23 Γ▲

Eros foi obrigado a participar de um conselho de guerra de câmara fechada.

Foi apresentado a diversas pessoas e os assistiu enquanto traçavam estratégias de ataque. No entanto, em nenhum momento deram a ele a oportunidade de expressar sua opinião, já que aparentemente ele seria o homem a encabeçar o ataque.

Eros permaneceu quieto, avaliando seus verdadeiros oponentes. A tribo Malo era estúpida e impetuosa, algo que poderia usar a seu favor, mas aquelas pessoas reunidas ali eram frias, calculistas e difíceis de ler.

Talvez pela terceira vez desde que chegaram ali, Eros impediu Yanka de interferir.

- Por que não participa? Estão falando sobre o confronto! - Yanka murmurou. Ela estava fria e distante desde que saíra de repente da mesa, e por mais que Eros tentasse pensar na razão por trás daquilo, não conseguia encontrar o motivo.

Ele virou a cabeça, roçando os lábios na orelha de Yanka. Ela pulou de susto.

- O que acha que eles estão fazendo?

- Estão discutindo táticas de batalha.

Eros riu. Deslizou a mão pela nuca dela.

- Estão nos distraindo.

- O que? - Ela parecia surpresa.

- Olhe para o líder, não para o conselho. O que vê?

- Ele... está nos olhando.

Eros massageou sua nuca, deixando Yanka levemente nervosa.

- Exatamente. Como não confiam totalmente que fomos enganados por eles, estão nos impedindo de dar qualquer passo. É por isso que ele está nos observando.

- Para controlar o que conversamos. - Ela falou, lentamente a ficha caindo. - Estão nos controlando para que nada saia fora do seu controle.

Eros fechou os olhos e recostou a cabeça na parede da caverna que estavam reunidos, como se estivesse muito cansado.

- Precisamos sair daqui o mais rápido possível, mas é quase impossível sair de um conselho de guerra uma vez que se entra. - Yanka gesticulou, a cabeça a mil enquanto pensava.

- Quase, mas não impossível.

- Sim, mas só se fizermos algo para sermos expulsos e... - Ela se calou.

Lançou a Eros um olhar significativo e ele retribuiu. Ela balançou a cabeça incrédula. "Louco", murmurou. Ele deu um meio sorriso e deu de ombros.

Yanka bufou, irritada.

Minutos depois, sentiu uma mão atrevida subiu pelo peito de Eros, e os cabelos da nuca dele se arrepiaram. Yanka encostou o nariz em seu pescoço e murmurou:

- E então, Yretoo, que tal discutir sua tática de batalha comigo?

- Não gosto desse apelido. - Ele resmungou, deixando que ela deslizasse os braços pela sua cintura.

Olhou de soslaio para o Pati, o líder, e apesar de ainda os observar, ele via uma certa cautela.

- Por que acha que eu chamaria você de bunda mole? - Ela ronronou.

Eros respirou fundo. Precisava se segurar. Repousou sua mão na cintura dela e a puxou brevemente para perto, enterrando o nariz no seu cabelo.

- Acho que é mais fácil perguntar o que te impediria de me chamar dessa forma.

Ela lhe lançou um sorriso provocador e puxou o rosto dele para baixo. Os olhos de Yanka sorriam, perigosos para ele. Um perigo que Eros adoraria correr.

- Significa macho grande.

Ele mordeu os lábios para esconder um sorriso. Ela o chamava de macho grande. Encostou sua bochecha na dela e murmurou:

- Está se referindo a que, exatamente?

Ele a sentiu se engasgando com uma risada, a lateral de seu corpo colada no dele. Eros mordiscou sua orelha e Yanka deslizou a mão por baixo de sua túnica. Eros teve que reunir cada gota de boa vontade em seu corpo para não fazer nada com ela naquele momento, e estava prestes a murmurar algo quando Pati falou e o conselho se calou. Ele se levantou e apontou com o dedo para a saída da caverna, furioso. Tinha os dentes arreganhados e os olhos esbugalhados.

Eros piscou os olhos inocentemente para ele. Pati era um homem de poder, e homens com poder eram previsíveis em sua jogada. Ele não os queria ali de fato... Só queria ficar de olho neles, mas se o convencessem que estavam interessados em outra coisa, então...

Yanka murmurou algo de volta para ele e puxou Eros rapidamente para saída, com Nicholas em seu encalço.

- O que foi isso?! - Nicholas parecia confuso e se recusava a olhá-los nos olhos. Eros bateu em seu ombro, solidário com a confusão do amigo.

- Acabamos de ser expulsos de um conselho de guerra – Yanka sorriu para eles.

- Isso é bom? - Nicholas parecia cauteloso.

- Bem – O brilho leve nos olhos de Yanka fez o coração de Eros se acelerar – Em todos esses anos, e em qualquer tribo do continente, ninguém nunca conseguiu a façanha de ser expulso de um conselho de guerra.

Nicholas lançou um olhar encabulado para eles.

- Fizeram isso... somente para nos tirar de lá?

Eros olhou para Yanka. Ela tentava esconder o quanto estava se divertindo, mas ele conseguia ver através dela.

- É. Fizemos isso só para sair de lá.

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Pelas próximas horas, Eros se planejou da melhor forma possível. Traçou um plano, se comunicando discretamente com Kaiko, Nicholas e Yanka e juntos, reuniram o máximo de informações que conseguiram sem despertar atenção.

O ataque da tribo Yeta à tribo Malo, Yanka lhe explicou, consistia em um ataque em solo aberto, com Eros e sua tropa posicionados à frente, para receberem a maior força do ataque, enquanto a tribo Yeta permaneceria atrás.

Eros teve que evitar revirar os olhos quando Yanka lhe explicou o plano, sob os olhares atentos dos guardas que os cercavam.

Era cada vez mais óbvio que queriam prendê-los entre a tribo Malo e Yeta. Um buscava vingança, o outro buscava acabar com uma dívida de sangue. O grande detalhe, era que Pati insistira para que as mulheres permanecessem dentro da tribo Yeta e Eros desconfiava que era para cortar sua comunicação com alguém que conhecia a região.

Olhar para o mapa lhe deu uma ideia súbita e louca e para disfarçar, Eros com que fez todos os seus homens treinassem até a exaustão.

Estava se retirando para se preparar para o ritual de passagem das almas, quando notou que as duas mulheres Wattu estavam por perto.

Eros franziu a testa.

Havia pedido que elas saíssem à procura de qualquer informação que pudessem ter sobre Velho Urso, mas metade de um dia se havia passado e Yanka não havia voltado.

Abordou Wola.

- Yanka. - A mulher balançou a cabeça. Com um pressentimento de que algo estava muito errado, Erosa saiu à sua procura. 

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