XXX
Era difícil equilibrar todos os sentimentos que sentia naquele momento. Estava sendo difícil esperar do lado de fora notícias sobre Amélie. Ele temia muito a morte dela, não saberia se iria suportar.
Seu filho estava com as babás próximo dali, assim como sua esposa havia determinado. Ferdinand era tão pequeno e frágil, que tinha medo de que acontecesse alguma coisa com ele. Estava apaixonado pelo nascimento do filho, pela tamanha perfeição dele.
O médico saiu do quarto e ele se levantou imediatamente.
— Majestade.
— Como ela está?
— Sua majestade melhorou, está dormindo.
— O que aconteceu?
— Muito esforço, perda de sangue, deixou ela muito fraca.
— Quando Amélie vai acordar?
— Não vai demorar, majestade. — colocou as mãos para trás. — Devo alertar vossa majestade de uma coisa.
— Diga.
— Evitem ter outro filho. Eu não acredito que ela aguentaria ter mais um esforço desse e sobreviver. Achei a gravidez dela muito tranquila, com poucas crises de ar, porém, desconfiava que isso poderia acontecer. É um menino, graças ao bom Deus. O trono alemão já possui um herdeiro, isso é bastante favorável.
— Obrigado, doutor.
— Sempre as suas ordens, majestade.
O médico fez uma reverência e saiu acompanhado de um guarda.
— Majestade. — Anika, a antiga enfermeira de Amélie, fez uma reverência. — Como ela está?
— Melhor.
— E sua alteza?
— Um belo menino, Ferdinand.
— Oh, ela colocou mesmo o nome do pai de vossa majestade na criança. Bela homenagem.
— Como soube tão rápido? — perguntou desconfiado.
— As notícias correm rapidamente por toda Berlim, majestade. Estão querendo fazer festa, mas por causa do estado da kaiserin, permaneceram calados.
Heinz permaneceu em silêncio, deixando um clima constrangedor. Anika tinha escolhido deixar Amélie para ficar no hospital. Isso a deixou completamente triste e devastada, já que as outras damas tinham sido substituídas.
— Anika? — Rachel saiu do quarto e a abraçou.
— Estou ficando sufocada.
Ele riu, aproveitou que Rachel e Anika estavam distraídas, e entrou no quarto. As cortinas estavam abertas, mostrando o céu ficando escuro. Os candelabros estavam acesos, assim como a lareira.
Amélie dormia, seu peito descia e subia tranquilamente, seu rosto estava em paz, isso bastava para deixá-lo feliz e tranquilo. Ficaria ao lado dela até o momento em que acordasse.
— Oh, meine Liebe, é ruim o suficiente vê-la assim debilitada, poderia acordar para eu ver seus olhos, escutar sua voz.
Pegou a mão dela e beijou.
— Heinz. — sussurrou. — Estou com a garganta seca, poderia me dar água?
Ele pegou um copo de água que estava servido em cima do criado mudo, e aos poucos foi colocando na boca dela.
— Sente-se melhor?
— Um pouco.
— O médico veio conversar comigo sobre você.
— Que não podemos ter mais filhos? — Heinz afirmou com a cabeça. — Eu desconfiava, pelo simples fato dele ficar murmurando isso o tempo inteiro que ficou nesse quarto sobre isso.
— Como se sente em relação a isso?
Amélie fechou os olhos por alguns segundos e abriu novamente com lágrimas.
— Queria ter mais filhos, Heinz. Seria fundamental Ferdinand ter mais irmãos, não ser filho único. Estou triste, não posso negar. Porém, não posso ser egoísta com você e nosso filho, arriscando ter outro filho e morrer. Até mesmo com a criança seria um enorme egoísmo crescer sem a mãe. Eu não desejo isso.
— Não tenho palavras para lhe responder.
— Fique calmo, não precisa falar nada. — limpou os olhos com a mão. — Como está Ferdinand?
— Bem. — afagou a bochecha dela. — Parece muito com você.
— Sério? Pensei que parecesse mais com você, não devo ter enxergado bem.
— Minha mãe concorda plenamente com você.
— Claro. — revirou os olhos. — Quando poderei sair dessa cama?
— Brevemente, eu acho. Anika está com Rachel.
— Anika?
— Mesmo que ela tenha ido embora, continua sendo sua amiga, não?
— Sim.
— Posso mandá-la entrar.
— Não, não. Fique mais um pouco comigo.
— Sim, ficarei com você o tempo que quiser.
— Que sorte eu tive em ter um marido tão maravilhoso e amoroso.
— Não me deixe mal-acostumado.
— Ora, eu sei que gosta de receber elogios.
— Principalmente quando eles são seus.
— Bobo. — bocejou.
— Está com sono?
— Sim.
— Oh, precisamos decidir os outros nomes de Ferdinand.
— Usamos apenas um nome. — resmungou. — Deveríamos manter apenas Ferdinand.
— Sabe que não é assim que funcionam as coisas.
— Oh, eu bem sei, Heinz Joseph Bastian Vincent Hohenlohe-Langenburg. Quem chama você por esse nome?
— A arquiduquesa quando está irritada comigo.
— Bem, ela é sua mãe. Ferdinand Karl Heiner Maik Hohenlohe-Langenburg, o que acha?
— Um bom nome. — beijou o rosto dela.
— Eu preferia que fosse apenas Ferdinand Hohenlohe-Langenburg.
— Pare de ser tão teimosa! — começou a rir.
— É um charme.
— Teimosia é um charme? — arqueou a sobrancelha.
— Pode ter absoluta certeza que sim.
— Deixarei anotado em minha mente.
— Melhor coisa que você faz.
Heinz deitou na cama e ficou olhando para ela durante alguns minutos em completo silêncio.
— Algumas vezes eu presenciei esses seus momentos de completo silêncio e contemplação. Fiquei pensando no que poderia estar pensando, poderia ser milhares de coisas, ou apenas uma.
— Quando estou com você, não existe nada ao meu redor. Existe apenas eu e você.
Amélie deu um sorriso e colocou a cabeça sobre o peito dele.
— Eu amo você.
— Eu também amo você.
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Voltou para a mesma catedral que havia se casado para batizar seu primogênito. As pessoas olhavam curiosas para Ferdinand em seu colo com a roupa de batismo. O povo ficou imensamente entusiasmado com o nome dele, porque o pai de Heinz tinha sido um maravilhoso kaiser.
Ferdinand estava calmo em seu colo, dormindo como um anjo. O amor que sentia por seu filho era tão forte, que jamais conseguiria expressar o suficiente. Amélie estava tão radiante, que nem o brilho de suas joias se comparava com o brilho dos seus olhos.
Amélie entregou Ferdinand no colo de Heidi, que era a madrinha, e Adam se posicionou ao lado dela.
— In nomine patris, tui pro puer, in nomine Spiritus sancti. Amen. — o arcebispo fez um símbolo da cruz com óleo sagrado no peito da criança e se dirigiu até a pia.
Heidi colocou a cabeça de Ferdinand sobre a pia e o arcebispo derramou a água sobre a pequena cabeça dele. Ferdinand começou a chorar quando terminou o batismo, Amélie deu um pequeno sorriso e olhou para Heinz, que estava sério, mas seus olhos denunciavam a imensa felicidade.
A felicidade em seu coração era arrebatadora, jamais esqueceria aquele momento em sua vida.
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