³⁹|ᵃᶻᵘˡ-ᶜᵉˡᵉˢᵗᵉ

1.
“Azul-celeste é o tom mais calmante do azul que ajuda a pessoa a relaxar… [e] é também uma cor que inspira segurança e serenidade
2.
Celeste vem do latim 'caelestis, e' ou 'coelestis, e', «relativo ao céu”

FALLON


Brittany tem tentado me convencer a virar uma Swiftie. Sério, todos os dias ela me apresenta uma música nova da Taylor. As vezes ela põe no som do carro quando me dá uma carona ou, como ontem, me empresta sua conta no Spotify. Apesar de não ser nenhum pouco sutil, Brittany está, de fato, conseguindo me converter. 

Estou ouvindo "Wildest Dreams" enquanto trabalho em uma redação, na biblioteca. Tenho me esforçado mais na escola ultimamente do que em toda a minha vida. Não só porque quero deixar minha irmã orgulhosa ou porque prometi isso ao Atlas também, mas porque percebi — um pouco tarde, confesso — que se eu quero um futuro e estudar é um dos primeiros passos.

Quando percebi isso, foi um choque. Até pouco tempo eu não suportava pensar no futuro porque estava decidida a não ter um. Mas eu mudei de ideia ao perceber também que eu não poderia desistir; não depois de tudo o que passei e sobrevivi. Foi uma merda e tem dias que parecem que eu ainda estou naquele quarto escuro, encolhida na cama, mas está ficando melhor. Com a ajuda de Atlas, Portia, meus amigos e a Dra Rossi, eu me dei conta que sim, é possível ter um futuro mesmo que a vida tenha fodido com você no passado.

Com os meus miolos estourando, ponho o ponto final, terminando a bendita redação. Ainda vou pedir para algum dos meus amigos ou Atlas para revisar, mas acho que me saí melhor que na última.

Falando em amigos, meu celular vibra em cima da mesa e eu o pego.

B: Onde vc tá? Te procurei pela escola inteira.

Eu: Biblioteca. Oq aconteceu?

Enquanto espero sua resposta, arrumo minhas coisas na mochila.

Sua mensagem chega quando já estou saindo da biblioteca:

B: Tarde das garotas. Me encontra no estacionamento.

Eu: Ok.

No caminho para os corredores, mando uma mensagem para minha irmã, avisando sobre os planos de Brittany. Eu mandaria para Atlas, mas eu não quero incomodá-lo, já que está dando aula de piano — ele saiu mais cedo que eu para isso. Estou realmente orgulhosa dele, que finalmente está fazendo algo que gosta e ainda ganhando dinheiro com isso.

Faz-me lembrar da faculdade. Eu ainda não decidi o que vou fazer. Ninguém em específico tem me pressionando sobre isso, além da minha consciência e os cartazes espalhados pela escola ou os panfletos vivendo tranquilamente dentro da minha mochila. Sei que posso escolher quando estiver na faculdade, mas também não decidi para qual quero ir. Seria legal se eu conseguisse uma bolsa — não quero que Portia tenha que lidar com toda as despesas — então preciso avaliar direito minhas escolhas.

— Hey. — Sorrio para Brittany quando chego ao estacionamento, vendo que ela já está dentro do carro.

— Oi. — Ela desliza os óculos escuros para cima dos cabelos. — Entra aí.

Dou a volta no carro, entrando pelo lado do motorista e me acomodando antes de ouvi:

— Surpresa!

— Wow — digo, virando-me para ver Sage e Macy sentadas no banco de trás. — Vocês quase me mataram do coração!

As duas riem, enquanto Brittany sai do estacionamento da escola.

— O que estão fazendo aqui? Achei que só nos veríamos na primavera — comento, lembrando-me que foi isso que combinamos no ano novo.

— Pensamos em fazer uma surpresinha — Sage dá de ombros.

— Legal. — Sorrio, animada. Eu gostei das duas instantaneamente quando nos conhecemos e fico feliz de estarem aqui agora. — Para onde vamos?

— Minha casa. Preparada para nossas loucuras? — Brittany ergue as sobrancelhas, com um olhar misterioso.

— Acho que sim — arrisco.

A risada de Macy me faz balançar a cabeça e revirar os olhos, mas estou sorrindo quando nos direcionamos para a casa de Brittany.

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Sage, Macy e eu gritamos animadas enquanto observamos Brittany fazer uma performance da Taylor Swift da qual ainda não estou familiarizada, mas confesso que ela está arrasando. Isso é o que provar vários vinhos diferentes faz com você.

Eu relutei contra isso, aliás, mas Brittany disse que estava tudo bem e que seus pais não ligariam, então nós levamos cinco tipos de vinho — todos muito bons — e temos terminado as garrafas com o decorrer da tarde, que foi MUITO animada.

Eu obviamente nunca tive uma tarde das garotas, além da vez que Brittany, Portia e eu fomos comprar os vestidos para o baile. No início achei que ficaria deslocada — elas são amigas há anos e eu sou a novata —, mas não foi nada disso. Sage se ofereceu para pintar minhas unhas, enquanto Macy disse que daria um jeito no meu cabelo.

Então agora estou com uma toalha na cabeça, de roupão, com skin care no rosto. Passamos uma nas outras minutos atrás e estamos esperando dar o tempo para tirar, enquanto assistimos a Brittany.

— Isso aí, garota! — Macy grita, Sage e eu dando gritinhos animados.

Brittany termina, se jogando no sofá ao meu lado em seguida, suspirando.

Entrego a ela minha taça de vinho meio cheia e ela toma tudo num gole só.

— Entendi porque você gosta da Taylor Swift — digo, rindo.

— Ela é incrível.

Brittany apoia o rosto no punho ao virar para mim, encarando-me com seus olhos azuis. Sage e Macy estão agora decidindo a nova playlist.

— Como você está? — pergunta.

— Um pouco bêbada.

Brittany ri, claramente na mesma situação que eu, mas sua expressão suaviza. Não está exatamente séria, mas há uma pitada de preocupação em seu olhar que me faz ficar mais alerta.

— Estou perguntando porque Atlas comentou que você... passou mal outro dia — esclarece então.

— Ah — murmuro.

Acho que Brittany entende minha resposta mal, pois explica:

— Não fica brava com ele. Eu insisti muito porque notei que ele estava preocupado com algo, então só por isso ele contou.

— Não estou brava — garanto a ela. Atlas não falou nada mais que a verdade, sem revelar exatamente o que aconteceu. Além disso, não há nada para esconder. — Eu tive uma crise de pânico, sim, mas estou bem agora. Obrigada por se preocupar.

— Eu sei que você tem sua psicóloga, mas pode conversar comigo se quiser, ok? — Brittany sorri, gentil ao estender a mão e apertar a minha.

— Sim, sim. O bom é que falar com você é de graça.

Brittany revira os olhos, mas nós duas rimos.

Pouco tempo depois, as meninas escolhem a playlist e começamos a dançar e pular em cima do sofá.

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ATLAS


— Você pintou o cabelo? — é a primeira coisa que pergunto a Fallon ao vê-la andando na minha direção.

— Oi, amor. Eu estou bem, sim. Ah, eu tive um ótimo dia. Sim, também estou feliz em vê-lo. — Ela arqueia a sobrancelha, debochada.

Eu estou perdido demais nas mechas azuis escuras de seu cabelo para me desculpar pela minha falta de educação.

— Quando isso aconteceu? — Quando ela está ao meu alcance, eu toco seu cabelo, apenas para confirmar.

— Hoje à tarde. Macy pintou. Gostou? — Ela dá uma voltinha, sorrindo.

Puxo-a pela cintura, colando seu corpo no meu e lhe dando um beijo.

— Você está linda.

— Claro que você diria isso. — Fallon revira os olhos, mas ainda está sorrindo.

— É a verdade.

— Mmmh...

Nos afastamos do carro e eu abro a porta para ela, pegando sua mochila antes de ela entrar e fechando a porta em seguida. Coloco a mochila no banco de trás, antes de dar a volta no carro e entrar também.

— Sua casa ou a minha? — Fallon pergunta quando dou partida, deixando a casa de Brittany para trás.

— Não estou a fim de lidar com a sua irmã hoje — a resposta sai antes que eu possa pensar melhor e pelo canto do olho vejo quando Fallon enrijece.

— Não fale assim, Portia não é uma pessoa má.

— Eu não disse que era.

— Sério? Você praticamente a ignora sempre que estão no mesmo cômodo ou diz coisas como essa.

— Ela não gosta de mim e você sabe. — Me remexo atrás do volante, não querendo discutir com ela. Principalmente sobre sua irmã.

— E você não está ajudando. O que há entre vocês? De verdade, eu sei que não é mais sobre ela implicar com você por achar que é culpado de eu ter tido uma overdose há tantos meses atrás.

Suspiro, perguntando-me porque eu tinha que ter aberto a boca. Esperava que meu humor azedo não aparecesse quando eu estivesse com Fallon hoje, mas aqui está. Uma frase mal colocada e eu estou causando uma DR.

— Atlas — Fallon chama quando não digo nada.

— Eu não consigo acreditar que ela nunca percebeu o que seus pais faziam com você — confesso o que eu só disse a própria Portia.

Fallon fica em silêncio no carro e eu arrisco olhar para ela de relance, vendo que encara o painel do carro.

— Você culpa ela também... pelas agressões dos meus pais — Fallon contesta.

— Sim.

Com a atenção fixa na estrada outra vez, vejo pelo canto do olhos quando ela balança a cabeça.

— Eu sei que você se preocupa comigo e aparecio isso, mas Portia não merece sua raiva. Eu entendo que você pense assim... porque as vezes eu pensava, mas não a culpo. Não mais, pelo menos, e você também não irá, ok?

Não respondo. Não me arrependo de nada do que eu disse a Portia naquele dia e não vou começar a pensar diferente tão cedo.

— Prometa-me que tentará ser mais amigável com ela, por favor. Por mim.

Porra.

— Tudo bem, mas isso não significa que eu mudei de pensamento.

— Ok.

Ficamos em silêncio, até Fallon dizer:

— Podemos ir para sua casa.


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Deixando a água cair, fecho os olhos e tento focar na água escaldante queimando minhas costas, e não no motivo dos nós dos meus dedos estarem machucados.

Eu quase nunca minto. Odeio mentiras, mas quando Fallon, minha mãe e meu pai perguntaram porque minha mão estava machucada, eu disse que machuquei sem querer na janela do carro. Eu não podia contar a verdade a eles. Principalmente a Fallon. Não sei se mudaria a forma como ela me vê. Eu não quero que ela pense que sou assim sempre.

Apesar do que fiz, não me arrependo ou me envergonho. Talvez tenha consequências, mas já está feito e apesar da leve dor de cabeça e do meu humor ruim hoje, minha consciência está mais do que limpa.

Para ser sincero, acredito que minha mudança de humor tem mais a ver com o nervosismo e a ansiedade, do que outra coisa. Até agora ainda não recebi uma resposta da Juilliard School sobre a minha avaliação. Tenho tentado não pensar muito nisso, mas tenho obviamente falhado.

Abro os olhos quando ouço a porta do box abrir e encaro Fallon... que está nua.

— Se importa? — pergunta, indicando o chuveiro com o queixo.

— Nenhum pouco. — Ela me lança um olhar, entrando no box, enquanto eu mudo a temperatura da água. — Assim está bom?

— Sim, obrigada.

Fallon fica de costas para mim, arqueando as costas ao ficar debaixo do jorro de água. Minha atenção vai para sua bunda empinada, lembrando-me que nunca terminamos o que começamos no sofá antes de nossos amigos nos interromperem.

— Você já terminou? — Ouço a voz de Fallon e ergo os olhos, vendo que a mesma me encara.

— Desculpe — murmuro, corando.

Ela ri.

— Eu estava falando do banho, seu bobo.

— Ah. — Pigarreio, percebendo que estou aqui parado como um idiota.

Pego o shampoo, mas Fallon se vira para mim, tomando da minha mão.

— Eu faço isso.

Eu não a impeço, observando-a por um pouco do produto na mão, antes de devolver para a pequena prateleira embutida na parede e se aproximar um pouco mais, ficando na ponta dos pés para aplicar o shampoo em meu cabelo.

Seguro sua cintura com ambas as mãos, não apenas para firmá-la, mas para tocá-la também. Então enquanto suas mãos leves como plumas enxaguam meu cabelo, faço carinho em sua cintura, encarando o sorrisinho em seus lábios. De alguma forma, ela consegue parecer fofa e sexy ao mesmo tempo.

— Você sempre fica duro quando alguém enxagua seu cabelo? — Fallon arqueia a sobrancelha, ciente do que está fazendo comigo.

— Apenas quando é você.

Ela semicerra os olhos e segundos depois, sinto meu cabelo ser esticado.

O gemido que deixo escapar não tem nada a ver com a dor.

— Para o chuveiro, masoquista.

Sorrio, lhe roubando um beijo, antes de entrar debaixo da água e lavar o cabelo.

Um minuto depois, desligo o chuveiro e fazemos o mesmo processo, mas dessa vez com o condicionador.

Quando estou terminando e enxaguar o cabelo com a água pela segunda vez, abro os olhos de repente, olhando para baixo, para Fallon de joelhos, acariciando meu pau com sua mão.

Minha respiração engata rapidamente quando Fallon me leva inteiramente em sua boca, chupando com tanta força que reviro os olhos, precisando me apoiar com a mão na parede, ao mesmo tempo que minha cabeça cai para trás, um longo gemido deixa deixando meus lábios. O prazer se desenrola rapidamente e temo que eu não aguente muito tempo, quando Fallon diminui o ritmo. Ela tira meu pau da sua boca, dando um beijo lento e firme na ponta, enquanto olha para mim através de seus cílios longos com seus olhos mais escuros que o normal, turvos de prazer como os meus devem estar.

Eu estou tremendo todo quando Fallon  arrasta sua outra mão para cima e para baixo no interior das minhas coxas, arranhando-me e me arrancando gemidos, enquanto observa tudo atentamente.

O prazer cresce em meu interior, ao mesmo tempo que é torturante o seu ritmo lento, desenrolando-se como uma onda branca e quente, até eu estar balbuciando seu nome.

É o seu sorriso malicioso que me dá coragem para puxá-la para cima e tomar seus lábios, engolindo seu gemido de surpresa e pegando-a no colo.

Suas pernas se enrolam em minha cintura quando abro a porta do box, levando nós dois para fora sem me separar dela, perdido em seus lábios, minhas mãos cavando sua bunda enquanto respingos de água caem, molhando o piso.

Não me importo com isso, que estamos ambos molhados, ao colocar Fallon na cama. Dou-me um momento para olhá-la assim: apoiada nos cotovelos, algumas mechas úmidas de seu cabelo caindo por seu ombro, os seios redondos e firmes, com os mamilos rosados. Desço meus olhos até os pelinhos escuros, escondendo o lugar onde quero desesperadamente estar.

— Eu vou gozar se você continuar me olhando assim — Fallon diz com um suspiro.

— Eu quero chupar você — confesso, meu polmo de Adão subindo e descendo.

— Na segunda rodada. Agora eu preciso de você. Dentro de mim. — Fallon estende a mão para mim e eu vou, ficando entre suas pernas, meu pau cutucando sua coxa.

— Você quem manda — sussurro, beijando a curva do seu pescoço e apalpando seu seio. Ela é tão linda que é fácil para mim me perder nela toda vez que fazemos amor, memorizando cada curva, cada cicatriz sua.

Afasto-me momentaneamente dela para pegar uma camisinha na mesa de cabeceira. Abro e visto-a o mais rápido que consigo.

Voltando a ficar entre as pernas de Fallon, tomo seus lábios com os meus. O desespero de minutos atrás é substituído por uma necessidade mais carinhosa, mas ainda carregada de excitação quando eu entro nela. Nós dois suspiramos com a sensação, o prazer crescente que me faz precisar de um segundo antes de começar a me mover.

Fecho meus braços ao redor de Fallon, os seus abraçando meu pescoço enquanto mantenho um ritmo lento, fazendo amor com ela como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Eu me perco com a união dos nossos corpos, como me perdi na primeira vez que estivemos juntos, sabendo que estava perdido para sempre, feliz em encontrá-la.

Fallon fecha os olhos, jogando a cabeça para trás, gemidos saindo de seus lábios quando balança os quadris, querendo mais, murmurando.

Eu atendo seu pedido, capturando seus lábios, transformando nosso ritmo lento em estocadas mais rápidas e profundas, observando quando ela arqueia as costas, arfando. Uma gota de água desce lentamente por seu pescoço e a pego com a língua, seguindo até sua boca e beijando-a outra vez. Fallon choraminga, seus dedos puxando meus cabelos e suas unhas arranhando meu coro cabeludo. Eu não ligo para a dor, ela é a minha gatinha selvagem e eu a amo.

Eu sussurro isso a cada estocada, querendo que ela nunca esqueça o quanto ela é incrível, como eu amo seu sorriso, assim como amo a forma que ela estremece ao gozar. Que eu adoro sua risada, e amo também a forma como ela geme meu nome sempre que estou lhe dando prazer. Digo a Fallon que ela foi a minha primeira e será a minha última, não importa o quão cafona isso soe, porque Fallon Marshall é o amor da minha vida.

— Eu te amo daqui até a lua — sussurro para ela, sentindo o prazer começar a explodir para nós dois. — E eu vou te dizer isso mais vezes do que a quantidade de estrelas que existem no céu.

— Atlas... — Meu nome se transforma num gemido quando ela goza, aquele estremecimento passando por seu corpo.

Com mais algumas estocadas, eu atinjo o clímax em seguida, murmurando contra seu pescoço, até que ela me beija, preguiçosa e desajeitadamente.

Ficamos assim por um tempo, apenas nos beijando enquanto os últimos resquícios do prazer se transforma num cansaço agradável e sonolento.

Saio de dentro dela, indo rapidamente ao banheiro para jogar a camisinha fora, antes de voltar. Também visto uma cueca e pego uma camisa minha para Fallon, porque está frio.

Depois nos aconchegamos na cama outra vez, com Fallon deitada com metade do corpo em cima do meu.

Ela levanta o rosto de repente, apoiando uma mão no punho, com a outra acariciando meu rosto. Beijo seu punho, meus dedos que estavam em seu cabelo, descendo para acariciar a curva da sua cintura.

— Eu nunca pensei que eu fosse amar algum dia — Fallon diz, sua voz suave. — Parece idiota, porque eu sou nova, mas eu também não esperava viver por muito para amar alguém, de qualquer forma.

— Odeio que você tenha pensado assim um dia. E sinto muito. — Dou outro beijo em seu pulso, enquanto ela retribui com um sorriso triste.

— Eu também. Mas o que estou querendo dizer é que além de querer viver, eu quero amar você durante todos os dias. — Suas bochechas ficam vermelhas, mas não parece envergonhada em confessar isso ou notar que eu parei de respirar por um segundo. — Você não é só o meu namorado, você é o meu melhor amigo e sinto-me grata por termos isso. Sinto-me grata por ter você, apesar de como tudo aconteceu. Você viu todas as partes feias minhas e ainda ficou, lutou por mim e eu sempre vou te amar por isso. As pessoas nunca levam a sério quando nós, jovens, dizemos que encontramos o amor da nossa vida, que ainda temos muito a viver, mas eu quero viver tudo com você, porque você, Atlas, é o amor da minha vida.

Minha única reação é beijá-la, porque palavras são algo distantes para mim agora, além dessas que ela acabou de dizer e que eu recito em minha mente de novo e de novo quando fazemos amor novamente.

←↑↓→

Eu trouxe Fallon para casa antes das 22h, apesar de querer que ela passasse a noite comigo. As palavras ditas por nós dois em meu quarto paira na nossa bolha de felicidade, sendo confirmada pela sorriso que ela tem nos lábios e a pele corada.

Minha namorada me convence a entrar, dizendo que Portia mandou mensagem avisando que pediu pizza. Fallon disse que eu poderia dormir aqui também, mas eu ainda não estou certo disso quando entramos na casa.

— Oi, oi — Fallon diz à irmã, que está sentada no sofá com Osmar, assistindo, enquanto eu os cumprimento com um "Boa noite."

— Ei. Tudo bem? — Portia pergunta, observando Fallon enquanto tiro seu casaco. Ela não fala nada sobre as mechas azuis da irmã, então presumo que Fallon tenha lhe contado ou mandado uma foto.

— Tudo ótimo. Espero que tenham deixado pizza pra gente — Fallon responde.

— Tem uma na mesa, mas não graças a sua irmã — Osmar comenta. — Parece que ela tem um bucaro negro na barriga.

Portia dá um tapa em seu peito, revirando os olhos.

— Cale a boca, idiota.

Fallon dá risada, passando pelos dois e eu a sigo. Apesar de ter dado boa noite aos dois no sofá, aceno para eles ao passar.

De fato, há uma pizza de calabresa na cozinha e Fallon pega uma fatia antes de ir abrir a geladeira. Eu não estou com fome, então não me sirvo. Ela arqueia a sobrancelha para mim quando não me vê comendo e eu devolvo arqueando a minha. Ela revira os olhos e volta a mexer na geladeira.

— Ei, você ficou sabendo do que aconteceu? — Ouvimos a voz de Portia da sala.

— Sobre? — Fallon pergunta, tirando uma jarra de suco da geladeira.

— Aquele cara que encontraram perto da saída da cidade, todo ensanguentado.

— Hã... não? Era alguém que você conhecia?

— Na verdade, sim. — Portia entra na cozinha, trazendo dois pratos sujos com ela e colocando na pia. De costas para nós, enquanto lava a louça, continua: — Lembra daquele amigo do papai que passou um verão lá em casa uma vez? Você tinha uns treze anos, acho.

Eu registro o exato momento em que Fallon fica tensa, parando no meio de uma mordida. Lentamente, ela abaixa o pedaço de pizza, a jarra também esquecida.

Portia não nota a mudança em sua irmã ou que eu estou congelado desde o momento que ela entrou na cozinha.

Alheia, a mais velha continua:

— Enfim, foi ele. Parece que foi um assalto, o que é estranho porque não levaram a caminhonete dele. Ao invés disso, deram uma bela surra no coitado. — Portia balança a cabeça enquanto lava os pratos. — Fico me perguntando que tipo de pessoa faria isso. Espero que encontrem o responsável e façam justiça.

Os olhos de Fallon voam para minhas mãos machucadas, permanecendo lá por alguns segundos e eu observo as engrenagens do seu cérebro trabalharem antes de ela erguer os olhos e me encarar.

Há uma pergunta nesse olhar, uma para qual ela encontra a resposta no que quer que ela veja em meu rosto.

O seu, porém, não revela nada apesar do que acabou de descobrir.

Fallon limpa as mãos na calça jeans, pigarreando.

— Não, eu não tinha ficado sabendo disso — diz à irmã. Para mim, é: — Acabei de lembrar que esqueci o meu celular no seu carro. Pode ir pegar comigo?

Ela não espera a minha resposta ao passar por mim e sair. Eu vou atrás dela, sentindo o tremor em minhas mãos.

Do lado de fora, Fallon para perto do meu carro. Eu me obrigo a encará-la, encontrando apenas seu rosto inexpressivo.

— O Morris. Voce fez isso — não é uma pergunta.

Eu digo mesmo assim:

— Se eu não tivesse sido impedido, eu o teria matado.






←↑↓→

Oi, pessoas!

Tá aí mais um capítulo, espero que tenham gostado!

Esse foi provavelmente o último hot do livro, pois já estamos na reta final.

A demora da atualização se deve ao fato de eu estar tentando adiantar alguns capítulos de "Amor Insano", então desculpem 😔

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