XXIII

Quando chegou em Corfu, Heinz respirou aliviado. Estava cansado da longa viagem que teve que fazer para se encontrar com sua amada, mas por Amélie faria qualquer coisa.

Sua mãe tinha pedido enlouquecidamente para ele não ir ao encontro de sua noiva, mas as opiniões dela eram irrelevantes diante da enorme saudade que sentia. Não gostava de entrar em conflito com a arquiduquesa, porém, ficava impossível a cada dia que isso não acontecesse. Estava receoso em relação a Heidi ficar sozinha com sua mãe, com as mudanças de humor repentinas, fora as críticas duras sobre a sua irmã mais nova.

Heidi lhe garantiu que ficaria bem, mesmo com tudo que estava acontecendo. Lamentou a ausência de Adam em Viena, ele ajudaria Heidi a conviver com a bipolaridade da mãe. Mas, ele estava feliz afastada da Áustria, a Alemanha parecia estar deixando ele mais feliz, relaxado; assim achava, pois, as cartas que recebia do irmão eram bastante entusiasmadas.

— Majestade, deseja ir diretamente para a casa que alugou para descansar, ou deseja ir ao encontro de sua alteza, Amélie? — seu secretário perguntou com certa impaciência, já deveria estar perguntando pela terceira vez.

— Amélie. — respondeu finalmente.

Heinz subiu na carruagem que já o aguardava perto do porto. Encostou a cabeça na janela da carruagem e fechou os olhos na tentativa de dormir alguns segundos até chegar em seu destino.

— Sua majestade deseja permanecer em Corfu por quanto tempo?

— Não posso permanecer por muito tempo. Pretendo ir embora depois de quatro dias, sem contar com hoje. — Heinz encarou o secretário, que parecia inquieto com alguma coisa. — Aconteceu alguma coisa, Richard?

— Não, majestade.

— Parece perturbado.

Richard abriu e fechou a boca diversas vezes, antes de endireitar sua postura.

— Realmente, majestade.

— Deseja falar?

— Não, espero que não se ofenda, majestade.

— Não se preocupe.

Ele realmente não precisava se preocupar, mas sua expressão facial aparentava o contrário. Era uma completa maldição as pessoas acharem que tinham o dever e a obrigação de sempre agradá-lo; gostava de ser desafiado, algumas vezes. Mas como isso era raro, agarrava fortemente as amizades que eram sinceras.

A casa em que Amélie estava não ficava muito afastada do porto, pois assim que voltou a fechar seus olhos, a carruagem parou. Heinz desceu da carruagem, e avistou uma das damas de Amélie conversando com um guarda alegremente.

Bastou chegar mais perto, o guarda percebeu sua presença e voltou a sua posição impecável. A dama de companhia, que ele identificou ser Rachel, ficou pálida e confusa, com certeza não o esperava ali. Fez uma reverência desajeitada para ele, e afastou-se devagar.

— Amélie está acordada?

— Está, majestade.

— Poderia me levar para esperá-la?

— Sim, majestade. — começou a andar. — Ela está meio abalada, será maravilhoso tê-lo aqui, majestade.

— O que aconteceu?

— O irmão dela enviou uma carta estranha, majestade.

— Estranha como?

— Suicídio, majestade.

— Qual dos irmãos? — começou a subir as escadas.

— Vagner, majestade.

— Parece ser um rapaz tão feliz. Mas existe uma coisa que aprendi durante minha vida, as aparências enganam.

— Heinz? — Amélie surgiu na varanda.

— Amélie. — correu até ela e a abraçou.

Desceu as mãos pelo longo cabelo solto dela, e sentiu o maravilhoso cheiro dela. Seu coração estava em festa, como se tivesse uma grandiosa orquestra tocando. As pequenas mãos dela tocaram em seu rosto com carinho, como se não tivesse acreditando que ele estava diante dela.

— Não consigo acreditar que esteja aqui, meu amado.

— Precisava te encontrar, não aguentava mais ficar longe de você.

— Não queria lhe dizer isso em cartas constantemente, para não deixar você transtornado, não sei. — sorriu. — Aqui está você, meine Liebe. — beijou a testa dele. — Venha, vamos sentar.

— Como está se sentindo?

— Em saúde, muito bem. Estou aflita com meu irmão Vagner, a carta que ele me enviou, não era coisa boa.

— Comunicou aos seus pais?

— Sim. Eles ficarão atentos.

Amélie e Heinz sentaram-se juntos, e sorriram quando bateram os ombros um no outro.

— Uma pena que tenha chegado tarde, se não poderíamos caminhar na beira da praia.

— Podemos fazer isso amanhã. Ficarei por quatro dias em Corfu.

— Está com fome?

— Não.

— Deveria se alimentar, Heinz.

— Não se preocupe, eu realmente não sinto fome.

— Meu Deus, quando eu cheguei aqui, estava faminta.

— Não tenho muito apetite.

— Ora, estou conhecendo seu lado mais estranho.

Heinz deu uma gargalhada e pegou a mão dela.

— Ia se deitar?

— Sim. — apertou a mão dele.

— Ainda é cedo.

— Fico deitada por um longo tempo, não durmo imediatamente quando me deito.

— Insônia?

— Ás vezes.

— Não deveria pensar muito quando vai dormir.

— O problema é que minha cabeça não me obedece.

— Obedece.

Amélie revirou os olhos e empurrou Heinz para o lado. Gostava das atitudes espontâneas dela.

— Em qual lugar vai ficar?

— Aluguei uma casa.

— Não seria mais fácil se hospedar em uma pousada?

— Prefiro ficar à vontade. — deu de ombros.

— Não ficaria à vontade em uma pousada? — estreitou os olhos.

— Não.

— Por quê?

— Bajulação a mais.

— Interessante.

Heinz passou o braço pelo ombro de Amélie e a puxou para perto dele. Começou a fazer desenhos circulares sobre o robe de seda branco dela. Aquele momento em silêncio era precioso para ele. Poderia ouvir as batidas do coração dela, um som agradável para seus ouvidos. Não soube quando todos aqueles pequenos detalhes começaram a ter tanta importância para ele, apenas sabia que tudo aquilo o fazia bem. Poderia estar com mil problemas, mas ao lembrar de qualquer detalhe sobre ela, tudo se acalmava.

— Quando está pensando muito, seu rosto fica tenso. Seus olhos ganham um brilho diferente.

— Estava pensando sobre você e as pequenas coisas que fazem eu amá-la cada vez mais. Porque Amélie, tornou-se o meu bem mais precioso. Cada dia longe de você é uma tristeza, eu poderia ficar tanto tempo olhando para esse belo rosto que possui, sem enjoar.

— Sinto que me ama mais do que eu mereço.

— Por que não mereceria Liebe?

— Não sei. — afastou-se dele. — Realmente, eu não sei.

Olhou para o pescoço dela, que estava com o colar que havia lhe presenteado no natal. Passou os dedos por ele até chegar no pingente do pássaro.

— Fica lindo em seu pescoço.

— Acertou perfeitamente no presente.

— Fico feliz por isso.

Amélie deu um selinho em Heinz.

— Lábios com gosto de fome.

— Como? — arqueou as sobrancelhas.

— Está com fome.

— Já disse que não estou.

— Então, podemos fazer uma coisa muito boa.

— Beijos? — deu um sorriso malicioso.

— Muitos beijos.

Começaram a se beijar entre risos, quando Heinz afastou-se um pouco.

— Eu amo você, Liebe.

Amélie sorriu e afagou a bochecha dele com o polegar.

— Eu também o amo, Liebe.

Gosto dessas palavras saindo dos seus lábios.

— Eu também gosto dessas palavras saindo da sua boca, mas eu gosto mais quando nossos lábios estão juntos.

Ele passou seu polegar levemente pelo lábio inchado de Amélie. Encarou os belos olhos azuis dela, com um brilho completamente iluminador. Colocou sua mão sobre o pescoço dela e a puxou para um beijo apaixonado.

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