- E aí? – O Pedro chegou com os braços para trás.

- Tudo bem! Só não posso demorar muito!

- Sem problemas! Tem uma lanchonete aqui do lado! – Ele sorriu sem graça.

- O que foi? – Parecia que ele estava escondendo alguma coisa.

- Eu não quero que você me entenda errado, tá? – Ele estava com aquela expressão de quem tinha acabado de fazer alguma coisa errada.

- Pedro, o que foi? – Estava ficando nervosa.

- Eu troquei os nossos tickets e deu para pegar isso... – Ele tirou a mão das costas e voltou com um ursinho de pelúcia pequeno que era um chaveiro.

- Não acredito! – Eu sorri e olhei nos olhos dele.

- Não vai ficar chateada comigo e nem vai deixar de sair comigo de novo, né? – Eu ri. – Se não eu jogo fora! – Ele andou para perto da lixeira.

- Não! – Falei um pouco alto, mas para a minha sorte não tinha ninguém por perto. Me aproximei dele e peguei o ursinho. – Eu quero ele! Vou guardar com muito carinho! – Fiz carinho no ursinho e sorri para o Pedro. – Obrigada! – Ele só balançou a cabeça.

- Vamos lanchar? Não quero que você passe muito do seu horário!

- Vamos!

Fomos para a lanchonete e continuamos a conversar enquanto comíamos. Estava tudo maravilhoso até o celular dele começar a tocar direto. Quando tocou pela quarta vez seguida, eu não aguentei:

- É melhor você atender... – Falei um pouco incomodada.

- É melhor não... – Ele desligou a ligação.

- Por quê? Não pode falar na minha frente? – Quando percebi eu já tinha falado.

- Aline, não é o que você tá pensando... – Ele tentou se explicar.

- E o que você acha que eu tô pensando?

- Que é uma garota me ligando... – O celular tocou de novo.

- Pedro, desculpa, mas eu não quero isso, tá? – Eu já ia levantar quando ele me mostrou o celular e eu vi o nome de quem estava ligando para ele: Caio.

- É o seu irmão.... Não sei porquê, mas ele tá me mandando mensagem desde que a gente saiu. Você falou alguma coisa para ele?

- Claro que não! – Falei surpresa.

- Bem, então não sei porque ele tá desconfiando, mas ele me mandou várias mensagens a tarde até eu responder que estava em um encontro de família...

- Foi para ele que você respondeu, então? – Perguntei me sentindo uma boba por ter desconfiado de que era alguma menina.

-Isso. – O telefone começou a tocar de novo.

- É melhor você atender... Eu conheço o meu irmão muito bem! Ele não vai te deixar em paz até conseguir falar com você!

- Alô. – O Pedro atendeu o telefone. – Foi mal não atender antes... Como eu disse eu tô num compromisso... – Ele olhou para mim. – Onde eu tô? – Eu comecei a balançar a minha cabeça negativamente. – Eu tô na casa dos meus tios... Reunião de família. – Após um tempo, ele continuou. – Pô, cara, não vai dar pra sair hoje, não... Não sei até que horas vai... Sabe como são esses encontros de família, né? – O Caio falou mais alguma coisa. – Pois é. Mas aproveita com pessoal, outro dia a gente marca. Eu preciso desligar agora. Tchau! – Ele desligou.

- Você acha que ele tá desconfiado? – Perguntei preocupada.

- Tenho certeza! – Ele sorriu.

- Não sei como... – O meu celular tocou. Era o Caio.

- Oi, maninho... – Atendi como eu normalmente fazia. – Errou de número? Essa Aline é a sua irmã! – Ele ficou um pouco irritado e disse que sabia que eu era a irmã dele e perguntou onde eu estava. – Tô indo embora pra casa. E você? Já saiu pra noitada? – Ele disse que já estava escuro e que meu pai estava preocupado. – Maninho, obrigada pela preocupação, mas se o meu pai está preocupado é só ele ligar pra mim, e a minha mãe sabe que eu só parei pra fazer um lanche... Como eu disse eu já tô indo embora! Falando nisso, preciso desligar para ir pro ponto de ônibus. Beijos! – Desliguei o telefone.

- O seu irmão é bem ciumento, né? – O Pedro perguntou assim que eu coloquei o telefone em cima da mesa.

- Acho que ele tem mais medo de que um cara como ele atravesse o meu caminho...

- Você é engraçada! – Ele riu.

- Se eu não tiver senso de humor com o meu irmão não dá pra viver de bem com a vida! – Eu sorri.

- Te entendo....

- Bem, é melhor eu ir... Provavelmente ele vai cronometrar o tempo e daqui a pouco tá ligando de novo.

- Vamos lá! Eu vou te levar em casa! – Eu olhei surpresa para ele. – Já está escuro, eu não vou deixar você ir embora sozinha de ônibus.

- Obrigada! – Eu sorri e nos levantamos.

Como o shopping ficava bem próximo a minha casa, não demoramos dez minutos dentro do ônibus. Ele me levou até o portão do meu prédio e eu fiquei triste por nosso encontro ter acabado.

- Gostei muito da nossa tarde! – Olhei o Pedro nos olhos.

- Eu também! – Ele sorriu. – Espero que a gente possa repetir logo!

- Também espero! – Eu sorri de volta. - E eu gostei muito do ursinho! – Tinha mexido na minha bolsa para pegar a chave de casa e vi o chaveiro lá dentro.

- Achei que você ia gostar...

- Acertou! – Sorri sem graça e ficamos nos olhando por um tempo. – Bem, é melhor eu entrar...

- Claro! Você tem que ir lá, né?

- Pois é...

- Então tá! Eu... – Ele parou de falar e começou a se aproximar de mim. Não sei se ele ia me dar um beijo na bochecha ou se ia tentar o nosso primeiro beijo, pois quando ele estava a um palmo do meu rosto, uma vizinha abriu o portão e nós nos assustamos com o barulho.

- É melhor eu entrar. – Respirei fundo e dei dois beijos na bochecha dele. – Boa noite e obrigada mais uma vez pelo passeio!

- Também! – Ele também estava abalado com o que tinha acabado de acontecer. – Boa noite!

- Tchau! – Acenei para ele e entrei no prédio.

Assim que entrei em casa meu irmão me olhou da poltrona:

- Foi bom o passeio?

- Foi sim! – Meus pais também estavam na sala e minha mãe me olhou sorrindo.

- Que bom... – Ele voltou a olhar para a televisão.

- E você, não vai sair hoje? – Peguei no pé dele também.

- Não.... Todo mundo deu bolo hoje! Todos ocupados... – Ele falou um pouco chateado.

- Bem, se você quiser a companhia da sua irmã para assistir às melhores séries que já foram filmadas, eu só vou jogar uma água e já venho pra cá!

- Vê se não demora, então! – Ele sorriu.

- Vou pensar no seu caso.... – Eu sorri de volta.

Assim que entrei no meu quarto, guardei o ursinho dentro do meu armário e dei um grande sorriso. O encontro tinha sido maravilhoso e eu pude ver que eu tinha muito mais coisas em comum com o Pedro do que as séries e os filmes que nós dois gostávamos. Eu nunca tinha conversado tão bem com um menino e a conversa tinha fluído como se já nos conhecêssemos havia anos. Respirei fundo e peguei a roupa que ia vestir para ficar em casa. Não queria que o Caio aparecesse na porta do quarto para pegar no meu pé e acabar estragando um pouco da felicidade que estava sentindo.

Deu tudo certo no primeiro encontro deles! =)

Vocês acham que o Caio desconfiou que eles se encontraram?

E o Pedro: ele é diferente dos outros colegas ou será que não quer nada sério com a Aline?

Espero suas estrelinhas!