Capítulo 13
Massageei as têmporas e tentei raciocinar direito, afinal, tenho que manter o equilíbrio nessa casa.
— A mocinha está bem? — perguntei colocando a mão no coração da garota, para checar se os batimentos haviam estabilizado depois do susto.
Ao que parece ela já se acalmou, graças! Tenho certeza que se acontecesse alguma coisa com essa menina, não sairia da cadeia tão cedo, o próprio senhor Martilhe se certificaria de me deixar presa por um longo tempo.
— Vamos tomar um banho para nos acalmarmos? Acho que vou também, porque o clima aqui se tornou horripilante e, acima de tudo, preciso de um banho.
Peguei duas toalhas e entramos no banheiro, sendo ele coberto de ladrilhos algo que facilita a limpeza, pois, o quarto é de uma criança. Aproveito a oportunidade e acomodo a menina em uma banheira no centro do cômodo, propiciando uma vista panorâmica. Tendo em vista que, com o passar do tempo não me recordo mais como é um maravilhoso um banho de banheira, que cheira a riqueza segundo o ditado popular. Ignorando a parte que tem uma criança brincando no meu colo com uma porcaria de patinho, ainda por cima espirrando várias gotículas de água no meu rosto, esse momento está sendo agradável, excluindo a parte do relaxamento que expressei agora a pouco.
— Tiana dá para ficar quieta? Tem uma pessoa tentando relaxar. Nunca mais cogito a possibilidade de tomar banho com você, não sei por qual motivo pensei em fazer essa besteira — falei com irritação.
Respirei fundo e tentei relaxar novamente. Em ressalva, como nada é perfeito, a bendita veio colocar a suas mãozinhas no meu rosto e começou a apertar como se quisesse fazer carinho.
— Bubu.
— Sim, vá com seu bubu para longe de mim. — Tirei sua mão do meu rosto.
Após um longo período na banheira e sendo atazanada pela criança, decido suspirar e levar tudo dá melhor forma possível. Até guerra de água a bênção me fez brincar, dá para acreditar?
Me enrolei na toalha e saí do banheiro, e só agora me lembrei que não tenho roupa aqui, fala sério, devia ter recordado antes.
— Vou vestir você e depois procuro algo para me arrumar, as empregadas devem ter roupas por aqui — propus um pouco insatisfeita.
Entrei no seu closet e peguei um macaquinho jeans com detalhes florais em azul, deixando a pecinha com um charme próprio. E calcei nela uma percatinha preta com detalhes em pérolas na correia.
— Está linda, agora vamos pentear os cabelos? — acomodei a menina na cama e comecei arrumá-la.
Peguei um lacinho azul rendado em uma gavetinha para ajeitar o cabelo dela, algo que não será muito fácil, pois ela tem uma franja rebelde. Enquanto isso, estou tão concentrada com o cabelo da menina que nem percebi a porta sendo aberta.
— Você está linda — falei apertando a sua bochecha, fazendo a toalha cair por minha movimentação exagerada e com a sua gargalhada espalhafatosa — oh, meu Deus, que sorriso banguela feio, você precisa de dentes. — Comecei a rir da minha piada sem graça — Ok, agora parou, não perca a compostura Bela. Vamos comer, tenho a certeza da fome escandalosamente afoita da menina, pois a pequena merenda que as empregadas vieram trazer mais cedo já deve ter digerido. — Burra que sou, não posso descer lá embaixo nesse estado e nem quero que alguém me veja assim. Imagina ser pega por um desconhecido? — Passei as mãos no meu cabelo que ainda está úmido — Estou ficando maluca, em razão do meu falatório descabido com uma bebê que nem sabe falar, resumindo, estou conversando com a parede. Vamos olhar da porta pela gretinha para ver se alguém passa por esse corredor. — Propus feliz com o meu plano.
Peguei a peça do chão e apertei minha toalha junto ao peito, com Tiana no colo, me virei para a porta me deparando com o rosto mais inusitado no momento. Apesar de que, sem estar pintado de ouro ele já é bonito imagina pintado, vai se tornar uma obra-prima. — Aquieta-te pensamento, já esqueceu a briga que teve com os meninos mais cedo?
— O que você está fazendo aqui? — perguntei pasma, tenho certeza que estou ruborizada.
Ô vida, por que ele tem que me ver logo agora? Ainda mais com essa toalha que só vai até o começo da coxa, como se isso já não fosse suficiente agora caiu a ficha que me encontrava de joelho na cama com as minhas nádegas parcialmente à mostra, ô céus, que vergonha.
— Não sabia que tenho que pedir permissão para entrar no quarto da minha filha? — Esbanjou um sorrisinho presunçoso nos lábios, ele não precisa disfarçar que está doido para brincar com o meu constrangimento, ainda mais quando o meu rosto faz questão de evidenciar esse sentimento.
Andei até ele e tentei sair do quarto, mas o idiota ficou na minha passagem.
— Dá para sair. — Já estou começando a me estressar.
— Tem certeza de que quer sair nesse estado? — falou cruzando os braços.
Claro que não quero sair nessa circunstância, mas para irritar ele, faço tudo.
— Tenho, e daí? Não estou nua. — Supostamente.
— A senhorita não reparou que a metade do seu traseiro está para o lado de fora e os seus seios estão quase pulando para fora da toalha? — Transmitiu sem o mínimo de sensatez na fala.
Que horror, como ele teve tempo de reparar tudo isso?
— Não tem outro jeito — pronunciei colocando a minha dignidade em dia e tentando passar por ele.
— Vou pegar, não saia daqui — indagou sem ao menos me deixar responder, e saiu.
É impressão minha ou ele não gostou de saber que eu pretendia sair assim para procurar roupa? Deixe quieto, deve ser coisa da minha cabeça. — Não, sua ignorante, ele iria gostar que uma empregada andasse seminua pela casa? Faça-me o favor. — Minha consciência novamente resolveu expor sua opinião.
Após um tempo Tiana começou a ficar enjoada, sei que ela está com fome.
— Calma flor.
Enquanto isso começo a ninar Tiana, tentando ter um pouco de calmaria nesse momento. Após alguns minutos ele finalmente voltou, ao passo que me encontro com calafrios por causa da toalha molhada.
— Aqui está — falou me entregando um vestido bege rodado com adornos simples.
— De quem é? — Estranhei a peça.
— Não interessa, apenas vista. Vá se trocar enquanto fico com ela. — Pegou a menina, que foi de bom agrado para os braços do pai.
Levantei tentando abaixar o máximo possível a toalha, afinal, não quero mostrar a minha bunda novamente para ele, pois, tenho certeza de que ele está olhando.
Andei apressadamente até o banheiro, mas como nada na minha vida deplorável é perfeito, não vi o tocador de músicas no chão e, não ouvi o som que ele emitiu dizendo: quero te derrubar, como a pessoa aqui é burra e surda, caiu de cara no chão quando tropeçou no brinquedo.
— Aí!!! Isso só pode ser brincadeira — exprimir massageando a testa enquanto estou sentada no amadeirado maravilhoso.
A vergonha foi tamanha que nem ousei olhar para a cara do senhor Martilhe, mas tenho certeza de que ouvi uma risada abafada, ele não é nada elegante.
Fechei a porta atrás de mim e me encostei no amadeirado, respirando fundo. Dei graças a Deus por a minha toalha não ter caído, porque tenho a convicção que jamais pisaria os meus pés nesse lugar novamente.
Vesti rapidamente o vestido listrado assemelhando a uma zebra mesmo ele estando um pouco apertado. Amarrei meu cabelo em um coque frouxo e saí do banheiro sem ao menos me olhar no espelho.
— Vamos — comentei ao encará-lo, enquanto este se encontra sentado na ponta da cama com Tiana no colo.
Ele me deu Tiana, que foi brincando com as mechas soltas do meu cabelo, enquanto o acompanho tendo a visão das suas costas largas.
— Olá Bela, boa tarde senhor — cumprimentou a cozinheira da casa.
Dona Margarida me deu a mamadeira de Tiana assim que se manifestou. Com isso, quando ela pegou na mamadeira foi como um lobo faminto em busca de sua presa.
— Calma, você vai terminar se engasgando lobinha — articulei dando um meio sorriso.
Foi nessa hora que levantei e encontrei os olhos do senhor Martilhe olhando para mim, como se estivesse em uma luta interior. Esquisito, desviei o olhar e voltei a dar mamadeira a menina.
— Sente-se Bela, você se cansará se continuar em pé — falou Dona Margarida esbanjando gentileza.
— Onde estão os meninos? — comentou o Sr. Martilhe.
— Paul os levou para o clube, senhor.
Ele não disse mais nada, apenas se sentou de frente para mim e começou a me encarar, enquanto dou mamadeira a sua filha.
— O senhor não trabalha? — perguntei direcionando a minha atenção a ele. Já que ele fica mais em casa, principalmente no seu escritório, do que na empresa.
— Não sabia que se preocupava com o meu trabalho. — Senti os seus olhos brilharem de animação, tenho certeza de que ele está aprontando alguma.
— É do seu trabalho que vem o meu salário. — Quis sorrir com o meu comentário.
— E o que você faria para que ele aumentasse? — falou curvando o seu corpo para perto de mim.
Sem condição, tenho que sair daqui.
— Obrigada, Dona Margarida. — Agradeci a senhora, levantei e saí a passos apressados do local, mas, é claro, com toda a elegância que tenho, porém tive tempo em ouvir uma risada sua.
Entrei rapidamente no quarto e comecei a andar pelo lugar com Tiana no colo, fazendo-a pegar no sono.
Finalmente já são 17h, deixei Tiana dormindo e me dirigir ao terraço.
— Está de saída senhorita?
Me virei para Paul que está na porta da casa.
— Sim, até amanhã.
Ele acenou com a mão e seguiu seu caminho, dei graças a Deus por ele não puxar assunto.
Andei por uma hora até a estação, tendo em vista, a minha falta de dinheiro para um carro. Ricos amam morar em lugares isolados, desafortunados os miseráveis como eu. A caminhada ocasionou uma dor latejante nos meus pés, me fazendo parar um pouco, para massageá-los. O metrô chegou, por volta das 17h40min, e ainda por cima, segui o trajeto todo em pé, com esse povo roçando em mim.
Quando desci, só faltou me ajoelhar no chão e agradecer a Deus por finalmente sair daquela lata de sardinha. Preciso de um carro urgentemente. Chega! Estou cogitando pedir um aos meus irmãos, mas o meu orgulho é maior, por isso não vou me rebaixar.
Cheguei na pensão às 19h17min, já que existe uma grande distância entre a estação e o local. Sim, parece que hoje, como todos os dias, não foi o meu dia de sorte, perdi todos os transportes públicos possíveis, e ainda por cima andei uma maratona.
— Finalmente, pensei que moraria na casa do chefinho. — falou Ângela pulando em cima de mim.
— Sai você pesa — disse tirando-a de cima de mim.
— Quanta gentileza, cadê o carinho com a amiga? — Fez uma voz fina e esganiçada para demonstrar doçura.
— Vá para a China, Ângela. — falei subindo a escada.
— Você não vai comer? — Gritou lá de baixo.
— Só amanhã.
Entrei no quarto e bati a porta, me jogando rapidamente na cama. Finalmente descanso, graças. Espero que tudo ocorra bem amanhã. Com esse pensamento peguei no sono, sem ao menos me trocar.
Espero que tenham gostado desse capítulo. O próximo deixará as coisas mais interessantes, rsrs.
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