Capítulo 05 - Seguida por uma sombra

~Megan~


A cada dia que passa a minha paciência diminui consideravelmente.

Estou ficando cansada de procurar pelo Tobias e só dar de cara na parede. Tenho que admitir, os seguidores do Tobias eram bem leais. E as pessoas que eu encontrei pelo caminho que talvez pudessem saber de alguma coisa, não abriram o bico de jeito nenhum.

E olha que eu estou ficando muito boa nessa coisa de fazer as pessoas falarem...

Amanhã faria um mês que eu estava na busca do Tobias e tudo o que eu fiz até agora foi destruir umas cinco bases de estratégia dele, junto com alguns de seus seguidores.

Sei que ele tinha muito mais, e preciso agir ainda mais rápido para conseguir alguma coisa, pareço estar sempre um passo atrás.

Estou começando a achar que pode ser muito trabalho para uma pessoa só.

Mas se bem que falando literalmente, eu não sou apenas uma pessoa, mas mesmo assim não tem como eu estar em dois ou mais lugares ao mesmo tempo, e isso estava começando a me perturbar um pouco. Seria mais fácil se a Morgana ainda tivesse seu corpo separado. Poderíamos fazer mais coisas no mesmo período de tempo.

Só que de nada adianta eu ficar aqui pensando no que poderia ser... Eu tenho que me concentrar em como as coisas estão se desenrolando agora e como eu posso tirar o melhor disso.

Como por exemplo, nesse exato momento. Estou em pé, escondida, a poucos metros de um dos esconderijos que o Tobias utilizava. A movimentação de dominadores ali era um pouco mais baixa do que eu esperava. Nem guardas na porta tinha.

Entrar ali e retirar qualquer informação que tinha ali dentro seria moleza. E se eu fizesse isso sem chamar a atenção de ninguém, melhor ainda, quem sabe assim eu poderia diminuir a distância entre mim e o Tobias.

Pelo o tempo que passei ali observando todas as movimentações lá dentro, contei que há umas três pessoas dentro do esconderijo. Me preparo para encontrar pelo menos com umas cinco pessoas. Mesmo achando que só tem 3, melhor eu ir mais preparada do que ser pega de surpresa.

Não perco mais tempo do lado de fora e pulo para dentro do pequeno esconderijo. O interior daquela pequena cabana correspondia exatamente com o lado de fora. Tudo muito simples, com aparência rústica. Mas eu sabia que tinham pelos menos 3 pessoas ali dentro, e já como eu não conseguia vê-los em lugar nenhum, então só podiam estar em algum tipo de esconderijo dentro do esconderijo.

Estou procurando por algum tipo de passagem secreta ou algo parecido quando ouço um barulho de metal deslizando, como se fosse uma trava sendo aberta. Olho ao meu redor, procurando algo para me esconder, mas não encontro.

Se não posso me esconder, só o que me resta é lutar.

A parede a minha direita começa a se mover e detrás dessa parede dois homens conversavam algo distraídos. O que estava mais à direita logo percebe que não está sozinho ali e me retira uma pistola que estava presa em sua cintura. O homem ao seu lado faz a mesma coisa.

O que sacou a arma primeiro ainda conseguiu fazer dois disparos antes que eu jogasse uma bola de fogo na direção deles. Os dois rolam em direções opostas, tentando me cercar.

Ergo uma barreira de terra para me proteger momentaneamente dos disparos que sinto que fazem sem parar contra a estrutura que me cerca.

— Você pensa que uma porcaria dessa vai nos impedir? — uma voz abafada fala do lado de fora e logo sinto um grande impacto em uma das paredes.

Mais um impacto e a estrutura desmorona. Um dos homens segura uma grande marreta e agora ele tenta me golpear com a mesma violência que ele usou com a parede, mas eu dou dois passos para o lado e a marreta acaba atingindo o chão, quebrando as tábuas de madeira velhas.

— Vocês também vão ter que fazer melhor do que isso! — sorrio.

— Agora! — o homem com a marreta grita e mais duas pessoas saem de dentro da parede que ainda permanecia aberta.

Uma mulher alta tenta jogar algumas facas na minha direção, mas nada que eu não consiga lidar. Os outros três tentam restringir os meus movimentos enquanto eu escapo das lâminas.

Agora me vejo cercada por quatro pessoas. Não acredito que tenham mais pessoas ali dentro. Só espero que o meu plano A funcione, não quero sujar as minhas mãos do que o necessário com o plano B.

Consigo usar o meu domínio da mente com as duas pessoas que tinham chegado por último. Bom saber que o meu domínio não é completamente inútil. Eu ainda conseguia controlar algumas pessoas. Os quatros começam a se atacar enquanto eu entro pela porta aberta e procuro por alguma informação que possa me servir a achar o Tobias.

Não me importo em fechar a porta atrás de mim, já que pelo menos eu tinha diminuído as forças pela metade. Mas avanço com cuidado, não quero ser pega de surpresa por ninguém ali dentro.

A parte secreta não era grande, era apenas o que parecia ser uma sala médica, com alguns equipamentos de emergência, e uma sala bem ampla, redonda com alguns computadores. Estava vazio ali, mas rodava algum tipo de programa pelos computadores.

Não encontro muita coisa sobre a localização, mas acabo encontrando algumas coisas interessantes sobre domínios, barreiras e ciência. Quer dizer, achei que não tinha achado nada demais, mas acabo esbarrando com algumas informações sobre um exército sob o comando do Tobias.

Já sabia que ele tinha o domínio de corpo, e por conta disso, estava criando um exército. A quantidade de pessoas que formavam aquele exército me deixou um pouco assustada. Mas números nem sempre sustentam uma guerra. A qualidade dos soldados conta muito.

Mas se bem que cem mil dominadores não era um número que eu pudesse simplesmente ignorar. Não posso ficar de braços cruzados e não fazer nada. Eu sou apenas uma, não tenho como enfrentar um exército. Talvez eu deva começar a formar o meu.

Escuto o barulho de tiros ecoarem alto. Me ponho em alerta e fico logo de pé. Me aproximo da entrada e me encosto da parede, me abaixando, esperando pela passagem de alguém.

Não consigo escutar seus passos, mas sinto o chão tremer minimamente com a movimentação de uma pessoa. Caminhando cada vez mais devagar ao se aproximar da entrada. Assim que chega, apenas uma mão entra no ambiente e ele tira o pulso, disparando a arma rapidamente. As balas passam a poucos palmos da minha cabeça, se eu tivesse de pé, os tiros teriam me acertado.

Mas como estava no chão, consegui acertá-lo com um bloco de terra, jogando o corpo dele para trás.

— Inteligente, mas nem tanto... — digo, enquanto acerto a cabeça do homem mais uma vez, afim de fazê-lo ficar desacordado.

Saio dali arrastando o corpo do homem é o coloco do lado das pessoas que parecem estar desmaiadas no chão da pequena cabana. Vou prendê-los aqui. Não quero que eles me sigam e não vejo necessidade de acabar com a vida deles. Uma corda robusta e com a aparência de nova está pendurada perto da cama simples. Aquilo vai servir.

Estou terminando de amarrar as quatro pessoas num quadrado bem apertado quando sinto algo querer se aproximar dali. Domínios são muito úteis, pois, mover quatro corpos desacordados não é nada fácil quando se pesa menos do que todos eles.

Quando percebo que eles não vão conseguir dali sem ajuda, saio da cabana com cuidado.

Assim que ponho os meus pés do lado de fora da cabana, tenho a sensação que estou sendo seguida. Eu já tive essa sensação antes... Por isso já sei exatamente o que procurar.

Sigo com cuidado para o ser que me segue e quando vejo aquela pequena borboleta negra não tão distante de mim fico tensa. Procuro pelo Adam, mas ele parece estar um pouco distante da borboleta.

Não posso encontrá-lo agora.

Eu até imagino o tipo de mensagem que vai vir naquela borboleta, mas mesmo assim algo dentro de mim me pede para escutar o que ele tem a dizer. Não posso simplesmente ignorar ou eliminar aquela borboleta.

Vai ser o jeito aproveitar aquela cabana para fazer algum tipo de armadilha para aprisionar o Adam.

Mesmo não tendo completa confiança nas informações que recolhi mais cedo sobre as barreiras que o Tobias criava, é o melhor passo que eu posso dar agora. Não posso deixar que o Adam me siga para sempre.

Analisando a velocidade da borboleta e a distância aproximada até a cabana, devo ter uns quinze minutos para preparar tudo. Quem diria que eu um dia iria usar a física mesmo?

Corro de volta para a cabana e vejo que demorei três minutos para chegar. Tenho menos do que doze para fazer a barreira.

Começo a delimitar o espaço que eu utilizaria como prisão para o Adam e os encho de magia. Fazer aquilo era mais fácil do que eu esperava. Por isso deu tempo de formar uma barreira bem forte. Tenho certeza que aquela barreira iria segurar o Adam e aqueles quatro aqui até que os reforços da minha avó chegassem...

O que eu tinha quase certeza que não demoraria muito.

Deixo o gatilho para que a armadilha dispare quando ele abrir a porta. Sei muito bem que ele como uma pessoa cuidadosa, não deixará de olhar aqui dentro. Ainda mais desconfiando que aqui é um dos esconderijos do Tobias, ele com certeza entrara aqui.

Saio pela janela com muito cuidado, pois não queria fazer barulho. A audição do Adam é boa e não quero abusar da minha sorte. Não me afasto muito da cabana e me movo silenciosamente.

A presença dele começa a me chamar. Da janela, consigo ver o rosto do Adam que olha para todos os lados antes de abrir a porta. A borboleta já saia pela janela e vinha na minha direção. O gatilho dispara e logo Adam é envolto por uma camada de fogo.

A estrutura da cabana começa a ruir e vejo o quão potente é essa prisão desenvolvida pelo Tobias. Adam tenta escapar, e usa a sua velocidade de raio para sair dos limites da barreira. Ainda bem que eu já tinha considerado isso e fiz uma segunda armadilha.

Toda a terra ao redor da primeira armadilha de fogo que eu tinha feito estava fofa, e no momento em que ele pisou nela, percebeu que tinha algo de errado. Seus pés entraram na terra, o impedindo de correr para longe dos limites da segunda barreira. A parede de fogo subiu e o aprisionou.

Ainda estou escondida vendo ele lutar contra a terra abaixo dos seus pés e com o fogo que o rodeia. Mas por mais que ele se revire e use os seus domínios, a parede parece aguentar muito bem os ataques. Ela não vai romper tão cedo. Pelo menos não pelo lado de dentro.

O fogo queima com grande intensidade ao redor do Adam. Faíscas voavam para todos os lados com cada ataque que ele dava na parede. Não dá para ver com muita clareza o que acontece lá dentro, mas sei da força que ele deve estar usando para sair.

— Megan! Eu sei que você está aí fora! — escutei o grito abafado dele.

Sem mais nenhum motivo para me esconder, vou até os limites da prisão e coloco uma mão suavemente sobre o fogo. Não quero falar nada nesse momento.

Sei que se eu falar qualquer coisa, ele vai responder e sei que vou querer escutar a sua resposta. O silêncio é tudo o que eu posso fazer por ele agora. Não posso sair tanto assim do caminho que estou trilhando...

A borboleta negra pousa suave em meu ombro.

Certo, vamos logo escutar o que o Adam colocou nessa borboleta e vamos seguir logo em frente...

Mas será que ele realmente tinha colocado alguma mensagem aqui nessa borboleta ou ele apenas a usou para vir atrás de mim?

Não sei o que me afetaria mais: se tivesse alguma mensagem de amor, ou se tivesse uma expressando toda a sua raiva, ou até mesmo se não tiver nada. Quer dizer, eu com certeza sei o que me afetaria mais: a dúvida do que pode ter ou não. Melhor mesmo escutar o que quer que tenha aqui e seguir em frente.

Respiro fundo e verifico a borboleta. Ela contém uma mensagem.

Eu já tinha decidido, vou escutar.

A voz suave, mas cansada, do Adam ecoa em minha mente. Não tive como controlar o sorriso calmo que tomou conta do meu rosto quando as suas palavras começaram a fazer sentido. Escolhi certo em não o ver de perto. Se a sua voz ainda me afeta assim, não quero nem pensar no que eu poderia fazer se o visse na minha frente.

"Oi Meg! Estou chegando! Nunca desistirei de te procurar. Nem que você me odeie o resto da sua vida. Eu estou a caminho."

Eu sei que você nunca desistiria de mim Adam. Não precisava dessa borboleta. Sempre tive essa certeza em meu coração. Bem que eu queria que você descansasse um pouco mais, que ficasse com raiva de mim, para que não precisasse se envolver com tudo isso, mas acho que somos mais fortes do que isso: você sem desistir e eu sem querer envolver ninguém.

Engulo em seco uma coisa ruim que quer se formar em minha garganta.

Deixo a minha própria mensagem para o Adam naquela borboleta e vejo o pequeno inseto negro pousar no chão próximo a onde o Adam estava. Assim que essas paredes de fogo se dissolverem, Adam recebera a minha mensagem.

Já perdi tempo demais ali. Deveria estar em movimento há uns bons minutos. Não posso deixar rastros, tenho que me mover com ainda mais cautela. Meus próximos passos seriam críticos.

Aliso mais uma vez a superfície quente do fogo antes de virar as costas e ir embora dali. Eu não  sentia mais que estava sendo seguida. Eu ainda tenho tempo de escapar.

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