Capítulo 116
1999 PALAVRAS
A notícia da morte de Willian Thatcher se espalhou como fogo selvagem, alcançando a cidade próxima onde Mack e Lek pararam para enviar um telegrama a Bill. O texto conciso e impessoal delineava os eventos na estrada poeirenta, comunicando a todos que Willian havia tentado fugir e, infelizmente, foi baleado no peito, encontrando um fim prematuro. Os mounties ficaram feridos, mas sem baixas fatais. O telegrama era como um golpe brutal, uma mensagem indesejada que anunciava o término de uma história tumultuada.
Bill recebeu a mensagem com uma expressão grave. Seus olhos cansados absorveram as palavras enquanto a seriedade do momento pesava sobre seus ombros. Willian, um prisioneiro e, apesar de tudo, um pai que criou Elizabeth, agora estava além do alcance da justiça ou da redenção. Uma sombra de tristeza nublou seus olhos, mas o dever não permitiria tempo para luto. Ainda havia um caminho a percorrer, uma estrada que agora se tornara ainda mais difícil de trilhar.
Enquanto isso, em uma casa modesta na cidade, Wynn e Jack sentaram-se com Beth e sua mãe para entregar a dolorosa notícia. O ambiente estava carregado de pesar, quando as palavras foram pronunciadas. A tristeza que pairava sobre a sala era palpável, e o silêncio era interrompido apenas pelo som abafado de soluços contidos.
Beth, uma mulher forte cujo coração estava entrelaçado com o de Willian, recebeu a notícia como uma facada. Seus olhos se encheram de lágrimas, enquanto a realidade cruel da morte de Willian se estabelecia em seu peito, ainda era difícil acreditar que o homem a quem ela chamou de pai a vida toda fosse tão cruel... A dor era aguda, cortante, como se uma parte dela também tivesse sido arrancada.
A mãe de Beth, Elizabeth Delayne, uma mulher de rugas profundas que conhecia bem os desafios da vida, segurou a mão da filha com ternura, compartilhando seu pesar silencioso, aquele homem era seu irmão, e mesmo sabendo de todo o mal que ele provocou durante toa a vida, lhe doía muito a perda de seu único irmão.
Wynn e Jack, por sua vez, compartilharam a história dos eventos na estrada, descrevendo o confronto caótico e o momento fatídico em que a bala atingiu Willian no peito. Cada palavra era uma faca que penetrava mais fundo na ferida aberta, mas eles sabiam que a verdade precisava ser revelada.
O choro ecoava na sala, uma sinfonia triste que ressoava com o lamento da perda. As lágrimas uniam aqueles que compartilhavam o mesmo sofrimento, enquanto a notícia se transformava em uma sombra escura pairando sobre a pequena reunião. O que antes era amor agora se transformava em luto, uma dor que parecia insuportável.
No entanto, à medida que o tempo avançava, uma transformação sutil começou a se manifestar. As lágrimas, embora persistentes, eram acompanhadas por um suspiro de alívio. Beth e sua mãe, agora cientes de que Willian não representava mais uma ameaça, sentiam um peso sendo retirado de seus ombros. A tormenta emocional que havia dominado suas vidas agora dava lugar a uma calma resignada.
Beth, apesar de seu coração partido, encontrou consolo na certeza de que Willian não carregaria mais a sombra da crueldade e da perseguição. Sua mãe, uma testemunha silenciosa da vida difícil de Beth, compartilhava desse sentimento. A dor da perda persistia, mas a libertação de viver com medo agora oferecia um tipo peculiar de consolo.
Assim, naquele pequeno canto de tristeza e resignação, a história de Willian Thatcher encontrou seu epílogo. O sofrimento da perda permaneceria, mas com ele vinha a paz de saber que a jornada tumultuada de Willian chegara ao fim, deixando para trás um rastro de dor e alívio.
Em Hamilton, a notícia da morte de Willian Thatcher reverberou pelas ruas, penetrando nos lares e nos corações dos moradores como uma onda de choque. Grace, uma mulher de meia-idade que vivia na melhor parte da cidade, estava realizando sua rotina matinal com uma bela mesa de café da manhã, quando seus olhos encontraram as letras impressas em negrito na manchete do jornal de papel que ela segurava. Seu coração apertou ao ler as palavras chamativas que ecoavam a tragédia:
"Willian Thatcher, Figura Controversa, encontra um Fim Trágico:
Tentativa de Fuga Resulta em Fatalidade nas Estradas de Hamilton!"
A manchete era como uma mão gelada que apertava o peito de Grace, roubando-lhe o fôlego. Seus olhos permaneceram fixos nas palavras, incapazes de acreditar completamente na notícia que estava diante dela. Willian, o homem cujo nome era uma sombra sobre a cidade, havia encontrado um fim prematuro em uma tentativa desesperada de escapar da justiça.
"Escândalo em Hamilton:
Milionário Willian Thatcher
Preso por Tentativa de Violência Contra a Própria Filha!
Tentativa Desesperada de Fuga Resulta em Fatalidade!"
Os jornais, não poupavam detalhes, destacando o tumulto que envolveu a tentativa de transferência para a prisão de segurança máxima...
"A Tragédia que Choca a Cidade:
Um Dos Homens Mais Poderosos de Hamilton
Cai em Desgraça Enquanto Tentava Escapar da Justiça!"
Grace, uma mulher que observara a agitação causada pela presença daquela notícia em Hamilton, sentiu uma mistura de emoções conflitantes. O temor que ela sentia agora, era enorme e isso poderia abalar seus negócios e poderia dar prejuízos as empresas.
Enquanto Grace andava pelas lojas de Hamilton, aproveitou e sentou em um café e enquanto lia as linhas impressas, as vozes dos moradores ecoavam em sua mente. Alguns tinham certeza de que a partida de Willian era uma bênção para a cidade, enquanto outros viam a tragédia como o desfecho de uma história de injustiças e perseguições. As opiniões podiam variar, mas todos eram afetados pela morte de Willian de alguma forma.
Grace fechou os olhos por um momento, permitindo que a gravidade da notícia se instalasse. A cidade agora estava livre da presença de Willian, mas a notícia não trazia o alívio esperado, ela sempre amou aquele homem independente de como ele agia... em vez disso, deixaria para trás uma sensação estranha de vazio, uma percepção de que algo que uma vez fora uma ameaça, agora se tornara uma lembrança.
A tragédia que se desdobrava nas páginas do jornal ressoava pelas ruas de Hamilton, onde as conversas entre os moradores eram repletas de suspiros e murmúrios. As opiniões sobre Willian e sua morte variavam, mas a certeza era que a cidade havia vivenciado um capítulo marcante de sua história.
Enquanto Grace dobrava o jornal, seus olhos refletiam a complexidade das emoções que circulavam. Willian Thatcher, de uma forma ou de outra, havia deixado uma marca indelével em Hamilton, e agora, com sua morte, a cidade se via diante da tarefa de reconciliar-se com o passado enquanto enfrentava um futuro incerto. A notícia, impressa em preto e branco, era mais do que uma manchete; era o epílogo de uma narrativa que deixaria sua marca nas lembranças da cidade.
Em algum lugar...
A poucos quarteirões dali, nos recônditos da cidade, Ju, a amante secreta de Willian, lia o mesmo jornal com um sorriso sutil dançando em seus lábios. Ela, que havia sido uma sombra na vida do milionário, parecia encontrar satisfação na tragédia que se desenrolava. O velho Willian, que uma vez representara uma ponte para uma vida confortável, agora estava no passado dela.
Enquanto muitos choravam a morte de Willian ou debatiam as acusações chocantes, Ju celebrava. O dinheiro, os luxos e a aparente liberdade agora eram dela para usufruir. A revelação das circunstâncias de sua morte serviu como um gosto amargo de triunfo, uma vingança que ela acreditava ter conquistado.
Contudo, para Ju, essa vitória era apenas uma etapa de seu plano. Ela sabia que a sombra do escândalo ainda pairava sobre Thatcher, e isso poderia recair sobre ela, e permanecer em Hamilton poderia resultar em sua própria queda. Seu telefone tocou, interrompendo seus pensamentos de triunfo momentâneo. Era Ronald, um antigo amigo de infância que compartilhara momentos íntimos com ela ao longo dos anos.
A voz suave de Ju soou através do telefone, convidando Ronald para uma viagem. Ela conhecia bem os sentimentos dele por ela e sabia que podia contar com sua lealdade e sua paixão. Ronald, que por muitas vezes esteve em sua cama, não hesitou em aceitar o convite. A oportunidade de passar mais tempo com Ju, combinada com a promessa de uma viagem, era irresistível para ele.
Enquanto a cidade de Hamilton se debatia nas ondas do escândalo e da tristeza, Ju começou a traçar seu próprio caminho, longe do olhar crítico das pessoas. Ela estava determinada a se libertar das amarras do passado, das mãos ásperas e dos olhares julgadores. Para Ju, essa viagem não era apenas uma fuga geográfica; era um ato de emancipação, uma oportunidade de reinventar-se em um novo horizonte iria começar sua vida e bem longe dali.
Enquanto os moradores de Hamilton continuavam a digerir a história que se desdobrava diante deles, Ju se afastava silenciosamente, levando consigo segredos e memórias de um capítulo encerrado. O destino dela, assim como o de todos na cidade, permanecia incerto. A narrativa complexa de Hamilton continuava a se desenrolar, com cada personagem carregando consigo suas próprias sombras e vinganças.
O som agudo do apito do trem ecoava pela estação, anunciando o início de uma jornada que levava Ju e Ronald para além das fronteiras conhecidas de Hamilton. Malas estavam empilhadas e arrumadas, prontas para uma nova vida distante da cidade que testemunhou escândalos e tragédias. De mãos dadas, Ju e Ronald embarcavam no vagão, observando Hamilton desaparecer gradualmente pela janela.
O trem, um eco metálico do mundo exterior, começou a se mover, impulsionando-os para um futuro incerto. Ju, com seus olhos fixos no horizonte em constante mudança, não conseguia conter a risada que borbulhava de seu interior. O som da locomotiva e o movimento suave dos trilhos pareciam marcar o início de uma nova era em sua vida.
Ao lado dela, Ronald compartilhava a alegria de escapar das amarras do passado. Ele admirava Ju não apenas por sua beleza, mas pela astúcia e determinação que ela demonstrara ao longo dos anos, ele sabia de muitas coisas que ela havia sofrido como também de sua vingança, mas esperava conseguir fazer aquela mulher feliz, e livre daquele ódio... A viagem era mais do que um simples trajeto geográfico; era a promessa de uma nova vida, uma página em branco onde poderiam reescrever suas histórias.
Enquanto o trem se afastava, Ju olhava pela janela com um brilho nos olhos. Ela tinha dinheiro agora, uma fortuna que lhe proporcionaria conforto e independência. A ideia de que Elizabeth estava ferida emocionalmente após o ataque, e a revelação de que ela não era uma Thatcher, proporcionava a Ju uma sensação de triunfo. Seu plano de vingança estava concluído, e ela estava satisfeita com os estragos emocionais que havia causado.
A ideia de que Charles, o homem que ela sempre acreditara ser sua alma gêmea, era, na verdade, seu agressor e que hoje ele também nada tinha, era uma ironia cruel que só aumentava a intensidade de sua vingança. Ju sabia que Elizabeth estava mergulhada em um mar de confusão e dor, e isso era o suficiente para ela. A ferida emocional infligida à família Thatcher e Charles era sua vitória pessoal.
Enquanto o trem cortava a paisagem, levando-os para um destino desconhecido, Ju sorria, sentindo-se vitoriosa. O som constante dos trilhos servia como uma trilha sonora para sua fuga, uma melodia que marcava o fim de um capítulo em sua vida. Com cada quilômetro que se afastavam de Hamilton, Ju se sentia mais leve, como se estivesse deixando para trás não apenas a cidade, mas também os fantasmas do passado.
Ronald, ao seu lado, compartilhava o entusiasmo, ansioso por uma vida nova e promissora ao lado da mulher que amava. Eles eram duas almas errantes, escapando das sombras que os assombravam, indo em direção a um futuro onde podiam ser os arquitetos de suas próprias histórias.
Enquanto o trem continuava sua jornada, Ju imaginava o que o destino lhes reservava. Ela sabia que a estrada à frente era desconhecida, mas isso só alimentava a chama da aventura em seu coração. O sorriso persistia em seu rosto, pois, pela primeira vez em muito tempo, ela sentia o doce sabor da liberdade.
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