ᵉᵖⁱ́ˡᵒᵍᵒ
ATLAS
5 anos depois
Eu sempre gostei de Miami. Acho que qualquer pessoa que nasceu e cresceu em Greenwood iria gostar de Miami pelo simples fato de aqui ninguém conhece todo mundo, de ter vários Walmart's, shoppings e coisas de cidade grande. Eu me apaixonei pela cidade quando vim pela primeira vez e pedi a minha mãe que morássemos aqui para sempre. Obviamente não aconteceu, mas hoje me vejo feliz com isso.
Depois que me mudei para Nova York por causa da faculdade, ainda sonhava em morar aqui, mas percebi que eu não podia fazer isso. Vir para Miami, para mim, é o tipo de coisa que você faz para fugir da realidade, para sair da rotina. Eu não queria tornar Miami um hábito. Queria que continuasse sendo um lugar para onde eu viria nas férias e traria nossos filhos, um lugar para olhar em uma fotografia e lembrar dos meus melhores momentos.
Um desses momentos é agora. Foi a última semana, na verdade, e serão as próximas duas, já que estamos de férias.
— Paaaaaai, o Steve tá sujando tudo lá na sala — Hazel vem gritando de dentro da casa até chegar na varanda, onde eu estou olhando para o mar a poucos metros dos fundos da nossa casa de praia.
— É mesmo? — Pego uma Hazel de quatro anos muito brava no colo.
— Ele sujou o meu piano! E eu nem gosto de rosa. Coloca ele de castigo?
Dou risada, entrando com ela e fechando a porta atrás de mim.
— Então você não estava brincando com tinta também? — Arqueio a sobrancelha para suas mãos sujas de roxo. Ou é azul escuro?
— Não.
— Hazel. O que conversamos sobre mentiras?
Ela faz biquinho, cruzando os braços.
— Você disse que mentir é feio e que não devemos fazer isso — responde.
— Exatamente. Então, você também estava brincando com tinta? — Entramos na sala e olho de relance para a outra salinha, vendo vagamente o cabelo escuro de Fallon que nossos filhos herdaram.
— Sim. Eu também vou ficar de castigo? — Hazel me encara com seus olhos azuis que ela e seu irmão herdaram de mim.
Não respondo, colocando-a no chão. Steve está sentado no chão, em cima do plástico que coloquei em um canto da sala depois do almoço, com alguns pratinhos com tinta, papel e pincéis. Hazel disse que não queria brincar de desenhar com tinta, mas está óbvio que ela se juntou ao irmão nos cinco minutos que fui lá fora.
— Ninguém vai ficar de castigo. Tenho certeza que seu irmão não sujou seu piano de propósito. Certo, capitão? — Me agacho ao lado de Steve e da pequena bagunça que os dois fizeram.
— Eu esqueci que tava sujo de tinta. Diculpa, Zel — Steve diz a irmã. Com dois anos, ele não consegue ou não gosta de falar o nome todo de Hazel. Fallon e eu achamos fofo.
A expressão brava de Hazel desmancha e ela suspira.
— Tudo bem. Eu deixo você brincar depois, quando a gente tomar banho.
Com os dois tendo feito as pazes, eu pego o piano de brinquedo que demos a Hazel quando ela tinha três anos e mostrou interesse nisso. Ela sempre vinha correndo para sentar no meu colo quando me via tocando em casa, então lhe demos o seu próprio. Isso não significa que quando ela for mais velha seguirá os meus passos e nem eu espero isso, mas fico feliz pelo seu interesse agora, mesmo que talvez seja momentâneo.
Depois que limpo o brinquedo, deixo guardado por enquanto para que não haja mais confusão. Dou uma olhada neles, vendo que agora Hazel está pintando algo com Steve e ensinando ele a segurar o pincel.
Sorrio para a cena antes de ir para a salinha ao lado.
Fallon está deitada no sofá, com fones de ouvidos e uma pasta em cima da barriga, além do papel que está em mãos agora, aparentemente lendo.
Quando me vê, um sorriso se abre em seus lábios e ela tira os fones.
— Trabalhando? — Arqueio a sobrancelha, cruzando os braços ao me encostar no batente.
— É apenas algo que uma colega pediu para eu dar uma olhada — defende-se, ficando de pé e guardando os papéis na pasta.
— Você foi praticamente obrigada pelos seus colegas a tirar sua licença. Isso não é hipocrisia? — Observo seus movimentos quando ela guarda suas coisas numa prateleira no alto, o único lugar que as crianças não vão mexer.
Quando Fallon caminha até mim, abro meus braços para ela, abraçando-a. Ou tentando.
— Como ela está? — Acaricio sua barriga por cima do vestido leve que ela está usando.
— Achando que o pai dela é muito chato.
— Engraçadinha. Ainda está enjoada? Acho que o chá já esfriou.
Minha esposa passa a mão na barriga, a outra na lombar, e suspira.
— Um pouco. Acho que o chá vai me fazer bem.
Afasto seu cabelo do rosto para segurar sua bochecha. Ela cortou franja no último Natal, ficando ainda mais linda. E fofa. E depois ela odiou. Ela chamou esse episódio de um surto momentâneo e vive prendendo a franja com presilhas. E eu vivo tirando essas presilhas porque isso é besteira e ela fica linda de qualquer jeito.
Inclusive num vestido de noiva. Sem surpresa alguma, eu chorei quando a vi naquele vestido. Ela com certeza foi a noiva mais linda desse universo, com sua barriga arredondada sendo impossível de esconder com o vestido, mesmo se Fallon quisesse. Nos casamos há quase cinco anos, mas ainda me pego surpreso que me casei com a primeira e única garota que amei. Que ela disse sim para mim, que agora moramos em uma casa num bairro tranquilo em Nova York. Que somos uma família.
— Para onde você foi? — Fallon pergunta.
— Nosso casamento.
Todo seu rosto se ilumina outra vez e ela se inclina para me beijar. Eu fecho os olhos, beijando-a de volta, demonstrando meu carinho e meu amor para com ela. Um amor que não cabe no meu peito.
— Mamãe, papai, a gente pode ir pra água agora? — Hazel aparece ao nosso lado. — Vocês disseram que a gente podia ir depois que a gente descansasse do almoço. Já faz um tempão que a gente almoçou.
— E eu posso saber como você sabe disso? — Fallon questiona.
— O papai lavou a louça e ele sempre demora um zilhão de anos pra lavar a louça.
— Você sabe quanto um zilhão significa, mocinha? — pergunto, ignorando que Fallon ri porque sim, eu realmente demoro com a louça.
— Tempo o suficiente pra gente poder ter descansado e agora poder ir pra água!
Semicerro os olhos para ela, mas não posso me impedir de rir. Ela é muito esperta para uma garotinha de quatro anos.
— Tudo bem, mas não vão poder entrar mais na água hoje — aviso, olhando de relance para fora pela janela. Está nublado, o que significa que o mar está agitado.
— Por quê? — Steve se junta à irmã na missão de ir à praia.
— O mar está muito violento. Mas vocês podem brincar na areia.
— Eba! — Steve dá pulinho com a irmã antes de os dois saírem correndo.
Fallon e eu vamos atrás deles e eu pego a caneca com chá quando passamos pela cozinha, além de olhar a hora.
Drew e Brittany devem chegar logo. A casa deles é ao lado da nossa, o que as crianças adoraram. Hazel é melhor amiga de Taylor, a filha mais velha dos nossos amigos, enquanto Steve passa mais tempo com o Chris — que tem três anos — e a Billie — com dois anos —, que são os filhos mais novos de Drew e Brittany. Como Brittany está grávida do quarto filho agora — que se chamará Shawn —, ele e Selena serão a nova geração.
Fallon diz às crianças para ficarem perto enquanto me sento em uma cadeira. É macia, e compramos para Cora, a avó de Fallon. Ela, meus cunhados e nossos sobrinhos virão na semana que vem, mas apenas para passar o final de semana. Eu estou de férias agora porque deixei para sair quando Fallon ficasse de licença. Seus colegas já estavam querendo expulsá-la do trabalho, com medo que ela tivesse o bebê a qualquer momento, apesar de ainda faltar dois meses para Selena nascer. Mas Fallon não estava atuando em campo, apenas trabalhando do escritório por causa da sua condição.
Nossos pais devem vir também na última semana que ficaremos aqui. Meus pais ainda residem em Greenwood, mas nós raramente vamos visitá-los. Apesar dos anos terem passado, Fallon ainda não gosta de visitar a cidade porque não quer reviver o passado. Eu entendo, assim como meus pais, que sempre vêm nos ver e estão cogitando se mudarem para Nova York para ficarem mais perto dos netos.
— Seu pai disse se virá? — questiono quando Fallon vem para o meu colo.
— Ele acha que pode vir no final de semana, mas talvez Giana, não — diz tristemente. Giana se tornou bastante presente em nossas vidas desde que ela e Frederick assumiram um relacionamento sério. Fallon gosta bastante dela, assim como eu e as crianças. — Ele disse que vai avisar.
Anuo, lhe entregando a xícara.
Nós observamos as crianças tentando construir um castelo de areia. Toda hora um deles chama nossa atenção para ver se estamos mesmo olhando.
Fallon suspira, encostando a cabeça em meu ombro, ainda observando nossos filhos. Eu a abraço do jeito que dá, já acostumado, depois de duas — agora três — gestações, a tê-la grávida em meus braços.
— Nos tornamos expert nisso, hein? — pergunto.
— Em quê?
— Fazer bebês.
— Eu estou me aposentando depois dessa aqui, fique sabendo.
— Droga, lá se foi minha chance de termos uma orquestra.
Fallon se afasta para poder me olhar, aquele sorriso malicioso que eu tanto amo, em seus lábios.
— Mas ainda podemos praticar. Eu estou sempre disposta a fazer isso, você sabe.
Dou risada, beijando brevemente seus lábios.
— Minha gatinha selvagem — sussurro. — Eu te amo.
Fallon repousa a cabeça em meu ombro novamente, suspirando.
— Mais um e contando.
Rio outra vez, mas ouço seu sussurro:
— Eu te amo mais, Atlântico.
FIM
~•~
MDSSSSSSSSSSSSSSSSSS EU NÃO ACREDITO QUE ACABOU MSM!!!!!
Gente, quem mais chorou com esse final?😭😭😭😭
Eu fiquei pensando em como encerraria o livro, e acho que esse final não poderia ser melhor, e espero de coração que vcs tenham gostado!
Se está curiosx para saber um pouco mais da história, segue p capítulo de agradecimento e CURIOSIDADES SOBRE O LIVRO, além de conhecer outras obras minhas caso ainda não tenha lido!
Pra quem não vai seguir p esses capítulos, já recomendo aqui “AMOR INSANO” livro que estou escrevendo e postando no momento!
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2bjs, môres♥
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