Capítulo 132
1200 PALAVRAS
Malyn não conseguia respirar, suas pernas estavam ficando moles, ela não tinha mais força. Seu coração batendo descompassado em meio aquele trecho que ia da escola a cidade. Cada passo era um eco da urgência que a impelia, uma corrida desesperada em busca de refúgio. Seus pés doíam, e a barriga pesava cada vez mais. Precisava salvar seu bebê.
" Se não fosse por Elizabeth, aquele louco teria lhe espancado até a morte. "
"Deus proteja minha amiga Elizabeth, traga socorro. "
Ela fez uma oração enquanto corria.
No entanto, à medida que o tempo passava, as dores começaram a se insinuar, como sombras se movendo silenciosamente à espreita. Uma pontada aguda cortou suas costas, e ela sentiu a pressão aumentar em seu ventre. Era uma dança cruel entre a necessidade de fugir e a realidade inescapável do corpo feminino que se preparava para trazer vida ao mundo.
As dores de parto, traiçoeiras e implacáveis, se intensificavam a cada passo. Malyn, grávida de oito meses e exausta, sentiu o peso da corrida sobre ela. Cada contração era uma lembrança brutal de sua vulnerabilidade, uma lembrança de que a vida crescia dentro dela, mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras.
Finalmente, suas pernas, outrora ágeis, começaram a vacilar. A dor a envolveu como um abraço implacável, dificultando respirar. Ela se viu obrigada a se render à força irresistível das dores de parto.
Sua visão turvou enquanto ela cambaleava até uma árvore, desabando sob sua sombra acolhedora.
A árvore tornou-se seu refúgio, e Malyn gemeu de dor, enquanto as contrações envolviam seu corpo. O suor escorria por seu rosto, uma mistura de esforço físico e emocional. O universo parecia ter se tornado pequeno, reduzido ao espaço sob a árvore onde ela estava sozinha com sua agonia e a promessa de uma nova vida.
O gemido da dor foi acompanhado pelo sussurro da natureza ao seu redor. As folhas da árvore sussurravam como testemunhas silenciosas da jornada de Malyn. Cada contração era uma onda quebrando na costa de seu corpo, uma mistura de dor e esperança.
...
...
Enquanto isso, Edward, após suas rondas, chegava a Hope Valle e recebeu os telegramas urgentes para serem entregues a Bill. Ele abriu, afinal Bill estava em viagem e ele era o responsável. Cada palavra lida gerou um arrepio de preocupação, uma revelação perturbadora do que se desenrolava no horizonte da pequena cidade.
O primeiro telegrama, de Jack, informava que não havia missão, que tudo era um embuste. A confusão invadiu a mente de Edward, questionando as motivações por trás dessa falsa chamada. Seu olhar se voltou para o horizonte, onde as sombras da noite começavam a dançar.
O segundo telegrama, de Wynn, ecoava a mesma mensagem de alerta. Duas vozes distintas, duas confirmações de que algo sinistro se desdobrava. A seriedade da situação se impôs sobre Edward, e a urgência de agir tomou conta dele.
Correndo ao mercantil, Edward mandou um telegrama para Bill, mesmo que em julgamento ele receberia aquilo.
Bill –urgente
Algo está errado.
Tanto Jack quanto Wynn confirmam que não há missão.
Pode ser uma armadilha.
Fique atento e reforce a vigilância na cidade.
Edward
A manhã estava totalmente tumultuada em Hope Valle, com as notícias dos telegramas reverberando em cada canto da pequena cidade. Edward, seu coração pulsando descompassado, sentiu o medo apertar como um punho em seu peito. O temor pelo destino incerto de Malyn e Elizabeth lançou sombras sobre o sol que começava a iluminar o céu.
Um turbilhão de pensamentos assaltou a mente de Edward, enquanto ele corria para a escola. Seu cavalo cortava a distância com a urgência de quem corre contra o tempo. Cada galope era um eco de sua apreensão, um esforço desesperado para chegar até as mulheres que eram seu mundo.
O medo, como uma sombra densa, envolvia Edward. A incerteza do que poderia encontrar na escola o atormentava. Seus pensamentos se entrelaçavam com orações silenciosas, enquanto o suor se misturava com a poeira da estrada.
Ao chegar ao caminho que dava direto na escola, a visão de Malyn debaixo da árvore, gemendo de dor, cortou o coração. Edward percebeu o hematoma em seu rosto, onde sangue havia escorrido nos cantos dos lábios, os hematomas em seus braços e seus olhos encheram de ódio ao pensar que alguém pudesse machucar a mulher amada.
— Malyn, o que aconteceu aqui? Estou tão assustado. Onde está Elizabeth?
Malyn, ofegante e lutando contra as dores do trabalho de parto, ergueu o olhar para Edward. Seus olhos, cheios de mistura de dor e alívio, encontraram os dele.
— Edward... Elizabeth, ela... ela nos defendeu. Lutou contra Charles. Mas ele a pegou... digo, ela se entregou a ele, quando ele iria atirar em mim, enquanto eu tentava correr. Edward... ela foi sequestrada.
Edward, atordoado pela notícia, sentiu um nó se formar em sua garganta. Ele se ajoelhou ao lado de Malyn, segurando suas mãos com ternura.
— Oh! Meu Deus, Malyn. Ela lutou por vocês duas? Onde está Charles agora?
Malyn, lutando para falar entre as contrações, continuou.
— Sim, ela... ela foi incrível. Charles a levou, Edward. Eu não pude fazer nada. Ela gritou para que eu fugisse e protegesse o bebê... Chorava Malyn, quando uma dor forte começou. Ela arregalou os olhos e olhando para seu namorado falou: e... Eu precisava de ajuda.
— Acho que preciso de ajuda... ela gemia e respirava com dificuldade...
Opall, Emily e Rosalen, eram todos sorrisos e vinham cantando pelo caminho da escola, com seus sorrisos inocentes, trazendo flores para a professora, se depararam com um Mountie Edward junto com Malyn na sombra da árvore;
Ele sabia que aquela era a única chance, com urgência em seus olhos, resolveu confiar nas crianças uma missão crucial para a vida do bebê e da mãe.
— Opall, Emily, Rosalen, preciso da ajuda de vocês. Ele escreveu algo e deu a criança e falou o que fazer.
Opall, determinada em suas pernas pequenas, partiu em disparada em direção à enfermaria do Dr. Carson, ao chegar ofegante ao consultório médico, encontrou o Dr. Carson ocupado, mas a urgência em sua voz capturou a atenção do médico.
— Dr. Carson... é a Malyn. Ela está tendo um bebê agora mesmo debaixo de uma árvore, e o mountie Edward precisa de ajuda!
Dr. Carson, com sua rapidez e eficiência, pegou suas coisas, enquanto pedia a Opall para ir ao café e mandarem imediatamente uma carroça para transportá-los.
Ao mesmo tempo, Emily corria ao mercantil para entregar a mensagem urgente a Ned.
— Socorro Ned! Ned... gritava Emily.
— Calma, minha jovem. Estou aqui...
Ned leu o bilhete de Edward, e compreendendo a gravidade da situação, prontamente pegou sua caneta e começou a redigir o telegrama.
Rosalen, com respiração acelerada, chegou à casa geminada de Lee, pronta para compartilhar as notícias urgentes que se desenrolavam em Hope Valle.
— Senhor Lee, há problemas! Malyn está tendo um bebê, e Elizabeth foi sequestrada por Charles. Edward pediu ajuda, e Dr. Carson está a caminho. É para o senhor reunir os homens armados, para procurar a nossa professora.
Lee, recebendo a informação com seriedade, assentiu rapidamente, compreendendo a gravidade da situação.
— Vou reunir os homens. Fique aqui, Rosalen. Vamos garantir a segurança de Hope Valle. Charles não ficará impune por muito tempo.
Hope Valle, tinha diante de si desafios inesperados, e todos estavam unidos forças para proteger seus próximos. Era um reflexo de resiliência e cooperação que fluía pelas veias da pequena cidade.
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