Nota número Trevares:

A sala estava cada vez menor e cada vez menor. Meu corpo já começava a ser comprimido e esmagado. Eu conseguia sentir meu ossos sendo aproximados. Era doloroso, muito doloroso. Eu gritava de dor enquanto tentava tolamente impedir que as paredes se expandissem mais. Eu estava morto. Muito morto. Todavia, algo começou a queimar dentro de mim.

Sabe aquela força insana que você adquire em momentos de perigo?

Comigo não foi diferente. Naquela fração de segundos eu sentia como se fosse capaz de destruir toda aquela prisão.

Eu tinha pouco tempo, nisto raciocinei rápido. Primeiramente eu segurei uma das paredes com o meu braço direito. Literalmente com todo o braço. Em seguida eu segurei a outra com meus dois pés. Parecia estar funcionando, meu corpo latejava um pouco.

E o que você fez com seu outro braço? -Talvez você se pergunte.

Hahhaha. Eu conseguia sentir. Abaixo de mim estava exatamente o local onde outrora existia aquele maldito buraco. Foi um grande risco, mas eu arrisquei que ali poderia ser um pouco mais frágil. Nisto eu soquei, com toda a força que eu tinha. A priori nada aconteceu, contudo eu não desisti. Eu soquei novamente, e de novo, e de novo! Eu ouço um pequeno som de algo rachando. Eu sabia! Nisto eu contraio o meu braço o mais forte que consigo! As veias do meu rosto quase ganham vida, e nisto eu solto, como uma mola ele colide causando um grande impacto.

O chão se despedaça.

Um sorriso enorme brota em meu rosto. Meu corpo, já não aguentando cai para dentro daquela abertura.

Neste momento acho que eu deveria sentir a vida passar por diante dos meus olhos. Mas a única coisa que vejo é os acontecimentos de momentos atrás. Minha queda parece congelar o tempo. Como tudo estivesse mais devagar. Eu vejo minha agenda cair um pouco depois de mim. Aparentemente ela foi empurrada pelas paredes. Eu estico minha mão em sua direção. Ela subitamente é transportada até mim. Eu não estranho. Como nunca estranhei nada aqui. Eu apenas a abraço. Uns líquidos másculos pareciam fluir pelas minhas órbitas. Estas se fechando pacificamente.

Eu enfim colido com o chão.

Meu corpo parecia estar afundando cada vez mais. Em seguida eu sou atirado por ele para cima, como um pula-pula. Eu a priori não entendo, contudo algo acaba vindo a minha mente. Era o mesmo piso que eu caí antes de vir até aquela sala.

Eu finalmente voltei até a minha escuridão?

Meus olhos se abrem. Acima de mim não havia nada. Inesperadamente nada.

Meu corpo estava deitado no chão, este sendo tão macio quanto uma cama. Eu me apoio em meu braço direito. Faço um pouquinho de força e me levanto. Meu corpo estava muito dolorido. Eu solto algumas gargalhadas por um momento. Eu estava finalmente livre. E mais, eu sentia como se eu tivesse ido contra os planos daquela sala. Eu criei minha própria saída.

Eu olho a redor. Não era tão escuro quanto minha escuridão. Eu ainda consegui me ver claramente, assim como todo o resto. O piso era preto, bem semelhante a capa de minha agenda.

Para onde eu devo ir?

Neste momento eu sinto o chão chacoalhar cada vez mais. Algo estava se aproximando. Algo gigante.

Segurando meu braço esquerdo eu tento tolamente me deslocar, contudo, meu corpo estava muito debilitado. No máximo eu consigo me arrastar por alguns centímetros.

Um arrepio sinistro percorre todo o meu corpo. Sinto um vento morno cobrir toda a sala. Paços pesados começam a ecoar em meu ouvidos. Meu olhar cansado se vira para minhas cortas. E lá estava ela. Uma criatura totalmente escura e macabra. Ela possuía um corpo grande e redondo, neste era visível uma quantidade enorme de olhos. Suas pernas eram grandes e finas como de aranhas, sendo que em sua parte superior havia inúmeros tentáculos.

Aquela coisa bizarra me encarou. Ela pisca. Eu podia sentir um certo nojo em cada um de seus olhos.

Subitamente um de seus tentáculos escuros é atirado em minha direção. Não sei se foi sorte, contudo eu consegui me esquivar. Nisto eu começo a me locomover em uma frequência mais acelerada. Todavia não foi o bastante para eu escapar. A criatura conseguiu me agarrar com o segundo tentáculo. Este me rodeando e apertando como uma cobra.

Enquanto eu sou erguido, eu sinto o meu diário escorregar e cair no chão. O que deu um certo alívio. Pois pelo menos alguém um dia talvez o encontre. Era o que eu queria, contudo outro tentáculo parecia se aproximar em sua direção. Meu coração quase parou naquele momento “veria eu minha única razão de viver ser despedaçada por um monstro?” o que ocorreu, entretanto, foi inesperado. O tentáculo assim que tocou a agenda simplesmente desapareceu sem deixar vestígios. Vendo aquela evento único uma bela ideia surgiu em minha cabeça.

Aquele fio sombrio me carrega até estar de frente com todos aqueles olhos macabros. De repente uma enorme boca cheia de dentes afiados aparece no meio deles.

Este será o meu fim?

Eu havia acabado de sair de uma experiência de morte e já me deparo com outra...sorte heim?

Mas por que eu não queria desistir? Por que aquele sentimento forte ainda queimava em meu peito?

Eu simplesmente não sabia a resposta. Contudo, meu corpo parecia reagir a ele. Meu braço direito com um pequeno esforço conseguiu se livrar do aperto. Eu sabia que não havia muito o que fazer naquele momento, entretanto uma luz pareceu brilhar no meio de minhas possibilidades. O cone. Aquela forma geométrica bizarra que estava nascendo eu meu cabelo. Eu o agarro. Ele continuava duro como sempre. Meus músculos se contraem enquanto o puxam, ele faz alguns barulhos de rachaduras, até que ele enfim se solta. Eu não reluto. Enfiando por fim ele naquele tentáculo nojento.

Eu ouço o que parecia ser o grito da criatura ressoar por toda a sala. O meu aperto fica mais fraco, isto sendo o bastante para eu me libertar. Colocando força em meus pés eu pulo  para direção oposto dando um pequeno mortal. Eu tinha apenas uma oportunidade. Eu sabia onde o diário havia caído. Meu pulo foi perfeitamente calculado para que minhas mãos ficassem na posição exata para agarra-lo. E isto aconteceu. Eu o segurei firme, enquanto minhas pernas afundavam cada vez mais naquele chão macio. Nisto eu saltei. Ganhei um impulso absurdo e decolei até ficar bem mais alto que meu adversário. Neste momento inúmeros tentáculos foram atirados em minha direção. Eu coloco a agenda na minha frente, como um escudo, e o que previ aconteceu. Assim que encostavam nela eles sumiam. Seguindo as leias da física, minha altitude começa a diminuir até que eu começo a ir em direção a boca da criatura. O braço que segurava o livro se contrai ao máximo e, como um soco, adiantasse.

-Engole essa!!! -eu grito acertando o monstro bem na face.

Puff

Aquela entidade simplesmente some.

Eu novamente caio no chão fofo. Meu corpo estava no ápice de dolorido. Eu não conseguia levantar. Eu mal conseguia me mover. Eu respiro bufante. Aquele momento realmente parecia ser o meu fim. Quando subitamente meus olhos percebem uma fita vermelha flutuar ao meu redor. Meu braço automaticamente a agarrar. Eu conseguia sentir. Ela estava fixa em algum lugar. Eu a seguro com uma mão e depois com a outra. Neste movimento repetitivo aos poucos eu consigo progredir me arrastando. E assim eu fico.

Quanto tempo se passou?

Dias?

Meses?

Anos?

Tudo parece ter se tornado automático. Meus braço pareciam finalmente ter cedido. Eu consigo ouvir uma voz de fundo “Ei! Você está bem?!” não, eu certamente não estava. Meu corpo enfim desaba.

O vento parecia tocar o meu rosto. Eu estava me movendo. O que era estranho, pois minhas pernas estavam paradas. Meus olhos se abrem. A minha frente existia um enorme caminho de luz. Meu rosto se vira eu me deparo com outra existência. Ele era bastante escuro e usava um manto como eu. Contudo o que mais me chamava atenção era um cone similar ao meu em sua cabeça, este ao contrário do meu apontava para cima.

-Ah! Você acordou!-ele fala com um sorriso besta na cara.
-Me..meu liv..ro.
-Anh? Você quer dizer este aqui?- ele mostra minha agenda escura. Ela parece bastante com a minha (ele mostra outra vermelha).
Minha voz parece finalmente voltar ao normal.
-Para onde estamos indo?
-Para o fim.
-O fim?
-Sim. Vamos finalmente sair daqui.
-E para onde nós vamos?
-Para o fim.
Neste momento tive vontade de lhe dar um cascudo, mas meu corpo ainda não respondia.
-Já ouviu falar na frase “O fim é apenas o começo”?
-Sim. É uma forma bem peculiar de se pensar. No nosso caso parece viável.
Eu olho um pouco mais para frente. Minha visão parece ficar cada vez mais borrada.
-Me diga apenas mais uma coisa.
-Claro. O que é?
-Qual  seu nome?
-..Fernando. Tem certeza que isto é tudo que quer saber?
-Sim. O resto não importa -Eu dou um sorriso zombeteiro. A propósito, o meu é Trevares. O grande e belo Trevares.
-Ohhh, prazer em conhece-lo.

Eu não queria saber por que ele estava me esperando. Eu não queria saber sua história. Nem ao menos me importava a origem daquela fita. Eu apenas tinha certeza de uma coisa. E esta era o bastante para me deixar satisfeito.

Eu acabei de ganhar um companheiro de viagens.

Não sei onde iremos. Contudo sinto como se pudesse ir até o fim do mundo com ele. A aventura de Trevares nunca chegará ao fim.








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Dedico este capítulo final a todos os meus leitores queridos :) O ciclo foi uma história bem curta, contudo foi algo bem divertido de fazer. Agradeço ao apoio de todos que leram.
Quê? tu pensou que o capítulo anterior foi o último? não me lembro de ter escrito isto. Mas bem, este realmente é o fim. Será mesmo? hehehehehhehe.
...
Acho que é isto então....
Eu amo vocês S2

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