Cap1: Bakugou e A Cidade do Diabo

Pov. Bakugou

Eu estava em uma cidade podre, era uma das piores cidades que existe, criminalidade alta, assassinatos,estupro, tudo em alto nível, essa cidade tem um nome, mas ninguém usa, ela é mais conhecida como "A Cidade do Diabo", porque dizem quando essa cidade estava sendo feito o Satanás em pessoa veio aqui e cagou em tudo.

- Sejam bem vindos A Cidade do Diabo, comprem comida, bebam e voltem pro barco, vamos ficar aqui pelo menos dois dias para reabastecer o navio, se entrarem em uma briga de bar não morram! - Grito pra pequena parte da minha tripulação que veio comigo. - Eu tenho umas merdas para resolver! Então não façam nada estúpido enquanto eu não estiver por perto! Kirishima! - Chamo meu braço direito que estava sendo enganado e roubado por uma velha. - Puta que pariu Kirishima! - Grito enquanto vou correndo para cima dos dois.

- Bakubro! Essa senhora tá com fome, só tô comprando um pouco de comida pra ela. - Kirishima explica.

Kirishima é o meu braço direito, o melhor em praticamente tudo; espada, caça, condução, se localizar no meio do nada no mar, luta corpo a corpo, carregar um canhão, além de ser uma inspiração para os tripulantes e nos momentos mais difíceis e sempre consegue animar o ânimo de todo mundo impedindo um revolta no navio; o que é muito bom pra mim, já que eu sou péssimo com seres vivos, por isso tornei ele imediato, o segundo no comando do navio, meu braço direito, mas infelizmente...

Ele é um trouxa, é fácil roubar ele, ele é ingênuo, se você falar que um porco vira ovo se botar sal nele, Kirishima acredita e vai ficar tentando transformar um porco em um ovo, teve uma vez que fomos para A Capital e um dos tripulantes disse pra ele que eles tinham a tradição de enforcar ruivos que não se vestiam de galinha, resultado: Três cabeças no chão e um Kirishima com penas, óleo e cola até no cu.

- Velhota devolve o dinheiro dele. - Digo tentando ter paciência com a bendita velha, ela faz uma cara de confusão e Kirishima também.

- Bakugou! Ela só está com fome e eu dei comida pra ela, por que ela me roubaria? - Kirishima pergunta, eu respiro fundo e...

- PUTA QUE PARIU KIRISHIMA! ESSA É A CIDADE DO DIABO! ATÉ UM BEBÊ SABE ROUBAR AQUI! - Berro com ele, acho que estou bem calmo hoje, afinal, eu não dei um murro nele, olho pra velha e seguro minha espada que ainda tava na bainha, ainda. - Escuta sua velhota de merda! Ou você devolve o dinheiro dele ou eu mato você e roubo tudo o que você roubou! - Aviso, porque comigo não há "ameaças" ou é fazer, ou é avisar e depois fazer, ela treme e abre o capuz revelando centenas de bolsas de dinheiro que pelo visto estavam cheias. - Tu é uma boa ladra. - Digo sorrindo e ela me devolve a bolsa de dinheiro do Kirishima, que eu diria que está com o queixo no chão. - A partir de agora seu dinheiro fica comigo ou no barco. - Digo enquanto vou andando, Kirishima vem correndo atrás de mim.

- Bakugou eu preciso do meu dinheiro! Como vou fazer compras?! - Ele pergunta, esqueci de mencionar, Kirishima apenas rouba de ricos ou de navios da coroa, ele não rouba de vendedores, comerciantes, gente pobre ou outros navios piratas que não fazem nada contra agente.

- Sero! - Chamo.

Sero é um dos meus tripulantes mais fiéis, ele é um faz tudo, serve para consertar e reparar o barco, faz a limpeza e é quem arruma as velas, além de ser um talentoso ladrão, ele é o total oposto de Kirishima, ele faz tudo que Kirishima não sabe fazer e é péssimo em tudo que o Kirishima faz, por isso normalmente os deixo juntos, pra eles ficarem segurando um ao outro, ele vem até mim, eu aponto para Kirishima.
- Sabe o que fazer. - Jogo o dinheiro de Kirishima pra ele. - Se você roubar ele, eu corto sua mão fora, mas você ainda vai ter que trabalhar! - Alerto.

Eu vou andando pela cidade, nada parecia ter mudado desde que eu era criança, sim, eu cresci aqui, foi aqui que aprendi a roubar, matar e manipular, além de todo o resto, se eu não tivesse sido criado aqui eu não teria virado o grande pirata que sou hoje.

Minha mãe me teve por acidente, na epoca ela tinha que se prostituir para ganhar algum "dinheiro limpo" e eu acabei nascendo, eu fui criado no meio de putas, bêbados e meretrizes; eu também trabalhava quando criança para ter meu próprio dinheiro.

Não, eu não me prostituia se é o que está pensando, eu lavava os pratos e cozinhava, assim mais prostitutas poderiam trabalhar e ganhar mais dinheiro para tentar fugir da cidade; eu não julgava elas, até hoje não julgo ninguém que mora aqui ou faz algo errado, eu já estive na mesmo situação, já fiquei sem comer e senti a fome, já tive que roubar, lutar e apanhar, acho que a frase que mais defini minha infância é "o que não me mata, me torna mais forte", se é que dá para chamar aquilo de infância.

Continuando minha história de merda eu fui juntando dinheiro, eu e minha mãe, que apesar de sempre estar brigando comigo só queria o que era melhor pra mim, então meio que "roubava" o meu dinheiro e guardava, comíamos pouco para não gastar muito, a dona do prostíbulo deixava eu comer os restos que sobravam nos pratos ao invés de jogar fora para os porcos, minha mãe tinha o sonho de morar em uma casa barco e viver no mar, a única coisa boa que existia na minha vida era ela contando sobre o mar e seus segredos, mas então percebemos com o tempo que esse era um sonho praticamente impossível; então quando eu fiz 10 anos ela juntou todo o dinheiro que tínhamos e comprou uma pistola feita pelo melhor ferreiro do mundo, uma pistola feita sob medida, uma obra de arte, a melhor que alguém já viu, feita de choque, ar, magma e titânio; e uma espada com um ferro desconhecido, na qual quanto mais é usada mais afiada fica.

Por que isso? Porque aqui na Cidade do Diabo o único jeito de você ir para o mar é virar um pirata; o único jeito de você virar o pirata é se você tiver uma arma sob medida com o selo do ferreiro; acontece que há um mito doido de merda que dizem que aquele ferreiro faz a arma perfeita para seu possuidor, uma arma que mostra a personalidade, o valor e a força de seu dono, então para te aceitarem você precisa ter dinheiro o suficiente para aquele ferreiro lhe fazer uma arma, pistola ou espada, você escolhe, então o capitão analisa o material junto com a tripulação e o primeiro e segundo imediato, então eles decidem se te querem ou não, fui aceito na hora; porque além de ter essas armas havia ganhado uma carta de recomendação do próprio ferreiro; não, ele não manda em ninguém, mas todos o ouvem e o obedecem, todos o respeitam, porque senão nossa cidade não sobreviveria.

Essa cidade não tem uma boa fama, as pessoas que vem aqui ou são criminosos ou são para verem o ferreiro, mas aí os imigrantes podem comercializar aqui, normalmente se aproveitam das prostitutas que fazem fama por serem as mais belas e selvagens (desesperadas por dinheiro para fugirem daqui); mas nós temos umas coisas que começamos a exportar a pouco tempo (por recomendação do sábio ferreiro).

Óleo, carne de peixe e de baleia e calcário; aqui por não haver regras é permitido a caça e pesca desregularizada; ou seja temos muito óleo de baleia que serve para fazer as velas, os aquecedores e lampiões funcionarem, e com os restos dos temos carne e ossos, moemos os ossos que dá para fazer uma tinta branca linda (que pelo que descobri é muito rara no mundo fora da cidade porque é proibido pelas lei de "preservação ambiental" matar um animal para fazer tinta); eu acho irônico, as pessoas das outras cidades nos ridicularizam, zombam e sentem nojo de nós, mas nos pagam para cometermos os crimes nas quais nos condenam por eles. Bando de hipócritas.

As pessoas ricas amam a tinta para fazerem tecidos e quadros, incluindo a realeza, eles também amam os peixes, tanto para comer quanto para usar de enfeite, e todos querem os óleos porque aqui é barato e ninguém nem pobre e muito menos rico quer ficar no escuro e com frio, então a cidade está melhorando muito, a maioria das pessoas juntam dinheiro e vão embora, algum viram peixeiros, baleeiros ou pessoas pagas para morem os ossos pra fazer pó branco.

Eu tenho esperança que talvez essa cidade deixe de ser conhecida como A Cidade do Diabo e passe a ser conhecida como "A Cidade do Óleo" ou "Da Tinta Branca", mas o que eu mais espero é que minha mãe possa ter dinheiro para comprar seu próprio barco; eu já a chamei um milhão de vezes para vir morar comigo e navega pelo mar, mas ela se recusa sempre. "Eu não vou ficar dentro da merda de um navio velho que está caindo aos pedaços cheio de bêbados que ficam lambendo suas botas!", foi a desculpa que ela deu...

Mas sempre que eu venho para a cidade eu trago alguns barris de óleo de baleia pra ela, não que eu e os outros sejamos comerciantes, mas nem sempre temos um mapa para ficar caçando tesouros e nem sempre tem um barco para saquear, então quando estamos navegando de bobeira deixo Kirishima nos guiar para uma caça a baleias para manter todos ocupados e sem tédio, Kirishima e os outros amam caçar baleias, bem, depois de uma ou duas caças, a primeira vez assusta um pouco.

Quase dá dó do Sero, ele é um dos únicos que não gosta de caçar e o motivo é que ele é o mais magro, por que esse é o motivo? Você sabe como se retira o óleo de uma baleia? Uma rápida explicação:

Agente abre a baleia, coloca um balde lá dentro dela e vai tirando o óleo, cortamos alguns pedaços pra tirar mais, mas sempre sobra uns litros no fundo da cabeça ou do estômago da baleia e a maioria dos marujos é musculoso e alto por conta das lutas e dos trabalhos mais pesados; como Sero não é grande e musculoso e é o único que cabe dentro de uma baleia para tirar cada gota de óleo; você consegue imaginar o cheiro que é dentro da cabeça ou do estômago de uma baleia? Então, esse é o motivo, quanto mais baleias, mais vezes o Sero tem que entrar dentro dela, quase dá dó, quase.

Kirishima é o melhor caçador de baleias que eu conheço, ele nunca erra o lugar onde elas estão, e quando ele está caçando ele sempre pega a maior e melhor, é impressionante; essa cidade me recebe com minha tripulação de braços abertos, graças a Kirishima aqui somos vistos como heróis; porque um dia a alguns anos atrás, antes dele ser o primeiro imediato, em uma de nossas primeiras missões comigo como capitão ele convenceu a tripulação a fazer um motim para uma caça à baleia.

Eu achei uma idiotice piratas irem caçar baleias, então joguei ele no mar, quando começou a escurecer senti que se não fosse ir buscar ele alguém da minha tripulação ia me matar enquanto eu dormia no meu primeiro ano de capitão, descobri naquele dia que ele é um ótimo nadador já que não morreu afogado.

Então fomos caçar baleias e de forma impressionante ele me convenceu a ir por uma direção e em menos de um mês nós achamos um bando de cachalotes, eu tinha dado ordens explícitas para eles pegarem apenas 3 filhotes, já que cada filhote mede 7m e pesa cerca de 2 toneladas já era mais que o suficiente para termos óleo o bastante para uma vida de pirata.

Ele me escutou? Lógico que não, mas conseguiu pegar 2 machos adultos de 18 e 17m (para que não sabe uma cachalote adulta fêmea tem entre 12 a 14m e um macho adulto entre 14 á 18m e eles pesam o dobro das fêmeas), eram tão grandes que tivemos que tirar o óleo deles na água, Kirishima na época era menor e magro e entro dentro da cabeça da baleia, meio que é um ritual para novatos, mas ele nem passou mal, disse que a família dele trabalhava com esse tipo de coisa e tava acostumado; às baleias nos renderam 20barris grandes de óleo (dentro de um barril cabe 200L de qualquer coisa), eu como qualquer pessoa ou pirata\criminoso sensato pensei em usar tudo pra mim pra usar nas velas, lampiões ou para tacar fogo nos piratas inimigos, outra vez Kirishima me convenceu do contrário e vendemos por um preço mais baixo na Cidade do Diabo, como é uma mercadoria pirateada a cidade não teria que pagar taxa (impostos) pela mercadoria, então foi um lucro enorme pra cidade.

Nós conseguimos convencer de uma forma bem pacífica (uma pistola na cabeça) os líderes usarem o rendimento do óleo para investimento para coisas para o povo da cidade; a vida das pessoas melhorou muito graças a isso, antes não tínhamos nada para o povo, agora tem uma escola! As crianças estão aprendendo a ler! Eu só aprendi a ler com 15, antes as pessoas morriam de qualquer doença, agora temos uma loja de remédios e água limpa! Antes algumas crianças que eram filhos de prostitutas eram abandonados na rua, agora tem um orfanato, a cidade melhorou muito, comparado ao que era antes, comparado a outras cidades ela ainda é uma merda, mas para pessoas como eu que foram criadas aqui, ela está maravilhosa!

Isso mostra que o problema não é a mercadoria ser "barata", ou o trabalho não render, o problema é que os merdas dos caras da realeza fazem a cidade pagar taxas EXTREMAMENTE altas, graças as taxas de pagamento para realeza 100 barris de 200L de óleo de baleia equivalem a 2, não é o suficiente para tirar a cidade do lixo, por isso pirataria é algo aclamado pela cidade, produto pirata não cobra taxa, então o lucro pra eles e pros piratas é de 100%, devia ser crime cobrar taxa não comercializar coisas com piratas!

Então depois de uma semana que saímos daqui e notamos as diferenças boas que aconteceram na cidade eu evolui Eijirou para segundo emediato, 2 anos depois dei o cargo de primeiro imediato pra ele; agora que caçamos baleias por diversão sempre trazemos alguns barris para ajudar a cidade a melhorar, eu trago sempre uns 2 para minha mãe, devo admitir, estava com saudades dessa velha bruxa, já faz um ano e alguns meses que não tenho notícias dela, sempre que chego a cidade tenho receio de receber a notícia de que ela morreu espancada em alguma vala suja por ter se metido em uma briga onde não foi chamada.

Aquela velha idiota está sempre fuçando o nariz onde não é chamada para defender alguém, mas isso pode lhe trazer muitos problemas, mas acho que ela deve ta bem, na ultima vez que eu vim visita-la ela tava comprando um mosquete, pensando um pouco nisso, agora temo pela vida dos ladrões que tentarem entrar na casa dela.

Eu finalmente chego a casa dela, uma casa simples e escura, ouço a porta ser praticamente arrombada pela minha mãe que estava xingando deus e o mundo de graça, seu vestido velho estava sujo de sangue e ela parecia chorar e resmungar "merda", toda a hora, eu me aproximo dela preocupado.

- Mãe? Tudo bem? O que está acontecendo? - Ela me olha e me abraça com força.

- Me-me desculpe Katsuki! E-eu fiz tudo que pude! Me desculpe! Me desculpe! - Ela chora e sem entender direito a abraço.

- Porra, velha! Você chorando assim eu não consigo entender nada! O que está acontecendo?! - Ela me olha no fundo dos olhos.

- Você... Você lembra daquela sua amiga que ajudava você na limpeza quando você era pequeno?... A do prostíbulo?... - Eu entro em choque, eu não tive uma boa infância, mas tinha uma amiga, ela me ajudava em tudo e roubava um pouco de comida pra mim e pra minha mãe, quando eu me metia em brigas ela sempre arrumava um curativo pra mim, ela não pode... Será que?

- URARAKA!! - Eu grito e empurro minha mãe de lado.

Entro correndo na casa grito e chamo desesperadamente minha amiga de longa data, mas paro de correr e gritar quando sinto algo bater com força na minha cabeça.

- Para de gritar porra! - Minha mãe grita depois de dar um murro na minha cabeça, ela suspira e fala baixo. - Senta aqui... Ela diz e sentamos num banquinho que estava ali perto. - Você sabe como essa cidade é cruel... Ela foi criada no prostíbulo e a mãe se matou... Então ela não teve escolha além de trabalhar lá... Ela sofreu muito... E como muitas acabou engravidando, mas como a maioria que é diferente de mim, ela perdeu o bebê. - Minha mãe suspira. - Um ano antes dela engravidar ela já estava se preparando caso ocorresse, graças a você ela estava conseguindo dinheiro suficiente para se mudar de cidade, ela tinha esperança que quando ela acabasse engravidando por acidente já tivesse dinheiro para fugir daqui... - MInha mãe solta outro suspiro triste. - Mas acabou engravidando mais cedo do que esperava, quando descobriu trabalhou até não aguentar para conseguir dinheiro, ela era diferente dá outras que viam engravidar como uma praga, ela queria o bebê, ela queria tanto... Mas acabou sofrendo um aborto, quando a bolsa estourou ela veio correndo aqui... - Ela me olha com lágrimas nos olhos. - O bebê não aguentou e ela quase morreu... Eu fiz tudo que pude para ajudar... - Eu entro em choque.

Eu estava chocado, mas não estava impressionado, isso é algo comum na Cidade do Diabo, eu só não queria que isso acontecesse com alguém que me é tão próximo.

- Posso vê-la?... - Pergunto, ela coloca as mãos nos meu ombros.

- Ela ainda não sabe que o filho não aguentou... E e-eu... - Eu coloco minha mão em cima da dela.

- Eu conto. - Eu me levanto e estava prestes a ir pro último cômodo da casa, mas minha mãe segura meu pulso.

- Leva ela. - Ela diz decidida.

- QUE?! - Grito mas paro lembrando que tenho que fazer silêncio.

- Assim que descobrirem que ela perdeu o bebê vão querer que ela volte a trabalhar... Ela não suportaria... Então leva ela pra trabalhar no seu navio. - Eu dou um olhar irritado pra ela.

- Você acha que meus marujos vão ser legais com ela?! - Pergunto falando um pouco alto.

- Não até ela provar seu valor, pelo menos lá você pode protegê-la, você acha que os homens daqui são legais com ela? - Eu respiro fundo e solto um longo suspiro.

- Ta... Mas quando você vai fugir daqui? - Ela me dá um sorriso.

- Eu estou construindo meu próprio barco, até ano que vem acho que ele vai ficar pronto, assim que ficar pronto vou pegar todas as antigas colegas e criar minha própria tripulação! - Ela diz orgulhosa.

- Finalmente uma notícia boa. - Nós rimos um pouco tentando acalmar o clima tenso, então eu vou ver Uraraka.

Ela estava deitada em cima de uma mesa, com um lençol cobrindo ela, ela tinha um olhar morto nos olhos e o lençol estava ensanguentado, ela estava com a cabeça apoiada em cima de alguns travesseiros finos, eu vou até o lado dela e sento na cadeira, seguro seu pulso com uma certa força, ela me olha e depois de alguns segundos ela me reconhece.

- Kacchan? - Ela me olha, um pouco de vida entrando em seus olhos. - Você cresceu tanto... Mas não mudou nada. - Ela diz fracamente, eu dou um meio sorriso.

- Você também... Cara de Bolacha.... - Ela sorri.

- Kacchan... Cadê o meu bebê? Ele deve estar com fome! Eu... Preciso proteger o meu bebê... - Ela diz tentando se sentar, meus olhos se enchem de lágrimas.

- Eu sinto muito... Eu realmente sinto muito... Ele não sobreviveu... Você só conseguiu por sorte... - Os olhos dela se enchem de lágrimas, e ela tenta se levantar.

- Não... Não. NÃO! - Ela tenta sair de cima da mesa, mas não tem forças, então acaba caindo em cima de mim e começa a chorar. - Me deixa ver o meu bebê! Eu quero ver o meu bebê! - Eu a abraço com força.

- É melhor não olhar, acredite, você não vai querer ver... - Ela chora com força e cima de mim, eu deixo, ela precisava disso. - Minha mãe vai cuidar de você, descanse, amanhã eu vou comprar umas roupas e armas pra você, depois de amanhã você vai embarcar no meu barco e vamos embora daqui, entendeu? - Ela funga, com certeza queria ir embora.

- Ma-mas e o meu bebê?... - Ela chora, eu respiro fundo tentando não chorar.

- Uraraka... Ele ta morto... Virou uma estrela no céu... Ele não vai voltar... - Ela chora.

Depois de um tempo dela chorando ela dorme, eu deito ela de volta na mesa, meu coração dói, mas eu engulo, como sempre faço ao ver o horror dessa cidade, mas as coisas estão melhorando, podia ter sido pior, ela podia ter morrido, eu respiro fundo, suspiro e vou embora, hoje eu vou me afogar na cerveja e só quero saber de problemas quando a ressaca chegar, até lá é beber e curtir com meus marujos.

No Dia Seguinte

Pov. Kirishima

     Eu acordo.

     Ai...

     Minha...

     Cabeça...

     Eu bebi demais... Mas não me arrependo, nossa... Minha cabeça ta doendo mais do que um dia levando murro do Bakugou, sério, eu queria nesse momento não ter cabeça.

     Olho ao redor e percebo que eu tava deitado na mesa, ao meu lado estava Sero, sem camisa, e dentro do bar um monte de marujos deitados por aí ou dormindo ou resmungando de dor de cabeça, mas pelo que eu lembro Bakugou queria beber, então nós necessariamente bebemos até cair.

     Eu me levanto e começo a procurar meu capitão, eu nãom ele dentro do bar, então vou pra fora, eu encontro ele dormindo com a bunda dentro de um barrio com as pernas e ombros para fora, ele tava roncando com a cabeça pendurada para trás e o chapéu de capitão dele nos joelhos, eu rio, tadin do meu Biribinha, vai ficar com dor nas costas por uma semana.

     - Hey Bakubrou! - Grito fazendo ele levar um susto e cair com o barrio na bunda, eu começo a rir ao perceber que ele ficou preso, ele começa a me xingar de todos os nomes possíveis, mas isso só me faz rir mais.

     - PELO NOME AMALDIÇOADO DA PUTA QUE LHE O PARIU!!! ME TIRA DESSA PORRA CARALHO!!! ANTES QUE EU COLOQUE A SUA CABEÇA NO IMUNDO CU DO SERO!!!! - Ele berra e eu vou até ele e levantou barrio com ele enquanto rio.

     - Calma, calma, calma. Agora como vamos tirar você daí? - Ele me olha furioso.

     - QUEBRA ESSA MERDA!! - Ele berra P da vida.

     - Cara, sério, como você conseguiu entrar aí? - Pergunto tentando achar uma forma de tirar ele dali sem machucar ele.

     - Eu tava bêbado! Você sabe que eu faço coisas impossíveis quando to bêbado! - Ele grita e eu rio enquanto procuro um pedaço de ferro para quebrar o barrio.

     - Que nem da primeira vez que transamos? - Ele cora e eu rio.

     - Vai se foder Kirishima! Porra! Você não tem o direito de falar nada porque você gostou pra caralho e gemeu como uma vadia! - Eu rio, enquanto me aproximo do barrio com a barra de metal, eu enfio o objeto entre as madeiras enquanto digo.

     - Eu sinceramente acho que foi ao contrário, já que foi você que ficou por baixo, mas sim, eu gostei muito. - Digo quebrando as madeiras fazendo o barrio desmoronar, assim que Bakugou fica livre ele me dá um soco. - Desnecessário. - Digo acariciando minha bochecha.

     - Se você contar pra alguém que eu ficava por baixo eu te castro! - Ele ameaça.

     - Por favor, deixe minhas áreas pélvicas longe de suas lâminas. - Digo de mão pra cima enquanto rio, apesar de eu saber que ele estava falando sério, ele bufa e sai andando.

     - Quero que mande os marujos repararem o barco! Ele tem que tá pronto até de manhã! Também quero que você compre uma pistola, uma espada e uma faca novinha! Eu te pago depois. - Ele diz indo embora.

     Fico um pouco confuso, mas aceito de boa, provavelmente vai aparecer um novo tripulante, já faz alguns anos que não aparece nenhum rosto novo no navio, só espero que ele não cheire tão mal quanto os outros, ou que seja tão bruto, talvez seja um garotinho com sonho de ser pirata, mas o Bakugou não deixaria um novato sem experiência entrar, talvez seja algum amigo da cidade ou alguém com algo que ele queira.

     Suspiro, não é da minha conta os motivos das decisões do Bakugou, a não ser que sejam muito idiotas ou que coloque ele em perigo, ou coisa do gênero.

     Eu volto pra dentro do bar e vou ate um Sero que estava seminu, provavelmente ele vai pegar um resfriado já que a temperatura aqui no verão é entre 10 á 15 c, eu o acordo e ele rapidamente sente o frio e começa a tremer.

Pov. Sero

     Eu acordo tremendo de frio, minha sorte é que eu sou bom de bico e não sinto ressaca, a primeira coisa que vejo é o Kirishima, eu pisco um pouco tentando assimilar o que estava acontecendo.

     - Sei que acabou de acordar, mas já tá na hora de trabalhar, o capitão mandou reparar o barco inteiro até amanhã, também precisam reabastecer, tipo, até amanhã. - Eu rio, ele só podia tá brincando, mas a cara dele tava uma séria fofo, já que o Kiri não tem uma energia fria, ele é todo alegre, então quando ele fica sério, fica fofo total oposto do capitão Bakugou, o Bakugou dá medo.

     - Tá brincando! - Digo rindo pegando amigavelmente no ombro do meu amigo. - Não tá?... - Pergunto começando a me preocupar.

     - Eu acho que o Bakubrou vai por um novato no navio amanhã, então é melhor terminarmos até de manhã. - Ele diz seriamente parecendo cansado enquanto coça a nuca, eu fico puto.

     - Manda ele tomar no cu! Acha que os marujos depois de ontem conseguem fazer tudo que se é necessário em um dia?! Pero qué desgracia! Isso é impossível! - Grito enquanto saio andando em busca das minhas calças.

     - Sero, eu sei que é quase impossível! Mas você já conseguiu fazer tanta coisa incrível! Lembra quando você transformou um monte de canhões velhos e enferrujados em uma arma capaz de afundar um navio com uma disparada? Ou quando tínhamos ficado sem dinheiro o suficiente e acabamos comprando uma pólvora que não funcionava? Você teve a brilhante ideia de fazê-las virarem bobas flamejantes! Você é um gênio! Sei que é difícil mas você consegue! - Eu resmungo enquanto coloco minhas calças.

     - Eu até tentaria! Mas olha como estão os marujos! - Eu aponto para os caras que estavam vomitando e morrendo de dor de cabeça pelos efeitos da ressaca. - Não dá pra eu fazer tudo sozinho! - Kirishima morde o lábio pensando, então sorri.

     - Vai dar tudo certo! Eles só precisam de inspiração! - Ele diz, como sempre Kirishark pensando positivo pra tentar salvar o dia (ou os marujos da ira do Bakugou caso algo não saia como ele quer).

       Ele vai correndo até os marujos ajudando eles a levantaram, então ele pega seu dinheiro e vai até a dona da taberna e paga, então junta todos os marujos que pareciam estar morrendo.

     - Ok gente! - Ele começa em seu tom inspirador e alegre, já aliviando um pouco a tensão entre os marujos. - Eu sei que vocês estão ainda meio mal, mas o nosso maravilhoso capitão nos deu um novo desafio! - Todos resmungam parecendo desejar a morte. - Eu sei que ele pega meio pesado com agente, mas ele nos adora! Ele é um pouco orgulho pra admitir, mas sente muito orgulho de nós! - Ele faz uma pausa.

      Todos começam a prestar mais atenção, Kirishima é o único que suporta o nosso capitão, apesar dele ser o pirata mais famoso que existe e a maioria desejar trabalhar no navio dele, depois de menos de uma semana você já fica com uma vontade extrema de dar um murro na cara dele, muitos marujos estão aqui pelo Kirishima, ou pelo fato de quem trabalha nesse navio nunca perde uma briga contra outros piratas ou a coroa.

      - Vamos lá gente! Ele pega pesado com a gente para nos deixar mais fortes! somos conhecidos como os melhores marujos dos 7 mares!  A própria coroa nos inveja! Olha tudo que já conquistamos! Somos marujos que conseguem fazer o impossível! Apesar dele não falar pra vocês o que sente ele sempre me diz que vocês são incríveis! Bem... Do jeito dele... Mas nós sempre superamos todos os obstáculos! Se não fosse pelo capitão a maioria estaria numa masmorra lambendo as botas dos hipócritas da coroa! - Todos fazem "uuuuhhh", ninguém aqui gosta daquelas crianças mimadas que nasceram num berço de ouro. - Então vamos fazer o impossível denovo! E deixar nosso capitão orgulhoso?! - Ele pergunta com um grande sorriso cheio de dentes.

     - SIM! - Todos gritam em sintonia, eu dou uma risadinha, Kirishima tem essa "magia" dentro de si, ele sempre consegue convencer todos a segui-lo, não importa o que, só de escutar a voz dele e vê-lo sorrir inspira qualquer um, até mesmo um homem morto sairia da cova vestindo uma saia se Kirishima dissesse que é possível.

     - Então conta pra eles nosso novo desafio, primeiro imediato. - Digo e ele sorri brilhante, já dava pra sentir que a atmosfera havia mudado bastante desde que eles acordaram, de pessoas quase mortas para um bando de marujos extasiados e loucos para uma nova aventura.

     - Reparar e reabastecer o barco inteiro até amanhã de manhã. - Ele diz sorrindo.

     - PUTA QUE PARIU! - Alguém gritou, eu rio e percebo que alguns dos marujos parecia estar repensando.

     - Gente, eu garanto que vamos receber uma recompensa depois do trabalho, nem mesmo que eu que tenha que pagar! - A cara dos marujos melhorou bastante, mostrando que eles aceitaram o desafio.

     - Tudo bem. Vamos fazê-lo, mas antes. - Eu dou uma pausa enquanto todos me olham. - Alguem me da uma roupa antes que eu morra congelado aqui. - Digo tremendo um pouco, eles riem e alguém vai procurar uma roupa pra mim, que estava congelando no frio de 10graus.

                                   
                      ~No dia seguinte~
                                    ~

Pov. Uraraka

Eu estava sentada em uma cadeira de balanço feita de madeira, não comia, não bebia, se pudesse continuava chorando, mas não tenho mais água no corpo pra chorar, eu só ficava olhando essa cidade podre que tanto odeio, eu odeio tudo daqui, as pessoas, as casas, o cheiro de peixe podre, de óleo de baleia e rum, a fumaça, a pobreza, eu menosprezo cada parte de tudo isso.

      Eu paro de observar a janela quando um mão macia e gentil toco suavemente minha mão, eu olho e vejo a Senhorita Mitsuki.
    
     - Eu não sei o quão longe chega a sua dor. - Ela me dá um sorriso triste. - Eu tive muita sorte de ter tido Katsuki na hora certa, mas se serve de consolo, eu também perdi alguém que amava muito. - Eu olho para ela com tristeza, não queria mais sentir isso, não queria mais sentir meu sofrimento, só queria esquecer, só queria ter morrido junto com o meu bebê. - Eu sei que você provavelmente nunca vai esquecer essa dor, mas te garanto por experiência, que o tempo e o mar vão lhe ajudar a superá-la, sim, quando você se lembrar vai chorar e vai doer, mas com o tempo você vai aprender a suportar sua dor e perda. E o mar talvez lhe ajude a esquecer e lhe traga felicidade. - Uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto, eu precisava me distrair, precisava esquecer meu luto, sofrer com alguém e desabafar é melhor que sofrer sozinha e guardar tudo pra si.

     - O que aconteceu?... - Ela acaricia minha bochecha gentilmente limpando minha lágrima e me olha com um olhar distante.

     - Para me salvar, ela teve que partir... - Eu me choco um pouco.

     - "Ela"?... Era sua amiga? Sua irmã? - Pergunto tentando entender a história, ela treme um pouco e parecia relevar se devia me falar ou não, eu rapidamente entendo o que ela queria dizer e me choco mais ainda.

     - Minha amada. - Ela respira fundo e eu me endireitei na cadeira. - Sou lésbica, sempre fui, de certa forma eu sempre soube, quando eu era pequena odiava usar vestidos, então eu me vestia de homem para poder fazer as coisas que gostava, porque se as pessoas soubessem que eu era uma garota não deixariam, as pessoas da cidade apenas descobriram que eu era uma garota quando eu fiz 13 anos e minha primeira menstruação veio com tudo enquanto eu estava na minha primeira caça a ursos, na época era um tipo de ritual para os meninos mostrarem que haviam se tornado adultos, um bando de moleques indo com um caçador pegar um urso pra vender a pele como casaco, eu havia ido como um "menino" porque eu também estava na minha fase de virar mulher e queria participar desse ritual ao invés de ser obrigada a me casar com um velho rico, eu era a mais talentosa e havia acertado um tiro perfeito na cabeça do urso, mas na hora que os meninos e o caçador me jogaram pra cima dizendo que eu era um máximo até que percebemos que eu estava sangrando entre as pernas. - Ela dá um sorriso triste.

     - Eles devem ter ficado impressionados com sua capacidade... - Digo esperançosamente, ela acena negativamente com a cabeça.

     - Eles rasgaram minhas roupas e fizeram eu voltar pra casa nua sangrando entre minhas pernas, e era final de outono, então já estava começando a nevar, meus pais ficaram furiosos, disseram que eu era uma vergonha e minha mãe me espancou e meu pai me expulsou de casa apenas de roupa íntima e espartilho. Então foi quando eu não tive outra escolha além de trabalhar no prostíbulo.

     - Você começou com 13?... - Pergunto com cuidado, ela nega com a cabeça.

     - Eu trabalhava como garçonete, comecei a me prostituir quando fiz 15, porque receberia mais, mas eu ia desistir depois do meu  primeiro dia de trabalho. - Eu fico chocadíssima.

     - Por que não desistiu? - Ela acaricia meus cabelos e meu rosto de forma carinhosa mas mantinha seu olhar distante enquanto vagava em suas próprias memórias.

     - Porque eu conheci ela. - Meu olhar fica arregalado, se essa mulher amava Mitsuki, por que a convenceu a continuar com aquele sofrimento? Eu estava preste a gritar minha indignação mas ela me interrompe. - Ela tentou me convencer a parar, mas eu estava desesperada para ter dinheiro e fugir com ela.

     - Então foi sua escolha? Para que pudessem ficar juntas? - Ela acena com a cabeça. - Como a conheceu?... - Pergunto querendo saber a história toda. - Por favor... Me conta sua história. - Ela me dá um sorriso triste.

     - Foi na noite do dia do meu aniversário de 15, depois de um dia inteiro tendo que trabalhar com aquilo eu fui para o cas chorar em desespero, com nojo, com medo, com pavor e totalmente sem esperança. Eu estava chorando e havia a visto bem no fundo do mar, a lua estava baixa e parecia estar sobre a água, estava enorme naquela noite e ela estava tão longe que parecia estar encostada na lua, por algum motivo não sei como ela percebeu que eu estava chorando e em questão de segundos ela estava na minha frente. - Ela fecha os olhos.

     Como se pudesse lembrar até do cheiro.

     - "Por que esta chorando?" foi a primeira coisa que ela me disse enquanto subia no cas, "Seus olhos são como pedras preciosas, sua pele é lisa e perfeita e seus cabelos fazem você parecer a própria filha do Sol"... - Mitsuki sorri, parecia lembrar exatamente das palavras da amada. - "Os humanos fêmeas sempre ficam insatisfeitos com sua aparência, mesmo que sejam belos, mas sinto que esse não é o seu problema... Sinto que alguém fez algo ruim com você..." - Eu quase rio.

     - "Humanos fêmeas"? - Mitsuki coloca a mão na saia de seu vestido e tira um colar de onde tinha um tipo de escama verde brilhante com um leve toque de amarelo, parecia ser místico e eu podia perceber que em volta do brilho do amarelo havia um leve tom de rosa claro, mas tudo parecia brilhar, ela abre os olhos lentamente e sorri.

     - Ela era uma sereia, posso ter apenas visto e me apaixonado por uma durante toda a minha vida, mas era a mais bela sereia que eu já havia visto e sua voz era a mais doce e gentil que meus ouvidos puderam escutar em toda a minha vida. - Eu fico maravilhada, impressionada e chocada.

     - Pensei que sereias fossem criaturas cruéis que matam humanos e afogavam marinheiros. - Mitsuki ri.

     - Muito pelo contrário, sereias são como anjos do mar, elas guiam as correntes para trazerem os marinheiros para casa, elas ensinaram as pessoas a navegarem pelas estrelas, elas que salvam os marujos quando os barcos quebram, elas que ajudam as baleias a dar cria, são como anjos, as pessoas inventaram esse mito para que pudessem "justificar" qualquer maldade que fizessem a uma sereia, para que caçá-las, matá-las e aprisioná-las "não fosse desumano" ou "cruel", apenas fosse o necessário para a "sobrevivência". - Ela guarda o colar de volta, eu me sinto um pouco mal por ter sido meio preconceituosa com uma criatura tão dócil e gentil. - Eu e ela nos víamos todas as noites no mesmo horário e no mesmo lugar, com o tempo eu e ela ficamos mais próximas, ela me ensinou a nadar, no dia do meu aniversário de 17 anos ela me levou para uma barreira de coral, era lindo. - Mitsuki cora um pouco, se levanta e se encosta na janela olhando o mar. - Naquela noite ela usou toda a magia que tinha e a sorte de ser maré baixa e virou completamente humana. - Meu olhos se arregalam.

     - Uma sereia pode virar humana? - Mitsuki sorri.

     - Se ela souber magia avançada e for maré baixa ela pode por um tempo, mas não por muito tempo, ela conseguiu por três dias e naquela noite depois dela virar humana e eu ensinar ela a andar com o dois pés, nós fodemos muito. - Ela diz com um sorriso enquanto estava com as bochechas levemente avermelhadas, eu coro com o pensamento de duas mulheres juntas. - Acredite em mim, é bem diferente do que dar para aqueles velhos bêbados nojentos, foi incrível. - Ela volta a olhar pro mar, parecia estar tão distante. - Mas um mês depois parei de menstruar, perguntei pra ela se fosse alguma coisa esquisita de sereia que estivesse me afetando. - Ela fecha os olhos, mas seu semblante não parecia feliz. - "Quase me esqueci que vocês humanos não entendem quase nada, nem do mundo e nem de si mesmos." - Ela me olha com um sorriso triste e eu percebo o que era.

     - Katsuki... - Ela sorri mais um pouco.

     - "Eu havia me esquecido que os humanos tem muitos machos e fêmeas juntos, no meu mundo não tem macho quase, é muito, mais muito difícil ter filhotes, a maioria tem muita vontade de ter mas não consegue, você conseguiu algo incrível! Você tá com um filhotinho, agora quando fomos embora no seu barco seremos uma família!"... Foi o que ela disse... Então eu comecei a chorar, ela não entendia o que estava acontecendo; "Por que você está chorando? Por que parece tão triste? Por que sente tanta raiva? Seu bebê não fez nada para você se sentir assim... Vocês humanos não ficam felizes quando têm bebê? Eu acho que isso é uma coisa muito boa, agora o nosso bebê vai poder nascer bem forte e bonito, ele pode nascer no barco, se nascer de dia ele vai poder ver o Sol e a beleza das árvores e dos corais e eu posso trazer vários peixes coloridos para serem a primeira coisa que ele vê, se ele nascer de noite verá a Lua e as estrelas que vão abençoá-lo e eu posso trazer águas vivas e planktons brilhantes para ele ver a beleza do mar e quando ele crescer eu vou até ensinar ele a nadar! Então por que está tão triste?" - Ela repete a frase que deve ter sido dita por sua amada.

     - Você não queria o Katsuki?... - Pergunto um tanto quanto incomodada, eu sempre achei que Mitsuki quisesse ter seu filho assim que soube da notícia, pensei minha vida toda achando que ela era diferente e que não via engravidar como um fardo.

      - Que prostituta quer engravidar de algum verme nojento que não ama ou conhece? - Eu fico de queixo caído. - Ela me perguntou se podia me ajudar e eu perguntei se ela tinha alguma forma de abortar sem o bebê sofrer. - Eu fico em estado de choque.

     - Você ia abortar o Kacchan?... - Pergunto e ela me olha com uma expressão séria, mas então sorri.

     - Eu ia. Mas ela me convenceu do contrário e sou muito feliz de tê-la ouvido. Mas ela não entendia do porque nós ainda não podíamos ir embora, às sereias são seres doces, gentis e inocentes, no mundo delas elas ajudam uma a outra e sem exigir nada em troca, ela não entendia que para ter um barco eu precisava de dinheiro, ela um dia disse pra mim que era só pedir por favor que o cara ia ficar tão feliz que ia me dar um barco. - Mitsuki ri. - Ela era a luz da minha vida, seu jeito doce e inocente era fofo, engraçado e um tanto meio idiota, para ela era tudo simples; ela sempre que ficava irritada quando eu tentava explicar como o mundo humano funcionava ela ia um pouco longe de mim fazia beicinho com cara emburrada e dizia "Vocês humanos são muito bobos! Ficam deixando muito difícil coisas super fáceis! Acham mais fácil deixar o que é fácil difícil do que ter inteligência e criatividade para fazer o difícil ficar fácil! - Ela ri com a lembrança e eu sorrio.

     - Devia ser bem perigoso ela vir até você. - Ela me olha.

     - Não era tanto quanto hoje, aqui a cidade era bem pior e menor que antes, só tínhamos um navio pesqueiro que só aparecia uma vez a cada 5 meses, a maioria das pessoas pescava de dia para ter o que comer, mas eu e ela íamos um pouco longe da cidade e de noite, além que qualquer coisa ela podia sair nadando rapidinho e ninguém iria ser tão rápido quanto ela na água, mesmo grávida. - Ela diz dando de ombros.

     - GRÁVIDA?!!! - Eu praticamente gritei.

     - É, eu tinha esquecido de mencionar, depois de uns 2 meses ou seja, quando eu tinha 3-4 meses de gravidez ela achou uma forma de engravidar, assim ela poderia "me acompanhar em todos os detalhes de uma gravidez", eu havia dito que não precisava, mas além dela querer me acompanhar nisso ela queria muito ter filhos e disse que uma amiga dela já tinha 3 e estava dando a luz ao quarto. - Ela explica. - Quando eu estava com meus 8-9 meses ela já estava em seus 5-6, eu não tinha dinheiro suficiente pra comprar um navio, ou fazer um, eu queria como você, fugir antes de Katsuki nascer, então comprei um bote, o plano era que eu ia entrar no bote e ir o mais longe da ilha e dessa cidade possível, quando fosse de noite ela ia me buscar amarrar uma corda no bote e me leva para alguma ilha tropical escondida onde poderíamos viver juntas e seguras. - Mitsuki diz sorrindo com o pensamento, eu também sorrio, parecia ser o sonho de toda a mulher ou pessoa que mora nessa cidade.

     Um sonho que parecia tão distante, tão impossível, mas que para Mitsuki estava tão perto, tão possível.

     - Seu pai te impediu? - Pergunto preocupada, ela acena negativamente com a cabeça.

     - Se meu pai tivesse tentado me impedir eu teria dado um tiro na cabeça dele, nem que tivesse que ser com uma pedra. - Ela diz, parecia odiar o homem mencionado.

     - Então... Foi a dona do prostíbulo? - Ela me dá um sorriso triste.

     - Quem dera... - Eu abaixo a cabeça sabendo a resposta.

     - Katsuki... - Ela acena com a cabeça.

     - Ele decidiu nascer na hora errada; eu estava indo dar a luz a ele dentro de um barco velho, eu não sabia como fazer isso, não tinha ninguém para me ajudar, até que ela apareceu; ela me disse que era uma sereia que curava, que o trabalho dela era ajudar os outros, ela que realizou o parto do Katsuki, também foi ela que escolheu o nome, eu quase morri depois do parto, mas ela me curou e me deu um pouco de comida e salvou a minha vida e do meu bebê. - Ela dá um sorriso triste. - Infelizmente a maioria das pessoas pensam como você provavelmente pensava, eu não havia percebido que enquanto eu dava a luz e ela fazia meu parto um pescador a viu e falou para a cidade toda que havia uma sereia não muito longe dali, assim que eu estava começando a me sentir melhor percebi que havia vários homens com redes de pesca e arpões, eles atacaram ela sem dó ou piedade, mas ela sempre conseguia fugir, mas nunca atacava ou revidava, sereias ou pelo menos o tipo dela são extremamente proibidas de ferir ou matar um igual, ou seja um humano ou outra sereia, ela era uma curandeira, vivia para cuidar de todos, queiram eles matarem ela ou não. Ela estava com medo e confusa, ela não entendia como alguém que ajuda outro pode ser visto como algo ruim só por ser diferente. - Ela diz olhando para os barcos e pessoas com um certo tipo de rancor. - Só por que ela era uma sereia justificava atacá-la, mesmo grávida, mesmo depois de ter salvado a minha vida.

     - Isso me lembra uma história que eu já ouvi... - Ela me olha com um olhar sério e meio irritado.

      - É a mesma história, mas a que você e toda a cidade ouviu foi contada por babacas que a caçaram. - Ela volta com o mesmo olhar para a cidade. - "Nós vimos uma sereia atacando mulher fraca e ferida, como sabemos que sereias são perigosas fomos salvar a jovem moça, a sereia queria aproveitar que ela tava fraca e ferida para levá-la para o fundo do mar e devorá-la, normalmente sereias pegam os marinheiros e marujos, mas aquela estava sozinha, talvez tenha sido por isso que ela decidiu pegar uma presa mais fácil!". - Ela fala com nojo na voz. - Mudaram a história toda, de "sereia salva mulher grávida e seu bebê" para "sereia ataca mulher fraca e ferida", de "sereia grávida e assustada fugindo de homens com lanças, arpões, redes de pesca facas" para "sereia afoga marinheiros e marujos", toda a cidade ouviu com atenção a versão da história deles, mas por eu ser mulher e trabalhar para um prostíbulo fui deixada de fora, eu até tentei defendê-la mas disseram que eu estava louca por ter acabado de parir, além e que eu tinha fama de "puta louca" por que me vestia de menino quando criança para sentir que tinha um pouco de liberdade. - Eu fico triste com a história.

     - Ela se entregou e a levaram? - Pergunto cabisbaixa e com um pouco de vergonha de ter acreditado minha vida toda na "coragem" dos pescadores e marinheiros.

     - Não, naquele dia eu tive que fazer uma escolha impossível, eu podia abandonar meu filho recém nascido e deixá-lo no bote pra morrer e fugir com ela para o paraíso e ter a vida que sempre sonhei, mas sempre levar comigo o peso que eu deixei meu filho morrer, ou ficar com ele e ver o motivo da minha existência ser morta e cortada em pedaços pra venderem. Ela percebeu que eu teria que escolher, então ela não deixou que eu fizesse minha escolha, ela atraiu o navio para ela e fugiu para o fundo do mar, mas antes de fugir eles acertaram um arpão na cauda, havia muito sangue e escamas na água, eles pegaram o máximo que puderam. - Mitsuki tira novamente o colar do bolso e o olha com um olhar inexpressivo. - Eu havia conseguido pegar um, eu poderia ter vendido e teria dinheiro o suficiente para um barco simples, mas jamais me livraria da última lembrança que teria dela. - Ela suspira. - Bem essa é minha história, o resto você já sabe, voltei para a cidade e criei Katsuki como a mãe solteira e forte que sou, falei pra ele todas as maravilhas do mar e o meu sonho de morar nele, ele acabou ficando fissurado nisso também. Virou um pirata e agora eu e ele vivemos nossas vidas, meu objetivo por enquanto é terminar meu barco e ir atrás dela, não posso dizer que minha vida acabou quando Katsuki nasceu, mas minha vida começou quando eu a conheci, quando Katsuki nasceu foi apenas umas férias, agora ele já é adulto e já pode tomar suas próprias decisões e eu posso ir atrás da minha amada. - Eu já estava chorando com o tamanho da força e da beleza da história de Mitsuki.

     Ela guarda o colar de volta no bolso e pega uma sacola de roupas que ela havia separado para mim, eram roupas antigas que já não cabiam nela mas que caberiam em mim, eu ia fazer uma pergunta mas sou interrompida pelo Kacchan quase arrombando a porta.

     - CARA DE BOLACHA EU SEI QUE A SUA VIDA NÃO TÁ FÁCIL!!! MAS TENHA MAIS COMPROMETIMENTO!! EU DISSE QUE ERA PARA ME ESPERA NO CAIS E VOCÊ TÁ AQUI DE BOBEIRA SEM FAZER NADA!!! EU TIVE UM TRABALHO DO CÃO PARA CONSEGUIR UM LUGAR PRA VOCÊ NO MEU NAVIO E É ASSIM QUE ME AGRADECE??!!! - Katsuki entra berrando.

     - CALA A BOCA SEU MENINO MAL CRIADO!! EU NÃO CRIEI VOCÊ PARA DESRESPEITAR UMA MULHER!! ENTÃO CALA A SUA BOCA ANTES QUE EU CORTO SUA LÍNGUA FORA!! QUE NA MINHA CASA QUEM MANDO SOU EU E É PROIBIDO GRITAR SEM MOTIVO!!!!!!!!!!!!!!!! - Mitsuki berra enquanto dá murros na cabeça do filho.

     - De-desculpa mamãe.... - Katsuki fala com um pouco de medo.

     - MAMÃE O TEU CU!!! NUNCA MAIS OUSE GRITAR DEBAIXO DO MEU TETO!! - Ela berra de novo dando um outro murro na cabeça dele, é impressionante como ela consegue ser tão gentil com uma pessoa e tão violenta com o filho ao mesmo tempo, eu me seguro pra não rir da cara de medo dele.

     Katsuki pega a minha mochila e sai de mansinho (correndo) da casa para não irritar a mãe, eu estava preste a sair quando lembro o que eu ia perguntar.

     - Há! Mitsuki, eu tenho uma pergunta. - Ela me olha com um sorriso no rosto.

     - Diga. -Eu respiro fundo e me preparo para perguntar.

     - Qual era o nome dela? - Pergunto e ela me dá um sorriso de olho fechados.

     - Inko.  O nome dela era Inko Midoriya e se não me engano... Ela ia chamar o filho de Izuku. - Eu aceno.

     - Se eu vir uma sereia, vou perguntar sobre eles por você e caso eu volte lhe direi tudo o que eu descobrir. - Ela sorri e me dá um olhar que dizia nitidamente "Obrigada", então eu aceno com a cabeça e vou embora.

                                                    ~         
~ Uma Caminha Depois pq eu to com preguiça de escrever mais sobre a cidade~
                                                   ~

Pov. Uraraka

     Eu estava entrando no barco de Katsuki, era enorme! O chão era limpíssimo! As madeiras pareciam estar novinhas! Nem parecia que aquilo algum dia já foi uma lata velha, Kacchan olha pra tudo sorrindo.

     - Eu tenho os melhores marujos de todo o mar e além, eu nunca digo, mas tenho muito orgulho dos meus tripulantes, eu sou um capitão bem rígido, mas se não fosse por isso eles seriam um bando de molengas. - Ele diz me mostrando o lugar.

     - Então vamos traduzir, você ama eles. - Ele cora levemente e grita.

     - EU DISSE QUE ELES SÃO ÚTEIS!!! NÃO MUDE MINHAS PALAVRAS!!! - Ele grita, eu rio.

     - Você não mudou nada! - E rio, mas sou interrompida por uma voz firme e doce.

     - Capitão Katsuki Bakugou! Está na hora de você agradecer sua tripulação! Nós rodamos a noite, o dia e a madrugada para fazer tudo que você pediu de forma excelente! Então trate de agradecer aos seus marujos! - Um cara com cabelos vermelhos como sangue e de uma forma impressionante conseguia ficar pra cima e dentes afiados como de um tubarão diz de forma rígida e ao mesmo tempo alegre. - Os marujos quase desmaiaram de exaustão, então trate de agradecer aqueles que conseguiram se manter de pé! - A cara de fúria do Kacchan era óbvia, mas ele não grita eles deviam estar certos.

     - Ok! Ok! - Ele diz parecendo se controlar para não tacar alguém para fora do barco. - Vocês são a melhor tripulação do mundo! - Ele diz com muita dificuldade e sai andando de pés pesados e bufando até sua cabine.

     Eu ia seguir ele mas ele fecha a porta na minha cara, eu ia abrir a porta mas paro ao ouvir som de coisas sendo tacadas na parede, eu olho para trás e vejo os marujos dando toca aqui alegremente, deve ser difícil viver no mesmo ambiente que o Kacchan.

     Mas parece que os garotos haviam notado minha presença, alguns dos homens começam a me olhar com um olhar malicioso e se aproximaram, um deles me pega pelo pulso.
    
     - O que o Capitão tá fazendo com uma puta tão bonita só pra ele?

     - Eu acho que esta deve ser a recompensa pelo trabalho duro! - Outro diz se aproximando mais, eu começo a ficar assustada.

     - Não! Eu não estou aqui pra isso! - Digo alto e firme enquanto tento puxar minha mão do cara.

     - Mas a partir de agora tá. - Ele diz e eu começo a entrar em desespero, até que vejo a mão do cara que lembra um tubarão segurar com força o pulso do marinheiro que ainda estava me segurando.

      - Se ela disse que não está aqui pra fazer esse trabalho; tenha o mínimo de decência e respeito e não a agarre ou fale com ela dessa maneira. - Ele diz, sua voz antes doce, alegre e inspiradora se tornando fria, séria e rígida. - Ou da próxima vez eu jogo você para os tubarões. - Ele diz e sua voz me dá calafrios na espinha, então o marujo me solta e estala a língua em desgosto, então ele solta o  marujo que vai embora contrariado. - Me desculpa por isso... - Ele diz coçando a nuca enquanto volta ao estado normal.

     - Tudo bem... Já estou acostumada... - Digo tristemente, ele me olha com um olhar determinado.

     - Pois trate de se desacostumar! - Ele se vira para os marujos que ficavam murmurando em um grupinho. - Hey! Escutem todos! - Ele se aproxima. - A... - Ele me olha e percebe que não sabe meu nome. - Linda moça... Está sobre minha proteção! Ou seja! Se eu souber que alguém pôs um dedo em cima dela sem ela querer eu vou jogá-los na água para serem isca de tubarão! E se eu souber que ela engravidou de alguém aqui sem querer eu vou castrar o cara enfiar o testiculos dele tão fundo na garganta que ele vai cagar com esperma! E aí se não for um bom pai! Então não venham com gracinhas! - Ele diz seriamente, todos acenam parecendo um pouco assustados com a voz potente dele, ele olha pra mim com um olhar carinhoso. - Desculpe por eles, eles meio que ficam doidos quando vem uma mulher perto deles, mas se acontece qualquer tipo de gracinha é só vir falar comigo que eu castro eles pra você! - Eu rio.

     - Obrigada. - Agradeço sorrindo. - Meu nome é Ochako Uraraka. - Ele dá um leve tapa na própria testa.

     - Como fui mal educado! Perdão! Modos de pirata normalmente são os piores. - Ele faz uma reverência e pega minha mão beijando gentilmente. - Eu sou o braço direito do capitão, o primeiro imediato Kirishima! - Ele se apresenta e se ergue, então cruza os braços. - Pelo visto terei que te ensinar a se defender por aqui, vou te mostrar o lugar e lhe apresentar aos marujos mais decentes, bem, se Bakugou tivesse me dito que você era uma garota eu teria comprado armas especificas para você e algumas roupas, claro, além de pedir que montassem uma área para você dormir mais confortável... Infelizmente você vai ter que dormir no porão com os homens, mas botarem você perto de alguns que são mais quietos e de confiança. - Ele diz com uma cara meio tristonha tentando melhorar minha situação. - Venha comigo vou lhe mostrar o lugar. - Ele diz descruzando os braços e me levando para uma cabine que ficava do lado oposto.

     A cabine era totalmente aberta e não tinha postas, alem de ser pequena e vazia, no meio dela havia um alçapão.

     - Aqui é a entrada para o andar do meio, onde guardamos as nossas coisas, armas e canhões,além de ser a área para a cozinha, mas esse lugar não que seja restrito mas quase todo dia é somente para o Sero e seus compatriotas, ele é o gênio por trás das nossas armas, então não é seguro ficar aqui com ele trabalhando, por isso que dizemos que é a área dele.. - Ele diz descendo as escadas e eu vou junto.

     Havia três caras, um de roupa simples branca que corria de um lado para o outro, juntando coisas quebradas e algum tipo de pó verde, além de ferramentas, outro estava bebendo e falando coisas incompreensíveis e o terceiro estava desenhando figuras que eu não tenho capacidade de identificar.

     - Hey Sero! - Kirishima chama, o cara que estava correndo de um lado para o outro cheio de tralhas para de fazer o que quer que estivesse fazendo.

     - Fala Kiri Tubarão! - Ele diz enquanto solta suas tralhas em cima de outra tralhas.

     - Esta é Uraraka, ela é a nova tripulante. - Sero coloca um sorriso no rosto.

     - Wow, mamma mia! A quanto tempo não vejo uma mulher fazendo algo que não é ficar em casa obedecendo um homem! - Ele diz alegremente, então põem a mão no queixo. - Apesar de nosso capitão ser um homem e toda a tripulação ser basicamente um bando de homens criminosos. - Kirishima e ele suspiram e ambos dão de ombros.

     - Você acabou de estragar toda a magia do que disse. - Kirishima diz e Sero ri.

     - Foi mal, o trabalho pesado do Bakugou ta acabando com minha alegria ultimamente. - Ambos riem. - O Bakugou pelo menos elogiou agente uma vez na vida. - Ele suspira.

     - Claro! Antes de tacar uma mesa na parede! - Ambos riem e eu rio um pouco. - Eu disse que ele gosta da gente, ele só é meio rígido e orgulhoso. - Kirishima diz coçando a nuca.

     - Por isso que ele é um bom capitão! - O garoto que estava desenhando diz, ele  parecia ser o mais novo das pessoas do barco. - Meu nome é Kota. - O garoto de cabelos e olhos pretos diz.

     - Quantos anos ele tem? - Pergunto, Kirishima sorri.

     - 16, ele entrou clandestinamente a uns 3 anos. -  Kirishima diz sorrindo e Sero se aproxima do meu ouvido.

     - Ele tava fugindo de guardas da Capital e entrou dentro de um barril de água, assim que chegou o Bakugou jogou ele no mar, mas o Kirishark pulou na água e trouxe ele de volta, então o Bakugou deixou ele ficar. Ele é um lambe botas desses dois doidos. - Sussurra apontando para Kirishima e para a escada.

     Eu rio e Kirishima diz que vai mostrar o último nível do navio, nós vamos até um pouco no fundo e havia outro alçapão, ele puxa a corda e abre a porta de madeira que fica no chão, ele começa a descer e eu vou junto, quando finalmente terminamos de descer avistei um lugar escuro cheio de redes e gente dormindo nelas, algumas sacolas jogadas no chão, eu via também espadas e garrafas de rum.

     - Bem vinda ao vosso quarto, aqui você pode dormir na rede, tem gente que prefere dormir no chão porque diz que a rede da enjoo; alguns piratas preferem dormir com suas armas para não serem roubados ou para marcar sua rede, outros entalham seus nomes na parede bem em cima de sua rede para dizer que a rede é dele. Mas se você preferir dormir no chão, eu posso improvisar uma cama pra você, claro, não vai ser a mais confortável do mundo, mas é alguma coisa. - Eu sorrio.

     - Não, não precisa, uma rede já está de bom tamanho. - Ele suspira.

     - Tudo bem. Agora temos que ver aonde você vai dormir... Vou tentar deixar você perto do Sero ou algo assim, pra ele cuidar de você. - Ele diz e eu levanto as mão em defesa.

     - Na verdade eu me sentiria mais segura com você e eu posso me cuidar sozinha. - Ele sorri pra mim com um certo desconforto.

      - Bem, eu não durmo aqui... E você pode até se defender sozinha, mas eles não sabem disso, então até você se provar como uma mulher que pode nos acompanhar, é perigoso para você. - Ele diz com sinceridade.

     - Tudo bem, eu durmo perto do Sero. - Ele começa a andar até o fundo do lugar onde havia um colchão.

     - Como o Hanta é o segundo imediato ele é quem tem um pouco de conforto extra, ele é o único que tem um colchão aqui embaixo, você dorme naquela rede. - Ele diz apontando para uma rede vermelha que fica na frente do colchão.

     - Obrigada. - Agradeço enquanto coloco minha sacola em cima\dentro da rede.

     - Não se preocupe, é o mínimo que eu poderia fazer por alguém que é novo na tripulação. - Ele diz enquanto saia mas para de andar quando lembra de algo. - Há! Quase esqueci! Amanhã de manhã vou treinar você, então acorde bem cedo, porque se não vou acabar ficando ocupado e quem vai vir te acordar vai ser o capitão ele é meio bruto para acordar alguém. - Ele diz e volta a sair.

     O resto do dia foi um tanto monótono, eu fiquei com Sero ajudando a botar fogo em algumas coisas e aí ele separava essa coisas em barrios com uma letra e uma língua ilegível para mim, descobri que a letra e a língua são realmente inlegíveis para qualquer um do navio; porque não são da nossa língua realmente, descobri que ele é um linguista, ou seja, ele fala todas as línguas do mundo, então por segurança ele usa a escrita de suas coisas em uma língua que ninguém conhece.          

     Ele me contou que ele vivia na ilha de La Fiesta, sua mãe era uma linguista que havia viajado pelo mundo todo e seu pai um professor de química que inventava coisas para vender e ganhar dinheiro, o sonho da mãe dele era viajar pelo mundo quando ela o realizou virou a mais bela e dançarina da cidade, além de professora, ela quem ensinou ele as línguas e tradições do mundo todo pra ele, além de como velejar em um barco, se localizar de milhões de maneiras diferentes, "tirar água de pedra", acender uma fogueira com gravetos e praticamente tudo que se é necessário para ser "um marujo difícil de matar".

     Já seu pai o ensinou a ser um grande químico, mecânico e inventor, na qual meio que criou a fama dele de ser o "marujo mais genial dos 7 mares", ele me contou que ele se metia em muitos problemas com o pai já que ambos inventavam coisas que explodiam, então um dia o pai dele acabou pegando uma doença muito séria por conta de algumas coisas e gases químicos malucos que eles mexiam, o pai dele e a mãe se ajudavam a pagar as contas, tinham uma vida até mesmo rica, mas sem o pai trabalhando e precisando de  cuidados especiais ele tomou conta da oficina do pai e começou a fazer brinquedos com o que era considerado lixo metálico pela cidade, as crianças se apaixonaram pelos brinquedos que ele fazia quando menino.
E isso ajudou muito a ele ter mais dinheiro para comprar os medicamentos do pai, mas um dia a realeza da Capital apareceu na cidade e roubou uma boa parte da vegetação da ilha; as palavras de Hanta foram "Eles vieram para nossa ilha com espadas, escudos, arqueiros e guerreiros com armaduras brilhantes, uma ilha onde apenas tinha mulheres que dançavam, crianças brincando e homens fazendo perfume ou torta doce. Eles levaram nossa flores, ervas medicinais, árvores e queimaram nossas casas. Ninguém contou ou comentou, mas também levaram boa parte dos homens como escravos e mulheres para prostituírem. Se perguntar sobre isso para algum mimadinho que nasceu na Capital ele vai dizer: "É mentira, não tá escrito isso nos livros de história!" mas todos na Capital e em La Fiesta sabem, todos os soldados sabem, todos viram e ninguém fez nada para impedir essa injustiça."

     Depois que isso aconteceu os medicamentos ficaram MUITO mais caros e o pai dele estava morrendo, então ele sentiu que não tinha escolha e começou a roubar os remédios para o pai, quando o pai dele ficou totalmente curado (o que levou anos já que para curar alguém de uma doença química é muito difícil) ele já era um ladrão excelente, mas aí começou a ter mania de roubar, roubava qualquer coisa de comer ou que era brilhante, ninguém sabia que era ele, mas com alguns anos começaram a chamar o ladrão misterioso de  "Ladrón Fantasma".

     Era o primeiro ano de Capitão do Bakugou, então ele estava fazendo sua primeira tripulação, havia acabado de chegar na ilha e ouviu os boatos, então chamou a ilha toda e disse que estava convidando o tal "Ladrón Fantasma" para a tripulação dele; uns quinze homens se apresentaram; mas como prova de que eram ladrões eles teriam que roubar algo valioso do barco dele sem serem pegos, Sero não havia se apresentado, mas estava curioso com as maravilhas que podia ter em um barco de pirata, queria pegar algo de alguma cidade misteriosa que sua mãe ainda não tinha visto, já que em uma semana seria o aniversário dela.
    
     Resultado: Ele roubou MUITAS coisas e os cintos dos caras que haviam se apresentado, deixando claro que eles não eram ele; Bakugou queria que queria ele em sua tripulação por suas habilidades de ladrão, então ele fez outro anúncio, que roubaria a ilha toda, roubaria aquilo que lhe era mais precioso para todos eles, no dia seguinte a mãe de Hanta havia desaparecido e ela meio que era considerada "Um Patrimônio Vivo da Ilha De La Fiesta", então Bakugou realmente roubou o que era mais precioso para a ilha, a melhor dançarina que tornava o lugar um lugar visitado para os viajantes verem era.

     Então a ilha inteira ficou DESESPERADA, todos atacaram Bakugou e seu navio, mas Sero foi o único que teve habilidade para entrar no navio e achar a mãe dele sem ser visto, até que o capitão achou ele tentando roubar a chave para soltar a mãe dele, depois que ele contou que era mãe dele e falou sua história e ele ficaram conversando; Bakugou o convenceu a ir morar no navio, com a condição que eles visitacem TODAS as ilhas que passassem e que ele pudesse levar o que quisesse do lugar, além claro, de uma carta branca para fazer o que desejassem com as "tralhas" velhas do navio.

     Bakugou aceitou e soltou a mãe dele, algumas semanas do Sero no navio, foi notada a melhora avassaladora que aquele simples garoto fez, então todos deixaram os creditos de Sero com ele e Hanta que antes era conhecido como "El Ladrón Fantasma" se tornou "O Gênio dos 7 Mares".

     Ele me contou que no inicio ele e Bakugou não se davam tão bem, porque ele não tinha controle sobre sua "mania de roubo", mas com "toda a paciência calma e enorme" de Bakugou para ensiná-lo a controlar sua mania ( 7 dias sem comer, 5 sem água, berros a cada 5 segundos e 9 "visitinhas" ao mar além de ser usado como mira para a lendária pistola do Bakugou toda a vez que roubasse deles), ele aprendeu a controlar perfeitamente sua mania.

     - Eu jurava que ia morrer aqui... - Ele diz parecendo cansado e eu rio. - Sério véio, cuidado Ochako, ele é cruel com os novatos. - Ele diz enquanto cozinhava com Kota e eu ajudava.

     - E sua mãe? - Pergunto.

     - Mando cartas e visito toda a vez que paramos em La Fiesta para reabastecer o navio, graças a Kirishima a ilha passou de "Estado de recuperação" para a "Ilha Mais Rica E Próspera do Mundo". - Ele diz dando de ombros.

     - Kirishima? - Pergunto, ele acena.

     - Kirishima é a pessoa mais bondosa que eu conheço. - Ele começa. - Foi o meu primeiro "amigo" aqui. Não posso dizer que éramos realmente amigos; eu só ficava perto dele porque ele é trouxa e dava pra roubar ele facilmente. - Ele começa a forçar uma crise de tosse. - E cof cof... Ainda cof cof... É cof cof cof... Pigarro horrível né? - Ele pergunta e eu rio, então ele volta a história. - Quando fomos para La Fiesta ele deu o seu jeito de convencer as pessoas a abrirem um comércio e começarem a comercializar o que tinham, ao invés de se deixarem serem roubadas, também ensinou todos como lutar para impedirem as cidades mais poderosas de roubarem eles, eu e meu pai conseguimos desenvolver venenos naturais potentes, na qual são os segredos da defesa da ilha, depois de Kiri ajudar as pessoas a terem coragem e serem livres a ilha prosperou, apesar da maioria dos créditos ter ficado comigo e com meu pai por termos apenas desenvolvido o veneno depois dele ter nos convencido. - Ele diz com uma certa admiração.

     - É impressão minha ou todo mundo admira e respeita o Kirishima? - Pergunto meio confusa.
    
     - O Kirishima é o melhor! - Kota diz convicto. - Eu soube que em uma caça a baleias ele lutou com uma apenas com os punhos e dentes! - O Cara bêbado que ficava no canto se pronuncia de forma compreensível pela primeira vez.

     - Isso não é nada! Eu lembro de uma vez que sequestraram ele e ele lutou com 150 homens sozinho!

     - Dizem que ele era um tubarão mágico, mas um dia ele estava cansado de caçar baleias e outros tubarões! Então virou humano para destruir qualquer um que ousasse chegar perto dele! Mas aí o capitão Bakugou o domou e agora ele é seu lacaio eternamente! - Kota diz com um tom místico.

     - Puff! Tolice! - O bêbado se faz presente no assunto. - Dizem que ele é um filho de Poseidon! Que ele é imortal e indestrutível! E que está buscando uma sereia maligna que roubou sua ferramente para entrar no mundo dos deuses do mar!

     - Eu ouvi dizer que os cabelos dele são vermelhos porque ele arrancou um dos corações do Kraken! - Kota diz com admiração.

     Os dois contavam histórias mais insanas e místicas, eu duvidava da maioria, mas algumas podiam ser reais, afinal, não seria tão impossível se ele fosse um tritão ele ter feito algumas das coisas que eles falaram

     Depois de muitos contos e lendas eu comecei a perceber que uma BOA parte da tripulação estava lá dentro da cozinha, contando histórias e lendas dele; até que Sero quase deixou a comida queimar e então gritou.

     - Eu sei que ele é legal! ¡Mas pela santa mamacita de la Macarena! ¡Ustedes pueden calar la maldita boquita! Jo no puedo concentrarme con ustedes hablando! Solo hablan bien! Entonces hablen algo malo de él y vatem! - Sero diz em uma língua que eu não entendo direito, Kota me cutuca.

     - Quando Hanta fica nervoso ele fala na língua da terra natal dele. - Ele explica, todos pareciam pensar em algo, então um deles estava prestes a sair quando para na porta.

     - Dizem as más línguas. Que todas as histórias sobre ele são mentiras e que a verdade é que ele apenas se tornou primeiro imediato porque transou com o capitão. - Ele diz e sai da sala.

     Eu ouvi algumas risadas de deboche, outros dizendo "Nem nosso capitão ou nosso primeiro imediato são bichinhas, se fossem não conseguiriam fazer tudo que fazem" e comentários do tipo, o que me deixa bem irritada, mas eu não falo nada, Kota e Sero somente ignoram, então quando todos saem e apenas fica nos tres Kota se pronuncia.

     - Eu não ligaria se eles fossem amantes ou "bichinhas", isso não mudaria o fato que Kirishima salvou minha vida e o capitão Bakugou me deu uma nova. - Ele diz dando de ombros e Sero faz o mesmo.

     - Por que eu deveria me importar com o que eles fazem ou deixam de fazer na vida pessoal deles? - Sero diz enquanto pegava os pratos e sérvia. -  Eu estou de boa contanto que ninguém me jogue no mar e me deixe fazer o meu trabalho, eu não sou um sem noção e sem ter o que fazer para decidir o que meus superiores ou pessoas aleatórias fazem ou deixam de fazer. - Ele diz e eu olho pra ele com admiração, é bom saber que num mundo cheio de babacas existem pessoas boas e de mente aberta.

     Eu e os outros jantamos e cada um foi fazer algo, alguns marujos trabalhavam de noite e ficavam sendo comandado pelo Kirishima, outros foram beber e conversar, eu junto com a maioria fui dormir, Sero foi para seu colchão e se cobrio com um lençol e se deitou com a cabeça no travesseiro, eu fui para minha rede, ele me desejou uma boa noite começou a pegar no sono.

     Eu estava deitada na rede, o leve balanço do mar me fazendo pegar suavemente no sono, mas algo me incomodava, eu não conseguia dormir tranquilamente, talvez fosse alguma paranoia minha, mas eu me sentia observada.

     Já devia estar bem tarde e eu estava quase apagando totalmente, até que sinto algo ou melhor, alguém levantar levemente a minha saia longa e vermelha, então começar a passar a mão na minha coxa, como eu estava meio bêbada de sono não reajo na hora, mas então a pessoa coloca a mão no meu peito e eu percebo o que estava acontecendo eu estava prestes a gritar bem acordada quando ele coloca a mão na minha boca.

     Ele sobe em cima de mim e eu começo a me espernear e a gritar na mão dele, ele então começa a rasgar a minha blusa até que eu ouço um resmungo bêbado de sono de Sero.

     - Mas... O que diabos está acontecendo aqui? - Ele pergunta e pelo visto repara a cena e entende a situação já que grita. - ¡Por la puta madre del diablo! ¡¿Qué diablos está pasando?! - Ele grita enquanto vem correndo me ajudar e começa a empurrar o cara que era basicamente o dobro do tamanho dele. - ¡¿Qué diablos crees que estás haciendo?! - Ele grita pro cara que já havia saído de cima de mim.

     - O que se deve ser feito com uma mulher! - O canalha diz, fúria é o que resume a cara do Sero.

     - Kota! Chama Kirishima agora! - Ele grita em alto e bom som, Kota sai correndo em disparada, mas é parado por alguns piratas mais velhos, ele tenta passar, mas é empurrado por um dos caras.

     - Já estamos cansados de ficar anos no mar e nunca receber nada! Então infelizmente senhor segundo imediato, você vai ter que ficar calado hoje, se quiser pode até participar. - O cara diz com um sorriso malicioso, percebo que alguns dos caras que ainda estava na rede se levantam enquanto outros simplesmente se viram e ignoram a situação.

     Medo, era o que me definia, eu estava apavorada, me sentia rodada por lobos havia apenas Sero entre mim e alguém que queria me estuprar, eu sinto vontade de chorar, não queria que isso acontecesse, não era pra isso acontecer, era pra eu estar segura aqui.

     Sero corre até a mochila dele e pega uma pistola, todos fazem o mesmo, Kota tenta aproveitar e correr, mas é agarrado por um dos marujos, Sero aponta pro cara, o cara e todos os outros apontam pro Sero.

     - Não me obrigue a te matar, perderíamos muito sem suas invenções. - O cara diz apontando a arma pra cabeça de Sero, que dá a ele um olhar irritado.

     - E você acha que eu não vou contar pro capitão ou pro primeiro imediato o que você está fazendo? - Ele pergunta em tom sério, o homem ri debochadamente, então Sero atira nos testículos do cara que cai no chão gritando de dor, todos apontam mais firmemente pra cabeça do Sero. - Eu só tinha uma bala, gastei ela da melhor forma possível. Se tava reclamando de não transar por alguns meses agora lide não podendo no resto da sua vida. - Todos olham para o alçapão que havia rangido dizendo que estava sendo aberto lentamente.

     Kirishima descia calmamente pelas escadas e olha pra gente.

     - Eu estou presenciando uma revolta, uma greve ou um bando de gente bêbada discutido o que é melhor: espada ou pistola? - Kirishima pergunta enquanto termina de descer e olha pra gente com as mãos pra cima em sinal que não ia atirar em ninguém. - Quem deu o primeiro tiro? - Ele pergunta com a voz calma.

     - Eu. - Sero diz levantando a mão direita com a pistola.

     - Você dando o primeiro tiro? O que está acontecendo? - O primeiro imediato pergunta em tom confuso, todos tremem, até os que estavam ignorando tudo começam a suar frio.

     - Os que tão de pé, menos o Kota, iam estuprar a Ochako, os outros que ainda estão nas redes ignoraram a situação. - Sero explica lentamente, como se isso ajudasse Kirishima a assimilar o problema. - Eu atirei no pau do hijo de la puta que começou toda essa merda.

     - Entendi. Isso é realmente decepcionante, agora é assim que tratamos novatos e novatas? Bem... Agora eu quero que todos abaixem suas armas devagar e talvez eu não comente isso com o capitão. - Alguém tenta atirar na cabeça de Kirishima mas erra miseravelmente e acerta a parede do lado. - Acho que antes de atirar você tem que ter certeza que sabe o que tá fazendo. - Ele fala calmamente. - Eu vou contar até 10, se alguém ainda tiver uma arma na mão, eu vou castrar todo mundo do navio e ainda vou contar o que aconteceu aqui pro capitão. - Ele diz e fecha os olhos. - Já vou começar. 1... 2... 3... 4... - Vejo a maioria abaixando as armas. - 5... 6... 7... - Todos abaixam as armas. - 8... 9... E 10... - Kirishima abre os olhos. - Ótimo, agora, vem Ochako. - Ele diz e eu me levanto do chão e vou andando até ele, Sero vem junto. - Sero, leva ela pro capitão e explica a situação, se você ouvir gritos não venha aqui, não com ela. - Ele diz seriamente, eu e Sero subimos.

    
     Eu e Sero estavamos na porta da cabine do Kacchan, assim que Kaccha abre a porta eu começo a ouvir gritos e berros de dor, além de som de tiros, Katsuki olha para Hanta.

     - Depois avise que eles vão ter que limpar a bagunça que fizerem. - É tudo que ele diz e Sero vai embora, então ele me puxa pra dentro da sua cabine. - PUTA QUE PARIU URARAKA! VOCÊ TA BEM?!?! - Ele grita parecendo preocupado.

     - Sim... Eu to bem... Foi só mais um dia normal na minha vida... - Digo com um sorriso entristecido e ele me abraça.

     - Me desculpa. Eu deveria cuidar de você, da mesma forma que você cuidava de mim, mas eu sou um idiota, foi mal. - Eu correspondo o abraço dele.

     - Tudo bem... Ouriço raivoso - Ele ri.

     - Cara de Bolacha.

                               ~
                    ~No dia Seguinte~
                               ~

Pov. Uraraka.

     Eu acordo na cama do Bakugou,era realmente confortável e quentinha, eu dou um pulo quando vejo alguém se jogar em cima da cama; me sento e percebo que era Kirishima.

     - Senhor Kirishima? O que ta fazendo aqui? - Ele tava deitado com a cara no travesseiro e escuto ele resmungar mesmo sendo abafado.

     - A cama é boa? - Ele pergunta parecendo cansado. - Sendo boa ou ruim pra você, para mim é a melhor cama do mundo! E a única que tem aqui, eu e o capitão temos um acordo, eu trabalho em 2 turnos e ganho o direito de dormir na cama dele um pouco. Eu fico exausto de manhã e você ta atrasada pro treino, agora vai ter que esperar eu dar meu cochilo. - Ele diz e rapidamente posso ouvi-lo roncando.

     - Ok, então. - Digo e me levanto, foi a primeira vez que eu dormi tão bem.

     Eu saio da cabine, e assim que saio vejo o cara da noite passada amarrado no mastro, havia uma poça de sangue  entre as pernas deles, a maioria dos marujos estava como ele; vendado, apenas com a roupa íntima e uma poça de sangue entre as pernas, mas diferente do cara eles estavam amarrados de pé.

     Havia alguns  outros que como eles estavam amarrados e vendados, mas ainda usavam suas roupas e não tinham uma poça de sangue entre as pernas, mas todos estavam bem machucados, Kacchan estava estava na frente deles e todos estavam de frente para ele, e ele estava encostado na parede da cabina. fazendo com que eles ficassem de frente para nós dois.

     - Bom dia. - Ele diz com um sorriso calmo no rosto, o que me assusta um pouco, desde que me lembro; Kacchan calmo não é bom sinal. - Já que você está atrasada para sua aula com Kirishima e ele foi dormir, sua primeira aula vai ser comigo. - Eu olho pra ele e ele me da uma pistola. - Vai treinar tiro hoje. - Ele aponta pro cara no mastro que chorava por sua vida. -  Como ele te fez mal, a vida dele é sua; se você errar a mira nele vai acabar acertando um dos outros. - Ele me da uma sacola. - Aí estão as balas, divirta-se. - Ele diz e sai, mas pára no meio do caminho. - É pra você acertar o cara no mastro, se acertar algum dos outros tudo bem, mas não ouse acertar minhas paredes afinal se você não percebeu eu to usando esses caras para forrarem elas, elas foram polidas ontem, quando ele morrer me chama que eu coloco outro no mastro. - Ele diz em tom sério, ele realmente espera que eu mate esse cara?

     Sinto a pistola na minha mão, eu miro na cabeça dele, eu realmente queria fazer isso, mas não consigo; como eu posso simplesmente tirar a vida de uma pessoa? Matá-la e fingir que tudo bem? Eu não consigo, não posso fazer isso, céus ele tá chorando! São pessoas vivas! Eu não consigo...

     - A primeira vez é a mais difícil. - Kota diz. - Na primeira vez que eu apontei uma arma pra alguém eu chorei. - Ele dá de ombros. - Mas o capitão me ensinou a não temer, me ensinou que eu não preciso virar um sádico e matar por prazer, mas de um jeito ou de outro eu escolhi ser um pirata, um criminoso, então preciso estar pronto pra tudo. - Eu tremo um pouco.

     - Como... Como vocês conseguem?... - Eu pergunto com a voz trêmula.

     - Pensa na vida que você teve. - Eu dou um sorriso trêmulo

     - Eu não tive uma vida muito boa... Ou fácil... - Ele me olha com sua expressão séria e fria.

     - Se você tivesse tido não teria virado uma pirata. Feche os olhos e pense nas poucas coisas boas que teve. - Eu fecho meus olhos e penso quando eu e o Katsuki éramos crianças, nas poucas vezes que brincávamos, nas vezes que roubávamos e saíamos correndo rindo, quando protegiamos um ao outro. - Agora pense em tudo desaparecendo, pense no motivo que você teve que ir embora e pense no porque está atirando. - Eu fui embora porque gente como ele existe e estou atirando para não deixar mais coisas assim acontecerem novamente. - Agora. Atire. - Eu atiro, sem pensar duas vezes começo a atirar tentando mirar no peito dele, eu não paro nem mesmo quando já tinha acertado continuava atirando.

     - Ok, já está bom, já chega. - Ouço uma voz dizer, mas eu não paro, não podia parar, estava com raiva, com tanta raiva. - Uraraka... Ele já morreu. Já chega. - Kirishima diz enquanto coloca suavemente a mão no meu pulso, eu continuava apertando o gatilho mesmo sem munição. - ele já tá morto e suas balas já acabaram... - Ele diz suavemente enquanto abaixa minha mão.

     Eu começo a chorar, ele me abraça de lado e coloca mina cabeça em seu ombro.

     - V-você não entende... E-eu... - Digo entre lágrimas, ele acaricia meu cabelo.

     - Shhhhhhhiiiiiiiiuuuuuuu...... Eu sei... Eu sei... Tá tudo bem... Agora ninguém mais vai te machucar... Vai ficar tudo bem... - Ele diz em tom de voz suave, eu respiro fundo e suspiro, ele me solta. - Eu vou trocar o cara, vamos primeiro nos castrados, depois pegamos os ignorantes. Mire no peito ou na cabeça, eu vou ver umas coisas com Sero enquanto você treina. - Ele diz enquanto vai até o cara morto e desamarra ele. - E você Kota? O que ta fazendo aqui?  Não era pra ta ajudando o Sero ou algo assim? - Kota cora.

     - Já-já vou Senhor Primeiro Imediato! - Ele diz correndo para o andar de baixo.

     - E Uraraka, já pode começar a atirar. - Ele diz terminando de amarrar um cara no mastro. - Só espera eu sair daqui, não to afim de levar um tiro. - Ele diz enquanto sai.

     Eu miro no cara e sem pensar duas vezes eu atiro, naquele momento a Uraraka, doce, gentil e amigável morreu; agora eu sou uma pessoa nova, agora eu sou aquela que não vai mais abaixar a cabeça para um homem, agora, eu vou matá-lo.




Pov. Kota


      Eu estava carregando uns trecos de metal pro Sero, que fazia um tipo de... Bem... Como ele gosta de falar "atualização" nos canhões.

     - Eu estou dizendo Kota! Se eu souber como o Ferreiro Da Cidade do Diabo conseguiu colocar uma potência elétrica na pistola do Bakugou eu posso fazer o mesmo com os canhões! Imagina! Um canhão veloz como um raio e com a mesma potência! - Sero diz animado enquanto praticamente entrava no canhão, eu suspiro.

     - Sero você não vai conseguir fazer o que o Ferreiro faz, ele tem magia. - Digo tentando convencê-lo a desistir.

     - Descubriré cómo ese maldito bastardo puede poner un rayo en una bala! - Ele diz meio nervoso.

     Quando eu vou fazer um trabalho de verdade? Por que eu sou o mais novo e tenho que cuidar dele? Tipo... Ele é um adulto! Um gênio meio louco... Mas um adulto! Ele pode se cuidar sozinho! Não precisa de um assistente.

     - Sr.Kirishima! - Chamo e ele me olha com um olhar de bebê enquanto estava prestes a por um dos negócios esquisitos de Sero na boca. - quando eu vou poder fazer o que você faz? quando deixarei de ser uma babá? - Ele ri.

     - Eu sou uma baba do capitão, se você não aguenta ser babá do Sero imagina ser baba do Bakubrou! - Ele ri, Sero sai de dentro do canhão e estava com a parte de cima toda suja.

     - Eu quem sou babá desse pivete! Eu estaria bem melhor se não tivesse que lidar com ele fazendo besteira o dia todo! - Eu arregalo meus olhos.

     - Não fui eu quem tentou capturar um raio e acabou pondo fogo na vela principal! - Grito com ele.

     - Eu  estava apenas fazendo o meu trabalho! Tenta você fazer o que eu faço sem causar um único estrago em algum lugar! - Eu e ele nos encaravamos com sangue nos olhos.

     - Hey, ei, ei, ei, ei, ei! - Kirishima diz aparecendo entre mim e Sero com a mão levantada pedindo calma. - Vamos nos acalmar e não atirar um no outro, Sero, você pode até ser um gênio, mas não tem controle quando está animado. Kota, você pode até ser bem responsável mas ainda é muito novo, todos que começara com a sua idade faziam coisas chatas, o Bakugou começou com uns 10-11 e tudo que o deixavam fazer era limpar o convés, eu comecei com 17 e só podia limpar o convés ou cozinhar e quando pedia para fazer outra coisa me tacavam no mar! - Sero ri.  - O Capitão só parou de me tacar na água quando eu consegui pegar duas cachalotes enormes! - Eu olhava sério para ele, apesar de me surpreender um pouco com a imagem do capitão tendo que limpar o convés, Kirishima sorri. - Sabe, você já tem 16 anos, tá na hora de ter seu ritual para deixa de ser novato!

     - Eu estou aqui a 3 anos e ainda sou considerado um novato? - Levanto uma sobrancelha.

     - É que você ainda não fez o ritual! - Kirishima diz, Sero dá um sorriso ladino. - Então hoje você vai para sua primeira caça a baleias! - Ele diz animadamente, eu sorrio, ele sai correndo para as escadas. - Vou procurar umas baleias pra você! - Ele para no meio da escada, me dá um olhar sério e aponta o dedo pra mim. - É pra pegar um filhote! Não provoque os adultos! - Ele diz seriamente, eu aceno e ele vai embora, Sero me da tapinhas no ombro.

     - Boa sorte, você vai se tornar um pirata reconhecido depois da primeira baleia. Ai vai sair da parte de baixo e vai poder limpar o convés no meu lugar! Mais tempo livre pra mim!






Pov. Bakugou

     Eu estava apreciando Uraraka atirar naqueles pedaços de merda, a mira dela tava melhorando, havia um marujo segurando o leme, parece que de 100 dos meus marujos apenas 40 são confiáveis; mas pelo menos na próxima vez ela vai saber se defender, eu estava observando sem pensar em nada até que o Cabelinho de Menstruação aparece.

     - Então capitão... Sabe que hora é agora? - Ele pergunta em tom divertido.

     - Hora de encontrar marujos confiáveis. - Digo decidido enquanto me levanto do meu apoio do corrimão e começo a descer as escadinhas que diferenciavam o nível do leme e do convés.

     - Claro! Isso também... - Ele fala coçando a nuca enquanto me segue. - Mas eu estava me referindo a outra coisa. - Ele diz com um tom animado e eu entendo rapidamente o que ele quis dizer.

     - Não. - Digo seco.

     - Por queeeeeee?.... - Ele pergunta manhoso e arrastado.

     - Temos apenas 40 marujos, 20 vão ficar aqui e apenas 20 vão conosco, precisamos de pelo menos de 30 conosco, além de não haver pessoas o suficiente para a caça não há para a retirada do óleo. - Ele corre até mim e puxa meu ombro fazendo eu me virar de frente pra ele.

     - São só 2 filhotes! E eu vou estar no barquinho! Se eu consigo pegar um sozinho vai ser fácil pegar dois com ajuda de 20! - Ele diz, mas isso me choca um pouco, quando Kiri oferece uma caça a baleias é pra pegar um adulto, se ele quer algo fácil ele vai atrás de uma fêmea de 13m, não de um filhote.

     - Você quebrou um braço ou coisa assim? Ficamos sem barril extra para óleo? - Ele nega com a cabeça.

     - Temos barris o suficiente para umas 2 caças boas e eu não to com machucado nenhum. É que eu queria fazer ritual para transformar o Kota e a Uraraka em piratas de verdade. - Eu levanto uma sobrancelha.

     - Que? - Pergunto sério.

     - Uma caça a baleias é algo viril e corajoso! Vai marcá-los como piratas! - Eu aponto para Uraraka e um marujo que ficava trocando os "alvos".

     - Isso marca um pirata, mostrar que é capaz de matar sem lamentar, roubar e lutar. Não matar uma baleia idiota. - Digo já começando a ficar irritado, eu nunca acreditei em coisas mágicas ou representatividade, isso é um bando de besteira.

     - Vamos lá Bakubrou! Você sabe que todos os marujos, piratas ou não, são admirados quando pegam uma baleia! Dizem que se você consegue matar uma baleia você se torna parte do mar! - Eu reviro os olhos enquanto os dele mostravam estrelas.

     - Lorotas! Isso não tem nada a ver! Ninguém nunca provou uma merda dessas! É exatamente a mesma coisa que dizer que sereias existem! - Ele cruza os braços e faz bico.

     - Sereias existem sim Brou! E a vida prova que essas "lorotas" são reais todos os dias! Todos os marinheiros que não pertencem de coração e alma ao mar morrem quando tentam pegar uma baleia! Ou não pegam! E porque você acha que o navio All For One é tão rápido? Por que você acha que sempre que ele afunda ele ressurgi? Por que você acha que o capitão daquele navio tem todos seus inimigos mortos antes mesmo de ser desafiado? Quem controla aquele navio pode ter o Kraken! - Ele diz convicto.

     - Chega! Se formos a essa maldita caça a baleias para os novatos você para de falar merda?! - Grito com ele, ele acena com a cabeça, eu rosno frustrado. - Tá bom! Vai! Faz as merdas que tu sabe fazer pra achar baleias! - Ele sorri e sai correndo dizendo:

     - Valeu Bro! - Suspiro.

     Por que todas as pessoas do mundo são supersticiosas?

     Já faz quase um mês que estamos no mar, semana passada  comecei a perceber que os marujos não estavam de bom humor já que tinha que trabalhar mais já que tinha pouca gente, mas aí eu usei a carta "Kirishima vai fazer uma caça a baleias com vocês" e todo mundo ficou animado, vamos dizer que o ânimo está até que bom, não vai haver revoltas, Kirishima disse que ia para um grupo de cachalotes menor que estava dando cria, iria ser mais fácil pegar filhotes com apenas algumas semanas, mas acreditem, eles não são pequenos, aqueles filhas da mãe quando nascem tem uns 6-7m, não é pequeno não, dá uns 2 barris grandes de óleo (barril grande:100L cada).

     Os dias foram melhorando para Ochako (eu acho), ela não recebeu nenhum tipo de assédio pelo que me contaram, os piratas gostam dela, ela trabalha direito e Kota e Sero customizaram as roupas dela, para melhorar seus movimentos, Kirishima e ela treinam espada e luta corpo-a-corpo umas horas antes do sol nascer e antes de comer a janta (na primeira vez que ele falou que eles iam se bater ela tentou fugir mas eu obriguei ela a ir lá lutar, o Kiri tava perdendo tempo de trabalho para treinar ela, não ia deixar ela desistir, bem, ela levou uma surra bem dada, mas agora ela pelo menos não desmaia depois de um soco dele (o que é impressionante, até eu fico tonto com um murro dele, cara forte do caralho))

     Agora Kirishima e Uraraka estavam treinando espadas, ela ainda tava no básico, mas não era tão ruim.

     - Você está indo bem! Mas precisa ter seu próprio jeito de lutar! Não pode usar o meu pra sempre! - Kirishima diz enquanto ataca e ela se defende. -  Você pode até usá-lo como base, mas nada supera um jeito único de luta, se você tiver seu próprio estilo ganha muitas vantagens. - Ele diz enquanto chuta o peito dela com força e derrubou ela no chão, ela fica um pouco tonta e parecia ter ficado toda quebrada sem conseguir se levantar, percebi que tinha perdido o ar já que arfava.

     - Tipo... Quais?... - Ela pergunta arfando e tentando recuperar o ar, ele dá de ombros e vai até ela estendendo a mão para ajudá-la a levantar, ela aceita e ele levanta ela com tanta facilidade quanto pegar uma folha.

     - Muitas, por exemplo seu adversário não conseguir prever os seus movimentos ou entender sua técnica, já que é um estilo único e seu e esse tipo de coisa só é compreendida por você, já que o seu estilo se adapta a sua personalidade e corpo e ninguém tem a mesma personalidade e corpo que você. - Kiri diz com o sorriso cotidiano de sempre.

     - Você não perde a técnica caso fique com raiva. - Digo enquanto encosto minhas costas no mastro da vela principal. - Kirishima, a quantos dias você acha que estamos longe das baleias? - Pergunto e ele começa a cheirar o ar, eu sempre achei isso estranho, mas se funciona então não tenho nada a reclamar.

     - Uns 5 dias daqui, se as correntezas e o vento estiverem ao nosso favor 3. - Ele diz com certeza na voz.

     - Então vamos aumentar a velocidade! - Digo saindo do meu lugar e indo para a área do leme, Kirishima acena e vai ajeitar mais velas para acelerarmos o ritmo.

     - Sero, adicionar velas auxiliares e abra o movimento manual e Uraraka, Kota, Miller, Tommy e Shin, fiquem aqui e ajudem Sero no que ele precisar, o resto vem comigo. - Kirishima comanda enquanto sai ando para o alçapão, Uraraka surge do meu lado.

     - O que é o "Movimento Manual"? - Ela pergunta confusa.

     - Você lembra das histórias dos vikings? - Ela acena. - Um dia Sero tava lendo um livro sobre eles e viu uma imagem de um dos navios deles, era um barco que parecia mais uma canoa e tinha remos onde os escravos e guerreiros usavam para navegar mais rápido, ele deu a ideia de fazer mini portas para usar remos para aumentar a velocidade do navio. - Ela faz uma cara confusa.

     - Mas o barco é muito grande, se fossem 100 pessoas eu até acreditava, mas são apenas 35. - Ela diz meio desconfortável, eu rio.

     - Você não conhece o Sero, ele fez um mecanismo especial que conecta todos os remos, 20 pares de braços já dão uma boa ajuda, além de que ele mesmo fez os remos com uma forma diferente para melhorar o movimento e passa óleo de baleia por cima, o que ajuda bastante. - Digo e ela parecia um pouco impressionada. - Segure-se em algo. - Aviso, poucos segundos depois o barco dá um solavanco e aumenta bastante a velocidade, como ela não estava se segurando acaba caindo. - Eu avisei. - Rio debochadamente.



Pov. Kirishima.

    
     O dia havia sido longo, os marujos estavam guardando os remos e pareciam exaustos, eu havia sido quem mais havia trabalhado mas estava relativamente bem comparado a eles.

     - Vocês foram ótimos hoje! - Elogio, eles dão sorrisos cansados. - Graças ao trabalho duro de vocês amanhã teremos uma caça a baleias, então vamos comer e dormir, amanhã será um grande dia! - Digo tentando dar um pouco de positividade aqueles marujos cansados

     Fomos jantar e a comida estava deliciosa, depois a maioria dos marujos foram dormir, mas eu fui para o convés, prefiro dormir no chão com a vista da estrelas, raramente durmo a noite, mas preciso tá descansado já que de dia vamos ter caça a baleias.

     Eu deito no chão e fico admirando as estrelas, o cheiro e o balanço do mar eram reconfortantes, me faziam relaxar, eu fecho os meus olhos com a intenção de pegar no sono quando sinto algo fofo cair na minha cara.

     - Hey brou! tudo bem? - Pergunto já sabendo que devia ser o capitão.

     - Se vai dormir no chão pelo menos pegue a droga de um travesseiro! - Ele grita comigo, eu rio, pego o objeto e coloco atrás da minha cabeça.

     - Valeu cara. - Agradeço e ele senta do meu lado.

     - Vai realmente dormir aqui? - Ele pergunta.

     - Não é nisso que você tá pensando, né? - Pergunto, ele deita no chão olhando pro céu.

     - Acha que a Uraraka vai ficar bem? - Ele pergunta enquanto coloca os braços atrás da cabeça usando-os como travesseiros. - Tipo... Uma vida de pirata é bem perigosa... - Ele diz pensativo, eu suspiro.

     - Se algum dia você morrer eu cuido dela. - Ele me olha com um olhar irritado e eu sorrio.

     - Você tá achando que é fácil me matar?! - Ele grita irritado, eu rio.

     - Se não conseguirem te matar não vão conseguir matar ela, e ela é forte, vai ficar bem. - Ele bufa e nós voltamos a olhar pro céu. - Não acha curioso? - Pergunto.

     - O que? - Ele responde com outra pergunta.

     - Nos conhecemos a anos, somos confidentes, somos  melhores amigos, parças, brothers, temos um relacionamento de lealdade, confiança e amor de amizade. Mas mesmo assim não sabemos nada um do outro, eu não sabia que Uraraka era sua amiga de infância e parando pra pensar... Eu praticamente não sei nada de você... - Admito.

     - Eu não estou numa situação muito diferente. - Ele diz sem emoção. - Mas é exatamente porque nos entendemos e confiamos um no outro que não há necessidade de saber sobre o passado um do outro, eu confio em você e você confia em mim, já é o suficiente, ponto final. - Ele diz simplano.

     - Bom... Se pra você tudo bem, pra mim também. - Digo terminando a conversa, depois de um tempo ele se levanta e eu vou dormir.




                                             ~
                    ~ Dia seguinte pq fiquei sem ideias ~
                                             ~





Pov. Uraraka

     Eu estava dormindo na minha rede, de boa, tranquila, até que sinto muita agua fria cair na minha cara, eu levanto num pulo gritando pelo susto (e frio).

     - Bora Cara de Bolacha, levanta, logo o Sol vai nascer. Se levanta e se ajeita. - Kacchan diz soltando o balde de madeira.

     - Não precisava ser tão rude! - Digo me levantando.

     - Eu rude? Eu fui legal! Te acordei de mansinho e ainda te deixei de banho tomado! Ingrata! - Ele diz arrogantemente, eu reviro os olhos e vou colocar minhas botas.

     Ele sai e eu termino de me arrumar e saio também, o Sol estava nascendo lentamente, era uma visão linda ele nascer dando luz ao mar, queria que meu filho pudesse ver...

     Eu balanço a cabeça com esse pensamento, eu não quero olhar o passado, nem o futuro.

     Eu vou andando pelo convés e me encontro com um Kirishima SUPER animado, ele estava necessariamente PULANDO de animação, eu quase rio, ele parecia um criança.

     - Uraraka! Uraraka! Uraraka! Vai ser sua primeira caça a baleias! Já estamos preparando as canoas para irmos atrás delas! - Ele pega o meu pulso animado e começa a correr, parece que ele está mais animado que vai ser minha primeira caçada do que eu. - Vamos pegar as lanças para a caça! - Ele diz enquanto corríamos para a "Área do Sero" - Sero! Sero! Você fez o que eu te pedi? - Ele pergunta descendo as escada rapidamente.

     - Claro! Bem... Você não me deu muito tempo, mas acho que ficou bom. - Ele diz entregando algo a Kirishima na qual que não sei o que é.

     Ele se vira para mim com uma lança de ponta duplas de forma simples (diamante), havia um laço rosa em cada ponta onde tinha uma pena, era até bonito, devia ser até maior que eu, o cabo não era grosso, dava para eu pegar facilmente, ele estende e eu pego, era até que leve.

     - Eu pedi pro Sero fazer uma lança especial pra você, além de caçar baleias dá para usar como arma. - Kirishima explica.

     - Mu-muito obrigada Kirishima! Eu nem sei oque dizer! - Digo extremamente agradecida a ele, desde que cheguei ele sempre me tratou tão bem, nenhum homem fez isso comigo antes...

     - Não precisa agradecer!  - Ele diz com um sorriso brilhante. - Agora vamos antes que Bakugou decida vir comer nossos rins! - Ele fala subindo as escadas, eu vou atrás.

     Estávamos dentro das canoas, Kota estava no mesmo navio que Kirishima, eu estava em outro com uns caras e Kacchan que remavam com força, deixando a canoa mais rápida, logo avistamos baleias, Kirishima pega o arpão e manda ele acelerarem o ritmo, mas por algum motivo as baleias começaram a ir para o fundo o que Kirishima e os outros pareciam ter estranhado, talvez elas estejam aprendendo a fugir de caçadores?

     Mesmo assim um dos filhotes não estava tão longe e Kirishima joga atira com o arpão que estava conectado a uma corda, o arpão foi para o fundo, esperamos um pouco e logo vimos sangue, Kirishima e os outros do navio estranham que o animal ainda não subiu e que a corda parou de se mover, havia muito sangue, então ele tinha acertado.

     - Puxa a merda da corda! - O Capitão manda, os tripulantes começa a puxa a corda.

     Vejo a corta se mexer fracamente enquanto eles puxam.

     - Ai santa Iemanjá! - Kirishima grita, todo se jogam na borda dos botes para ver o que era, eu obviamente faço o mesmo.

     Eu reconheço na hora as cores esverdeadas da grande cauda onde estava cravado o arpão, só podia ser uma sereia!

     Kirishima tinha uma cara de pânico, todos estavam chocados, até mesmo Bakugou, ou olho para mais pra cima do ser e vejo que era um menino de cabelos verdes e sardas no rosto, o pequeno tritão estava desmaiado devido a perda de sangue.

     Todo mundo está pasmo, até que vemos uma rede ser jogada em cima do pequeno.

     - Vamos seus merdas! Pegamos algo único! Imagine quanto dinheiro vamos ganhar! Coloque essa coisa no bote! - Bakugou manda eu fico chocada, eles começa a fazer o que ele manda.

     - Bakugou não podemos fazer isso! - Digo tentando impedi-lo. - As sereias precisam ser livres!

     - Cale a boca Uraraka! Se pegarmos ele teremos mais dinheiro que qualquer outro. - Ele não pode fazer isso! Ingrato! Foi um desse que salvou você e sua mãe!

     - Você não tem esse direito! Sereias são seres do mar! Não pode fazer isso! - Grito com ele.

     - Claro! Que afogam marinheiros e afundam navios! São aberrações! Monstros marinhos! Agora eu sou um herói! Um monstro a menos! - Ele diz irônica e arrogantemente, a minha vontade de esmurrar ele é grande.

     Navegamos de volta pro navio, Kota contou ao Sero o que aconteceu, eles estavam improvisando um aquário para o menor, ele parecia ter uns 16, colocaram ele em um aquário um pouco menor que ele que Hanta tinha roubado de uma ilha e guardado junto às suas tralhas, o pequeno estava com a parte de peixe dentro do aquário, mas a outra teve que ficar pra fora, já que não cabia ele inteiro; o mesmo havia sido deixado no meio do convés e todos o rondavam e cercavam, admirando o menor que lutava para se manter acordado,já que ainda sangrava.

     O pobre tritão parecia nervoso e assustado com todos o cercando, eu não podia fazer nada, então Kirishima puxa Bakugou para conversar.


Pov. Katsuki Bakugo

Kirishima havia me chamado num canto para conversar, eu vou até ele irritado, eu estava ocupado admirando o encanto daquela sereia! Sereio.. Sei lá!

     - Bakugou, ele não é mal, temos que deixá-lo ir. - Ele diz seriamente.

     - O que você sabe sobre sereias?! Ein, idiota?! E de um jeito ou de outro, não me importa! Temos algo único que todos sonham em ver! Isso vai nos lucrar muito! - Ele faz uma cara de desconforto.

     - Não é certo prender alguém por dinheiro... Isso não é certo...  Não é másculo ou algo honrado fazer algo desse tipo... Além de que ele não fez nada contra a gente, nem almenos ele tem como se defender ferido daquele jeito e dentro daquele lugar apertado. - Ele diz cruzando os braços.

     - Lembre que foi você que atirou nele. - DIgo e saio andando. - Minha resposta é não. Vamos mantê-lo.

     Digo e saio andando, vejo que o sereio estava tentando ir para a borda para fugir, então mando que o tranquem nos meus aposentos e vou lá ver o que faço com a droga de uma sereia.

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