XX

Quando Heinz encontrou o pai de Amélie, ele parecia ter conhecimento sobre o assunto que seria tratado, pois não demonstrou surpresa alguma quando ele pediu para conversar seriamente. Tinha receio que Peter fosse ser contra, por causa de Eugenie, pois os pais sempre tomavam as dores dos filhos.

— Estava me perguntando quando eu teria a honra de conversar com você. Minha esposa, juntamente com Susi surgiram aqui como dois furacões falando de um possível noivado entre Amélie e vossa majestade. — Peter serviu-se de chá. — Sente-se.

Heinz puxou a cadeira para se sentar, quando, para sua surpresa, Peter colocou sua mão sobre a dele.

— Estou feliz por ter seguido seu coração, não sua mãe.

Heinz sorriu.

— Vou ser bem sincero que fiquei preocupado com a aproximação de vocês por causa de Eugenie. Ela veio para cá com intenção de se casar com você. Magda nada me disse, mas no fundo eu sentia que havia outras intenções, além da saúde de Amélie.

— Sabe, Peter, quando eu vi Amélie, foi algo diferente. Eugenie não me transmitiu o mesmo. Talvez se nós não tivéssemos nos aproximado, eu teria casado com Eugenie. Porém, Gott sabe o que faz.

— Oh, sim, ele sabe. — Peter sorriu. — Se veio buscar minha aprovação e benção, obtém.

— Fico extremamente grato por isso.

— Amélie merece tudo isso, Heinz. Acho que ela finalmente encontrou aquilo que procurava. Na verdade, não procurava. Ela sempre achou que não casaria, dizia coisas tão pesadas sobre si mesma. Isso me deixava profundamente preocupado. Meu carinho e amor por essa menina, é completamente diferente. Toda essa fragilidade dela em relação a todos... — respirou fundo.

— Acho que ela está mais forte em relação a tudo isso. Ela enfrentou minha tia, indiretamente minha mãe e Eugenie.

— Não tenho simpatia por Susi, me perdoe. Estou gostando de assistir toda esse espetáculo.

Heinz se remexeu desconfortavelmente na cadeira, a relação com sua mãe não era uma das melhores, mas não gostava de ouvir ninguém falando mal dela. Entretanto, sabia que sua mãe tinha um talento impressionante para fazer inimizades.

— O que aconteceu entre você e minha mãe?

Peter deu uma risada baixa.

— Ela não aceitava que eu era apaixonado por Magda, e também porque a irmã mais nova se casaria primeiro do que ela, e com um herdeiro do trono de um império austríaco. Magda me relatava através das cartas o que acontecia, com isso comecei a tomar completa antipatia por ela. Eu pensava que ela como irmã, deveria pensar somente na felicidade de Magda, mas não, possuía apenas inveja. — bebeu um pouco do chá em sua xícara. — Quando surgiu seu pai, ela esqueceu de mim e Magda, prosseguimos em paz.

Como foi ruim para Heinz ouvir tudo aquilo sobre sua mãe. Tinha sido uma grande decepção saber de tudo aquilo. Mas sabia da ambição de Susi, ela demonstrava constantemente o quão amava o poder.

— Isso é traumatizante de se ouvir.

— Eu imagino que seja. Veja bem, não estou dizendo que Susi nunca tenha amado Ferdinand, não quero que pense isso em momento algum.

— Não acho que ela tenha o amado realmente. — assumiu com receio. — Nunca senti nenhum afeto dela por ele, não que eu me lembre. Passei algum tempo fora por causa do exército.

— Também nunca percebi, mas nunca convivi o bastante para saber. Mas teve três filhos lindos, isso que importa. E, também sei que Ferdinand amava vocês incondicionalmente.

— Sim, ele nos amava. — deixou escapar algumas lágrimas. — Sinto uma enorme falta dele. Eu precisei dele em tantos momentos, tanto os bons quanto os maus, e simplesmente ele não estava aqui. Chorei tantas noites por tê-lo perdido tão subitamente.

— Quando eu perdi meu pai, senti o mesmo. Fiquei tão vulnerável. Os olhos estavam todos sobre mim, pois eu herdaria o trono. Eu não queria essa reponsabilidade, porém meu irmão morreu, a coroa passou para minha cabeça. Estou satisfeito com minha vida, apesar de algumas coisas saírem do meu controle muitas vezes.

— Sei como é isso.

— Precisamos organizar o contrato nupcial, espero que seus ministros estejam de acordo com essa união. — Peter mudou de assunto de repente. — Não quero aborrecimentos. Terei com Magda em poucos minutos, ela está impossível.

Heinz deu uma gargalhada.

— Não ria, culpa disso é sua e Amélie.

— Perdoe-me. — começou a rir mais uma vez.

— Pelo que estou percebendo, estão se divertindo bastante. — Heinz ouviu a voz da sua mãe.

Peter revirou os olhos e bebericou o chá.

— Estamos sim. — respondeu à sua mãe.

— Estou procurando por você faz horas.

— O que deseja comigo?

Peter se levantou e saiu do local sem dizer absolutamente nada.

— Melhor assim. — sua mãe acompanhou com os olhos seu tio postiço saindo da sala. — Quero saber se sua loucura passou ou continua.

— Qual loucura?

— Em se casar com aquela menina!

— Não é loucura, a partir do momento que eu desejo isso para mim. — levantou-se da cadeira.

— Não sabe o que é melhor para você!

— A senhora que sabe? — esbravejou. — Poupe-me de seus argumentos completamente ridículos. Já lhe disse e voltou a repetir que me casarei com Amélie! Ela será a futura kaiserin da Alemanha.

E saiu de perto da mãe.

Amélie estava deitada tranquilamente em sua cama, suas damas haviam saído do quarto, mas Anika continuou no local, sentada perto dela lendo algum livro que ela não teve interesse em ler o título.

Aquele dia estava cheio de emoções e novidades. Aquelas mudanças repentinas em sua vida, que seriam boas, assim ela esperava, fazia ela sorrir toda hora sem motivo algum. Estava seguindo sua vida por si mesma, não pelo o que mãe decidia por ela. Tinha vontade sair pelo palácio dançando com todas as pessoas possíveis.

— Sua traidora! — Eugenie entrou em seu quarto como uma louca.

Amélie apenas fechou os olhos e a ignorou.

— Alteza, sua irmã não está se sentindo bem.

— Não queira me enganar, Anika. Sei muito bem que ela está bem. Bem até demais.

Estava esperando Eugenie, não sabia apenas como ela iria reagir, mas tinha uma certa noção que não seria nada fácil. Eugenie estava acostumada a ter tudo para ela, jamais havia perdido as coisas que almejava, ainda mais para Amélie. Não estava com a mínima vontade de discutir com sua irmã, estava meio saturada de tantas discussões alteradas.

Sentiu a mão de Eugenie subir por seu pescoço, e abriu seus olhos imediatamente.

— O que está fazendo? — segurou a mão de Eugenie.

— Fazendo você acordar, sua dissimulada. — um brilho diabólico passou pelos olhos de Eugenia. — Sabia que estava perfeitamente bem, se estivesse doente o palácio saberia, afinal você tem o prazer de chamar atenção.

— Não tanto quanto você. — Amélie a empurrou e levantou. — Aceite que não terá Heinz como seu marido.

— Não vou aceitar nada!

— Acha mesmo que irei continuar discutindo? — Amélie revirou os olhos. — Saia do meu quarto.

— Alteza, a senhorita sabe que Amélie não pode se estressar. — Anika puxou Amélie para o lado. — É melhor se retirar.

— Quem pensa que é para me dizer o que fazer, Anika? — falou com desprezo. — Não passa de uma simples enfermeira.

— Não fale dessa forma com Anika. Ela não merece ouvir suas palavras tão venenosas. Peço-lhe mais uma vez, saia daqui.

— Não vou sair!

— O que diabos quer aqui? — a empurrou. — Não sabe das coisas, por que insisti em continuar aqui me infernizando?

— Eu não aceito!

— Problema seu! Saia daqui!

Eugenie avançou para cima de Amélie e lhe deu um tapa no rosto. Inicialmente, Amélie ficou surpresa com aquela atitude dela, pois sua irmã era o exemplo de educação. Mas ela não deixaria aquilo passar em branco, derrubou a irmã no chão e começou a estapeá-la.

— Esses tapas são por todas as coisas que me disse. — começou a sentir falta de ar. — Sua...

Amélie sentiu seus pulmões arderem; o ar estava lhe faltando.

— Ajude-me, Anika.

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