14| Aquele pedido decente

- Pai?! É... Como assim onde eu estava? - gargalhei, meio exagerado pelo calor do momento, eu ia acabar entregando tudo. - Na casa do Hugo! O senhor mesmo ligou pra ele. Ainda vem me perguntar...

- Você não está mentindo para mim, está? Olha aqui, se estiver mentindo...

- Eu não estou, poxa! Custa acreditar? Por que o senhor vive desconfiando das pessoas?

Eu era um ótimo ator, era óbvio. Mas, eu não estava me sentindo bem mentindo daquela forma, eu podia estar omitindo, como fiz da última vez, mas mesmo assim. Era errado. Na verdade estava tudo errado. Eu devia estar mentindo? E se na verdade ele entendesse o meu amor pelo Erick?

Eu estava disposto a abrir o jogo, mesmo se custasse a minha felicidade. Mas era o que eu realmente queria?

- Está bem - ele cedeu, passando as mãos no cabelo. Eu podia ter simplesmente deixado tudo de lado e ter desistido de contar tudo, mas não o fiz.

- Pai, espera!

Ele parou, e olhou para mim, eu podia ver no seu olhar o quase sorriso de "Eu sabia que você estava mentindo", mesmo não estando sorrindo.

- O que?

- Eu te amo. - É, eu era um cagão. Eu desisti no último momento, no último segundo, eu podia ter entregado tudo.

Ele sorriu, o sorriso que eu amava e que raramente se mostrava em seus lábios. Eu me odiava por estar mentindo, mas era minha felicidade com o Erick que estava em jogo.

Simplesmente minha felicidade.

***

No dia seguinte, o intervalo na escola estava bem calmo, a maior quantidade dos alunos estavam lendo, mas o resto eu não fazia a menor idéia. E nem ligava, eu odiava todos eles.

- Cadê todo mundo? Geralmente isso aqui tá uma bagunça, literalmente. - falei, cedendo a curiosidade, colocando minha bolsa na mesa. Hugo devorava seu suco-de-caixinha como se a qualquer momento um apocalipse zumbi fosse acontecer.

- Falou comigo? - ele me olhou, sua boca estava suja. Imundo. Rolei os olhos.

- Perguntei onda está todo mundo.

- Ah, eles foram numa expedição no nordeste. Eu não vejo a menor empolgação em ir no nordeste.

- Isso é Xenofobia. Seu xenófobo.

- Eu só não gosto de ir viajar, não é se eu odiasse o nordeste. Até porque a maioria dos meus parentes moram lá.

- Está bem. Eu só estava brincando, sua louca. - falei, e então baguncei o cabelo dele, isso o Enfurecia muito, foi por isso que fiz.

- Você quer que o Erick fique viúvo antes do tempo? Não né? Então não toca no meu cabelo.

Eu ri. Por incrível que pareça, eu não senti medo em ver que alguns dos alunos olharam para nós, eu estava seguro, eu estava bem em contar para o mundo. Tá, o mundo é grande coisa, mas talvez meu tivesse que saber, aliás, minha mãe foi a primeira a saber, então ela tinha que fingir surpresa.

Eu ri da minha mudança brusca, eu de repente passei de um medroso, que tinha um conflito com minha sexualidade, para uma pessoa convicta. Eu sabia que eu não era nada além de gay. E eu estava pronto para contar para meu pai.

Ou melhor, para meus pais.

...

- Então você quis contar para seu pai, sobre nós? - perguntou Erick, jogando pedras no telhado de sua casa. estávamos perto da piscina.

- Realmente, sim. Eu quis. Mas desisti no primeiro momento, eu ainda não estou pronto para contar nada sobre nosso relacionamento.

- Espera, temos um relacionamento?

- Temos.

- Calma lá, Jason. - ele se levantou - Tem que ter pelo menos um pedido decente de namoro.

- Ah, é? - perguntei, presunçosamente. - E como seria?

Ele se ajoelhou, e pegou na minha mão. Se eu estava nervoso? Mas é claro! Era a primeira vez que alguém me pedia em namoro, principalmente aquele alguém.

- Jason, você aceita ser meu namorado?



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