A ordem do rei - 8
Ao amanhecer do belo dia, havia duas almas gêmeas eternamente apaixonadas um pelo outro a caminho ao palácio.
Os soldados do portão de entrada do palácio ficaram estupefatos quando viram ali do lado de fora o jovem príncipe Rafael querendo entrar para dentro, acompanhado por um belo homem feliz. Ao abrir o imenso portão de ferro, o rei e a rainha já esperavam pelo filho na porta, pois um soldado viera avisá-los de que seu filho mais novo retornara.
Rafael avistou os pais ao longe e temeu pelo que viria acontecer.
— Aqueles são meus pais — dissera Rafael.
— Não se preocupe meu amado, tudo correrá bem... Você e eu viveremos felizes para sempre.
A rainha não aguentara sua saudade e alegria e correu em direção ao filho.
— É melhor descermos agora — disse o amado, descendo de cima do seu cavalo e gentilmente tomou o príncipe nos braços e a pôs no chão.
— Rafael! — gritava sua mãe chorando de felicidade. — Meu filho! — e se atirou de braços abertos, abraçando fortemente o príncipe.
— Mamãe... — e correspondeu o abraço dela.
O rei vinha calmamente em direção a eles. Estava contente e muito aliviado vendo o seu filho de volta. Porém estava curioso em saber quem era o estranho rapaz que estava junto com seu filho. E formulava uma pergunta na cabeça: "Onde está o príncipe Alan?".
— Filho por que fizeste isso para mim ao seu pai? Nós nos preocupamos muito com seu desaparecimento! — indagou a mãe, desabraçando ele.
Rafael não queria relatar que tivera ajuda de seus irmãos e então respondeu:
— Eu estava me sufocando com tudo que me rodeava... Precisava de liberdade.
O rei parou na frente do príncipe. Rafael abaixou os olhos, pressentindo que iria levar uma bronca.
— Onde está o seu futuro marido, Rafael?
Augusto Luís olhou para o amado e este disse olhando com firmeza para dentro dos olhos do pai:
— Está ao meu lado, pai.
A rainha estranhara:
— Onde está o príncipe Alan?
Antes que Rafael pudesse responder, Luis Augusto tomou a palavra:
— Ele está morto...
O casal arregalou os olhos de espanto.
Rafael viu os pais apavorados e disse antes de ouvirem várias perguntas sobre essa tragédia:
— Vamos entrar e lá nós contaremos tudo que aconteceu.
A rainha chorou quando escutou tudo que acontecera com o querido filho quando este relatou sua aventura.
— E foi assim que tudo aconteceu... Se estou vivo nesse momento é por que Augusto Luís me salvara a vida, enquanto o príncipe Alan quase a roubara de mim, me jogando pela janela do segundo andar.
— Aquele covarde te maltratou! — rosnou o rei, emitindo uma raiva fora do normal.
A mãe se arrependera como tratara o filho caçula durante todo esse tempo, apenas julgando com suas próprias opiniões o que seria melhor para o filho e, nunca o escutando como queria que sua vida fosse vivida.
— Deixamos o orgulho nos dominar e não demos o direito para o nosso filho viver sua vida feliz, tendo ele que mostrar para nós o que verdadeiramente sentia em seu coração.
Rafael mal pudera acreditar no que os ouvidos ouviam da própria boca da mãe.
— Obrigada mamãe... — e chorou de felicidade.
O rei se levantara da sua poltrona.
— Realmente fomos injustos... E por isso agora em diante você terá a mesma liberdade que seus irmãos têm.
A alegria que Rafael sentia era uma alegria inexplicável, que só perdia quando era comparada com a alegria que ele sentia quando estava ao lado de seu eterno amado.
Augusto Luís se pôs de pé e curvou diante do rei. Iria pedir a mão do seu filho em casamento.
— Amo seu filho de eterno amor puro e sei que ele também me ama. Venho pedir a mão do príncipe Rafael para ser meu esposo.
O rei pôs a mão no ombro do rapaz e sorriu dizendo:
— Sou eterno agradecido por cuidar e salvar o meu filho, por isso te darei uma recompensa por esse ato honroso.
Augusto Luís desencurvou-se e o rei tirou de uma caixa uma pedra valiosa e lhe entregou.
O rapaz olhou para a pequena pedra faiscante de um eterno brilho e depois olhou para o rei.
— Não se ofenda, por favor, mas apenas me interessa a mão de seu filho.
A rainha e o jovem príncipe olharam numa expressão de estranheza. Eles ainda não estavam compreendendo o que estava acontecendo.
Augusto Luís compreendera o que o rei estava querendo dizer com aquele gesto de agradecimento.
— Essa pedra valiosa você pode levar... Mas você não tem porte suficiente para poder carregar esse tesouro. Deu para compreender o que estou dizendo? — indagou o rei suavemente.
Rafael despertou a compreensão e alertou-se.
— Você deve está se preocupando com a minha posição social, não é? Não deixaria que seu filho se casasse comigo apenas oferecendo amor puro e sincero — o rei assentiu com a resposta. — Não sou um simples homem que seus olhos veem — e dentro do bolso da calça tirou um saquinho de couro cheio de pedras preciosas e derramou sobre a palma da mão.
A rainha se admirou ao verem as mais belas pedras de diamantes nunca antes visto na sua vida. Porém, o rei não se admirou e como se aquilo não fosse o suficiente de dar a ele o seu filho como esposo, foi indagando:
— É um homem muito rico pelo que agora eu vejo. Mas de onde as conseguiu?
— Meu pai era garimpeiro e passou particularmente o resto da sua vida a procura de pedras preciosas. Mas um dia mergulhando numa lagoa, encontrou uma caverna submersa e arriscando a própria vida explorou este local, encontrando na superfície um lugar antes nunca encontrado por ninguém. Ali se encontrava tudo que meu pai sonhara um dia encontrar na vida. Uma mina de belos diamantes.
O rei virou e passou a andar de um lado e de outro, como se estivesse analisando a situação.
— Muito bem, é uma fortuna imensa e, não duvidaria que não fosse capaz de dar todo o luxo e conforto que meu filho mereça ter ao seu lado... — Rafael sorrira de felicidade, já podendo considerar-se futuro esposo de Augusto Luís. Mas não concordara de uma coisa que o seu pai falara; não importaria que tivesse que viver sem a luxúria que um príncipe está acostumado a viver, apenas importaria que tivesse um marido fiel e carinhoso que pudesse lhe dar valor verdadeiro. — Mas acontece que você não é dono dessa riqueza.
Aquilo causou surpresa para o jovem e tanto para Rafael, que, se levantara do sofá interrogando o pai:
— O que está querendo dizer com isso, papai?
O rei sentou de frente para o jovem e respondeu a pergunta, diretamente para Augusto Luís que, estava perplexo.
— Estou querendo dizer que na verdade o dono dessa fortuna sou eu.
Rafael entendera e achou da parte do seu pai um ato injusto.
— Não foi o senhor que arriscou durante quase toda a sua vida a procura dessa mina! Não tem o direito sobre elas, é herança deixada pelo pai dele! — o seu pai fizera de conta que nem ouvira a voz alterado do filho e indagou calmamente para o jovem:
— Só para eu ter certeza de que não estou errado, mas onde está localizada essa propriedade que pensaste em te pertencer?
Augusto Luís não iria mentir. Era um homem de palavra e nunca havia dito uma mentira antes. Prometera para a mãe que sempre seria honesto antes dela morrer. Sabia que o rei estava certo e que em vão o pai achara uma riqueza que, não o pertencia.
— Encontra-se no seu reino... — balbuciou. Estava arrasado de não ter percebido desse detalhe tão importante.
— Então como pode ver você não tem condições nenhuma de dar ao meu filho uma vida digna de um príncipe — lágrimas escorriam dos olhos de Augusto Luís. Não chorava por saber que em vão pensava ser o dono da mina de diamante, mas pelo fato de não poder ter Rafael como seu amado esposo. "Meu pai lutou tanto tempo, lamentando a esperança de um dia poder encontrar uma só pedra. Mas do que adiantou? Coitado do velho, morreu alguns dias depois de achar essa mina e não aproveitara da riqueza que, ingenuamente achava te pertencer. E minha mãe? Tão pouco aproveitou, morrendo um mês depois da morte de meu pai...", — pensava o pobre rapaz. Este levantou os olhos para o rei a sua frente e quis ganhar a causa justamente.
— Não me importo com essa riqueza, se vai ou não ser minha. Mas sabe muito bem que, se não fosse meu velho pai, ninguém saberia que existiria essa mina de pedras preciosas — o rei ouvia atentamente. — Se quiser, fique com tudo, apenas quero viver feliz com o Rafael...
O rei levantou e nutriu uma expressão estranha. Rafael já vira antes essa expressão no rosto dele, e quando vira foi uma vez que castigara um soldado do castelo que havia o insultado.
— Está querendo dizer que posso ficar com aquilo que já é meu? Está também querendo dizer que, se não fosse por seu pai eu nunca teria conhecimento dessa propriedade?
A rainha prendeu a respiração, pois quando via o marido daquela forma sabia que nada podia controlá-lo. Rafael abraçou o amado, como se tivesse querendo protegê-lo de um ataque inesperado. Embora Augusto Luís soubesse que o tinha ofendido de certa forma que não era sua intenção, se manteve firme e encarou aqueles olhos que furavam os seus.
— Querido... Por favor, dê uma chance ao rapaz... — intercedia a esposa, tentando por assim acalmá-lo.
— Faça um favor querida? — o indagou, ainda de olhos grudados nos olhos do homem a sua frente.
— Claro que sim, diga — respondeu imediatamente.
— Peça que os guardas compareçam aqui, por favor.
A rainha tremeu e assentiu com a cabeça, saindo daquele clima pesado.
— O que vai fazer papai?... — Começou a chorar.
O amado limpava as lágrimas do rosto do príncipe e pedia carinhosamente, embora soubesse que lhe aconteceria algo grave.
— Não chore querido, não quero vê-lo triste...
Os guardas entraram junto com a rainha. Estes se curvaram diante da presença do rei.
— Guardas! — estes se puseram de pé, esperando a sua ordem. Augusto Luís também se levantara. — Leve esse ladrão para a masmorra!
— NÃO! — gritou Rafael, se pondo na frente de seu amado, mas logo detido e retirado à força por seu pai. — SOLTE-ME! VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COM ELE... NÃO PODE COMETER ESSA INJUSTIÇA!
— Esse homem não pode ser seu esposo, por que este estava consciente de que estava usurpando uma propriedade minha sem o meu consentimento!
Augusto Luís se entregara sem recusar. Olhou para Rafael enquanto os guardas o levavam para a masmorra. Um olhar doce diante de um destino infeliz...
Rafael tivera a sensação de que o chão desaparecera. Não entendia como aquilo podia estar acontecendo com ele. Ganhara a sonhável liberdade e perdera a verdadeira razão de seu viver ao mesmo tempo.
Naquele instante os irmãos invejosos apareceram na sala principal, ainda estavam de roupa de dormir, por que levantaram diante dos barulhos que ouviram.
Os olhos deles estremeceram e quase saltaram para fora. Não acreditaram no início em que seus olhos mostravam. Fernando foi o mais que se alterou, pois, se o seu irmãzinho estava novamente no palácio, isso queria dizer que o príncipe Alan também estava, e podia se lembrar da ameaça dele.
Rafael se soltara dos braços do pai e vendo seus queridos irmãos se atirou a correr chorando nos braços do irmão mais velho. Geraldo estupefato abraçara-o diante de uma terrível incredulidade.
— Geraldo!... — abraçava fortemente procurando por amparo.
Fernando vendo aquele fato estranho indagou:
— Mas o que está acontecendo por aqui?
A rainha aflita pediu que os irmãos levassem Rafael para o quarto deles. Geraldo e Fernando levaram Rafael em grande desespero para o quarto deles, e lá ficaram sabendo de tudo que acontecera. Levou um tempo para que Rafael pudesse se controlar para relatar tudo para seus irmãos que, ficaram surpreendidos com a história toda.
— Então o príncipe Alan... morreu? — ainda não acreditavam totalmente.
Geraldo demonstrara tristeza no olhar, mas no fundo de seu interior morria de alívio.
Novamente os irmãos deram os seus falsos consolo.
— Realmente é uma situação difícil que te envolve, querido irmãozinho — dizia Fernando.
— Assim que ajudamos você sair desse palácio, também ajudaremos a libertar seu amado e realizar o seu sonho de com ele poder casar e viver feliz... — concluiu Geraldo.
Rafael teve novamente aquela sensação de esperança o invadir seu coração, pois, tinha certeza de que os irmãos iriam encontrar uma forma de ajudá-lo.
— Obrigado... Obrigado mais uma vez meus queridos e amados irmãos... — e eles se abraçaram.
Geraldo e Fernando saíram do quarto quando conseguiram convencer o irmão há descansar um pouco. Quando fecharam à porta do quarto, disseram em vozes baixas:
— Esse pirralho tem uma sorte e tanto!
— Mas o importante é que com a morte do príncipe Alan, agora estamos livres a prosseguirmos com o nosso plano para destruir a vida desse maldito! Enfim estamos com sorte também. — lembrou Geraldo.
— Ainda bem que o tal do horroroso não disse a verdade a respeito de como ele a encontrou.
— Tem dois motivos que o impedirão de dizer isso para Rafael.
— Verdade? Quais?
— A primeira é que ele está com medo de que Rafael o deixe de amá-lo por não ter dito a verdade antes. E a segunda é por que morto não pode falar.
Fernando não compreendera direito com aquilo que o irmão quis dizer.
— Nosso objetivo é fazer que o nosso irmão sofresse até a sua morte, e, para recomeçar nada melhor que mandar esse enganador para o túmulo.
Fernando nutriu a vingança.
— Ele nos enganou... Fizera que acreditássemos que fosse um homem horroroso só para se casar com Rafael e vir a ser o dono do príncipe encantado. Mas como conseguiremos matá-lo?
Geraldo como sempre já tinha em mente um plano.
— Vamos dar para ele um jantar especial... — e esfregou as mãos ansiosamente.
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