24| A primeira DR

Não seria uma tarefa fácil contar para o Erick que eu, sobre pressão ( eu devo enfatizar esse ponto ), aceitei sair com outro cara - que estava afim de mim por sinal.
Talvez eu não devesse contar nada, tem coisas que na vida ninguém merece saber, e aquele era o caso.

Se o Erick não descobrisse, não teríamos problemas.

Ao chegar em casa, depois de ter aceitado o pedido insistente do Luiz para sair, meu pai e o Hugo estavam no sofá, e olha só, estavam se pegando. Meu pai estava deitado no sofá enquanto o Hugo acariciava seus cabelos.

Sim, ver o Hugo e meu pai juntos me causou inveja. Faz tempo que eu não ia no morro ver o amor da minha vida, eu já estava com muitas saudades do meu namorado.

- Boa noite, Jason - disse meu pai, querendo novamente forçar a barra. Como ele tinha a cara de pau de falar comigo? Para não ser mal-educado, apenas dei um sorriso forçado.

Ignorando os dois alí, subi as escadas que davam aos quartos, eu nem sei o que deu em mim, mas eu quis parar para ouvir o que os dois estavam falando.

- Já disse pra você dá um tempo pra ele, inferno! Ele precisa de tempo, Mário. - o Hugo praticamente gritou, foi impossível não rir.

Se organiza, Jason!, pensei.

- Tá, mas... - não ouvi o que meu pai terminou de dizer, pois corri rumo ao quarto da minha mãe, o Petrus não estava ( ele tinha saído para procurar um apartamento, morar os dois ( minha mãe e o Petrus ) aqui com meu pai não estava dando certo ) então eu poderia falar livremente com minha mãe sobre minha enroscada com o Luiz.

Foi necessário bater uma vez na porta, para que ela mandasse eu entrar, ou quem ela achava que era. Ao entrar, ela sorriu gentilmente, guardando um caderno que estavam em suas mãos, ela parecia nervosa.

- Oi, querido. Senta! - falou ela, e então eu me sentei

Demorei alguns segundos para sentar, e depois que sentei, minha mãe ainda estava nervosa. O que tinha naquele caderno de tão importante ou até mesmo... Comprometedor ?

- Mãe, se eu tiver atrapalhando, eu posso sair. - falei, mas ela disfarçou, ou tentou, o seu nervosismo com um sorriso.

- Não, você não tá atrapalhando. Eu só estava fazendo algumas anotações, nada importante. - ela disse, então eu assenti - Mas me diz... O que traz de bom? Como na escola?

- Bom, era sobre isso que eu queria falar. Até foi legal, mas teve um problema.

- Como assim um problema? Você brigou na escola, não foi? Algum aluno implicou com você?

Se ela continuasse fazendo mais daquelas perguntas, eu não iria ter coragem de contar nada, nem dizer o que realmente aconteceu.

Suspirei, e tomei coragem, meio hesitante.

- Não foi nada disso, foi outra coisa. Bem pior eu diria. Mãe, o que você faria se o Petrus aceitasse sair com outra mulher? - aquela pergunta soou um pouco estranha, e minha mãe fez uma cara de confusa. - Porque foi isso que eu fiz.

- Você traiu o Erick?

- Não! Eu não faria isso! Eu só aceitei sair com um garoto.

- Menos mal.

- O que você acha? Eu devo contar ao Erick?

- Jason, se fosse o Petrus no seu lugar, eu não diria nada, mas contanto que ele me contasse. Você gostaria que o Erick escondesse algo assim de você?

-...

- Foi como eu imaginei. Conta pra ele, eu sei que ele vai entender. Ele parece te amar muito e você também parece amar muito ele.

- Ele é muito incrível. Eu nunca estive tão convicto de algo, sabe? Eu amo muito ele.

- Então conta, Jason. Você namora ele, e pode até ser que você não deva nenhuma satisfação a ele, mas ele é seu namorado e tem que saber. Confia em mim.

Eu apenas sorri, pensando nas palavras dela. Esse dilema estava longe de ser resolvido, na minha cabeça se passava um filme; o Erick terminando comigo, eu saindo chorando, ele voltando com o Carlos... Mano, eu teria que contar.

...

Resolvi pedi uma carona para Petrus até o morro, eu não queria pedir um Uber para tão longe.

- Onde você quer ir? - ele perguntou, assim que entrei no carro, pus o cinto de segurança.

- Morro do alemão. Eu te guio até lá.

Ao chegar no morro, pedi para Petrus que estacionasse o carro perto da loja da tia do Erick, e também pedi à ela que um dos seus funcionários vigiassem o carro, e dessem proteção a Petrus. Tá certo que o meu namorado era o dono do morro, mas nem todos sabem disso e não hesitariam em roubar Petrus, ou a mim.

- Petrus, dá pra você me esperar naquela loja? É que eles não te conhecem muito bem e eu acho que não seria uma boa ideia você ir comigo.

- Ah! Mas é claro, Opá! Pequeno Jason, tome cuidado. Esse lugar pareces ser muito perigoso.

- Não se preocupa! Já passei por coisa pior aqui, acredite.

Dei um abraço nele e então sai, eu tinha que percorrer o longo caminho até a casa do Erick, e além disso, criar coragem e contar tudo. Eu nem sabia como ele ia reagir, e francamente aquilo me assustava.

Ao chegar ao meu destino, de frente à sua casa, os seus capangas vieram me receber, aquilo era estranho.

- Tu não pode entrar, tá ligado? - falou um de seus capangas.

- O que? Não lembra de mim?

- Tu não pode entrar aí. - ele repetiu.

- Quem disse que não? - não liguei para ele, apenas segui meu caminho.

- Se tu andar mais um pouquinho eu te meto a bala, seu vacilão! - ele encostou sua arma na minha cabeça e meu coração disparou, meus pés perderam as forças e então eu cai no chão.

- Seu cagão! Tu vai morrer é agora!

Fechei os olhos, pronto para aceitar meu fim. Era minha hora, a hora de encontrar com Deus e Jesus, ou com Satanás, se esse fosse meu destino.

Ouvi um tiro, que me assustou. Meu coração acelerou.

- TU PERDEU A NOÇÃO DO PERIGO, SEU BOSTA? - ouvi a voz do Rômulo ao longe, ele parecia nervoso. Ele agarrou o homem e começou a enforcá-lo - ESSE É O GURI DO KIRON, TU QUER SE BATER COM O CHEFE?

- F-foi m-mal aí... Eu não... Sabia.

- Para com isso, Rômulo!

O homem agora não falava mais nada, o Rômulo desagrudou do mesmo e ele caiu no chão ofegante, pondo a mão em seu pescoço.

- A próxima vez que tu pensar em tocar no guri do Kiron, eu vou te tacar a bala, tá entendendo seu bosta?

O mesmo saiu correndo para onde estava antes, os seus companheiros riram de sua desgraça, e chamaram ele de vacilão.

Eu ainda estava no chão, tentando assimilar o que acabara de acontecer.

- Tu tá legal, parceiro? - ele me ajudou a levantar. - Olha, eu vou passar a visão no Erick pra ele dá um jeito nesse bosta.

- Vocês vão matar ele?

- É isso que ele merece.

- Não! Tá maluco? Eu não quero ser culpado dá morte de alguém, credo! Ele é novo, não sabia que eu era o cara do Erick. Não precisa falar nada, eu já até esqueci.

Esquecendo tudo o que aconteceu, eu ia saindo, mas o Rômulo me impediu.

- O que está fazendo?

- Foi mal, mas o senhor não pode entrar aí nesse momento.

- Não me chama de senhor! Eu quase fui morto e você não vai permitir a minha entrada? Que merda!

- O Kiron tá ocupado e não pode receber ninguém até acabar, nem mesmo você. Foi mal.

Como assim nem mesmo você? Ele quase mata o cara por minha causa mas não permite que eu entre na casa do meu namorado?

- Eu vou esperar!

- Como quiser - ele saiu e voltou ao seu posto.

Aquilo estava muito estranho, o Erick nunca me impediu de entrar, será que ele estava com outro? E se fosse o Carlos? Meu Deus, eu estava sendo chifrado em plena luz do dia!

Como se tivesse hora para isso!

Horas depois ficar esperando o Erick fazer sei lá o que, eu avistei de fora um homem vindo para onde eu estava. ( Então ele não estava me traindo, bom saber ) Ele segurava uma maleta e usava um terno totalmente preto. Ele não tinha cabelo e sua expressão me deu medo de tão bizarra que era.

Nossos olhares se cruzaram e então senti um calafrio. Aquele homem me passava um sentimento muito estranho, e assim que o vi, eu senti um calafrio e uma energia muito ruim. Por quê?

- Jason - minha linha de raciocínio foi interrompida pelo Rômulo, ele estava vindo de dentro da casa do Erick, provavelmente avisou ao Erick que eu estava aqui

- Até que enfim! - revirei os olhos.

- O Kiron mandou entrar. Ele tá te esperando. - falou ele, e novamente o nome Kiron foi pronunciado, era assim que eles se referiam ao Erick, como Kiron. Mas por quê? Era alguma espécie de codinome?

Sem falar nada, tratei de percorrer todo o caminho de pedras até chegar na casa do Erick, fazia uma semana que eu não pisava alí, e estava do mesmo jeito, Erick não tinha mudado nada dalí, a não ser pelas armas que tinham pintadas na borda da piscina, agora elas não estavam mais lá, só mármore.

Hesitante, toquei a campainha.

Nada.

Toquei novamente.

Nada.

- Que porra o Erick tá fazendo? - falei, só aí eu percebi que a porta estava entreaberta.

Não pensei duas vezes antes de entrar.

Ao entrar, revi todos os quadros do corredor, e ao chegar na sala, a mesma estava uma zona. O Erick estava muito porco! Para quê tanta bagunça?

Tinhas roupas por toda parte, a televisão ligada em alto e bom som, tinha comida - ou o resto dela - pelo sofá e pelo chão ao redor da mesinha se centro.

- Jesus, que horror! - falei, ao pisar em algo que parecia ser um mine-cocô no meio da sala - QUE NOJO! CREDO AAHHH

Peguei um pano velho no chão e limpei meu tênis.

- Erick? - silêncio. - Olha, se você não aparecer eu vou embora e não volto nunca mais!

Mais silêncio.

- Erick?! - gritei, e minha voz saiu aguda.

Eu não era obrigado ficar esperando, nem mesmo a contar o que aconteceu. Eu iria desistir, se não fosse um barulho no banheiro.

- Erick, você está me assustando!

Se aquele fosse uma cena de um filme de terror, onde um Serial Killer matou meu namorado, e só faltava eu... Era minha vez de morrer, porque eu caminhei até o banheiro.

- Erick? Você tá morto?

Seu idiota. Se ele tivesse morto com certeza não iria responder. E se o homem que saiu tivesse matado ele? Seria impossível. Até porque o Rômulo foi anunciar minha chegada.

Um objeto caiu no quarto.

Era só um cachorro? O Erick não tinha cachorros, meu Deus!

- Eu vou te pegar! - pulei em uma altura absurda quando o Erick apareceu de repente na porta do quarto.

- AI MEU DEUS QUE MERDA! - gritei, pondo a mão no coração e respirando ofegante - Por que você pareceu desse jeito?

Ele começou a gargalhar, e aquilo me irritou!

- Lembra que da última vez eu caí na piscina, seu idiota? - resmunguei, irritado.

Ele ainda estava rindo, e demorou alguns segundos para recompor.

- Não teve graça! - falei, com cara feia.

- Foi mal, meu amor! - ele riu - E que faz tanto tempo que você não vinha aqui, que eu não podia perder a oportunidade de ver sua cara de susto novamente.

- Ah, é? Então se um dia eu sumir e reaparecer, você iria me dá um susto? Belo namorado você. - cruzei os braços, batendo os pés no chão.

- Eu estava morrendo de saudades, mô... Sabe, o Joãozinho tava com saudades das suas mãos. - ele disse, se aproximando. Mas eu ainda estava irritado.

- Nem parece, porque quase me matou. - fiz drama, mas a irritação passou em questão de segundos, e então eu sorri. - Eu também estava com saudades.

Nos beijamos, ele me precionou contra seu corpo e apertou minha cintura. Seu beijo estava mais intenso, sua língua brincava com a minha, as duas na mesma sintonia. Eu senti algo duro na minha barriga.

- Calma, Erick! Eu não vim para transar, tá? Eu vim pra outra coisa! - falei, cortando a tensão sexual entre nós e me afastando.

- Porra, Jason!

- Porra nada. Precisamos conversar! É sério.

- Ei, calma aí - ele prolongou o ei, levantando as mãos em sinal de rendição. - Eu não fiz nada de errado. Seja lá o que disseram pra você...

- Não me disseram nada! É outra coisa! Sobre mim...

Ele ficou pensativo por alguns segundos

...

- Porra, Jason! Aceitou sair com outra cara? Que merda de namoro é esse? - disse Erick, levantando abruptamente do sofá, sua expressão era de ciúmes foi muito nítida.

- Calma, Kiron... - ele me olhou, ficando em silêncio - Dá pra me escutar? Ou tá difícil?

- Não! Eu não quero te escutar! Você acharia de boa se eu aceitasse sair com o Carlos?

Por que ele deu o Carlos como exemplo?

- Pera aí... Por que o Carlos? Por que o Carlos como o exemplo, Erick?

- É só um exemplo, porra! E foi você que aceitou o pedido pra sair de um panaca, mesmo namorando comigo. Não se faça de vítima mano.

- Mas o Luiz não é o meu ex!

- Você tá tendo um caso com ele e quer terminar, né isso?

Respirei fundo e pensei em palavras menos pesadas para como prossegui com aquela DR

- Erick, você tem todos os defeitos que seriam os motivos para eu nem chegar perto de você. Mas eu aceitei namorar com você, não aceitei? - ele ficou em silêncio, e ele ainda estava pensativo - Eu não aceitei, Erick? - repeti, segurando em suas mãos.

- Aceitou. Você aceitou. Mas isso não quer dizer nada. .

- Como não? Se eu quisesse te trair eu te trair eu trairia. E eu não vou fazer, porque eu to com você. Confia em mim. É só um jantar ou algo assim, nada demais. - eu me aproximei, a pose de machão dele logo passou e ele sorriu. - Sabe que eu te amo, não é?

- Sei...

- Fala mais alto...

- ...

- Erick?

- Eu te amo também, merda! - caímos na gargalhada, e então nos abraçamos, e nos beijando em seguida..

- Se esse cara chegar perto de você pelo menos 3 centímetros, eu arranco as bolas dele... Depois, eu arranco o pedaço de carne que ele tem debaixo das pernas e faço ele comer no jantar. - ele falou, fazendo uma cara sombria.

- Nossa... Credo. Não fala assim.

- É brincadeira! - ele começou a rir histericamente

- Bobo! - bati no seu ombro, e então nos beijamos

...

Erick e eu decidimos assistir mais um filme, daquela vez era um totalmente triste, onde um menino cego se apaixona pelo novo colega de classe.

- Esse filme é perfeito - falei, comendo pipoca em seguida.

- Igual a você. - ele falou, apertando meu nariz.

Do nada meus pensamentos foram na minha mãe. O que ela escondia naquele caderno? Ou será que não era nada e eu estava sendo paranóico? ( como sempre )

Meu pai. Eu não queria pensar nele, no caso dele com o Hugo, vulgo meu melhor amigo, ou pelo menos eu acho que é.

- O que tá acontecendo? - perguntou Erick, me olhando.

- Nada demais. - menti, não queria enche-lo com meus problemas mal-resolvidos

- Nada demais, porra nenhuma! Tu tá assim desde a festa. Tu não gosta de funk e não bebe, o que aconteceu pro do nada você fazer essas loucuras?

Maldito. Ele me conhece tão bem.

- Meu pai, ele é problema!

- O que tem o Mário?

Ele conhece meu pai? Porque eu nunca havia falado o nome dele antes, não que eu me lembre.

Ignorando o comentário, eu continuei:

- Ele me irrita! Faz as coisas e finge que nada aconteceu!

- Ele é bravo mesmo.

Daquela vez eu não ia deixar passar.

- Conhece o meu pai?

- ...

- ...

- Não, é claro que não!

- Então me diz o porquê de você ter dito com tanta certeza que ele é bravo!?

- Eu vi ele no google! Aí eu me baseie nisso. Não conheço seu pai.

- Se você diz.

- Eu adoraria conhecer.

Que capítulo, meus amigos! Olá minhas berinjelas, sentiram minha falta?

Primeiramente, um milhão de desculpas!

O celular que usava da minha irmã quebrou, e eu não tinha como usar o Wattpad, mas graças a Alah eu voltei a usar, não aguentava mais ficar sem usar. Espero que vocês não me abandonem.

Porém, depois de tudo isso eu preparei um capítulo delicioso para vocês.

Obs: vou atualizar todos os livros!

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