Capítulo 20
- Oi! É... – O Pedro estava sem graça.
- O que você tá fazendo aqui? – Estava surpresa com a presença dele ali.
- Ah, o seu irmão tá dando uma festa... – Eu o interrompi.
- Eu achei que a festa era pro pessoal que estudou com ele ano passado!
- É! Mas o Érick ligou pro Pedro pra marcar de sair e ele chamou a gente pra vir também...
- Ah, tá! Entendi... – O Pedro olhou para mim e eu fiquei sem graça.
Tinha acabado de perceber que eu devia estar horrível. Eu nunca me arrumava para ficar em casa, e, naquele momento, eu estava vestindo apenas um short e uma camiseta simples. Passei a mão no cabelo para tentar ajeitar e sorri sem graça para ele. Eu tinha que tirá-lo dali rápido antes que ele percebesse que eu não era tão bonita quando não estava arrumada.
- Bem, a festa é no play... – Pensei em dar um passo em direção a porta, mas nem cheguei a dar ao ouvir a resposta dele.
- É, eu sei...
- Sabe? – Sem querer demonstrei que estava surpresa.
- Sei... – Ele sorriu sem graça.
- O que você tá fazendo aqui, então? – Falei antes de pensar. Tentei corrigir para não ficar muito feio. – Quero dizer, aconteceu alguma coisa?
- Ah, não... – Ele parecia estar mais sem graça. Como ele era bem branquinho, cheguei a desconfiar que ele tinha ficado vermelho. – A gente veio pegar mais bebida.
- A gente? – Falei olhando em direção a sala e a cozinha que estavam vazias.
- É... O Paulo e o Érick subiram comigo, mas já desceram... Eu tava descendo quando esbarrei em você...
- E você veio fazer o que no corredor? – Eu estava nervosa e sabia que podia estar feia, mas eu precisava saber porque ele tinha subido com os amigos para pegar algumas bebidas e, além de não descer com eles, ele tinha ido para o lado da casa oposto à cozinha e a porta de saída.
- Eu... – Ele parecia estar pensando no que ia falar. – Eu quis te ver! – Eu abri a boca e fechei na mesma hora. Também não sabia se continuava ali ou se saía correndo. – Eu não vou mentir pra você... Eu tava com saudade de te ver de novo e não consegui me segurar sabendo que você estava a poucos passos de mim. Desculpa por ter feito isso!
- Pedro! – Eu o interrompi. – Não precisa se desculpar. Eu também gostei de te ver de novo.
- Você não tá chateada? – Ele perguntou sério.
- Não! – Eu sorri.
- E você gostou por eu ter feito isso? – Ele franziu os olhos, como se estivesse com medo da resposta.
- Sim! – Eu sorri sem graça.
- Eu espero não me arrepender de fazer isso, mas – ele se aproximou de mim – você também tem pensado em mim direto e no que poderia ter acontecido se aquela vizinha não tivesse aberto o portão justamente naquela hora? Ou sou só eu que tô assim?
- Não, Pedro. – Eu estava com a respiração pesada. – Não é só você que está assim! – Ele sorriu para mim e se aproximou ainda mais.
Me encostei na parede, ele encostou a boca dele na minha e a gente se beijou. Aconteceu exatamente o que eu já tinha previsto: o beijo não teve nada a ver com o que eu tinha dado no Leandro. Eu sentia alguma coisa pelo Pedro e ele por mim, então o beijo simplesmente se encaixou, estava sendo perfeito. Não faço ideia de quanto tempo durou o beijo, só sei que não foi um beijo rápido, e, quando o beijo acabou, a gente continuou próximo, nossas testas e narizes se encostando e os olhos continuaram fechados. O Pedro se afastou de mim e sorriu. Eu sorri de volta. Queria falar alguma coisa, mas não sabia o quê. Pela expressão dele, eu sabia que ele estava passando pela mesma situação. Quando o Pedro abriu a boca para me falar alguma coisa, antes de sair qualquer som, a porta da casa abriu com força e alguém entrou bem irritado.
- O que tá acontecendo aqui? – O Caio entrou tão rápido, que deixou a porta aberta.
- Como assim? – Me virei para encará-lo.
- Não se faça de desentendida! – Ele olhava de mim para o Pedro e a raiva ia aumentando.
- Mas eu não estou me fazendo de desentendida!
- Ah, não? – Ele riu. Estava sendo cínico. – Você tem certeza de que não sabe? Não tem nada de estranho acontecendo aqui?
- Não que eu tenha percebido. – Respondi séria.
- Mas eu tô vendo muita coisa errada!
- Errada ou estranha? Ou alguma outra palavra que você vai arrumar pra tentar explicar o que se passa apenas na sua cabeça? – Eu já tinha cansado da superproteção do meu irmão.
- Eu tô falando do que eu tô vendo! Não é nada da minha cabeça, não!
- Tem certeza? Porque EU não estou vendo nada de estranho, muito menos de ERRADO! – Eu enfatizei essas duas palavras. – Então acredito que seja só da sua cabeça, sim!
- Olha aqui, Aline. – O Caio se aproximou de mim. – Você pode continuar fingindo que não tá acontecendo nada, mas eu não sou burro! Eu tô vendo! – Ele apontou para mim e para o Pedro.
- Eu também tô vendo! E não estou fingindo nada! Você entrou em casa e me viu conversando no corredor com um colega seu... Qual é o problema disso? – Perguntei irritada.
- Ha! – Ele riu alto.
- Tô falando sério. – Aumentei o tom da minha voz. – Hein, Caio? Qual é o problema? Porque NUNCA teve problema de você fazer amizade com as MINHAS amigas! NUNCA teve problema você FICAR com as minhas amigas e depois agir como se nada tivesse acontecido... E por SUA causa eu perdia várias amizades! – Dei uma pausa e ele olhava sério para mim. – Então, Caio, eu realmente não vejo nenhum problema em estar aqui com o seu amigo, eu não vejo nenhuma situação estranha, nem errada e nem acho que devo dar alguma explicação pra você!
- Eu sou o seu irmão mais velho! Eu me preocupo com você e se eu te pedir explicações enquanto eu estiver responsável por você, você tem que me dar!
- E eu sou a sua irmã mais nova! Então, o mínimo que eu mereço, é saber por você quais amigas minhas você ficou pra eu não ser ignorada na escola e só ficar sabendo dias depois por outras pessoas que o meu irmão usou a minha amiga e que ela não quer mais falar comigo! E, - falei mais alto – eu posso até dar explicação quando eu estiver sob a sua responsabilidade, mas hoje, com certeza, eu não estou, visto que eu estava sozinha em casa e você curtindo a festa com os seus amigos no play! Comece a agir com as suas responsabilidades de irmão mais velho, que eu começo a te respeitar como irmã mais nova!
- Eu não mereço ouvir isso de você! Eu sempre cuidei de você!
- Não, Caio! Você sempre me aprisionou! Você e esse seu ciúme exagerado só impediram que nós tivéssemos uma relação saudável entre irmãos! – Meus olhos encheram de lágrimas.
- Ciúme exagerado? – Ele riu. – Eu só te protejo!
- Mas eu sei me cuidar sozinha!
- Será? – Ele olhou para o Pedro.
- Enquanto você não me der espaço, você sempre vai duvidar!
- Ok! – Ele deu um passo para trás. – Então me diz... O que estava acontecendo aqui? – Ele olhou de mim para o Pedro e voltou a olhar para mim novamente. Eu respirei fundo para contar tudo, mas antes que pudesse abrir a boca o Pedro falou:
- Cara, fica tranquilo! Não aconteceu nada! Eu só encontrei com a Aline e pedi pra usar o banheiro. Foi só isso... – Eu virei de costas para meu irmão e encarei o Pedro.
Meus olhos estavam cheios de lágrimas e eu sabia que não conseguiria segurar o choro por muito tempo. Continuei encarando o Pedro sem acreditar no que ele tinha acabado de dizer. Eu achava que ele sentia algo por mim, mas eu não poderia e nem queria aceitar que fosse um sentimento tão fraco a ponto de continuar escondendo do meu irmão. Eu não era mais criança e eu não estava disposta a ter um relacionamento em segredo por qualquer motivo que fosse, ainda mais por medo da reação do Caio. Eu sabia que gostava de verdade do Pedro, mas eu só ficaria com um garoto que assumisse a relação comigo, inclusive na frente do meu irmão. Eu estava tão decepcionada que, assim que o Pedro percebeu, baixou a cabeça e fechou os olhos. Naquele momento, eu pensei que talvez ele não tivesse feito por mal, talvez ele tivesse achado que se ele assumisse que tínhamos nos beijado eu ia brigar ainda mais com o Caio. Só que eu não podia aceitar essa decisão dele. Eu já tinha mostrado mais de uma vez que não tinha medo de brigar com o meu irmão quando eu sabia que tinha razão. Eu não podia e não queria mais esconder o que estava sentindo. Ou nós dois assumíamos o nosso sentimento, ou era melhor acabar antes que ficasse mais forte. Imperceptivelmente, eu balancei a cabeça negando. O Caio já tinha desconfiado antes e ele teve certeza nessa hora. Eu estava de costas para ele já fazia um tempinho e o Pedro continuava de cabeça baixa.
- Foi isso mesmo que aconteceu, irmãzinha? – O Caio deu o golpe final. Eu já estava despedaçada, mas quando ele disse isso, ele mostrou que sabia o que tinha acontecido e que eu estava decepcionada com o Pedro. Ele sabia que eu estava em cacos.
- Foi. – Falei olhando para o Pedro e ele me olhou sem graça e triste. – Não aconteceu NADA! – Sem me esforçar, eu falei em um tom de desprezo que eu não me lembrava de ter usado antes.
- Então você não precisa mais mesmo de proteção? Já sabe exatamente onde está pisando? – O Caio estava acabando comigo.
- Não, Caio. – Eu me virei para ele e já estava chorando. – Eu não preciso do que você chama de proteção! Você não tem como me impedir de sofrer! Todo mundo vai quebrar a cara um dia! E eu preciso cometer os meus erros, pra poder ter os meus acertos! – O Caio ficou me encarando. Me virei e fui em direção ao meu quarto, mas quando passei pelo Pedro, eu falei no mesmo tom de desprezo: - Licença. – Entrei no quarto, fechei a porta e soltei o choro que eu não aguentava mais segurar.
Meuspais chegaram pouco tempo depois e minha mãe foi direto no meu quarto parasaber como eu estava. Ela explicou que, assim que chegaram, eles deram umapassada no play para ver se a festa estava correndo bem e o Caio falou com elesque tinha discutido de novo comigo e pediu para a minha mãe conversar comigo.Ela sentou na minha cama, eu deitei a cabeça no colo dela e contei tudo o quetinha acontecido. Ela me pediu para ter calma, disse que entendia o motivo deeu estar chateada, mas também achava que eu deveria conversar sobre isso com oPedro, pois, como eu mesma tinha pensado, ele devia ter agido daquela forma,acreditando que seria o melhor para mim. Eu disse que iria pensar sobre a nossaconversa e ela me deixou sozinha. Peguei o celular e mandei uma mensagem para aCarla, avisando que eu queria falar com ela, mas ela não respondeu,provavelmente ainda não tinha voltado do encontro com o Tiago. Ainda estavaonline quando recebi uma mensagem do Pedro pedindo desculpa e dizendo quequeria conversar comigo. Eu ignorei a mensagem, coloquei o celular para vibrare o deixei bem longe da cama, apaguei a luz do quarto, deitei e encarei aescuridão. Eu não estava com sono, mas, naquela hora, eu não queria pensar emnada, então achei que ficar olhando a escuridão me ajudaria. Fiquei assim atépegar no sono.
O primeiro beijo deles aconteceu!! S2
Mas o Caio tinha que aparecer para complicar tudo, né?!
Vocês estão do lado de quem: Aline ou Pedro? Será que ele fez por mal ou só quis que acabasse a briga entre os irmãos?
Comentem e deixem suas estrelinhas!
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