32| Pondo um ponto final.
Estávamos sentados na sua cama, calados, impedidos de alguma forma, de falar sobre o que aconteceu. Ele havia beijado outro cara? Então eu não ia me sentir culpado sozinho!
Quebrando o silêncio, eu perguntei:
- Como aconteceu? - perguntei, olhando para ele. Ele estava com um olhar tristonho, senti pena. Ambos fomos imaturos, e que erramos eu ficar com outras pessoas.
- Ele era um cliente. Bom, basicamente muito atraente. Não tive como me conter. Me perdoa. Fui um babaca! - ele disse, meio hesitante. Assenti, assimilando cada palavra dele com raiva e ciúmes. - E você?
- Ele é um amigo do Jason. Eu não tive como me controlar, foi meio sem querer. Me perdoa também. Eu também fui babaca! Não teve um dia em que eu não me xingasse por ter sido tão escroto! - eu falava, ele apenas ficava calado. Ele não demonstrou nenhum sentimento de raiva, não nitidamente, pelo menos.
Ficamos novamente em silêncio.
- Você me ama? - ele perguntou. Foi meio inesperado, por isso não soube de imediato como responder.
- Nunca foi amor. - falei. - Acho que só foi uma paixão, como do começo. Jason sempre soube que eu era apaixonado por você. Mas, acho que ele não estava pronto para ver seu melhor amigo namorar seu pai. - eu dei uma pausa. - Eu acho que nunca te amei. Tipo, só era uma obsessão idiota por um cara gostoso e rico. - ele me olhou e sorriu, parecendo não acreditar no que ouvira. Era a verdade.
- Tem razão. - ele disse. - Mas e se dermos uma chance para nós dois novamente? Você me traiu também, estamos kits!
- Não, Mário! É por isso mesmo que temos que terminar, essas traições só mostra que não nos amamos o bastante! E se eu te amasse, eu não teria feito isso. E você também não.
- Mas... - ele pegou na minha mão, mas me afastei. Não queria ter que me sentir frágil novamente.
- É o melhor a se fazer! Para nosso bem. - eu falei. - Entende?
Ele assentiu. Peguei na mão dele e então o abracei.
- Eu sempre vou gostar de você, e por mais que nossa convivência se torne uma merda daqui pra frente, eu quero ser seu amigo. - ele disse. Não ia ser a mesma coisa, não como antes.
- Nada mais vai ser como antes. Eu perdi a amizade do Jason de vez. Então... - falei. - Não acredito que fizemos tudo isso para no final ser igual a nada. Devíamos ter deixado esse desejo de lado, talvez assim eu nem ia estar nessa situação.
- Pior que é verdade! - ele disse. - Eu acho que sempre quis ter a sensação de namorar um cara, ainda mais novo! Minha bissexualidade ainda é novidade, mas graças a você eu sou convicto do que quero, do que sou. Obrigado por isso.
- Pelo menos eu namorei um cara rico. - eu disse, e então gargalhamos.
***
Ao descer para a sala, Jason já estava lá, com dona Luíza e novo namorado dela. Eles nos olharam provavelmente curiosos para saber o veredito, digo pelo casal, o Jason sequer me olhou. Eu tinha perdido meu melhor amigo, só que dessa vez para sempre.
E foi tudo culpa minha.
- Bom, antes que perguntem; Mário e eu terminamos tudo! Não temos mais nada. Achamos que isso é melhor. - falei. - Me perdoa por tudo Jason, pelo tapa e por ter sido um péssimo amigo.
Ele evitou olhar para mim, e eu entendi completamente. Suspirei.
- Tchau. - falei, e então eu sai pela porta. Minha aparência não era uma das melhores, mas eu não estava ligando.
***
Onde eu estava naquele momento?
No morro. Rômulo me olhava espantado e provavelmente preocupado. Por onde eu iria começar?
- Rômulo... - comecei, evitando olhar para ele. - Eu terminei tudo com o Mário.
Foi o que consegui dizer, eu estava sem coragem para falar o que eu devia ter falado a muito tempo.
- É sério? - ele ficou animado, cogitando a ideia de ficarmos juntos. - Então nós dois...
- Não. Nós dois não existe e nunca irá existir. - disparei. Ele mudou seu semblante, algo entre surpreso e frustado. - Não é como nos livros, que o casal apaixonado termina feliz. Eu não estou apaixonado. Eu terminei com o Mário decidido a ficar sozinho. - ele parecia digerir cada palavra, calado e sem reação. - Eu prefiro ficar comigo mesmo. Eu preciso me amar mais. Não quero um cara rico, muito menos um bandido gostoso para me sentir realizado, eu posso conseguir isso sozinho. Foi mal.
Ele abria a boca várias vezes para falar, mas nada saía de sua boca. Eu estava cansado. Terminar um relacionamento nunca é legal.
- Eu não vou simplesmente terminar um namoro e engajar noutro logo em seguida.
- Mas eu gosto de você.
- Eu espero que você entenda. - falei - mas meu amor, é amor de quenga.
Ele arregalou os olhos, pareceu não acreditar no que ouvira. Mas ele ouviu certo. Eu não ia mais pensar em namoro, não mais. Eu era livre, sempre fui.
Jason
Uma semana se passou desde o dia da briga com o Hugo. Não nos falávamos mais, de novo. Eles dois pareciam felizes com o término, algo que nunca vi.
Para falar a verdade, eu nunca coloquei fé no namoro deles. Meu pai só queria um cara novo e Hugo só queria um cara rico.
Em compensação ao dia da briga, ele estava bonito e vaidoso.
Achei melhor parar de olhar.
- Não vão voltar se falar? - me assustei com a chegada repentina de Luíz e seu novo namorado.
- Se chegar desse jeito novamente, você que ficará sem falar, pois eu vou arrancar sua língua. - eu estava de mal humor.
- Nossa, calma. - falou ele. - Não precisa ficar na defensiva.
Revirei os olhos.
- Hugo agora está pegador! Acredita que ele saiu com seis caras na festa de anteonte? - disse Bernardo.
- Isso não tem nada demais! A vida dele e ele faz dela o que bem entender.
Não dei continuidade aquele assunto, até porque o sinal bateu e tivermos que voltar para a sala de aula.
Quando tudo acabou, esperei Erick no estacionamento. Achei essa ideia de ele vir me buscar um pouco arriscada. Não gostava de quando ele ficava dando pinta de cidadão normal. Ele não era um cidadão normal.
Eu estava com as pernas estiradas, sentado no banco e deprimido e ouvindo Billie Eilish. Meus olhos estavam fechados, foi quando senti alguém tropeçar nas minhas pernas.
- Puta que pariu, você de novo? Tá me seguindo por acaso?
- Não sou a puta que pariu não, sou o Carlos mesmo.
N.a
Eita! Treta de novo? Esse encontro não foi por acaso!
Amo vocês!❤
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