²¹|ᵉˢᵐᵉʳᵃˡᵈᵃ

1.
"De acordo com a mitologia indiana, esmeralda foi traduzido do sânscrito simbolizando “o verde que cresce nas coisas” e é impossível dissociá-lo do sentido de joia preciosa. Há quem diga também que a palavra possa ter origem grega, e neste caso quer dizer “clarão”, “raio” ou “relâmpago”.
2.
A cor transmite a sensação de autoridade por estar associada a uma pedra preciosa. Além disso, em muitas culturas e religiões, o verde-esmeralda é associado à beleza, à vida nova, ao crescimento, à prosperidade, à regeneração e à cura. “É a tonalidade mais abundante na natureza."

FALLON

Não durmo tão bem há muito tempo. Vir morar com Portia foi a melhor coisa que podia ter acontecido, junto com o Atlas. É quase como se eu pudesse ser uma adolescente normal, com uma namorado legal e uma casa onde eu posso voltar todos os dias e receber o sorriso caloroso da minha irmã.

Eu sei, porém, que isso é temporário. Mas não quero pensar nisso. Eu prometi a Atlas que me esforçaria para conhecer sua mãe e começar o dia com esses pensamentos não irá me levar para um bom caminho.

Portia bate na porta do quarto quando saio do banho vestido meu roupão.

— Pode entrar — digo. Minha irmã entra em seguida, exibindo seu sorriso.

— Que bom que já está acordada. Trouxe algo para você, caso não tenha o que vestir. — Minha irmã dá de ombros e me entrega o saco preto pendurado em um cabide. Há um vestido dentro, sem dúvidas, e eu me preparo quando começo a abrir o zíper.

Que não seja algo rosa.

Não é, eu percebo, com um misto de surpresa e... alegria. Sim, eu definitivamente estou sorrindo ao perceber o vestido preto. Preto. Eu imaginei que, como mamãe, Portia iria preferir algo mais... feminino.

Mesmo naquela festa na casa do prefeito, na noite em que "conheci" Atlas, o vestido foi pura sorte.

— Achei que fazia mais o seu estilo — minha irmã diz quando continuo sem dizer nada.

— Eu... Obrigada, Portia. — Viro-me para ela e antes que dê a próxima piscada de olhos, estou me jogando em cima dela e lhe abraçando. — Obrigada.

Minha irmã mais velha ri, abraçando-me de volta.

— É só um vestido.

Mas não é só um vestido e eu com certeza nunca vou esquecer desse ato.

←↑↓→

Sempre amei ALL Star. Eu tenho o meu há muito tempo e já está surrado, mas não consigo jogá-los fora. Mamãe fez isso uma vez, mas eu simplesmente peguei do lixo. Ela me bateu com eles depois e disse que eu poderia ficar como uma lembrança da minha desobediência.

De alguma forma, estou pensando nisso quando cruzamos a grama do parque, o lago um pouco mais abaixo, como se fosse uma pequena rampa e ele estivesse lá para nos receber se caíssemos.

Meu ALL Star surrado parece um pouco deslocado em todo esse verde e pessoas arrumadas demais para um dia de sol e as longas horas que teremos pela frente nesse piquenique-que-não-é-piquenique.

Portia está ao meu lado, graças a Deus, usando um vestido florido que balança com a brisa leve, despenteando um pouco seu cabelo, mas ela consegue ajeitar com seu jeito glamouroso de sempre, diferente de mim, claro.

Passei um pouco de maquiagem, tentando não parecer tão pálida e ajeitei um pouco mais meu cabelo, que cai em ondas por minhas costas. Ou deveria. Alguns fios simplesmente voam para todas as direções e eu preciso ficar passando as mãos para arrumar.

— Você está nervosa com o quê? — Portia pergunta. Não percebi que ela estava me encarando.

— Nada. Por quê? Tem algo errado em meu rosto? — Toco minhas bochechas, pensando se passei blush demais ou talvez seja o meu batom (estou usando um rosinha da minha irmã).

— Não. Você está linda. Só... Parece ansiosa. Um certo garoto loiro de olhos azuis tem alguma coisa a ver com isso? — Suas sobrancelhas se erguem.

Sinto minhas bochechas corarem e viro rosto.

— Não. Claro que não.

— Own, você é tão fofa. Toda apaixonadinha.  — Sinto sua mão apertando minha bochecha e lhe afasto, fazendo careta.

— Não estou apaixonadinha — minto. Bem, não minto exatamente, pois não sei exatamente o que sinto pelo Atlas.

Portia não parece acreditar muito em mim, mas deixa para lá quando somos abordadas por uma mulher um pouco mais velha. Acho que já vi ela por aí algumas vezes, todo mundo se conhece nessa cidade.

Nós estamos perto das muitas mesas espalhadas pelo local. Uma tenda foi montada mais a frente para a arrecadação. Lá tem todo tipo de gente vendendo todo tipo de comida típica daqui com a intenção de arrecadar dinheiro para o asilo local. Ano passado foi para um orfanato.

Olho em volta, procurando por olhos azuis, mas os que encontro não são os seus.

Brittany não parece feliz em me ver e é óbvio o motivo. Ela está na tenda, ajudando em uma barraca e vejo quando ela se inclina para sussurrar no ouvido da garota mais próxima a ela. Com certeza é sobre mim e confirmo isso quando a menina ergue os olhos para mim e depois dá um risinho. Não ajuda que ela se volte para a garota mais próxima para fazer o mesmo que Brittany.

Certo os dentes e engulo em seco, olhando para qualquer lugar que não seja elas, mesmo enquanto sinto minhas costas arderem com as prováveis palavras nada gentis que devem estar atirando em mim como flechas agora.

Você não pode realmente culpá-la, não é, a Brittany?

Não. Não, eu não posso. Roubei o namorado dela. Eu podia não gostar da garota antes e confesso que no início senti uma satisfação mesquinha em ter o que ela exibia como se fosse seu, mas sei que o que fizemos, Atlas e eu, não foi certo. Eu principalmente, que insisti para ele não contar, continuar enganando ela.

Por isso deixo que fale. Ela tem total direito...

De repente, sinto braços me envolverem por trás e uma respiração em meu pescoço, travando meu corpo.

— Sou eu — Atlas diz em meu ouvido quando eu já tinha começado a reconhecer a sua colônia.

Em um segundo, ele está na minha frente, sorrindo como se eu fosse a pessoa que ele mais quisesse ver hoje. Eu quase não consigo respirar diante do seu olhar intenso.

Confesso que, depois de ontem, uma parte insegura minha estava tentando me convencer que ele agiria estranho e me dispensaria. Mesmo sendo ele, gentil e amável. Minha mente projetou isso baseado em experiências anteriores com garotos que só me usavam e descartavam.

Mas ele não é assim. Não o Atlas.

— Ei — diz.

— Oi.

— Você está linda — elogia, uma mão em minha cintura e outra em minha bochecha.

— Obrigada — respondo, mas acaba soando mais como um sussurro e eu percebo que minhas bochechas quentes não tem a ver apenas com sua atenção sobre mim, mas com a atenção dos os outros também.

— Você está bem? — Atlas aproxima o corpo um pouco mais do meu, como se não quisesse que ninguém ouvisse, olhando em meus olhos a procura de respostas.

Eu encaro seus olhos azuis e lembro da promessa que fiz sobre tentar. Hoje não tem espaço para melancolia. Eu posso ser apenas uma adolescente normal, com um namorado legal e está apenas ansiosa em conhecer a sogra. Algo completamente comum.

— Sim — respondo então. Antes que ele insista, pois sei que é o que pretende fazer, passo meus braços ao redor do seu pescoço e fico na ponta dos pés para sussurrar contra seus lábios: — Eu não mereço um beijo de "olá"?

Seu sorriso desperta as borboletas em meu estômago e Atlas aperta minha cintura ao dizer:

— Minha gatinha selvagem.

Então ele me beija antes que eu diga algo sobre esse apelido.

É um beijo doce, literalmente, pois sua boca tem gosto de algodão doce e eu gosto disso. Sinto que ele está tentando se controlar, provavelmente porque estamos em público e há crianças circulando por aí. Santinho como é, não deve querer parecer que está me devorando e dar um show de hormônios, mas é claro que eu faço o contrário. Mordisco seu lábio antes de beijá-lo outra vez e faço questão de gemer baixinho, lembrando de ontem. Sei que ganhei essa quando seu aperto fica firme em minha cintura e sua outra mão vai para minha nuca.

Eu quero transar com ele agora.

Estou prestes a sussurrar isso para ele quando ouvimos alguém pigarrear.

Nos afastamos um pouco, mas as mãos de Atlas permanecem em mim quando encaramos sua mãe.

— Essa deve ser a moça, presumo...? — Martha Campbell pergunta. Ela é, provavelmente, a mulher mais elegante que já conheci, no terninho azul, o cabelo loiro curto impecável, fora a sua postura.

Tento me afastar um pouco de Atlas, percebendo pela primeira vez na vida que pode não ser divertido fazer algo inapropriado, mas ele não parece estar ligando para isso, abraçando minha cintura enquanto põe a outra mão no bolso, surpreendentemente relaxado.

— Mãe, essa é Fallon Marshall — ele diz. — A senhora deve se recordar dela, já foram apresentadas outras vezes.

— Marshall...? Sua irmã é Portia Marshall? — ela pergunta. Tenho quase certeza que ela sabe que sim, mas anuo. Talvez ela esteja sendo educada.

— Sim, senhora. É um prazer conhecê-la, Sra Campbell. — Estendo a mão para cumprimentá-la.

— Espero poder dizer o mesmo mais para frente. — A mulher aperta minha mão, dando um sorriso que parece ensaiado. Tento não me sentir desconfortável com o seu comentário. Parece que ela acha que vou falhar mais para frente e ela poderá dizer "Eu sabia desde do início que ela não era certa para você."

E talvez ela tenha razão.

— Bem — continua —, já vou indo. Tenho certeza que nos encontraremos mais tarde, no jantar, certo?

— Jantar? — pergunto, confusa.

— Eu esqueci disso. — Atlas franze as sobrancelhas, mas aperta minha cintura quando fico tensa. — Mas sim, mãe, estaremos lá.

— Ótimo! Até mais, crianças.

Observamos ela ir e então eu me viro para Atlas.

— Você não falou nada sobre jantar.

— Eu sei. — Ele parece se sentir mal por ter esquecido, esfregando o polegar entre as sobrancelhas. — Minha mãe sempre dá um jantar no Dia dos Fundadores. É só para os mais chegados.

— Para as pessoas mais importantes da cidade, você quer dizer. — Arqueio a sobrancelha. Para falar a verdade, estou começando a me lembrar dos outros anos. Meus pais sempre são convidados, recordo-me, por meu pai ser o cirurgião da cidade.

— Isso. Se você não quiser ir, não precisamos — Atlas diz, mas eu sei que para ele será importante se eu for, ter mais tempo de conhecer seus pais melhor. Especificamente sua mãe.

— Vamos ver se eu sobrevivo até o final do dia, então — brinco, mas Atlas não sorri. Na verdade, ele fica tenso. — O que foi?

— Não fale coisas assim. — Suas sobrancelhas estão franzidas e ele me segura com mais força, como se para garantir que eu não vá fugir.

— Foi apenas uma piada, Atlas — dou risada. Ele continua sério. Toco seu rosto. — Ei.

Por fim, ele balança a cabeça, suspirando e me envolve em seus braços, descansando seu queixo em minha cabeça. Eu o abraço de volta, então, inspirando seu cheiro ao mesmo tempo que percebo o quanto seu coração está acelerado.

←↑↓→

Eu não sei onde minha irmã está. Estou procurando Portia há um tempo — dez minutos — mas não sei onde ela se enfiou. Está quase no finalzinho da tarde e já deveríamos ir para a casa do Prefeito.

Não sei se meus pais vão. Não os vejo desde quando fui morar com Portia e não sei se estou realmente pronta para vê-los. Tenho medo de que, quando me verem, queram me arrastar para casa. E apenas pensar no castigo que vou receber, estremeço, como quando eu fazia algo errado sem querer e quanto mais eu tentasse explicar, mas eles me batiam.

Balanço a cabeça, querendo me livrar desses pensamentos.

Quando não encontro minha irmã, percebo que a culpa talvez seja minha. Fiquei perdida em meus pensamentos que não percebi que vim parar atrás da tenda. Como já estou aqui, entre pela parte de trás.

E esbarro em Brittany.

— Além de ladra de namorado, também é cega? — a garota loira pergunta. Abro a boca para pedir desculpas, mas penso melhor se é apenas pelo esbarrão que preciso me desculpar.

— Eu estava mesmo querendo falar com você — minto.

— E o que você quer? Não vendemos vinho para menores, apesar de você já está acostumada com esse tipo de coisa.

Não sei do que ela está falando até olhar para cima e ver a placa de vinhos, depois as garrafas.

— Eu não quero vinho, quero falar com você. — Observo ela pôr o líquido escuro em um copo de plástico.

— Sua sorte é que estou muito generosa hoje, então diz logo.

Ignoro sua grosseria, afinal, eu mereço.

— Quero pedir desculpas — começo. — As coisas entre Atlas e eu aconteceram... de forma errada, pode-se dizer. Eu não queria que você saísse magoada. Sinto muito.

Brittany me encara. Ela literalmente pisca apenas três vezes e eu me pergunto o que ela deve estar pensando. Com certeza me acha patética ou que estou mentindo...

Eu deveria saber. Com certeza seria algo que eu faria, penso, enquanto sinto o líquido escorrer por meu rosto depois de Brittany jogar vinho em mim.

— Você acha mesmo que me engana com esse papo? — ela está falando alto agora, atraindo atenção para o show de horrores. Que sou eu. — Sua intenção sempre foi roubar o Atlas de mim, acha que não sei?

Passo a mão pelo rosto e é quando percebo que o vinho espirrou no vestido...

Não, não, não...

— Você pode ter enganado o Atlas porque ele é gentil e ingênuo, mas todos nessa cidade sabem que você é uma viciada. Uma...

Mas eu paro de ouvir quando pego um guardanapo em uma barraca próxima e tento limpar o estrago no vestido. Mas é vinho e todo mundo sabe que vinho não sai.

Tem que sair.

— O que está acontecendo aqui? Fallon?

Ergo os olhos para minha irmã, sem me dar conta que todos estão prestando atenção em nós. Em mim.

— O vestido — digo a minha irmã, mas acho que estou sussurrando. — Manchou... E-eu...

— Esqueça isso. É só um vestido, está bem? Agora me diga o que está acontecendo.

Sinto-me impotente de repente, ao perceber o olhar preocupado da minha irmã. Eu abaixei a guarda. Fui uma filha da puta com Brittany ao me envolver com seu namorado, mas ela está me humilhando, se aproveitando da situação. E eu dei abertura para ela fazer isso ao fingir ser alguém que não sou; alguém legal e normal, quando não estou nem perto disso.

Minha irmã, porém, não parece ser legal agora ao se virar para Brittany.

— Você ficou maluca?

— Só estou falando a verdade. Sua irmã é uma putinha que roubou o meu...

Plaft.

O som é ouvido por toda a tenda.

Portia acabou de dar um tapa no rosto de Brittany.

— Fale dela assim outra vez e eu irei pensar em formas melhores de fazer você se arrepender.

Sem mais uma palavra, Portia segura meu pulso e me leva embora.

←↑↓→

Eita que o clima esquentou nesse capítulo, hein?👀

Vocês já começaram a perceber as inseguranças da Fallon em relação ao Atlas?

Espero que tenham gostado do capítulo ♥

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2bjs, môres♥

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