Para Jenna, os dois meses seguintes foram os melhores desde que perdera seu marido, pois agora estava apaixonada por um homem tão bom quanto foi o pai do seu filho, que, inclusive, aceitava o menino como se fosse dele.

Richard era carinhoso, sempre que a desagradava em algo, fazia de tudo para ter suas desculpas e agradá-la novamente. Em suas folgas, estava sempre com ela e com Vincent, mesmo em dias de semana procurava-os para almoçarem e jantarem juntos. Richard já fazia parte de sua vida, não queria perdê-lo, por isso também o agradava no que podia, cozinhava para ele e arrumava-se sempre buscando agradá-lo.

No entanto, antes que chegassem ao terceiro mês de namoro, Richard encontrou a namorada a sós com Alfred em sua sala, embora não tivesse visto nada que justificasse sua irritação, a proximidade daquele homem com sua namorada o irritou profundamente, coisa que não conseguiu disfarçar, sendo indiferente e até mesmo grosseiro com o convidado de Jenna.

Alfred era um amigo antigo de Victor Hughes, há muitos anos era ele quem administrava os bens de Jenna e do marido, sendo o advogado da família. Alfred, apesar de ter seus quase quarenta anos, era um homem bonito e charmoso, mas que também não ficou nada contente com o novo relacionamento da amiga, aos seus olhos, Jenna merecia algo melhor do que o namorado que tinha arranjado, mas nada falou.

Após a saída do advogado, Jenna imediatamente questionou o comportamento do namorado, o que o irritou ainda mais. Richard não estava somente enciumado, mas enraivecido.

Jenna assustou-se por vê-lo daquela forma, nunca o vira assim. Parecia que ele tinha visto-a na cama com outro homem, tamanho era o drama feito por Richard, ainda assim, tentou explicar, enquanto ele falava alto, repreendendo-a. O comportamento de Richard irritou-a em demasiado, de forma que ela o expulsou da sua casa aos gritos, alegando que não era obrigada a ouvir aqueles absurdos.

Naquele momento, Richard percebeu o grande erro que cometeu, mas já era tarde para desculpar-se, só lhe restava sair. Mais controlado, ele seguiu para o seu apartamento, mas ainda estava com raiva, tanto de Jenna, por ter recebido aquele homem sozinha em casa e ainda tentar se explicar, como também raiva dele mesmo, por ter se descontrolado. Richard sabia que o que tinha feito poderia pôr tudo a perder, precisava consertar aquilo.

Enquanto pensava no que poderia fazer, lembrou-se de Maria, aquela mulher nunca o irritara daquela forma e se o fizesse, jamais o trataria como Jenna o tratou, como se ele fosse o errado. Maria com certeza o amava de verdade, enquanto Jenna... ela ainda ia amar! Mas até lá, apenas os braços de Maria poderiam lhe dar algum conforto.

Richard pegou o primeiro retorno que viu e foi direto para o apartamento de Maria, que o recebeu de braços abertos.

***

Na semana seguinte ao desentendimento do casal, Jenna recusou todas as ligações de Richard, pois ainda não estava pronta para uma conversa.

Mesmo quando ele a procurou em casa, ela disse que precisava de tempo para pensar, o que ele prometeu respeitar, mas não antes de garantir que estava arrependido do que fez, pedir perdão, prometer que não aconteceria novamente e dizer que a amava.

Jenna e Richard ficaram afastados por quase duas semanas. Ela lutava consigo mesma para esquecê-lo, por isso, focava toda sua atenção em Vincent, mas o menino insistia em perguntar e chamar por ele, pois sentia sua falta, assim como ela.

No entanto, quando lembrava da cena infeliz em sua sala, dizia para si mesma que não poderia arriscar-se a passar por aquilo de novo. Aquele homem revelou-se possessivo demais e aquilo a assustara de verdade.

Richard, por sua vez, embora tivesse aceitado manter-se afastado por um tempo, apenas aguardava o momento certo para se reaproximar.

Naquela sexta-feira, Jenna tinha uma consulta de rotina pela manhã, que fora marcada há mais de um mês. Assim, ela chamou a babá para cuidar de Vincent durante sua ausência.

Richard viu de longe a senhora Margareth chegar, e em seguida, o carro de Jenna sair. Assim que a viu se distanciar, ligou imediatamente para o amigo Max, ao mesmo tempo em que seguiu na direção da porta da casa, não demorando para ser atendido pela babá.

A consulta demorou mais que o esperado, de forma que já era quase horário de almoço, quando Jenna estacionava na garagem de sua casa. Ela entrou pela porta dos fundos, ao passar pela cozinha, encontrou Margareth na mesa, alimentando Vincent.

Jenna beijou-o e avisou a empregada que tomaria um banho e desceria logo para ficar com o filho, ao que a senhora sorriu maliciosa, dizendo para não ter pressa. Jenna não entendeu, mas ignorou.

Ao adentrar sua sala, parou estática, sem acreditar no que seus olhos viam. Todo o ambiente estava deslumbrantemente vermelho, dadas as rosas espalhadas por cima da mobília e nos cantos do enorme cômodo.

Haviam dezenas de buquês de rosas vermelhas ali, mesmo no chão tinham pétalas e botões dessa flor, espalhados por todo o lugar.

Jenna respirou o delicioso aroma emanado daquelas plantas, enquanto voltava sua atenção para a escadaria, que dava acesso aos quartos. Todos os degraus estavam salpicados de pétalas, como uma trilha que levava ao andar de cima. Por instinto, ela seguiu aquele rastro, deparando-se com o corredor também salpicado de vermelho, cujas pétalas chegavam até a porta do seu quarto, que estava entreaberta.

Jenna sabia o que encontraria ao chegar em seu quarto e estava realmente feliz com essa certeza. Naquele momento, toda irritação e dúvidas haviam acabado, pois o que aquele homem acabara de fazer para obter o seu perdão, era a coisa mais linda que alguém fez por ela.

Ela empurrou a porta devagar, logo avistou Richard em pé, com mais um buquê nas mãos, vermelho como os outros que decoravam todo o quarto.

Jenna já se acostumara àquele aroma delicioso das flores.

Sem pensar, ela apenas sorriu para ele e jogou-se nos seus braços. Tinha uma necessidade louca de matar a saudade que sentira daquele homem. Jenna o amava e não queria mais lutar contra isso.

Richard deixou cair o buquê, enquanto a beijava com vontade. Parou apenas para despi-la, o que fez rapidamente, pegou-a no colo em seguida e a colocou na cama, em meio às pétalas de rosa, onde Jenna entregou-se sem relutar.

Richard estava feliz por conseguir salvar seu relacionamento com Jenna. Agora, ele queria comemorar, por isso, ao sair da casa da namorada no dia seguinte, antes de ir para o trabalho, foi ver Maria, pois não podia imaginar uma comemoração melhor que não fosse na cama da amante.

Jenna não era uma mulher de aventuras e nem mesmo de namoricos longos que não levavam a lugar algum. Richard sabia disso, por isso, encarregou-se de conquistar sua confiança, além de atentar-se ao seu próprio comportamento para não a alarmar. Assim, mesmo sendo bastante ciumento, mostrava-se indiferente sempre que algo o incomodava.

Sua estabilidade financeira dependia disso, pois embora jogasse com menos frequência, as dívidas que adquiriu jogando eram tão altas, que foi obrigado a hipotecar seu apartamento, para não ter que fechar as portas da floricultura.

Com a certeza de que Jenna o amava e que Vincent se apegara a ele, Richard decidiu que aquele era o momento para dar o passo seguinte: pediu Jenna em casamento, o que ela prontamente aceitou.

O casamento aconteceu três semanas após a festa de aniversário de dois anos de Vincent, evento esse em que Jenna aproveitou para apresentar Richard, como seu noivo, a todos os seus amigos e familiares.

O casal não via motivos para esperar, os meses que passaram juntos foram maravilhosos, eram adultos e se amavam, nada mais lógico que se casassem logo. Obviamente, ninguém se opôs ao matrimônio. Assim como Richard fora muito bem recebido pela família e amigos de Jenna, ela também o foi entre os dele.

Todos estavam realmente contentes com aquela união, principalmente a irmã de Jenna, Linda Davis, por vê-la retomar a sua vida. Linda morava com o marido Mark e com a filha Tamara, de quatro anos, em Mount Vernon, embora no mesmo Estado, raramente podia ir até a cidade de Nova Iorque, restringindo suas visitas a datas importantes.

Para Linda, Richard e Jenna formavam um belo casal e estavam felizes. E Vincent, tinha uma família completa novamente.

Maria, no entanto, não gostou nada da novidade. Ela surtou ao saber que Richard casaria, mas a promessa de que ele não a abandonaria e que manteria todas as suas despesas, além de enchê-la de presentes, a fez aceitar facilmente aquela situação. Assim, os quinze dias depois do casamento em que não puderam se ver, já que seu amante estava em lua de mel na Europa, Maria apenas cogitou sobre como seria sua vida, sendo por algum tempo a amante, ela planejou minuciosamente o seu futuro, no qual tiraria proveito das promessas e do dinheiro de Richard, que agora estava a sua disposição.

Maria estava disposta a ser a amante pelo tempo que fosse preciso, algum dia, ela tinha certeza de que Richard deixaria a esposa e finalmente se casaria com ela.