11
Não esqueça de votar.
Pré revisado, boa leitura.
Pequenos Momentos
Susano apreciava o voo das raposas Ayame, se sobressaindo e deixando clara toda a impaciência de Inari em querer conhecer a humana pessoalmente.
A humana, no entanto, não percebeu e continuou admirando, até que algo lhe ocorreu:
— Susano, por que você me escolheu?
Ele a encarou por uns instantes antes de alisar a própria nuca, esse era um assunto que queria evitar, mas pelo visto não teria como. Desviou o olhar para o céu, acompanhando o voo de Ayame, cujos movimentos graciosos contrastavam com a energia quase descontrolada de Inari, que parecia ansiosa demais para se conter. Ele sabia que Inari era perspicaz, e seu interesse em Sn não era mera curiosidade. No entanto, sua atenção voltou-se para a humana ao ouvir sua pergunta.
Sn ainda observava as raposas, mas sua expressão revelava que a pergunta não era impulsiva. Era algo que vinha carregando consigo desde que fora trazida ao palácio. A dúvida a corroía, e agora, diante da serenidade daquele momento, ela não conseguiu segurar mais. Seus olhos brilhavam com expectativa, mas também com medo da resposta.
Susano suspirou profundamente, alisando a nuca enquanto procurava as palavras certas. Era raro que ele se sentisse desconfortável em uma conversa, mas aquela pergunta trazia consigo verdades que ele preferia manter guardadas. Não era apenas pelo que sentia, mas também pelo que representava.
— Não é uma pergunta fácil de responder, Sn. — Ele começou, a voz baixa, quase hesitante. — Mas acho que você merece uma explicação, mesmo que não seja a que espera ouvir.
Ele deu um passo em direção ao lago, os braços cruzados, enquanto seu olhar permanecia fixo no reflexo da água. Sn o seguiu com cautela, sua curiosidade crescendo. O silêncio que pairava entre eles era pesado, mas ela sabia que ele falaria, eventualmente.
— Desde que me entendo por Deus, sempre tive escolhas que me eram impostas — disse ele, finalmente. — Escolhas sobre com quem deveria me aliar, sobre como deveria agir. Até mesmo sobre quem deveria amar. Tudo sempre feito para satisfazer os outros, nunca para mim. — Sua voz carregava uma ponta de amargura, e Sn sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
Susano virou-se para ela, e seu olhar era tão intenso que a fez prender a respiração. — Quando te vi... — Ele hesitou por um momento, como se ponderasse suas próprias palavras. — Você não era nada do que esperavam de mim. Não era grandiosa, nem poderosa, e nem mesmo uma deusa. Era humana. Frágil, imperfeita. Mas era real.
Sn sentiu seu coração acelerar, mas não sabia o que dizer. Suas mãos apertaram o tecido de sua roupa enquanto ela tentava processar o que ele dizia.
— Você não entende, não é? — Susanoo perguntou, com um leve sorriso, percebendo sua expressão confusa. — Escolhi você porque, pela primeira vez, foi algo que decidi por mim mesmo após rebelar-me e abrir mão do meu posto. Não porque me disseram que deveria, mas porque eu quis. Você é uma escolha minha, Sn. Não do destino, nem dos deuses. Minha.
As palavras dele ressoaram profundamente nela. A simplicidade com que ele disse algo tão significativo a deixou sem fala. Ela não sabia se deveria se sentir honrada ou assustada. O que significava ser uma escolha para um Deus como ele? E por que sentia nos ossos que essa não era toda a verdade?
— Mas por quê? — Ela conseguiu perguntar, sua voz quase um sussurro. — O que eu tenho de especial para alguém como você?
Susanoo riu suavemente, um som raro e sincero. Ele deu um passo à frente, inclinando-se ligeiramente para encará-la de perto.
— Talvez eu mesmo ainda esteja descobrindo. — Ele respondeu, sua voz agora mais suave, mas carregada de algo que ela não conseguia decifrar. — Mas acho que você vai me ajudar a entender.
A humana desviou o olhar, tentando esconder a quentura que começava a surgir em seu rosto. Susanoo, por sua vez, endireitou-se, satisfeito com a reação dela. Ele sabia que havia muito mais a dizer, mas, por enquanto, aquilo bastava.
— Agora, vamos. Tenho algo para lhe mostrar. — Ele estendeu a mão, seu sorriso descontraído voltando, como se a conversa séria nunca tivesse acontecido.
— Ainda há mais? — Ela questionou, achando grandioso o voo das raposas.
— Exatamente. Como minha futura esposa, creio que gostará de ter uma função. — O imponente Deus cruzou os braços e sorriu, havia limado parte da dúvida genuína daquela mente adorável.
Sn hesitou por um momento antes de aceitar, sentindo o calor reconfortante da mão dele na sua. Ela ainda não entendia completamente o que significava ser escolhida por um Deus, mas, por algum motivo, sentia que estava exatamente onde deveria estar e, por enquanto, isso bastava.
[...]
"Uma função?" A ideia a intrigava, mas também a deixava desconcertada. O que exatamente Susanoo queria dizer com isso? Ainda segurando a mão dele, ela percebeu o quão natural aquele gesto começava a parecer, mesmo que sua mente insistisse em lembrá-la de que ele era um deus, e ela, uma mera humana.
— Que tipo de função seria essa? — Ela perguntou, franzindo levemente o cenho enquanto o acompanhava.
Susanoo começou a caminhar em direção ao interior do palácio, mas não sem antes lançar um olhar rápido ao lago e às raposas no céu, como se quisesse gravar a calma daquele momento. Seu tom era sério, mas seu sorriso permanecia relaxado.
— Não se preocupe, não será algo tão grandioso quanto a batalha de um deus ou a liderança de um reino — ele começou, sem olhar para ela. — Mas acredito que, como futura imperatriz deste lugar, você deve começar a entender o que isso significa.
A humana parou de andar por um momento, surpresa com a palavra que ele usou. "Imperatriz". A magnitude daquela ideia a atingiu como uma onda, e ela sentiu o peso daquela responsabilidade antes mesmo de entendê-la completamente, pois nunca almejou algo assim e nem parou para pensar que quando o Mikoto falava sobre casamento ela teria um título. Na verdade, Sn não pensou em nada que não fosse escapar, então quando aceitou o destino e até mesmo o abraçou, tais ideias e ideais ficaram vazios.
— Imperatriz? — Ela repetiu, quase sem voz. — Susanoo, não sei se estou pronta para algo assim...
Ele parou também, virando-se para encará-la. Seus olhos dourados brilhavam com uma mistura de paciência e determinação, algo que a fez sentir um pouco mais segura, embora ainda assustada.
— Ninguém está pronto de imediato, Sn. — Ele disse, a voz mais calma. — E não espero que você entenda tudo agora. Mas quero que veja o que este "reino" significa para mim e para aqueles que passaram por minha vida. Quero que você o conheça e entenda que não escolhi você apenas por capricho.
Ela engoliu em seco, sentindo o peso das palavras dele. Ainda assim, havia algo tranquilizador na maneira como ele falava, como se, de alguma forma, ele acreditasse que ela era capaz.
— Então... o que você quer que eu faça? — Ela perguntou, tentando conter a incerteza que ainda borbulhava dentro dela.
Susanoo voltou a sorrir, desta vez com um ar quase travesso.
— Primeiro, quero lhe mostrar algo. Depois, você entenderá.
Sem dar mais explicações, ele continuou caminhando, puxando-a suavemente pela mão. Sn não teve escolha a não ser segui-lo, seu coração batendo rápido com a expectativa do que estava por vir.
Susanoo a levou por um caminho lateral ao santuário, onde a vegetação começava a se fechar, formando um túnel natural de folhas e galhos que se entrelaçavam no alto, ela ainda não tinha visto essa parte do palácio que cada vez mais parecia se expandir. A luz do sol filtrava-se pelas frestas, lançando padrões de sombras dançantes no chão. O ar era fresco, carregado com o aroma das flores silvestres que cresciam ao redor.
Conforme avançavam, Sn não conseguia deixar de observar a firmeza com que Susanoo a guiava. Apesar do seu comportamento geralmente descontraído, havia algo solene em sua postura agora, como se o destino que aguardava ao final daquele túnel fosse de suma importância.
Eles emergiram em uma clareira circular, onde uma fonte borbulhava suavemente no centro. A água era cristalina, quase prateada, refletindo o céu acima. Estátuas de animais sagrados rodeavam a fonte: um dragão, um lobo, uma águia e uma raposa, cada um representado em posturas majestosas. Flores de lótus flutuavam na superfície da água, e uma energia calma, quase palpável, preenchia o lugar.
— Este é o Fontanário das Promessas, um local especial em nosso reino — explicou Susanoo, soltando suavemente a mão dela. Ele se aproximou da fonte e se ajoelhou, passando os dedos pela água. — Aqui, qualquer promessa feita é sagrada. Não pode ser quebrada sem consequências graves.
A humana se aproximou com cautela, seus olhos fixos no reflexo tremeluzente da água.
— Por que você me trouxe aqui? — perguntou, sua voz baixa e hesitante, quase receosa.
Susanoo levantou-se, virando-se para encará-la. Havia uma intensidade em seus olhos agora, uma mistura de determinação e algo que Sn não conseguia decifrar.
— Quero fazer uma promessa a você, Sn. Algo que vai além do que qualquer um poderia esperar de um deus. — Ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles. — Prometo que nunca, em momento algum, colocarei o meu poder, minha posição ou qualquer outra coisa acima do seu bem-estar. Eu sei que isso não apaga o peso que você carrega ou as incertezas que sente... mas é o que posso oferecer de coração.
Sn ficou sem palavras. A sinceridade na voz dele a atingiu de forma inesperada. Por mais improvável que fosse, Susanoo parecia realmente disposto a protegê-la e honrá-la de uma forma que ninguém mais havia feito antes.
— E o que acontece se você quebrar essa promessa? — ela perguntou, tentando esconder a vulnerabilidade que começava a transparecer.
Susanoo sorriu de forma melancólica.
— Eu não pretendo descobrir.
Ela o encarou por alguns instantes antes de finalmente se ajoelhar ao lado dele, imitando seus movimentos. Mergulhou os dedos na água fria, sentindo um leve formigamento correr por sua pele. A clareira estava silenciosa, como se o próprio ambiente aguardasse por sua resposta.
— Então eu também farei uma promessa. — Sua voz estava firme, apesar do tremor em seu coração. — Prometo que tentarei ser digna do lugar que me deu aqui, mesmo que ainda não compreenda por que fui escolhida.
O sorriso de Susanoo se ampliou, tornando-se caloroso. Ele inclinou a cabeça levemente, quase em reverência.
— Uma promessa justa, ¹Watashi no mirai no tsuma.
Eles se levantaram juntos, e Susanoo ofereceu sua mão novamente. Desta vez, Sn a segurou sem hesitar, sentindo-se, pela primeira vez, menos perdida e mais conectada a ele, ao local e, talvez, ao seu próprio destino.
— Ainda temos tempo antes que o dia termine — disse ele, voltando ao seu tom mais descontraído. — Que tal continuarmos nossa exploração? Ou está cansada de mim?
Ela sorriu de leve, sentindo-se mais à vontade.
— Acho que posso aguentar mais um pouco.
E com isso, eles se afastaram do Fontanário das Promessas, seguindo juntos para os segredos do palácio de Susanoo que ainda guardava, enquanto o vínculo entre eles começava a se fortalecer de maneiras que nenhum dos dois esperava.
Feliz ano novo a todos que a vida traga boas vibrações \o/
Acabei de decidir a quantidade de capítulos dessa fic, serão no máximo 20 capítulos, talvez os próximos sejam um pouco mais extensos e eu voltarei com outras obras de Shuumatsu quando essa aqui acabar, então é isso e até a próxima.😘
Glossário:
¹. 私の未来の妻 (Watashi no mirai no tsuma): Minha futura esposa
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top