⁶|ᵛᵉʳᵐᵉˡʰᵒ

1.
"O nosso "vermelho" vem do latim vermiculus, diminutivo de vermis ("verme"). Essa palavra também existe em inglês, francês etc., mas não é muito comum: vermillion.
2.
A cor vermelha significa paixão, energia e excitação. É uma cor quente. Está associada ao poder, à guerra, ao perigo e à violência. O vermelho é a cor do elemento fogo, do sangue e do coração humano."

FALLON

Quando o despertador toca, às cinco e meia da manhã, já estou acordada. Não dormi muito bem e acordei suando, depois de ter um pesadelo, mas fiquei na cama e ouvi quando papai chegou do trabalho, às 4h; ouvi mamãe levantar às 5h para fazer café e estou ouvindo ela chamar minha irmã, Portia, para que não se atrase para o trabalho. Ela passa pelo meu quarto também, mas não me chama como fez com sua filha preferida.

Minha irmã dormiu aqui noite passada, como sempre faz quando papai fica de plantão, para não deixar mamãe e eu sozinhas, apesar de nos dias normais ela ir para a própria casa. Ela se formou há dois anos, mas voltou para essa cidade para ficar com nossos pais. Somos muito diferentes, pois quando eu for para faculdade, não vou voltar para cá uma única vez. Se é que eu vou mesmo. Não sei se vou aguentar os próximos meses.

Levanto da cama, indo para o banheiro. Tiro minhas roupas, tentando não encolher ao ver as manchas roxas na perna. Achei que já teria saído depois de uma semana. Por sorte, o cinto pegou na coxa, então o short conseguiu cobrir. Mas no rosto, quando olho no espelho, é mais complicado e mais recente, então terei que usar maquiagem de novo.

Ligo o chuveiro e sento-me na banheira, abraçando os joelhos. Fico assim por um bom tempo, sentindo a água fria escorrer por minha pele e se misturando com minhas lágrimas.

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— Sabe, ontem eu estava na casa da senhora Davis — minha mãe está dizendo. Estamos tomando café da manhã. — Mulher do Xerife Franklin.

Merda merda merda.

— O Xerife chegou depois e disse ter visto você, Fallon, com Atlas Campbell — o olhar de minha mãe me faz arrepiar. — Achei que seu pai e eu deixamos bem claro que não queríamos você com o filho do prefeito.

Quase posso sentir a mão de algum dos dois em meu rosto.

Abro a boca para explicar ou talvez contar uma mentira, quando minha irmã se adianta.

— Ela estava comigo — todos olhamos para Portia. O cabelo curto acima dos ombros está solto e sua maquiagem é leve, realçando sua beleza natural. — Eu a busquei na escola e nós fomos comer alguma coisa. O Xerife deve ter se confundido.

Dou um sorriso de agradecimento a minha irmã, mesmo ela não sabendo que provavelmente me livrou de um castigo que me deixaria com mais marcas no corpo. Portia não sabe o que acontece quando ela não está, que meus machucados não são porque entrei em brigas no colégio ou caí da escada. Eles podem ser pais horríveis para mim, mas foram e ainda são bons para ela, não quero destruir essa imagem.

Eles parecem acreditar nela e quase suspiro de alívio.

— Quer uma carona pra escola? — Portia pergunta para mim, parecendo já ter terminado de comer.

— Claro.

Desejamos um bom dia para os nossos pais e saímos. Está frio, como sempre, então estou de moletom, saia e meia calça fishnets e botas. Não ligo para a minha aparência, apesar de gostar de usar preto.

No carro, não falo muito. Portia está me contando sobre como quer mudar a decoração da sua casa e eu apenas balanço a cabeça ou murmuro alguma coisa. Eu amo a minha irmã, mesmo nossos pais querendo que eu sinta inveja dela e a odeie por receber o amor que nunca me foi dado.

— Ei, você está bem? — Portia pergunta, notando meu silêncio. 

— Sim, só... — conte a ela, conte o que está acontecendo, fale sobre o dia que seu braço quebrou de tanto que você apanhou. Conte que seu pai lhe bate quando fica bêbado, que a mamãe não faz nada para ajudar. Conte que quando quebrou a perna aos seis anos não foi porque caiu. Conte, conte, conte.


— Só...? — mas ao encarar os olhos verdes escuros de minha irmã – idênticos aos de nosso pai – não tenho coragem. Não posso fazer isso com ela, então dou de ombros.

— Estou um pouco cansada porque fui dormir tarde fazendo atividade.

— Hum... Falando em atividade... Você está saindo com o filho do prefeito? Porque nós duas sabemos que você não estava comigo ontem.

— O que atividade tem haver com o filho do prefeito? — tento fugir da pergunta, mas minha irmã me lança um olhar de irmã mais velha. Suspiro. — Ele só estava se sentindo sozinho e me chamou para comer alguma coisa. Nada demais

— Sei...

— Portia.

— Tá, tudo bem. Mas pode conversar comigo se quiser. Sobre garotos ou qualquer outra coisa. Você sabe, não é? — o sorriso hesitante dela me faz querer chorar.

— Eu sei e... obrigada.

— Irmãs são pra isso, né?

— Sim. São sim. — porém, não consigo lhe contar a verdade.

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Na aula de francês, rabisco no meu caderno de desenho. Não são desenhos exatamente, como eu disse, apenas rabiscos, mas que me fazem relaxar, de alguma forma. É como se minha cabeça vivesse em um barulho constante: minha mãe gritando comigo, listando os vários motivos de eu ser imperfeita e uma filha que só lhe trás decepções; o barulho do cinto entrando em contato com minha pele; meu próprio choro; coisas quebrando... Mas quando desenho, estou tão concentrada que... para. Eu consigo respirar de novo.

E estava tão concentrada em poder respirar de novo, que não percebi que o professor estava falando comigo.

— Senhorita Marshall, está de acordo com isso? — o professor Jackson está me encarando, assim como toda a classe.

— De acordo? — vasculho em minha mente conturbada, procurando qualquer coisa que possa me ajudar agora, mas não registrei nada do que aconteceu nos últimos minutos.

— Sim, senhorita Marshall. Concorda em fazer o trabalho com o senhor Campbell?

Meus olhos disparam para os de Atlas um segundo depois. Ele está me olhando de modo esperançoso, com certeza tendo esquecido o que disse sobre me deixar em paz.

Estou prestes a dizer não, quando os lábios de Atlas formam as palavras "por favor". E mesmo querendo negar, a súplica em seus olhos não me deixa fazer isso.

— Tudo bem.

No final da aula, Atlas está me esperando. O que é bom, porque quero falar umas coisinhas para ele.

— Mas que porra você tá fazendo?

— Bom dia para você também. — Atlas sorri e sinto meus joelhos falharem, mas me mantenho firme.

— Não tem bom dia. Não quando você deixa claro pra classe inteira e provavelmente o colégio inteiro, que temos alguma... ligação. — porque com certeza todos nesse maldito colégio de merda já devem saber que o garoto perfeito, vulgo Atlas Campbell, quis fazer um trabalho com a garota problema, vulgo eu.

— Eu não me importo com o que as pessoas acham, tá legal? Eu só quero fazer o trabalho com você. — a sinceridade em seus olhos... Eu não esperava por isso.

— O que você quer? Deixa eu adivinhar... Você quer transar? Nós brincamos um pouco e agora você quer mais?

— O quê? Não! Eu não... — Atlas me olha incrédulo por alguns segundos e depois passa as mãos no rosto — Não quero usar você — ele abaixa as mãos. — Eu só... Desculpe.

Atlas curva os ombros, engolindo em seco. Eu não devia ter falado com ele assim. Não devia mesmo. Mas estou tão acostumada a ser procurada apenas para sexo, que quando algum garoto se interessa por mim por outro motivo, eu faço o que fiz agora.

— Não precisa se desculpar — descruzo os braços, uma postura defensiva que não percebi que mantinha. — Eu que tenho que pedir desculpas. Fui meio babaca.

Não falamos por quase um minuto inteiro. Eu não sei o que dizer a ele. Talvez eu devesse explicar que não estou acostumada com isso e que ele foi o único garoto que me tocou de forma que fez com que eu me sentisse eu mesma pelo pouco tempo que durou.

— Nós devíamos... — ele diz, ao mesmo tempo que eu digo:

— Eu sou...

Nós nos encaramos e rimos.

— As damas primeiro. — cavalheiro como sempre.

— Eu estava dizendo que sou péssima em francês.

— Que sorte que você tem a mim como parceiro.

Reviro os olhos.

— Então... Onde vamos fazer? — mordo o lábio e seus olhos acompanham o movimento. Atlas engole em seco.

— Podemos fazer na minha casa. Meu pai está sempre trabalhando e minha mãe vai passar uma semana no spar. Então...

— Podemos ir agora?

— Agora? Tipo, agora mesmo?

— Você não é do tipo que fila aula, né? — dou risada, não me surpreendendo. — Vamos lá... É só hoje.

— Não sei, não...

— Não seja careta. Faltar um dia não vai fazer mal algum.

Ele me olha por um tempo, mas por fim, cede.

←↑↓→

Só devo ter vindo a casa do prefeito umas duas vezes antes do último domingo. A mulher dele costuma dar festas sem motivo algum e minha mãe gosta de arrastar todos nós para elas, para que banquemos a família perfeita.

Atlas nos guia escada acima, até seu quarto. É sofisticado e grande. E claro, bem arrumado. A cama com dossel maior que a minha e com mais travesseiros do que posso contar. Sua escrivaninha não tem um só papel fora do lugar e sei que se eu for olhar seu closet, encontrarei roupas separadas por cor e tamanho.

— Tudo aqui é tão... intocado. — é a primeira coisa que digo depois de entrarmos.

Atlas ri, colocando sua mochila na cadeira da escrivaninha.

— Acho que vou considerar isso como um elogio.

Vou até uma mesa perto da janela, onde uma coisa me chamou atenção. Um toca-discos. Minha avó tinha um, mas era bem menos sofisticado que esse.

Ponho um disco qualquer para tocar e uma música lenta e calma preenche o cômodo. Não conheço a música, mas é legal.

Viro-me para Atlas, que está parado com as mãos dentro do bolso. Vou até ele.

— Quer dançar? — pergunto, já passando os braços ao redor do seu pescoço. Atlas fica imóvel — Quando uma garota faz isso, você tem que colocar as mãos na cintura dela — digo baixinho. — Não faz isso com sua namorada?

— Sim, sim... Eu só... — ele engole em seco, mas faz o que falei e suas mãos apertam minha cintura.

Damos passos lentos paro os lados, quase não se mexendo de verdade.

— Olhe em meus olhos, Atlas — peço, brincando com os cabelos em sua nuca. Ele me obedece mais uma vez. Suas mãos apertam minha cintura de novo, talvez em um tic nervoso. — Deixo você nervoso?

— Sim — sua voz não é mais que um sussurro. — Sim, você deixa.

— Por quê?

— Porque gosto de você.

Não deixo que as palavras sejam absorvidas. Digo ao meu coração que pare de bater tão rápido e tento acalmar aquele negócio em meu estômago.

— Até dois dias atrás, nunca tínhamos trocado uma só palavra. Como pode dizer que gosta de mim?

— É um mistério que ainda não resolvi. — ele sorri e é tão lindo... Tão lindo que preciso desviar o olhar.

Apoio a cabeça em seu peito e ponho a mão acima do seu coração.

— Consigo sentir seu coração — murmuro, lembrando que essas foram as palavras dele ao me tocar. — Ele está acelerado.

Atlas acaricia meu cabelo.

— Ele começou a ficar assim toda vez que você está perto.

Fecho os olhos, desejando não ter ouvido isso ao mesmo tempo que gostei bastante.

Isso é tão perigoso. Me aproximar dele, olhar para ele, tocar nele. Quanto tempo isso deve durar? Uma semana? Duas? Um mês? Quanto tempo até ele perceber que sou um caos completo? Que sou instável e tenho crises diariamente?

Eu não sei e não quero descobrir. Pelo menos não agora. Não aqui, com ele, quando aquele barulho em minha mente parou e tudo o que ouço é apenas o seu coração batendo rápido. Um som tão lindo de ouvir que eu  poderia gravar e ouvir sempre, como minha música preferida.

— Atlas?

— Sim?

— Eu também gosto de você.

ATLAS

Eu também gosto de você.

Essas cinco palavras estão se repetindo em minha mente como um disco arranhado.

Fallon gosta de mim. Ela gosta de mim. Não quero pensar no que isso deveria significar. Não me permito pensar em Brittany também, em como estou sendo um canalha ao me encontrar com a Fallon enquanto ainda namoro.

— Você quer beber alguma coisa? — pergunto, depois de um tempo. Ela ainda está com a cabeça em meu peito, provavelmente ouvindo como meu coração bate descontrolado. Deve estar me achando um idiota.

— Você está me oferecendo suco ou vinho?

— Você quer vinho?

— Quero.

— Tudo bem. — mas não me movo de onde estou, abraçando sua cintura e alisando seu cabelo. Parece algo fútil de se fazer, comparado as... outras coisas. Mas ao mesmo tempo é mais íntimo também.

Hoje mais cedo, achei que ela não aceitaria fazer o trabalho comigo. Estava tão concentrada naquele caderno que não ouviu quando eu disse ao professor que faríamos o trabalho juntos. Ela estava certa em uma coisa: com certeza vão falar sobre isso, mas eu também fui sincero com ela ao dizer que não me importo e que não estava interessado em sexo. Eu apenas... gosto de estar com ela.

— Você devia ir pegar o vinho. — dessa vez Fallon se afasta. Observo-a pôr uma mecha do cabelo atrás da orelha e depois leva as mãos atrás das costas.

— Tudo bem. — repito. Olho para ela por mais alguns segundos antes de sair.

Meu pai está trabalhando e só volta à noite e minha mãe resolveu passar uma semana no spar, na cidade grande. Segundo ela, aquela festa lhe exigiu muito. Meu pai diz que ela só arrumou outra forma de torrar nosso dinheiro. Então a casa é só minha até às 19h00.

Na adega de meu pai, escolho a marca de um vinho que já tomei uma vez, das poucas vezes que bebi algo com álcool. Pego duas taças e volto para o quarto.

Fallon está sentada no chão, as costas apoiada no baú que fica na frente da minha cama.

— Parece que você andou mexendo nas minhas coisas. — comento ao ver que ela tem meu baralho em mãos. Sento ao seu lado.

— Eu achei por aí. — ela dá de ombros. Balanço a cabeça, sorrindo enquanto ponho vinho nas taças.

— Você sabe jogar? — lhe entrego uma das taças.

— Eu tenho meus truques — Fallon bebe o vinho e suspira. — Nossa, esse é um dos bons.

Ela bebe um pouco mais e depois deixa a taça de lado, batendo palminhas.

— Vamos jogar.


— Você me deixou ganhar. — Fallon resmunga, uma hora depois.

— Eu jamais faria algo assim. — me defendo com um sorriso. A garota semicerra os olhos e aponta o dedo para mim.

— Você roubou!

Você ganhou!

— Você me fez ganhar!

Nós nos encaramos como na escola e depois rimos.

— Você é um péssimo jogador. — Fallon fica de pé, levando a taça consigo. Perdi a conta de quanto ela bebeu, enquanto eu não saí da segunda.

Junto todas as cartas, deixando em cima do baú junto com a garrafa de vindo. Quando levanto, Fallon está dançando a música que ainda está tocando. Sento-me na cama, com as costas apoiadas na cabeceira e observo como ela se movimenta de modo suave e lento.

Ela é encantadora. E você está encantada por ela.

De fato.

Fallon percebe o meu olhar e mesmo daqui consigo ver o rubor em suas bochechas. Eu não a tinha visto corar até agora. Mas não comento sobre isso, pois eu estou sempre corando em sua presença e ela nunca tirou sarro de mim por isso, apesar de eu já ter notado como seu sorriso fica mais amplo quando ela percebe o que faz comigo.

Fallon termina o vinho e deixa a taça perto da garrafa, subindo na cama.

— Você sempre fica me olhando desse jeito e tenho quase certeza que não estava pensando na Brittany agora.

— Não, não estava.

Ela me olha por um tempo e em um piscar de olhos, está sentada em meu colo. Meu coração vai de zero a dez tão rápido quanto. Deixo que ela pegue a taça em minha mão e beba o resto do vinho.

— Eu não ia beber isso mesmo. — tento sorrir, mesmo enquanto meus lábios parecem tremer.

Fallon sorri, passando a língua pelos lábios. Ela põe a taça na mesa de cabeceira ao lado, se mexendo em meu colo ao fazer isso. Tento não pensar em como estamos próximos para não... me animar lá embaixo. Não quero que ela pense mal de mim. Mas fica ainda mais difícil de me controlar quando ela tira o moletom e depois a camisa que usava por baixo, ficando apenas de sutiã.

Não olhe para os seios dela.

Ok. Não vou olhar. A lembrança de seus seus seios em minha pele faz com que eu engula em seco, mas tento afastar a sensação de como foi tocá-la, de sentir...

Se você está tentando não pensar, por que está pensando?

Certo...

— Ok... Temos um problema aqui. — Fallon diz, segurando meus ombros.

— Temos?

— Sim. E o problema é você.

— Eu?

— Estou falando árabe, por acaso?

— Desculpe. — desvio de seus olhos e um momento depois ela está segurando meu queixo, fazendo com que a encare de novo.

— O que eu disse sobre pedir desculpas? — abro a boca para me desculpar de novo, mas ela aperta meu queixo. Fecho a boca. — Muito bem. O problema é que eu estou sentada em seu colo, com meus peitos em sua cara e você não faz nada.

— Não quero ser desrespeitoso com você. — sou sincero, pois não a chamei aqui para isso.

Fallon balança a cabeça, rindo um pouco.

— Você... Você é tão... — ela engole em seco. — Você não é como os outros.

— Achei que já tinha percebido isso. — arqueio a sobrancelha, sorrindo em zombaria.

— Não, eu só... — Fallon volta a balançar a cabeça e depois suspira, me encarando. — Se eu quero que você me toque, não está sendo desrespeitoso. Não precisa se preocupar com isso.

Anuo, apesar de esse não ser o único problema...

— Eu também não... Não sei o que fazer. — não escondo minha vergonha, pois eu queria poder saber o que fazer. Queria saber o que fazer com ela.

— Ei — Fallon segura meu rosto entre as mãos. — Não precisa ter vergonha. Não de mim.

Anuo mais uma vez, encarando seus lábios e desejando tê-los nos meus agora.

— Você quer me beijar? — pergunta, lendo meus pensamentos.

— Sim.

Fallon sorri antes de colar seus lábios nos meus. Ela tem gosto de vinho e algo mais, mas estou me sentindo muito bêbado para poder adivinhar. Sua língua brinca com a minha, ávida e quente, faminta e agressiva.

As mãos de Fallon guiam as minhas, subindo por suas coxas até a sua bunda. Ela aperta. Eu aperto. O gemido que ela dá em minha boca é o meu novo som preferido. E seus lábios, sua boca, sua língua são minhas coisas preferidas nela.

Me pergunto se ela consegue sentir meu coração, com seus seios colados em meu peito ou se consegue sentir lá embaixo, já que ela está rebolando em meu colo. Agora eu estou gemendo, enquanto suas mãos entram por debaixo da minha camisa e suas unhas arranham meu abdômen.

Acabo de decidir que se eu morrer agora, morrerei bastante feliz.

Fallon mordisca meu lábio ao se afastar, mas não totalmente, apoiando sua testa na minha. Seu peito sobe e desce em um ritmo acelerado e a minha própria respiração está ofegante.

— Você... Você beija muito bem. — diz ela, com um sorriso travesso nos lábios.

— Digo o mesmo de você. — consigo responder e sorrir.

— Desculpe se te arranhei. — Fallon se refere a suas mãos em meu abdômen. Levanto meu suéter, revelando as marcas vermelhas que suas unhas deixaram.

— Você é uma gatinha selvagem. — depois que as palavras saem, percebo o quanto foi idiota, mas não posso tomá-las de volta e Fallon já ouviu, pois está rindo desesperadamente.

É claro. É claro que eu tinha que estragar tudo abrindo essa minha boca grande. Por que eu simplesmente não posso ficar calado?

— G-gatinha selvagem! — Fallon cai de costas no colchão, levando as mãos a barriga enquanto ri e há lágrimas em seus olhos.

Consigo sentir meu rosto pegando fogo de tanta vergonha. Ela com certeza não vai querer mais me beijar se toda vez eu for falar algo estúpido assim.

— Desculpa, é que... — Fallon senta na cama, ainda rindo um pouco. — isso foi muito engraçado.

— Estou vendo. — murmuro. Definitivamente, essa é a situação mais humilhante que já passei.

— Gatinha selvagem. — Fallon repete e se ainda não bastasse, ela curva os dedos, fingindo que suas unhas tem garras e diz "miau" voltando a rir.

Cubro meu rosto com as mãos, sentindo que meu rosto está mesmo quente. Queria que abrisse um buraco no chão para que eu pudesse me esconder.

Sua risada se transforma em um murmúrio baixo e ela está em meu colo de novo.

— Eu disse que você não tem que ter vergonha de mim. — Fallon abaixa minhas mãos e vejo que ainda tem um sorriso em seus lábios.

— É meio difícil quando você está rindo da minha cara. — murmuro, não muito feliz de ter estragado o clima.

— Tecnicamente, estou rindo do que você disse — continuo sem sorrir — Deixa disso, vai. Você precisa admitir que foi engraçado — não digo nada. — Você sabe que vou persuadí-lo a falar, não é?

E ela faz isso quando começa a me fazer cócegas. Estou rindo no momento seguinte, me encolhendo e tentando me livrar das suas mãos. Não sei exatamente como acontece, mas em instantes eu consigo trocar nossas posições e fazê-la deitar na cama com meu corpo por cima do seu enquanto seguro seus pulsos contra o colchão.

Fallon ergue as sobrancelhas, aquele sorriso travesso curvando seus lábios.

— Olha só como ele é ágil.

Dou de ombros sorrindo em pouco. Desvio dos seus olhos para o seu pulso e meu sorriso se desfaz. Há marcas. Nos dois. Marcas de mutilação

— O que...

Mas ela já está me empurrando para o lado e ficando de pé.

— Eu deveria ir embora. — toda aquela diversão... se transformou naquele vazio.

— Não, espere...

— Já está ficando tarde e... — Fallon não termina, apenas veste o moletom e pega sua mochila e os sapatos no chão.

— Fallon!

Ela já foi.

Olho em volta, notando que ela esqueceu a camisa. Sei que se eu for atrás dela agora, vai ser pior, então pego sua camisa e volto a deitar, olhando para o teto.

As imagens de seus pulsos me acompanham até nos sonhos.


•~•

Eu amo taaaaaaaanto esse capítulo. O Atlas chamando a Fallon de gatinha selvagem é simplesmente tudo pra mim.

Eles dançando e ela dizendo que gosta dele🤧

Sou muito rendida

Mas e vcs, gostaram????

Esqueci de falar, mas Portia ler "Porsha"

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2bjs, môres♥

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