Capítulo 4
Se eu quisesse matar o doutor Charles, teria sim aproveitado desse baile, mascarar - me bem e observar minha vítima durante todo o festivo. Ele estaria a divertir - se com outros e eu aproveitaria a brecha mais aberta possível para atirar nele. Mas porque no salão? A pessoa não aproveitou quando estavam na rua ou no final do baile? Ele teve o risco de ser visto por alguém. Será que fora por impulso? Mas, simples. Ninguém vira ninguém com a arma.
Procurei o policial responsável pela investigação. Ele ficou feliz em receber -me porque achou que eu tinha informação. Mas se deu mal. Júnior sofre de transtornos mentais desde jovem, tem uma discussão feia com o seu ex chefe e vai para casa. Esse ponto eu não sabia. O pai dele, o senhor Palmer, não respondeu na noite aonde estava o Júnior, só diz que ele perdeu a cabeça. Não falo com o policial sobre o senhor Palmer. Mas Júnior dormiu na casa do pai, não dormiu? Porque Palmer não afirma isso claramente?
Encosto a cabeça em meu travesseiro, inalo todo o ar que posso e solto - a lentamente. Estou no baile de máscaras e encontro o senhor Palmer. Ele diz que o filho não está bem e recusa - se a dizer aonde ele está. Os convidados não param de mover-se de um lado para o outro. Uma mulher morena de vestido verde apresenta - se ao meu lado com um rapaz de máscara azul. Ela não me apresenta a ele e nem ligo. Vejo a confusão que Ben Charles arranja com o homem de vermelho e o garçom a minha frente cai. Algo que não consigo ver bem. Estou focado demais no garçom que perco de vista algo importante que escapa -me. O homem de vermelho ameaça Ben, mas porquê? Ele ameaça matá -lo? Mas... ele desaparece. Não o vejo. A não ser perto da parede. Ele troca olhar com o rapaz de azul? A morena ao meu lado não se mexe. Se o homem de vermelho ou o de azul quereriam matar o Ben, porque teria que ser dentro do salão?
Olho para o Ben ao chão. Ele tem um tiro certeiro na nuca. Um tiro certeiro, sem hesitar. A pessoa que teria que atirar nele, teria que levantar as mãos e alguém teria que vê -lo. A morena ao meu lado continua sem se mexer. Ela está bloqueada. Medo talvez?
Emma precisa saber disso. Conto -lhe algo mais a porta de sua sala de escritório e ela faz uma expressão de espanto. Afinal de contas, percebe que meu raciocínio tem algum... digamos... ponto concreto.
一 Tu achas que o homem de vermelho ou o de azul foram os assassinos?
一Não, o de vermelho era apenas uma distração. Estranho que a polícia não tenha duvidado dele. Ele ameaçou o Ben.
一 Mas porque não o prenderam?
一 Como eu disse... ele apenas deixou as pessoas mais atentas à pequena discussão deles. Mas há pessoas mais curiosas que outras...
Olhamos ao mesmo tempo para a colega de Emma e ela desvia o olhar rapidamente para os papéis em sua frente.
一Cibelle, tu tens muito o que fazer?
Ela não responde de imediato, mas sua tremedeira é visível até para uma vista turva.
一 Tu viste o assassino, não viste? Agora diz -me 一 dou passos à frente 一 é difícil encontrar todos os convidados de um baile de máscaras. Mas essa foi muito boa. Praticamente toda a gente foi interrogada na festa, mas tu não. E quem foi o responsável por dar a lista dos convidados para os policiais?
Ela não responde, mas seu olhar diz tudo. Continuo:
一 Tu não estavas na lista. Foste ao menos convidada para a festa, querida?
Emma observa - me incrédula pelo meu tom e cruza os braços irritada.
一 Pois bem. Vamos à polícia agora.
Emma conseguiu convencer o Palmer a ir à esquadra connosco, afinal o filho estava a pagar por algo que não tinha sequer conhecimento e o responsável estava à solta. Mas peguei -o de jeito.
O que aconteceu é que Palmer fechou o filho em casa, praticamente trancado ao quarto. Ele contou tudo com uma expressão constrangida e encarei -o furioso. Furioso por ter trancado meu melhor amigo em seu quarto como se fosse um animal. Era disso que ele tinha medo de contar à todos.
Palavras :729
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