VII
Heinz havia aceitado a sugestão de Amélie, e chamou Eugenie para dançar a primeira valsa. Ela estava deslumbrante em seu vestido branco, e seu sorriso se alargou mais ainda quando ele a chamou para dançar a primeira valsa. Sempre exigiu em seus bailes para que tocasse Mozart, era o seu preferido. A sinfonia No.40, Molto allegro, invadiu o salão e começou a bela valsa.
Eugenie parecia que tinha nascido para a dança, não cometeu nenhum erro, e tinha uma elegância surpreendente. Sua coroa refletia as luzes dos candelabros e os lustres de cristais, o que a deixava ainda mais bela.
— Algum problema? — Eugenie disse de repente.
— Como? — Heinz arqueou a sobrancelha.
— Eu quero saber se tem algum problema comigo. — sorriu corando. — Vossa majestade não para de me observar.
— Oh, claro. Desculpe-me por isso. — deu um sorriso mínimo. — Por favor, somente Heinz. Afinal, somos primos.
— Como preferir, Heinz. — sorriu mais uma vez.
A valsa parou, e Heinz beijou a mão de Eugenie e a levou para a mesa onde o jantar seria servido. Era costume da corte alemã ter a primeira dança, e depois ir para o banquete. Heinz sentou-se, e todos os convidados fizeram o mesmo. Sua mãe não ficou no lugar de costume, que era ao seu lado, e sim, ao lado da sua irmã e sua sobrinha.
Ele não iria pronunciar nenhum discurso, ou nada parecido, apenas fez um gesto com a mão, e o jantar começou a ser servido. Bebeu uma taça de champanhe, e logo se serviu com carne de porco e salada. Ele nunca foi de comer muito, o que deixava sua mãe contrariada, pois ela não queria um filho fraco, e sim, forte. Seu irmão sentou no lugar de costume da sua mãe, e estava beijando a mão da noiva como se fosse a coisa mais preciosa do mundo, ou realmente era. Ele sorriu ao ver aquela cena, e como se Adam sentisse o olhar do irmão mais velho, virou-se para ele e ergueu sua taça.
— Irmão. — disse perto de Heinz.
— Adam.
— Como foi a valsa?
— Normal, como qualquer outra.
— Não sentiu nada especial por Eugenie?
— Agora estou curioso. Por que essa pergunta?
— Todos sabem o que nossa mama pretende. O boato se espalhou por toda a corte.
— Seria uma pena se eu não cumprisse o que ela quer.
— Não quebre o coração da arquiduquesa da Áustria para atingir a arquiduquesa Susi. — Adam riu.
— Acha que eu seria capaz de fazer isso? — Heinz fingiu estar ofendido.
— Você é mestre nessa arte.
— Eu não diria que sou, afinal, você ganha disparado.
— Eu sei. — e os dois deram risada.
— Vocês deveriam respeitar as meninas. — Heidi comeu um pedaço de bisteca. — Deus me livre de arranjar um marido como vocês.
— Lindos e amorosos? — Adam sugeriu.
— Idiotas e retardados.
— Assim você me ofende, querida irmã. — Heinz riu mais uma vez. — Eu pensei que isso aqui seria pior, mas meus irmãos nunca me decepcionam.
— A sua sorte é mama estar afastada de nós. — Heidi deu um risinho. — Ela ficaria empurrando Eugenie para você o tempo todo.
— Estou farto dessas coisas. — Heinz colocou a mão no queixo. — Já não bastam as questões politicas que tenho que me preocupar, eu tenho que arranjar uma esposa. Melhor dizendo, casar com uma pessoa que minha mama acha mais adequada.
— Ela é bastante adequada. E eu soube por um passarinho, que você aceitou conhecê-la. — Heidi fez uma careta. — Ou o passarinho estava errado?
— Você concordou? — Adam beijou a mão da sua noiva mais uma vez. — Oh céus! Você é um completo maluco?
— O que tem de tão grave nisso? — Heinz olhou assustado para os irmãos.
— Só tenho uma coisa a lhe dizer, vai casar em breve. — Adam soltou uma gargalhada, atraindo olhares em sua direção.
— Eu pensei que eu decidiria isso. — Heinz começou ficar aborrecido com seu irmão. — Parece que eu não tenho vontade própria.
— Eu acho que essa conversa vai acabar em caminhos em que não se devem andar. — Heidi pegou uma rosa que estava em um dos arranjos. — Eu amo sentir o aroma das rosas.
— Não precisa acabar com o arranjo. — Adam disse sarcasticamente. — Vou avisar ao seu futuro noivo sobre suas preferências.
— Eu acho que você está muito engraçadinho hoje. — a princesa respondeu ríspida. — Volte a dar atenção para sua noiva.
— Minha noiva está ocupada conversando com a mãe dela, ou você é cega?
— Sua sogra não para de nos observar, comporte-se. — Heinz sorriu com malícia. — Eu deveria falar com ela sobre você. Aposto que ela não deixaria a filha dela casar com você.
— Eu não sou ruim, Heinz.
— Eu não disse que era. Eu sei que a ama. Enfrentar uma arquiduquesa que tenta controlar a vida dos filhos não é brincadeira.
— Todos nós desafiamos mama. — Heidi bebeu água. — Heinz fazendo escolhas sem consultá-la, Adam fazendo atividades que ela acha inaceitável para um arquiduque, e eu não aprendendo tudo o que uma arquiduquesa precisa saber. Eu nunca gostei de dançar, ou tocar piano. Sou péssima nessas duas habilidades.
— Eu sei. — Heinz e Adam começaram a rir. — Odiava quando você tinha aulas de piano, eu sempre podia ouvir do meu quarto. Simplesmente detestável.
— Heinz Joseph, você é o pior irmão do mundo. — cruzou os braços.
— E você é a melhor irmã do mundo, Heidi Katja.
— Odeio Katja. — revirou os olhos. — E você sabe disso, e mesmo assim pirraça.
— Mama só foi gentil no segundo nome de Heinz, porque o meu também é horrível.
— Eu escolhi o nome adequado para cada um de vocês. — a arquiduquesa surgiu com uma expressão fechada. — E Heinz, você deixou a arquiduquesa austríaca bastante satisfeita. — ficou com uma expressão alegre. — Deveria levá-la para ver a fonte.
— O que uma garota acharia atraente em uma fonte? — Heinz levantou-se da mesa.
— Até se você a levar para ver cavalos no ritual do acasalamento, ela vai gostar. — Adam disse abafando o riso.
— Adam Jöen Paulus Hohenlohe-Langenburg. — Susi sussurrou o nome do filho em um tom ameaçador. — Estou lhe avisando, mais uma de suas gracinhas, e acabo com a reputação da sua noiva.
— A senhora não seria capaz. — Adam se levantou.
— Você me entendeu. — a arquiduquesa voltou para seu lugar, totalmente contrariada.
— Heinz, não a deixe acabar com minha vida. — sussurrou para que Emmeline não pudesse ouvir o que estava acontecendo. — Eu não suportaria perdê-la.
— Ela não vai fazer nada. — Heinz colocou a mão no ombro do irmão. — Acho melhor apressar logo esse casamento. Estamos entendidos? Logo. — virou-se para Heidi. — E não procure qualquer discussão com ela hoje, parece que hoje não está nos melhores humores.
— E quando ela está? — Heidi perguntou com desdém. — Vou me recolher. Por favor, convide Eugenie para ir a qualquer lugar. Por hoje, sem pirraças.
— Por esse resto de noite, você quis dizer. — Heinz sorriu com malícia. — Eu já fiz um serviço de pirraça com ela hoje.
— Você pode pedir para a orquestra voltar a tocar? Quero dançar com Emmeline.
— Seja o kaiser por uma noite, mande em tudo. Vou me ausentar.
— Heinz, sabe que não posso...
— Isso é uma ordem. Com sua licença vossa majestade. — fez uma reverência com um sorriso travesso.
— Você é ridículo, Joseph.
— Você também, Jöen.
Eles sorriram mais uma vez, e Heinz foi em direção de Eugenie que sorria amavelmente enquanto conversava com Susi. Ela se assustou quando o viu tão próximo dela, corou levemente, o que deixou ele meio incomodado, pois sempre acontecia isso quando se aproximava dela. Por que ela teria tanta vergonha dele?
— Vossa alteza, daria a honra de me acompanhar em um passeio?
— Claro, vos... Heinz.
Ela se levantou, e ele ofereceu seu braço para ela colocar. Ela olhou para a mãe e a tia, e as três sorriram. Heinz revirou os olhos, parecia um complô da família. Quando se aproximaram das portas, os guardas abriram e eles passaram.
Durante o caminho para a fonte, como sua mãe tinha indicado, ela não falou nada, isso o incomodou bastante. Como uma pessoa não tinha nenhum assunto para falar? Principalmente quando tinham passado tanto tempo sem se ver, e além do mais, eram primos. Apostava com qualquer um, se ali fosse Amélie, ela já o teria enchido de perguntas, e ele teria tido o prazer de responder todas. Mas sabia que as irmãs eram diferentes, e não precisava de muito tempo para perceber isso.
Quando chegaram à fonte, indiciou para Eugenie um banco de mármore que ficava perto, e foram sentar. O céu estava simplesmente belo, cheio de estrelas que pareciam diamantes. O clima estava agradável, e ele respirou fundo.
— Sente-se bem?
— Como nunca. — Heinz respondeu com os olhos fechados. — E você?
— Não tenho razão para não estar bem.
— Claro. — sorriu. — Por que não estaria?
— Deve me achar uma garota fútil, não é mesmo?
— Não sei. Será? — a encarou. — É assim que enxerga a si mesma?
— Eu... — começou a mexer na saia do vestido. — Diria que muitas vezes sim, e outras não.
— Prossiga.
— Eu sei o que nossas mães estão planejando. Eu realmente quero isso. — Eugenie mordeu o lábio. — Mas você parece não querer.
— Não é isso. — colocou sua mão no seu ombro. — Eu só não gosto de ser mandado por minha mãe. E ela faz isso o tempo todo. — riu com desdém. — Creio que minha tia Magda não seja assim.
— Ela nunca foi assim com nenhum de nós. Só perde a paciência com Amélie muitas vezes. — sorriu. — Eu a entendo muitas vezes, mas mama não. Ela está furiosa porque ela não ficou no baile, e Amélie estava bem, inventou mal estar de propósito.
— Interessante. — sentiu uma súbita vontade de ficar sozinho. — Se eu pedir uma coisa a você, ficará chateada?
— Não.
— Poderia voltar para dentro sem mim? Eu preciso ficar um pouco sozinho.
— Não se sente bem? — pareceu preocupada.
— Estou bem.
— Estou indo para dentro. Boa noite, Heinz.
— Boa noite, Eugenie. Até breve. — beijou sua mão e a viu partir.
Ele havia pensado que conhecia Amélie, mas estava enganado. Não conhecia nada dela. Pensou que ela não era capaz de falar mentiras para fugir de algo, mas agora ele sabia que era.
Olhou em direção da janela do quarto de Amélie, e desejou ir ao seu quarto perguntar o que havia acontecido para ela ter ido embora tão cedo. Mas, no momento não podia ir até lá, mas esperaria o dia seguinte para isso. Por enquanto, ele só poderia esperar e olhar as estrelas.
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