraco, sim, ele está.
*Não se preocupe comigo, mais cedo comi um sanduba e perdi a fome. - alega e eu franzo o cenho.
Desde quando o Roger que eu conheço come algo e perde a fome?
*Aí, eu não gosto de ficar dando uma de babá, não. - reclamo me sentando na poltrona, ligo o computador e troco o celular de orelha pra subir a outra manga. *Mas eu também preciso dos meus secretários saudáveis pra me ajudar, você trata de se alimentar direito porque eu pago vale alimentação pra isso, seu panaca. - esbravejo ouvindo seu riso.
Eu não pago nem minhas contas que dirá vale alimentação...
*Tudo bem mama, assim que eu sair daqui vou almoçar. - promete e ouço alguém o chamar, a pessoa se cala rapidamente e lhe pede desculpa. *O que houve com a reunião? - o ouço perguntar e suspiro enquanto meu dedo clica em cima do e-mail que chegou não tem muito tempo.
*Sophia passou mal. - respondo e franzo os lábios em uma linha reta enquanto abro o arquivo em PDF.
*O que aconteceu? ela está muito ruim? - questiona depressa e eu suspiro mais uma vez, por que? não sei, só respirando mesmo.
Ainda bem que ainda respiro, inclusive.
*Quando eu a deixei no quarto estava desmaiada. - tento soar o mais indiferente possível, mas a mim mesmo eu não posso enganar.
Sophia e Roger se deram bem e eu percebi isso, deixando claro que não me incomoda...ou incomoda e eu tento não me importar pois não deveria incomodar porque eu estou com a Madeline, não é? é, não... quer dizer, não sei.
Não que eu e Madeline não estamos juntos, mas que eu não me importo com a amizade entre Sophia e Roger, quer dizer, ah... De qualquer maneira eu sinto que ele pode surtar com a informação e...
*O que? - questiona sobressaltado, e consigo identificar o grito que ele não deu, ala, não disse? *O que houve? - eu sei que ele está genuinamente preocupado e reviro os olhos pra mim mesmo e a minha patetice.
É, talvez eu tente encobrir o fato d'eu me importar com a amizade dos dois tanto quanto o fato d'eu gostar daquela garota, fala sério.
*É uma longa história. - digo e franzo os lábios mordendo a língua enquanto tento ler e falar ao mesmo tempo, isso nunca dá certo, mas eu sempre faço. *Na verdade não é tão longa não. - volto atrás revirando os olhos, de novo, isso tá virando hábito já *Estávamos à mesa almoçando e de repente ela estava branca, levantou depressa e entrou no primeiro banheiro que viu, uns minutos depois estava desmaiada. - resumo a história e me meu cabelo cai sobre os olhos por ter movimentado a cabeça enquanto falava.
Seu silêncio mata meu coração de ansiedade e eu elevo minhas mãos ao meus fios nervoso.
*Eu estou voltando pro palácio daqui uns minutos, podemos conversar se você quiser. - agora sei que está preocupado comigo, nas horas vagas ele sempre banca meu psicólogo no lugar do meu psicólogo, e eu solto o ar com força e sorrio.
Descanso minha cabeça na poltrona e fecho os olhos, não seria ruim, mas eu realmente não quero conversar sobre Sophia com ele, não mesmo.
*Nah, eu estou bem, quem vai precisar de alguém pra conversar será ela. - faço uma careta pensando o quanto eu sou idiota, mas isso já anos e nada nunca mudou, talvez eu não devesse me vangloriar disso. *Me encontrei com Emma mais cedo, foi levar meu afilhado pra vistoria. - mudo de assunto e o ouço rir *Inclusive ela me mostrou uns trem preocupante, quando chegar venha direto pro meu escritório, precisamos organizar algumas coisas. - peço e o ouço concordar e então o ouço cumprimentar alguém, ouço quando eles apertam as mãos com um estalo.
*Acho que ela me mandou mensagem, mas não tive tempo de ver ainda. - fala depressa, mas logo se cala quando outra pessoa o chama*Alteza, eu tenho que desligar, logo estarei aí. - se despede e eu assinto abrindo os olhos.
*Tudo bem, até mais. - me despeço e ele desliga.
Decidido, volto a ler o documento que descubro ser uma proposta formal para patrocínio do evento, fico feliz, mas nem dois minutos depois estou perdido em viagens imaginárias em um passado distante e batucando o dedo na mesa pensando em uma melodia pra letra que invade minha mente e dança com a minha memória.
Agarro uma caneta e pego a folha mais próxima, consigo ver os olhos chocolates de Sophia olhando pra mim naquele dia em que brincamos de futebol no jardim.
Eu me lembro de como seu sorriso singelo irradiava dentro do meu peito um amor sincero.
Parecia perfeito como era sem defeito
Eu ser amigo dela enquanto ela o fogo da minha vela.
Sei lá, as vezes eu acho que sou masoquista, não é possível, mas também é inegável que ela desperta em mim todas as minhas veias artísticas.
Ela é tipo meu sangue.
Achei poético.
Em seus olhos escuros sempre conseguia ver mundo
e seu amor puro refletindo ao fundo.
As estrelas do céu brilhavam mais forte quando a viam olhar pra cima.
Sorrio enquanto várias memórias são despertas e aos poucos o cenário vai se tornando conhecido e reconfortante, eu nunca achei que minha mente poderia ser tão fértil e tão perigosas ao mesmo tempo, pois bem...agora eu sei.
E o sol faziam questão de banhar sua pele macia a fazendo brilhar.
As borboletas brincavam de pega-pega em volta dela.
Ela era a paixão da qual nada conseguia escapar.
Meus olhos sobem pra parede quando meu cérebro parece recuperar a respiração como se tivesse acabado de cantar um rap do Eminem, suspiro e descanso minha mão ao lado da folha. Pensar em Sophia tem se tornado tão automático e fácil como é pra respirar, na verdade, eu não posso dizer que não esperava, eu me conheço o suficiente pra saber que ela é meu ponto fraco e que isso poderia acontecer...algum dia.
Ergo minha mão com a caneta aos lábios e mordo totalmente absorto pela imagem do olhar dela em mim nessa tarde, a tampa da caneta azul amassa entre meus dentes e sinto meu peito falhar uma batida, talvez duas.
Talvez agora eu entenda o que havia por trás do vazio daquele olhar, pois agora eu vejo o quanto parecia uma reflexão de mim.
A dor.
Eu queria ser capaz de saber o que causou aquilo, queria ser capaz de lhe tirar o medo, queria ser capaz de me redimir e me desculpar, mas eu não sou suficiente nem salvar a mim mesmo dos meus próprios pesadelos, como eu poderia ajudar ela?
Com um suspiro afasto abaixo minha mão. afasto a caneta e a folha de mim e pego meu celular.
Mufasa | 13:02
*Pai, pra quando podemos marcar aquela reunião?
Digito rapidamente, tentando a todo custo tirar Sophia da cabeça, alguns minutos depois comigo ainda encarando a tela do celular eu vejo o "online" e ele começar a digitar.
*Eu ia lhe dizer que precisamos fazer antes do fim de semana, quinta ou sexta talvez, mas você saiu correndo antes d'eu terminar.
Leio a mensagem e sei que está me alfinetando, mas não darei corda para suas provocações.
*Desculpa pai, minha cabeça anda meia zoada.
*Me diz quando é que sua cabeça está 100% normal, Adam?
Sua resposta zombeteira sobe na tela e me tira um riso, mas logo depois fecho a cara, como assim?
* Tá, tá pai.
Respondo após revirar os olhos e aposto muito que ele está rindo.
* Mufasa 1 x Simba 0
Reviro meus olhos mais uma vez, mas não consigo evitar sorrir.
* Vamos marcar pra quinta,..
*melhor não, sexta.
* Sexta às cinco, pode ser?
* Por mim tranquilo, não temos nenhum evento externo.
* Beleza, obrigado pai.
* Bom trabalho.
* Igualmente, filhão.
Responde e fecha o aplicativo, mas então me lembro do segundo motivo pra eu lhe chamar.
*Ah pai.
* Recebi um e-mail da Twish Records, querem patrocinar o evento.* Se der certo podemos promover o evento ao vivo, o que acha?
Envio a mensagem e volto para o home do aplicativo, sei que agora ele demorará para entrar novamente então apenas bloqueio o celular e agarro o telefone fixo. Eu não sou muito chegado em falar com pessoas, por isso agradeço pelos meus secretários, mas aparentemente hoje sou eu e eu pra eu mesmo, então...
Procuro na agenda o número do contato do agente da banda The Soul, uma banda de rock cristão, inspirado na banda Hillsong, não posso dizer que é uma imitação, mas tem aspectos parecidos.
Acontece que Mary trabalhou com a banda em um evento no Canadá e por isso conseguiu entrar em contato com eles mais facilmente, o que aparentemente não vai ser meu caso. papai disse que eles cancelaram, mas talvez se eu falar diretamente com agente ao invés de pedir pra Emma ou Roger ele aceite considerar, quem negaria o pedido de um príncipe tão educado e encantador, não é?
No fim não consigo falar com ele, mas meu recado foi deixado e segundo sua assiste-te eles retornarão, tentei contato com os ministros, porém a filha de um que mora na Austrália vai casar e o outro vai ministrar em um evento internacional.
Frustrado, deixo o aparelho ao lado documento que lia mais cedo, pego minha agenda e anoto algumas observações que fazia enquanto usava o celular para o projeto do evento.
Originalmente organizado por Mary e Ethan ele teria a duração de três dias, isso será mantido, estava pensando em sugerir os últimos três dias do mês, mas se não conseguirmos repor o cast demorará ainda mais, ainda estou esperançoso em relação a banda, espero que eles não nos deixem na mão, mas de qualquer modo precisamos de uma reunião urgente e acabo de me arrepender de ter marcado pra sexta.
Quarta - feira | 15:45
Subo as escadas principais cansado, acabei de sair de uma reunião com Roger e apesar de já estar acostumado com isso eu sempre me canso.
Acho que é de tanto falar ou ouvir, sei lá.
Mas hoje minha cabeça dói mais que o normal e eu massageio o cenho enquanto caminho em direção as escadas pro segundo andar, tudo que eu preciso é um banho e minha poltrona na sacada para olhar pras estrelas que logo surgiram. mais cedo Madeline foi a minha sala dar notícias sobre Sophia, Paul disse que os sinais vitais estão ótimos e que o motivo da crise provavelmente foi a sobrecarga de tudo o que ela está passando.
E não tem como eu não me sentir culpado por aquilo também, desgostoso solto uma lufada de ar e volto um passo, giro sobre meus calcanhares e caminho a passos pesados até a porta dela.
Ontem mesmo eu estive aqui e travei como estou travado agora, me senti estranho quando ela abriu a porta e me viu ali plantado, com a mão no ar tempo demais pra parecer um ser humano normal.
Talvez o mesmo choque que eu senti foi o mesmo que ela sentiu quando me viu abrir a porta do escritório a alguns dias atrás, olha como o mundo dá voltas e nos ensina a sermos empáticos na marra.
- Alteza. - ouço a voz macia de Miranda e a olho, a moça estava a alguns passos de mim, em seu rosto um sorriso gentil. - Precisa de ajuda? - pergunta e eu franzo o cenho - Pra entrar. - ela conclui e eu sorrio.
Deus do céu, que lesma.
- Talvez. - murmuro com um sutil sorriso dançando nos lábios. - Não sei se devo, acho que já fiz demais, não é? - questiono olhando diretamente para a porta de madeira, as mãos nervosas nos bolsos.
- Sophia gostará de saber que esteve aqui. - comenta e eu arregalo os olhos.
- Não, não, não quero que ela saiba. - digo rápido voltando meus olhos pra morena que está com os olhos um pouco arregalados. - Não comente com ela, por favor. - peço e Miranda assente um pouco surpresa com minha reação.
O silêncio paira sobre nós por alguns minutos, eu encarando porta e ela esperando pra entrar e então a ouço suspirar.
- Alteza, se me permite a palavra gostaria de lhe pedir um favor. - diz com a voz hesitante e eu a olho calmo.
A licença, talvez? acho bem justo.
- Claro. - assinto de leve, meus olhos estudando seu rosto.
- Sophia tem algo a lhe contar, é pessoal e por isso não posso falar mais abertamente. - afirma parecendo prever a pergunta que eu faria, mas apenas a encaro sentindo todo meu corpo reagir ao nome da plebeia. - Mas ela tem medo de se aproximar... - se cala claramente incomodada em revelar isso a mim, eu não me surpreendo, não depois do almoço de hoje, interessado peço pra que continue a falar. - Ela tem medo dqa vossa alteza. - diz e eu suspiro.
É, é, claro que tem.
Se ela tem medo de mim eu tenho pânico dela, ou do que ela pode causar na minha mente e no meu coração.
- Eu vou ver o que posso fazer. - digo no auge da minha ignorância e me arrependo no instante seguinte.
O meu problema é que eu trato mal as pessoas que querem me ajudar e eu odeio essa parte de mim.
- Desculpa, Miranda. - peço massageando o cenho com os olhos fechados, os anéis que vesti mais cedo roçam na minha pele quando bagunço meus cachos. - Me desculpe, eu...
- Tudo bem, alteza. - ela sorri para mim - Eu posso compreender, eu só peço pra que pense em dar uma chance para conversar com ela. - pede com os olhos firmes nos meus. - Eu tenho certeza que vai lhe esclarecer algumas coisas. - diz contribuindo para o crescimento da minha curiosidade.
- Eu vou pensar. - afirmo realmente considerando ceder.
- Sophia não é um monstro de sete cabeças, senhor. - acrescenta cuidadosa. - E ela também sofre com toda essa situação, não quero insultá-lo, mas insisto pra que dê a ela a chance de te contar o lado dela da história. - meus olhos estão presos a parede e meus pensamentos refletem no que ela acabara de falar.
Eu não consigo entender o porquê Sophia sofreria e é por esse mesmo fato que eu decido, irei conversar com ela.
- Vai entrar? - pergunta Miranda me arrancando dos devaneios, e automaticamente eu me afasto um, dois, três, cinco passos.
Ela toma a frente e abre a porta, da onde estou vejo Sophia deitada de costas para mim, um lençol cobre desde o meio das costas até seus pés e os cabelos estão esparramados pelo travesseiro, não me surpreenderia se daqui conseguisse sentir seu cheiro de maçã.
Eu já fiquei mais cedo, não quero correr o risco de vê-la acordar ou ela acordar e me ver, quero conversar, mas eu preciso me preparar para isso.
- Não. - respondo a dama que assente calma. - Obrigado, Miranda. - agradeço com meus olhos nela e a vejo sorrir calmamente.
Dou as costas e ouço a porta se fechar no meu terceiro passo.
"- [...] Sophia tem algo a lhe falar..." "[...] Vai lhe esclarecer algumas coisas."
A voz de Miranda ressalta na minha mente enquanto eu subo as escadas em direção ao meu quarto, ,me assusto quando meu estômago ronca dentro de mim, mas não me importo em dar importância a isso, meus pensamentos estão longe e mais ocupados.
"- Sophia não é um monstro de sete cabeças..."
Sua voz roda na minha mente que rebate com comprovações de que ela é o meu monstro de sete cabeças.
Os pesadelos, as noites sem dormir...
"- [...] Ela também sofre..."
Foi isso o que ela disse, não foi?
Irrompo meu quarto como um vento, estou avoado, pensamentos a mil e nenhum deles tem um efeito calmante. Fecho a porta com o pé e ela bate um pouco forte demais, mas tanto faz, caminho até as poltronas do quarto e me jogo sobre uma delas.
- Ela sofre... - murmuro com os olhos fechados, meu coração doido dentro de mim, sinto meu nariz arder, qual é? - Ela sofre... - resmungo de novo sentindo um gosto amargo subir pelo esôfago e engolindo em seco apoio meus cotovelos nos joelhos e enfio minha cabeça entre as mãos. - Ela sofre com o que? foi ela quem decidiu sumir. - murmuro sozinho no quarto sentindo o ambiente cada vez menor.
"- você poderia ter ido atrás, condições tinha." - a voz irritadiça de Madeline toma minha mente e me relembra de que nessa discussão ela saiu com a razão.
Eu poderia ligar, eu deveria ter ligado, mas será que ela agiria como está agindo agora ou me trataria como o seu Dan, como ela costumava me chamar?
Eu fiquei esperando que ela ligasse primeiro, Giovanni disse que as mulheres sempre ligam e que não era pra eu me preocupar, burra a ideia d'eu confiar nele, talvez as mulheres dele fosse assim, mas eu sabia que Soph não era como outras.
Em todos os sentidos.
Mas mesmo assim eu me deixei convencer, em uma lufada de ar solto o gás carbono que estava segurando e então ergo meus olhos pra mesa de centro vazia.
O que eu vou dizer quando encontrá-la? talvez a convide para um chá? não, muito brega. Talvez a chame para tomar um café fora do castelo, mas teríamos que enfrentar câmeras.Consigo até imaginar as manchetes super mentirosas e hiperbólicas nos jornais, blogs, sites e tudo mais no dia seguinte.
Faço uma careta.
Não, nem pensar sair do palácio, talvez a convide para um passeio no jardim, isso é um clássico, o único problema é se ela vai aceitar ou não.
É engraçado e ao mesmo tempo frustrante o quanto eu sou sensível a ela, minhas emoções vão de boas à péssimas em segundos e eu não sei até que ponto isso é saudável, se é que é.
Passo o restante da tarde matutando como eu irei aborda-la, mas nada me parece coerente ou menos desesperado.
Talvez eu tente aborda-la após o jantar se ela estiver melhor e comparecer, mas se não der certo tentarei de novo amanhã, eu quero saber o que de tão importante ela tem a dizer, se é que vai dizer.
Vi-me muitas vezes me segurando para não ir atrás de Miranda e lhe pedir ajuda, ela está sempre com Sophia com certeza saberia me aconselhar, mas eu não estou afim de parecer um adolescente em busca de dicas pra chamar uma garota pra um encontro pela primeira vez.
Eu não sei se ela já acordou, como se sente, se está com raiva de mim e não saber o que se passa na cabeça dela me tira do normal.
- Aaarg... - grito com o travesseiro contra o rosto.
Sem ânimo passei a tarde deitado, mas nem dormir eu consegui, pois quando cochilei acordei com os sons de hoje a tarde e com o corpo de Soph esparramado em meus braços.
Fala sério.
Eu me levanto rápido e sinto tudo girar furiosamente, seguro firme na barra do dossel de madeira e aperto meus olhos fechados até a tontura ir embora.
Um, dois, três, cinco, dez, quinze, vinte, trinta, quarenta, cinquenta, um minuto e abro os olhos, depois de me certificar de que não vou cair caminho em direção ao banheiro.
Hoje é quarta e às quartas antes do jantar minha mãe, meu pai, eu, Lottie e Phillip quando está nos reunimos na biblioteca para compartilhar um trecho do livro que lemos durante a semana. Faz é muito tempo que eu não paro pra ler um livro, geralmente eu pego qualquer um da minha prateleira e leio, normalmente nunca é uma página que faz sentido, tudo pra não quebrar a tradição.
É uma forma que mamãe encontrou para não perdemos o vínculo de família, ela faz isso desde que comecei a ler e desde então nunca mais paramos, é algo que eu quero passar pros meus filhos.
Me olho no espelho e suspiro, abro uma das gavetas e pego meu creme de barbear e uma lâmina; desabotoo os botões que sobraram fechados na camisa e deixo que o tecido caia as minhas costas, chacoalho o produto e aperto sobre meus dedos, sorrio me lembrando de quando fiz minha barba ao lado de Phillip, ele comeu a espuma achando que era chantilly.
Espalho a espuma pelo rosto com uma careta, nunca deixei a barba crescer, mas aposto que não ficaria legal como meu pai e por isso prefiro tosar. Após isso me enfio no box e ligo a água que cai morna sobre minha cabeça, passo meus dedos por entre meus fios que molham e permaneço com os olhos fechados.
Eu sempre tive um pré-conceito de pessoas apaixonadas, sempre suspirando pelos cantos, com sorrisos bobos por algo inútil que o outro fez ou falou, a necessidade de estar sempre perto e sempre em contato, e roupas combinando, declarações bobas, coisas feitas enquanto pensam uma na outra, eu repudiava essas ações até perceber que eu só não gostava porque havia acontecido comigo.
Não das roupas combinando, e não foi porque eu não quis, mas os suspiros, os sorrisos, as músicas, eu odiava o fato de fechar meus olhos e imaginar como a vida seria com Sophia, como a minha vida seria com ela.
Seriamos felizes? eu seria e não tenho dúvidas disso. Eu a amaria como ninguém nunca a amou, usaríamos roupas combinando, blusa rosa. sobretudo marrom, verde, azul, botas, jaquetas, com ela e por ela eu toparia tudo.
Mas a vida não é simples assim, de olhos fechados encosto a cabeça contra o azulejo azul e deixo a água cair sobre minhas costas. Eu não sei explicar o que eu sinto quando estou me sentindo assim, é como se ela me prendesse a ela, não estou dizendo que seja proposital por parte dela, mas é como se ela tivesse poder...sobre mim
E então com um riso amargo zombo de mim mesmo quando ouço uma música conhecida soar na minha mente.
"You got power over me"
Engulo em seco e enfio minha cabeça debaixo da água corrente.
"I give my all now, cant you see"
Eu não me tornei menos homem por chorar durante o banho, e mesmo que minha vontade seja arrebentar o vidro do box no soco eu me contenho, sei que posso me ferir e além de tudo chatearei minha mãe.
"I was lost until I found me in you
I saw a side of me that I was scared to"
Ela foi meu ponto de luz quando chegou, ela roubou todo meu ar, e meus olhos nunca brilharão para outra pessoa como brilharam pra ela, eu sei, eu sinto.
Talvez seja patético e eu tento me conter, mas tudo que eu ouço é minha mente cantar para mim a música que eu sei de cor e que combina exatamente com a merda do meu presente.
"feel my heart bleed"
Eu não quero sentir isso, eu não quero ser fraco, eu quero seguir em frente, quero ser como ela e não...me importar.
Desligo o chuveiro após terminar a longa sessão de terapia, enrolo uma toalha no quadril e alcanço a de rosto com a qual seco meu cabelo.
Saio do banheiro e sinto o vento gélido da noite bater contra meu corpo molhado o arrepiando, me refugio rápido no closet e escolho algo nada típico, calça jeans.
Visto uma t-shirt preta e separo um sobretudo que deixo sobre o puff, seco meu cabelo com o secador e evito encarar meus próprios olhos no espelho.
Se alguém perguntar eu derrubei sabão e fim.
Calço meu Oxford e pego o casaco, confiro meu cabelo perfeitamente desalinhado e que ressaltam meus anéis prata e preto.
Sinto meu perfume forte no local e de repente estou sufocado, o relógio marca quase sete então me apresso para não me atrasar.
Saio do quarto e cumprimento os guardas, sigo em direção as portas mágicas afim de não encontrar com ninguém pelo caminho.
- Senhor, estão fechadas. - informa o guarda e eu paro, dois segundos depois o olho com o cenho franzido.
Fechadas?
- Sabe dizer quem fechou? - pergunto curioso, ninguém nunca fecha essas portas.
- Não senhor, recebi a informação de que estão em limpeza, mas não sei dizer quem trancou. - ergo as sobrancelhas desacreditado, tiro minha mão da maçaneta e suspiro.
Minha mãe descobriu, com certeza!
As portas da sacada deixam um vento gélido bater contra meu corpo quente me arrepiando.
- Tudo bem. - resmungo passando pelos braços meu casaco. - Obrigado. - agradeço com um sorriso sutil caminhando em direção as escadas.
Desço o primeiro lance brigando com a manga enroscada, quando fui descer o último degrau tropecei e quase caí, prefiro ficar calado porque não existe nada ruim que não possa piorar. O segundo lance desço lutando com o colarinho do sobretudo e desejando a ajuda de alguém, quando desisto ajeito o caimento da roupa no meu corpo, nem percebo quando termino as escadas.
Quando se passa a vida inteira subindo e descendo se torna comum e até automático, é...as vezes. Pera, quando foi que deixei meu sapato desamarrado?
Meus olhos se arregalam e olho pra cima em alerta quando sinto o cheiro dela forte no local, caminho devagar até o lance principal e a vejo caminhar até as portas principais vestida numa calça jeans e blusa de frio fina.
O rastro de seu cheiro me tira do ar por alguns minutos até ela sumir pelas portas que ameaçam se fechar.
É inevitável e eu mesmo não entendo, mas sigo seus passos.
"So now I hear my name and I'm running your way"
Se eu mudar "ouvir" pra "sentir" e "nome" pra "cheiro" diria que essa frase da música foi feita exatamente pra esse momento.
Os guardas me cumprimentam enquanto meus olhos permanecem na figura alta, sim, Sophia herdou o gene do pai.
- Atrase o carro. - peço e eles assentem.
No fim eu não vou precisar das dicas que não pedi a Madeline.
Paro sobre as escadas da entrada e a vejo se sentar na beirada da fonte, respiro fundo e volto a caminhar, meu coração parece uma metralhadora e eu luto com minha respiração.
Um ataque na frente dela não, pelo amor de Deus.
Quanto mais eu me aproximo mais o cheiro de Sophia se infiltra no meu ar, é viciante, é torturante, eu sou quase que guiado por ele e isso me assusta um pouco, como posso ser tão suscetível a ela?
Ouço quando Sophia funga e sussurra algo que estou longe demais pra entender, mas sei que ela chora, paro de caminhar com essa nova informação.
"Ela sofre..." - a voz de Miranda ecoa pela minha mente e meus braços dentro do casaco se arrepiam.
Sophia está toda encolhida, seus braços prendem suas pernas e eu sinto meu coração contrito, volto a me aproximar e vejo quando os músculos dos ombros dela se tencionam, ela nem parece respirar mais.
Estou nervoso pra caramba, minhas mãos dentro do bolso soam e nem está calor, tento prestar atenção em tudo que manterá meu foco ativo, mas quando meus olhos caem na figura encolhida a poucos passos de mim sinto vontade de ir até ela e a abraçar.
Sophia mantém seus olhos abertos olhando pra alguma coisa mais a frente, seus olhos estão vermelhos assim como o nariz e as bochechas e isso confirma um choro recente, aliás posso ver lágrimas escorrerem por seu rosto ainda e isso acaba com meu coração de uma forma que eu nem sei explicar.
Ela nunca esteve mais bonita, não estou dizendo que o sofrimento a embeleza, ate porque e vê-la assim me quebra sem que alguém me encoste, mas a cor no seu rosto combina com ela, é melhor do que a palidez de hoje a tarde. Quando os olhos dela encontram os meus eu sinto meu estômago rodar e pinicar, meu coração acelera fazendo o sangue ser bombeado com mais rapidez.
Deus do céu, essa garota ainda me mata.
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INFO:
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N/A I Nota da Autora.
Oi gente, tudo bem?
Finalmente consegui vir aqui e corrigir mais um pra vocês, eu espero que ainda estejam acompanhando kkkk e que estejam gostando também.
Estou sumida sim, mas ainda conto com vocês.
Bjinhos.
A.I.M
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