31| Um tapa na cara, literalmente.

Erick continuava olhando para mim, assim como aquele embuste do Carlos. Eles dois pareciam está escondendo alguma coisa, pois Erick estava inquieto.

- Jason? O que faz acordado? - ele perguntou, revirei os olhos, impaciente. O ciúmes estava tomando conta de mim.

- O mesmo que você. Eu te procuro e te encontro com esse veado pão com ovo? - Carlos pareceu ficar ofendido, mas não liguei e continuei com meus chiliques - que por sinal tinham motivos - Porra, tu ficou todo bravo com o lance do Luís e agora eu te pego de papinho com o teu ex? - eu estava irritado e com ciúmes.

- Deixa eu falar, caralho! - tentei me acalmar, para não fazer nenhuma besteira. Tipo da um soco nele. Mas ele era muito maior que eu, provavelmente eu apanharia.

- Não precisa sentir ciúmes, mano. A gente só tava conversando na amizade. Tu tá de nóia. - Carlos falou, com aquela voz irritante.

- Cala a porra da boca, Carlos. - falou Erick, nervoso e aparentemente irritado. Eu devia ficar irritado - e estava -, não ele! - Jason, eu não estava fazendo nada de errado, tá legal, conversar com ele é errado, mas ele veio mandar um recado. Não quero que se meta. - eu já tinha ouvido demais. Não iria ficar alí enquanto meu atual namorado falava com o seu ex, que por sinal o traiu. - Jason, pera aí, cara! - ele gritou, mas eu não estava afim de ouvir.

- Vá à merda, Erick. - falei.

Entrei na casa dele e procurei minhas coisas, tinha muita roupa espalhada pela casa, ia ser bem difícil encontrar as minhas calças. Procurei debaixo da cama e vi minha peça de roupa lá no fundo, acabei entrando para pegar.

- Jason? - me assustei com aquela voz, e isso fez eu tacar a cabeça na cama. Gritei de raiva.

Ouvi passos apressados se aproximando do quarto, e debaixo da cama eu consegui ver os pés descalços e incrivelmente brancos de Erick. Caralho, que pés maravilhosos. Pensei, mas logo tratei de tirar aqueles pensamentos da minha cabeça. Eu estava irritado, eu não podia elogiar os pés dele, Eu estava bravo e no meio da nossa segunda DR.

- Jason, mano, sai daí dessa cama. - ele falou, mas eu não ia ouvi-lo. - Pelo amor de Deus, sai daí!

- Não! Eu estou a procura da minha calça! - falei, pegando a calça e massageando a minha cabeça, que ainda doía. - E mesmo se eu achar, não sairei daqui até segunda ordem!

- Tu tá sendo infantil, caralho! Mano, para de nóia! Tu tá com ciúmes daquele maldito mas sabe muito bem que não tem porque! Porra, confia em mim! - ele disso, atropelando as palavras.

- Você está sendo machista! Quase explodiu quando descobriu que eu ia sair com o Carlos! Agora tá aí, de conversinha com o ex! Qualé, Erick, chifre não! - eu falei, mas nada veio de volta. Senti a cama abaixar um pouco, só então percebi que ele estava sentado na cama.

- Foi mal. Mô, nunca mais faço isso, te juro! Te passando a visão aqui, se eu voltar a conversar com ele, cê pode me bater! - ele dizia, e a irritação foi passando aos poucos. - Ele foi para o outro lado. Ele se aliou ao dono da Penha.

Sai debaixo da cama e então fiquei sentado no chão, ele me olhava com um olhar de mamãe-quero-comer. Respirei fundo e tentei falar com calma:

- Só foi isso mesmo?

- Te garanto. Ele me odeia. Nunca superou que eu tenha seguido em frente. O cara ainda disse que não ia facilitar as coisas pro meu lado. - pelo seu tom de voz, ele parecia realmente está falando a verdade. Eu tinha sido infantil em não confiar.

Mas pensa: eu vi ele com o ex, o EX! ele me amava? Amava. Mas tudo era possível.

- Só jura pra mim que não vai mais dá brecha pra ele! - falei, ele assentiu. - Nem adianta pedir o mesmo pra mim, o Luís tá namorando.

- Não ia pedir. Eu confio em você. - ele falou. Sorri e então me levantei, indo abraçá-lo, ele beijou meu pescoço.

***

Meus pais estavam em casa quando eu cheguei. Eles me olharam, mas logo voltaram a olhar para a tevê que passava um jogo de futebol.

- Se divertiu, adulto? - meu pai perguntou, rindo. Revirei os olhos.

Me senti mal por ter feito aquilo com ele, ele não merecia. Mas, eu tinha meus motivos.

- Não enche, pai! - eu disse, me sentando próximoa minha mãe - Quero fazer um comunicado muito importante: Eu tô namorando e meu namorado quer conhecê-lo!

Todos olharam para mim, meu pai estava mais surpreso, pois tenho certeza que não passara pela sua cabeça eu está namorando. Qualé, eu tinha 18 anos! O que ele queria?

- Felicidades, meu filho! - minha mãe disse, fingindo não saber de nada. Ela foi a primeira a saber. - Mas quando? Digo, quando ele quer conhecer seu pai?

- Ando ocupado esses dias! Só tirei esses dias de férias, três dias, mas logo vou voltar a trabalhar. - meu pai disse.

- Relaxa! Ele quer te conhecer no seu niver! - falei, animado - O nome dele é Erick!

Os olhos dos meus pais se arregalaram, ele ficou nervoso de repente.

- Por que esse nervosismo? Conhece ele?

- Não! Nem faço ideia de quem seja! - meu pai disse. Voltando sua atenção para o jogo de futebol. - De qualquer forma, seja feliz!

Abracei ele e dei vários beijinhos no rosto dele, depois fiz na minha mãe, depois no Petrus.

- Amo vocês! - falei, animado, subindo as escadas que nem uma gazela doida.

Ao abrir a porta do meu quarto, Hugo estava lá:

- AAAAHHH - gritei, dando um pulo para trás. - Porra, Hugo, o que faz aqui? - ele estava de costa, e quando se virou, seu olho estava vermelho, seu cabelo bagunçado e tinha orelhas. - Hugo? O que aconteceu? Você nunca deixa seu black bagunçado!

- Foda-se meu Black! - ele disse, com sua voz um pouco rouca, que misturada com seu olhar de sono, me assustou. - Eu fiz uma grande merda! - ele disse, se aproximando de mim e apertando meus ombros.

- Você tá me assustando...

- Você tem que me ajudar!

Hugo estava muito nervoso, seja lá o que ele queria dizer a mim, devia ser algo muito sério. Eu já sabia o que era? Talvez.

- Vai ficar andando de um lado para o outro ou vai finalmente me contar o que está acontecendo? - perguntei, meio impaciente.

- Jason, eu fiz uma burrada! UMA GRANDE BURRADA - ele continuou andando, mas graças a Deus ele se sentou.

Presumidamente, ele caiu na cilada - que naquele momento eu percebi o quão tinha sido errado - e que ele estava nervosos porque não sabia como contar para meu pai.

- Eu... Eu trai seu pai. - ele disse, fazendo uma expressão de dor - Mas foi sem querer! Não, nada é sem querer, pelo menos isso; mas por favor, me ajuda a terminar com ele!

- Pera aí... Você traiu meu pai? Como assim? Com quem? - ele me olhou profundamente, me assustando.

- Eu beijei outro cara. Bom, você conhece esse cara... Ele... Ahn... É o Rômulo! - então tinha sim, um dedo dele no meio disso tudo.

Comecei a rir. Não sei o porquê, mas foi espontâneo. Hugo me olhou estranho, provavelmente não entendendo nada.

- Qual foi a graça? - ele virou a cabeça em um ângulo de não sei quantos graus. Merda. - Pera aí... Você sabia? Você armou tudo isso?

- Eu? Claro que não! - comecei a rir, alto demais, até. - Tá, eu sabia.

- Você armou isso?

- Armar? Não!

- Jason...

- Eu... Eu só queria ajudar. - falei, assumindo toda a minha culpa. Eu fiz tudo aquilo porque eu não queria ser chacota. - Foi mal.

- Foi mal? Você acaba com meu relacionamento e diz "foi mal"? Sinceramente, Jason, você é um babaca! - ele disse. - Então era por isso que você ficava me empurrando para o Rômulo. Você disse que estava de boa com a gente, comigo e com seu pai. Como você pode ser tão cínico?

- Cínico é o cacete! Você não sabe o que se passou na minha cabeça. - eu falei. - E se um dia vocês resolvessem assumir o namoro e se casar?

- Casar? Não ferra, Jason.

- Ferro sim! Se um dia vocês simplesmente assumirem o que têm, eu vou ser a chacota! Eu vou ser o garoto no qual é melhor amigo do padrasto. Você sabe o quanto foi e é difícil aceitar isso? - tudo ficou em silêncio. Me sentei na beirada da cama e respirei fundo.

- Você não pensou no seu pai... - ele falou tão baixo que quase não consegui escutar - Você não pensou em seu pai... - ele repetiu, me olhando. Foi quando ele correu ao meu rumo e me agarrou. Começamos a brigar.

Ele me arranhava e continuava em cima de mim, como forma de defesa, o empurrei com meus pais, fazendo o mesmo cair do outro lado da cama. Mas, quando no chão, ele puxou meu pé, e eu caí também.

Subi em cima dele pressionei seus braços no chão:

- Tenta me entender - falei, mas ele ainda tentava sair, até que eu me distrai e ele ficou na mesma posição que eu.

- Você foi muito cínico!

- Cínico? Isso teria dado errado se você não tivesse dado bola pra ele! Ah, qualé, quase perdeu minha amizade para depois no fim querer dá pra outro! - um tapa veio ao meu rosto. Um silêncio se estendeu pelo quarto.

A porta do quarto abriu e nos deparamos com os meus pais e o Petrus, nos olhando estupefatos. Meu pai veio ao nosso rumo e tirou Hugo de cima de mim.

- Que porra é essa? Vocês dois estavam brigando? - meu pai perguntou.

- Não, Mário, estávamos testando se chão da casa era mesmo resistente - disse Hugo, irritado.

- Meninos, vocês nunca brigaram! O que está acontecendo com vocês? - disse minha mãe, visivelmente nervosa.

- Querem me contar o que aconteceu ou eu vou ter que obrigar vocês a fazer isso? - meu pai estava irritado.

- Eu conto! Mário, precisamos conversar. É algo que eu devia ter feito a muito tempo - disse Hugo, ele olhou para mim, mas eu simplesmente virei o rosto.

Hugo

Estávamos no quarto dele, achei melhor sair do traíra do Jason. Tá legal, eu também fui traíra, mas ele devia ter me dito que estava sentindo, não empurrar um cara para cima de mim. E eu caí direitinho.

- Vamos, Hugo, me conta. - ele estava inquieto, provavelmente preocupado com o que viria. - Quer saber, eu também quero te contar uma coisa.

- Conta primeiro então.

- Vamos contar ao mesmo tempo. - ele disse. - Um... Dois... Três...

- Eu beijei outro cara! - dissemos em uníssono - O quê? - dissemos em uníssono, olhando um para o outro surpresos.

[N.A]

EITA! QUE BRIGA, HEIM?

COMO VAMOS RESOLVER ESSE DILEMA?

Comente nesse parágrafo; dicas, o que está achando do livro, como posso melhorar, teorias. Juro ler cada comentário! {...}





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