Cap:3 Familia Real E A Capital

Pov. Shoto

        Eu e Iida caminhávamos pelo palácio enquanto ele falava de centenas de coisas sobre o reino, eu não estava ligando muito. Então decidi que iríamos para a cidade, vamos ao estábulo e eu pego meu cavalo branco, começamos a passear pela cidade, a maioria das casas era de madeira branca ou avermelhada, as pessoas estavam alegres como sempre, a atmosfera da cidade era brilhante e festiva.

        É um reino alegre e próspero, me orgulho disso, apesar de haver leis muito rígidas que são aplicadas sem dó todos os dias, mas são essas leis que nos mantém seguros.

       - Senhor Todoroki, acho que deveríamos ir por outro caminho... - Iida diz apreensivo.

      - O que houve? - Ele aponta para um grupo de cavaleiros que estava arrastando uma mulher pelos cabelos enquanto uma criança agarra sua saia com força gritando.

      Isso serve de gatilho para mim, eu lembro de meu pai batendo em minha mãe e levando ela por aí pelos cabelos, a mulher gritava chorava e implorava para pararem, eu me aproximo lentamente com meu cavalo e Iida vinha atrás.

      - O que está havendo? - Pergunto calmamente e os guardas a soltam.

     - Príncipe Todoroki! - Um dos guardas disse em saudação.

    - O que está acontecendo?- Repito minha pergunta, eles se entreolham.

    - Bem... Vamos levá-la para a prisão... Sobre mandado de pena de morte... - Olho para a mulher e seu filho pequeno.

    - A mando de quem e sob que acusação? - Pergunto friamente, ele engole em seco.

   - Sob... Acusação da Lei De Censura... A mando direto de seu pai. - Olho para Iida com um olhar congelante, havia algo novo que ele ainda não havia me contado, ele abaixa a cabeça.

    - Que estupidez. Uma pessoa levando pena de morte por ser censurada na própria casa? Isso não existe. - Eles se entreolharam novamente, suspiro. - Soltem ela, eu mesmo falo com meu pai. - Um deles segura o braço da moça mais firmemente.

    - QUE ME MATEM!! - A mulher grita nervosa com tudo aquilo. - Eu NUNCA mudarei minhas palavras!! Vocês não vão mudar minha opinião ao me censurarem! Touya Todoroki foi o MAIOR herói que A Capital já viu! Ele morreu por seus ideais e suas ideias! Ele morreu para nos mostrar a quem não acreditava na tirania e crueldade de nosso rei! E eu digo mesmo! Se Touya estivesse vivo EU ficaria, mataria e morreria ao lado daquele GRANDE homem! - Ela branda, meu coração se aperta ao ouvir o nome de meu irmão, eu nunca ouvi muito a respeito dele, tudo que tenho dele é uma memória vaga de seus gritos de dor enquanto era queimado vivo.

      - CALE A BOCA VADIA!! - O guarda grita e ele joga a mulher no chão. - É proibido falar esse nome amaldiçoado! Ele era um assassino criminoso traidor de nossa amada Capital! Uma serpente traiçoeira que teve o que merecia!! - Ele grita com ela enquanto um deles a chutam, ela me olha com um olhar fervente.

      - Seu irmão era um herói! Nossa "Amada Capital" não passa de uma cobra branca! Linda e perfeita, mas quando abre a boca para a verdade possui o maior veneno já existente! Nosso livros de história nunca falam a verdade! Nossa história de honra e justiça não passa de um escudo fraco! Uma ilusão! Seu irmão mostrou isso com força e coragem! Por isso seu pai ordenou que trancassem e matassem qualquer um que pronunciasse ou contasse a história dele! Ele morreu para tentar nos proteg- ! - Ela é cortada por um chute na cara.

      - Parem! - Digo e eles me olham.

      - Mas senhor... É a lei... - Ele diz meio desconfortável.

      - Eu sou seu príncipe e futuro rei! Você deve me obedecer em minha presença! E deve saber que desobedecer uma ordem direta de seu principe da pena de morte! - Grito com raiva, mas algo faz meu coração se aperta, parecia uma voz distante um sussurro que veio do fundo do meu coração e mente, como um pedido silencioso.

     "E Shoto... O mais novo, aquele que trazia alegria para nossa familia, a luz da escuridão da nossa casa, tão ingênuo, tão doce, tão gentil... Espero que ele nunca se torne como nosso pai. Por favor... Não seja como nosso pai... Não seja cruel e rude como ele." A voz desconhecida mas extremamente familiar pede e eu respiro fundo pensando no que ela disse.

       - Ela está liberada, por favor, deixe-a ir, eu conversarei pessoalmente com meu pai. - Digo mais calmo, eles acenam e se afastam, eu desço do cavalo e olho para Iida. - Ficarei aqui por um tempo está liberado. - Ele acena e vai embora, me aproximo da moça e estendo minha mão para ajudá-la a levantar. - Por favor, me conte mais sobre meu irmão. - Peço educadamente, ela vira o olhar.

        - Você não sabe mesmo?... - Aceno negativamente com a cabeça.

       - Tudo o que sei foi o que estava escrito nos livros do palácio. Ele havia herdado a insanidade de nossa mãe e cometido crimes desumanos e imperdoáveis, então antes de ser queimado pelos seus crimes ameaçou nosso pai... - Ela da uma risada triste.

      - Nunca confie nos livros e nas histórias de seu pai, aqui na Capital todos os livros de história foram feitos com as palavras do rei, então não acredite neles. - Ela acena para a casa. - Entre, vou te contar tudo que sei sobre o grande homem que foi seu irmão. - Entramos em sua casa. - Filho, vá para seu quarto. - Ela pede a criança pequena, que obedece sem pensar duas vezes. - Sente-se por favor. - Ela pede apontando para a mesa da sala, eu faço. - Bem... Nem sei por onde começar...

        - Do início. - Digo simplesmente, ela ri.

        - Bem... O dia que seu irmão nasceu foi o dia mais esperado pela cidade, também o mais temido, a população estava dividida, um lado rezava para que seu irmão fosse diferente de seu pai, o outro temia que fosse igual. Seu pai desde antes de ser rei sempre mostrou ser alguém que preferia ser temido que amado, temiam que seu irmão fosse igual. - Ela diz enquanto preparava um café.

      - Não precisa ser tão do início assim. - Digo percebendo que isso pode demorar. - Comece quando ele começou a se tornar um "herói". - Ela ri

     - Para você ou para nós? - Ela pergunta.

     - "Para mim"? - Pergunto confuso.

     - Para sua família... Ele se tornou o herói de sua família bem jovem... Para a maioria de nós, apesar de não poder ser dito, era óbvio que seu pai abusava de vocês, sua mãe sempre estava ferida, sua irmã era quieta demais e tinha um comportamento estranho para uma menina da idade dela, e Natsuo expirava ódio pelo pai. - Ela comenta. - Quando Toya tinha 12 anos ele levava a irmã mais nova para passear pela cidade, as pessoas viam eles fugindo de casa e brincando pelas ruas, admiravam aquela alegria, pois parecia que a menina apenas ficava feliz quando o mais velho estava. Quando tinha 15 o Natsuo que havia crescido um pouco, sendo o mais novo na época, entrou na aula de cavaleiro, ele admirava seu irmão. - Ela comenta se servindo de café. - Quando Toya fez 16 ele começou a trabalhar em projetos para a população, afinal, estava se preparando para ser rei. Ele sempre trazia os irmãos para a cidade quando vinha, você era muito pequeno na época, mas ele via a nossa tristeza pelas leis absurdas que seu pai criava para nos controlar, nem ao menos tínhamos direito de ler um livro de história! Mas ele então começou a criar brechas para nós pudéssemos ser livres, haviam milhares de leis insanas que humilhavam as mulheres, ele quebrou isso. - Ela ri. - Ele começou a lutar pelo direito das mulheres, até permitiu que pudéssemos ir a escola e escolhessemos com quem casaríamos; houve um dia, em uma de suas manifestações públicas femininas que ele veio com a irmã dele. A Fuyumi veio de armadura e espada, todos ficaram chocados com uma mulher usando algo que não fosse vestido, bem, ficaram mais chocados ainda quando ELE veio com um vestido rosa, ele ficou 3h ajoelhado para sua irmã, no início as pessoas apenas olharam, depois começaram a participar, o tema era: "As Mulheres Podem Fazer Tudo Que Os Homens Fazem", ele brincou com as crianças, obviamente, a população masculina não gostou tanto, começaram a surgir rumores sobre a masculinidade dele, provavelmente colocados pelo seu pai, então ele fez algo inédito, com 18 fez algo inédito, chamou a cidade inteira, beijou 5 caras e lutou com quem disse que ele era fraco por gostar de homem. - Eu me choco.

      - Pessoas do mesmo gênero podem se gostar? Meu irmão gostava de homem? - Pergunto pasmo tentando processar isso.

      - Sim e não tinha medo de falar, tanto que autorizou os casamentos entre pessoas do mesmo sexo. A parte dominante, masculina, não gostava muito dele, isso era uma vantagem para seu pai, então ele fez algo que todos temiam, torturou criminosos em público, claro, a mando de seu pai, que queria destruir de uma vez a reputação dele, mas ele virou o feitiço contra o feiticeiro quando ele terminou e disse: "Sei que uma boa parte de vocês não gosta de mim, mas agora eu mostrei que não tenho medo de fazer o necessário para ajudar quem merece ser ajudado, as pessoas que morreram pelas minhas mãos são estupradores e aqueles que abusam do poder, luto pelas minorias que precisam de ajuda, por aqueles que espalham o amor, se você espalha ódio e medo, você é meu inimigo.", então começaram a ouvi-lo mais ainda, ele sempre defendia os direito humanos, tanto que quase exterminou a lei de Censura, aí o povo começou a amá-lo, nós podiamos ser livres, mostrar nossas ideias, mostrar nosso amor, e aqueles que tentavam nos controlar e limitar nossas formas de amor ou conversavam com ele e mudavam de ideia ou tentavam nos atacar e era mortos, ele espalhou o respeito e amor. E sempre defendia os irmãos mais novos e as minorias que precisavam de ajuda. - Eu ainda estava meio confuso, era muita informação para mim. - Seu pai o intitulou de louco e sem capacidade de governar, mas ele e nós o intitulamos de revolucionário e necessário, ele era o rei do povo, não precisava de coroa para que seguíssemos, ele expirava liderança e segurança. - Ela suspira e vem sentar-se em minha frente tomando seu café. - Mas tudo desabou naquele dia...

      - O assassinato? - Pergunto, ela acena negativamente.

      - O dia que sua irmã foi obrigada a se casar com um velho nojento e asqueroso. - Ela diz, eu demoro um pouco pra entender.

     - Quer dizer o doce e gentil conde? - Pergunto, ela me olha com um olhar afiado.

    - Você realmente não sabe de nada, o cara tinha 57 anos, sua irmã tinha 15, ele estuprava ela, era nojento e insano, tanto que houve vezes que ele estuprou ela em lugares públicos da cidade, ele a humilhava, sua irmã até desenvolveu transtorno de ansiedade, sempre que ficava perto do velho parava de respirar, tinha que ficar dopada para não ter um ataque cardíaco ou algo assim, o que facilitava os abusos, sua mãe começou a enlouquecer vendo a filha sofrer daquele jeito, seu irmão tentava fazer o máximo que podia, mas se ele enfrentasse demais o pai perderia o trono, afinal, seu pai ainda era jovem e estava no limite com Toya, Natsuo ainda era uma criança vendo tudo aquilo acontecer, então começou a proteger você enquanto ou outro lutava para pegar a coroa e poder salvar sua família e o povo que aos poucos começou a ser caçado por fiéis de seu pai. - Ela suspira. - Então para salvar sua irmã e você, ele matou o velho. - Fico pasmo.

         - Está mentindo! - Me levanto. - Isso tudo não é verdade! Meu irmão não era assim! - Ela suspira. - Não aconteceu desse jeito...

         - O velho te olhava de uma forma estranha, ele devia temer que o mesmo abusasse de você, você era muito pequeno, nem deve se lembrar, mas tudo o que digo é a verdade, ele deve ter feito muito mais, mas eu não sei, ou não lembro. - Meu cérebro dá pane,  se o que ela diz é verdade, então tudo que sei sobre minha família é mentira.

         - Esta mentindo... - Sussurro.

       - Seu irmão foi um herói. Essa é a verdade. - Ela suspira. - Mas as crianças que nascem não tem como saber a verdade, elas nascem sem poderem ouvir seus pais falando suas experiências, sem livros honestos, elas nascem com a crença de que a Capital é uma terra abençoada, mas na verdade é um lugar que foi construído em cima dos cadáveres de pessoas inocentes. - Ela diz. - Depois que ele morreu sem se deixar ser obrigado a dizer suas últimas palavras a um tirano, todos aqueles que iam morrer por um crime de censura morriam dizendo "Eu dou minha passagem para o paraíso a Toya", afinal como os reis aqui são vistos como seres divinos e seu pai amaldiçoou seu irmão ao inferno eterno, todos os que morriam tentavam ajudar o jovem príncipe a ir ao além, mas então o rei criou outra lei: aqueles que diziam o nome de seu filho antes de serem mortos viam a família ser queimada viva, mas então começou outra coisa, depois dessa lei, começamos a falar "Minhas últimas palavras eu não digo pra você", porque foi a última coisa que Toya disse ou "Introduza um pouco de anarquia, perturbe a ordem vigente do rei tirano e então tudo se torna um caos.", já que foi o motivo de seu irmão morrer. - Ela me fecha os olhos e toma o último gole de seu café. - Se não acredita em mim, vá até o quarto de seu irmão, ele havia convencido o povo a criar cadernos com as coisas que aconteciam na cidade escrita dentro, então escondia para que algum dia aqueles se tornassem os verdadeiros livros de história, ele deve ter escondido lá, ou deixado com alguém de confiança.

      Eu saio da casa dela, eu não aguentava mais tanta coisa, pego meu cavalo e começo a voltar para o castelo, já havia acontecido coisas demais, por hoje, eu preciso de um tempo para processar tudo.

      Chego em casa e deixo meu cavalo com uma das empregadas, então vou andando até o salão de jantar, afinal a hora do almoço já estava chegando, não deveria demorar muito. Vejo as criadas arrumando tudo e minha irmã ajudando elas, eu sei que não deveria fazer o que vou fazer, mais eu preciso.

      - Fuyumi. - Chamo e ela dá um pulo de susto. - Desculpe...

      - Tudo bem, o que houve? - Ela pergunta calmamente.

      - ... - Respiro fundo para me preparar. - Como era seu marido? - Pergunto, ela parecia entrar em choque, então começa a ficar tonta e se apoia em uma das empregadas, percebo que ela estava ofegante.

      - Senhorita você está bem? - A empregada pergunta e Fuyumi cai no chão parecendo não conseguir respirar, meu coração dispara preocupado enquanto as empregas gritam e correm tentando socorrê-la e fazer alguma coisa, mas a cada segundo parecia que ela ficava pior.

     - Fuyumi! - Chamo tentando mantê-la consciente. - Chamem um médico! - Grito me desesperando, ela começa a chorar e eu podia ver seu peito subindo e descendo sem parar, seu coração estava muito acelerado.





                                                           ~Uma Baderna Depois~







      Eu estava sentado no chão do corredor do lado da porta do quarto de Fuyumi, abraçando minhas pernas e com o rosto escondido entre elas, então Natsuo sai do quarto, ele me olha mas logo desvia o olhar e fala comigo sem me olhar direito.

     - Bem... Ela teve uma crise de ansiedade, está dopada e dormindo, talvez só acorde amanhã. - Ele avisa, eu aperto mais minhas pernas, se isso aconteceu então o que aquela mulher falou é verdade.

      - ... Por que... Porque sempre mentiram pra mim?... - Pergunto, ele senta do meu lado.

      - Nosso pai sempre mentiu. Você que não acreditou em mim. - Olho para ele com lágrimas nos olhos.

     - Juro que não queria que isso acontecesse. - Sussurro, ele ri.

    - Fique tranquilo! Eu também não esperava que ela fosse voltar a ter isso! Pensei... Que ela já conseguisse controlar... - Ele sussurra a última parte, um silêncio incômodo se instalando pelo corredor. - Vai ser uma merda a gente ter que aturar a cara do papai sem a Fu. - Ele me olha. - Se eu for esmurrar a cara do papai tu me segura. - Ele ri, mas isso não ajuda a melhorar o clima. - Tava brincando! Mais ou menos... Mas talvez eu faça. - Ele se levanta. - Vem, temos convidados hoje, o papai vai ficar puto se o futuro rei não aparecer.

      - Por que eu?... Por que eu que tenho que ser o rei?...

     - Quer saber a verdade? - Ele pergunta friamente com os olhos congelantes, olho para ele, mas ele volta ao normal. - Voce é muito idiota, sempre acreditou no que as pessoas te diziam com facilidade, é manipulavel, e é isso que o papai quer quando chegar ao trono, quer alguem que consiga manipular. E ele sabe que se eu pegar a coroa eu vou mandar matarem a cabeça dele. Você não teria coragem de fazer isso. - Ele me pega pelo braço e me levanta. - Além de que você é muito magrelo pra tentar lutar contra ele, agora vamos. - Ele diz e começamos a caminhar.

      Como o castelo era grande e nossa pressa pra almoçar com o papai sem a Fuyumi era mínima, não íamos chegar tão cedo, então começo a perceber que Natsuo foi o braço direito de Toya, então deve ser quem mais sabe sobre ele.

      - Natsuo... - Chamo sem saber direito se devia ou não fazer minha pergunta, afinal, ele também deve ter sido o mais afetado pela morte de nosso irmão.

    - Oi? - Ele pergunta me olhando.

    - Humm... Esqueça... - Digo não querendo lembrá-lo de nosso irmão, ele apenas dá de ombros.

       Depois de andarmos pelos longos e grandes corredores chegamos ao salão, um pouco atrasados, mas chegamos; Natsuo e eu nos sentamos enquanto somos vigiados pelos olhos afiados de nosso pai, então começamos a comer, me sentia desconfortável na presença do rei, que não parecia diferente fisicamente do que foi a anos atrás, muito pelo contrário, ele parecia mais jovem do que eu me lembrava.

     - Como andam as embarcações? - Meu pai pergunta.

     - Não sei. - Natsuo dá de ombros. - É a Fuyumi que trabalha com as economias e embarcações, e sim, ela está bem, obrigado por perguntar e se preocupar com a saúde mental de sua filha. - Meu pai aperta os punhos com força, se Fuyumi estivesse aqui, impediria a briga que está por vir.

        - Como pode deixar que uma garota idiota tome conta sozinha de informações e calculos tão importantes? - Ele bate na mesa, Natsuo faz o mesmo.

       - Para sua informação! Fuyumi é a pessoa mais inteligente, gentil e incrível que eu conheço! Além de ser a pessoa mais capaz de trabalhar com tabelas e cálculos! Mas você é um babaca machista que não tem capacidade mental de ver as habilidades da propria filha! - Meu pai se levanta batendo com força na mesa, fazendo tudo tremer.

       - Cale essa boca! Eu sou seu rei! Você ouve a mim! Eu sou grande e você é pequeno! Eu sou forte e você é fraco! Eu falo e você escuta! - Eu abaixo a cabeça, não me metendo na briga, mas no fundo, apoiava Natsuo, vou ver se consigo falar com ele sobre Toya um dia desses, minha cabeça ainda está confusa.







Pov. Natsuo

         Eu brandava com meu pai, estava cansado, cansado de ver ele ridicularizando minha irmã, cansado de ver manipular Shoto, cansado de ver eu não consegui proteger minha mãe, cansado vê-lo sujando o grande nome de meu irmão, eu cansei de ser sempre controlado e censurado.





"Jogue-nos como peões e nos confine implacavelmente"





          - Você deve me respeitar, esse é meu reino, se eu quiser eu posso banir você! - Ele grita comigo, mas cansei de abaixar a cabeça.

           - Da mesma forma que você ordenou que QUEIMASSEM VIVO O TOYA!?! - Grito com ele.

          - NÃO OUSE FALAR ESSE NOME AMALDIÇOADO DESSE ASSASSINO! - Ele bate na minha cara me derrubando no chão, mas eu logo me levanto e derrubo a mesa.

         - MEU IRMÃO FOI UM GRANDE HOMEM! ELE SALVOU MINHA IRMÃ E PROTEGEU MINHA MÃE!! MAS VOCÊ TINHA MEDO DA FORÇA E CORAGEM DELE E O MATOU!! O ÚNICO ASSASSINO AQUI É VOCÊ!! - Shoto começa a se afastar e analisar a situação.

         Meu pai então vem pra cima de mim e começa a me socar com força, eu uso meus braços para me defender, mas ele era muito maior, mais forte e experiente que eu, meus braços já deviam estar roxos e meu nariz sangrava, então ele chuta meu joelho e eu grito de dor enquanto caio no chão, ele então coloca uma espada no meu pescoço.

        - Seu irmão era um maníaco, um traidor, um covarde, ele nunca me enfrentou de frente, ele era uma vadia e morreu por seus crimes. - Juro que se meu sentimentos fossem combustível, eu estaria pegando fogo agora. - Agora diga quem era Toya. - Ele diz ameaçadoramente.

         - Toya era meu irmão, sangue do meu sangue, era um herói e a pessoa mais incrível e divertida que eu já conheci. - Ele segura a espada com força

        - Diga a verdade. - Ele pressiona a lâmina no meu pescoço fazendo o mesmo sangrar um pouco, eu cuspo nele. - Ele matou o marido de sua irmã fazendo a mesma ter surtos como o que aconteceu hoje, ele colocou ideias suicidas na população para que se matassem por guerra, ele era uma vergonha que pecava todos os dias a se deitar com um homem. - Eu mostro o melhor olhar de ódio que posso fazer.

         - Meu irmão salvou a sanidade de Fuyumi, deu liberdade ao povo e não se prendeu a suas merdas preconceituosas. - Digo enfrentando de frente. - MEU querido irmão era- - Sou interrompido.

        - Um assassino. - Olho para onde via a voz e vejo Fuyumi em na antiga cadeira de rodas da mamãe. - Ele matou meu doce marido, destruiu nossa família e enlouqueceu nossa mãe. Além de ter ameaçado publicamente nossa amado pai e vosso rei. - Ela diz com um olhar vazio e um sorriso neutro, se eu pudesse levantava, mas meu joelho tá doendo pra o caralho e eu não consigo ficar de pé, mas mesmo assim grito com ela:

        - COMO PODE DIZER ISSO?! ELE DEU A VIDA POR VOCÊ! INGRATA! TRAIDORA! - Ela não me olha nos olhos.

       Eu não posso desistir, eu preciso ficar no lugar de meu irmão, preciso proteger minha família! Era nisso que ele acreditava! Preciso libertar Fuyumi! Depois que ele morreu ela ficou a mercê de nosso pai e eu não consigo fazer nada! Shoto é manipulado e a mamãe está presa na merda de uma torre!

      Depois que ele morreu eu achei que podia ficar no lugar dele, achei que podia fazer ele se orgulhar de mim... Achei que poderia proteger todo mundo... Como ele...

      Mas eu sou inútil...

      Não consegui mostra a verdade pro Shoto...

     Não consegui libertar Fuyumi...

     Não consegui curar minha mãe...

     Eu sou inútil... Eu nunca vou conseguir ser como ele, nunca vou conseguir fazer tudo que ele fez, não importa o quanto eu corra atrás dele.





"Vivendo de acordo com papéis de gênero e tendo mentes ausentes"





       Sinto como se alguém colocasse uma mão no meu ombro e escuto a voz de meu irmão que me faz querer chorar.

      "Natsuo, um moleque corajoso, sempre batendo o pé por suas ideias, sempre tentando me ajudar a proteger nossa família, espero que não seja como eu e que viva seus próprios sonhos... Por favor, não seja como eu, seja livre viva os SEUS sonhos."

       Eu dou uma leve olhada para trás, na esperança de poder vê-lo, mas devo estar enlouquecendo, não vejo nada, a voz dele se vai como brasa, a sensação de sua mão em meu ombro vai junto; uma das empregadas ajuda a minha irmã a sair da cadeira, já que ela ainda estava meio dopada, uma outra vem correndo com a cadeira me atender.







~Pulando de Novo~







Pov. Natsuo

       Eu estava na cama do meu quarto com meu joelho enfaixado, eu pensava na voz de meu irmão, já fazia tanto tempo que eu não ouvia, eu queria tanto que ele estivesse comigo, mas o que ele havia dito... Eu não quero desistir da minha familia, mas preciso ser livre, sem ele a cada dia é mais dificil aguentar, e olha que já faz 20 anos, a situação tá foda.

       Suspiro, eu quero ser livre, mas eu preciso cuidar da minha família, prometi pra ele que cuidaria deles, mas e se ele quiser que eu seja livre? E se ele quiser que eu mostre a liberdade pra eles? Eu estou com medo, não quero deixá-los, más não aguento ficar aqui, se você estivesse aqui, o que faria?

      Não! Ele não ia querer que eu tentasse ser ele! Ele quer que sejamos livres, mas morando debaixo do mesmo teto que meu pai não dá; ele decide como devemos viver, como devemos pensar, como devemos falar e nos comportar, não somente nossa família como todo o reino.

      Eu preciso ir embora, hoje um joelho, amanhã, quem sabe, meu pescoço, tenho que ir embora, mas antes preciso achar uma forma de levar Shoto e convencer Fuyumi a virem comigo.

      Eu espero pelo menos conseguir nos tirar daqui, nosso pai arrumou um jeito de ficar com 28 pra sempre, então ele aguenta ser rei por mais alguns anos, o povo vai se rebelar e quando a guerra civil começar eu vou liderar a batalha contra nosso pai da mesma forma que Toya faria.





"Você não acha que é curioso como eles nos dizem como viver?"







      Suspiro, preciso pensar em uma forma de Enji deixar agente sair do reino, talvez alguma missão idiota ou algo assim, alguma coisa que nos tire do castelo pra gente poder fugir, mas ele não vai me ouvir, e depois do que Fuyumi fez deu pra notar que ela não vai me ajudar muito. E por falar do diabo, a mesma abre a porta do meu quarto se segurando nas paredes para conseguir ficar de pé.

       - Oi, irmão querido... - Ela diz com um sorriso gentil.

      - Enfia esse "irmão querido" no cu. Eu não to afim de falar com você agora. Traidora. - Ela se senta no pé da minha cama meio mole ainda sob os efeitos dos remédios que tomou mais cedo.

     - Se eu não tivesse dito aquilo no seu lugar, o papai teria cortado sua garganta. - Ela diz calmamente enquanto tenta se manter acordada e em seu ponto de equilíbrio.

    - Que cortasse! Ai eu poderia estar com Toya bebendo até cair no outro mundo! - Digo irritado.

    - Não diga isso... Ele não iria querer que você chegasse lá tão cedo... - Ela fala apoiando uma de suas mãos na cama. - Eu sei que é difícil pra você... Mas precisa entender que temos que obedecer o nosso pai... - Ela acaricia meu rosto. - Não aguentaria perder você também... - Eu seguro a mão dela tirando-a do meu rosto.

     - Então me ajude a fugir. - Ela faz uma cara de espanto. - Me ajude a convencer nosso pai a nos deixar ir embora, me ajude a ajudar você! Me ajude a tirar eu, você e Shoto daqui! Sei que com essa sua cabeça de ouro você consegue algo que convença o nosso pai! Mesmo que seja uma pequena saída vai ser o suficiente pra gente fugir! - Ela começa a negar com a cabeça.

     - Não seja louco! Não podemos abandonar o nosso pai! Apesar de tudo... Ele é nosso pai... Nos ama e nós o amamos! Somos uma família! E a família fica unida! - Eu já ultrapassei todos os limites que minha paciência tinha.

     - Onde estava essa união de merda quando ele trancou a mamãe em uma torre?! Ou quando quebrou meu joelho?! Talvez esteja no exato momento que ele usou você quando criança como moeda de troca! Mas eu tenho certeza que foi no momento que ele tacou fogo no nosso irmão! - Digo ironicamente.

      - .... Somos uma família... Temos que ficar juntos... - Ela se levanta. - De um jeito ou de outro é melhor você não dizer nada, afinal, pode ser morto por traição se o fizer.

     - Então automaticamente sou um delinquente se eu falar o que penso? - Ela anda pra fora do meu quarto.

     - Veja como quiser. - Ela sai.







"Você não acha que é curioso como somos todos crianças delinquentes?

Tipo, vamos agora

Não diga nada, não diga nada"







Pov. Momo

       - Vamos se alegre! - Itsuka Kendo diz. - Você vai se casar com um príncipe! Não é demais?! E não é um príncipe qualquer! E um dos príncipes da Capital! - Ela rodopia alegremente. A Capital! A terra mais segura, com a melhor economia, mais rica e poderosa do mundo! Isso é uma grande honra! Ser a futura rainha da capital!

      - Não cante vitória. - Digo calmamente. - Nós estamos atrasadas, além de que eu preciso seduzir um deles para quererem se casar comigo. - Ela sorri e agarra meu peito me fazendo corar.

      - Com essa arma aqui não há homem que possa resistir! - Ela diz.

     - Kendo! - Grito com ela, ela dá de ombros e me solta.

     - Que foi? Não é como se eu estivesse mentindo! E você será uma esposa magnífica! - Ela então começa a contar nos dedos. - É bonita, é inteligente, é sexy, é fofa, sabe cozinhar, canta, toca piano, lê, escreve, costura, é educada, sabe fazer negócios... Será a esposa perfeita! - Sorrio.

       - Eu treinei a minha vida inteira para me casar com alguém importante, e agora eu tenho a oportunidade de me casar com uma das pessoas mais importantes do mundo! Eu não posso perder essa chance! Farei tudo que puder! - Ela ri.

      - Apenas não engravide antes de se casar. - Eu coro, ela coloca a cara pra fora da janela. - Hey! Quando vocês vão terminar de consertar a roda?! - Ela grita com os homens que trabalhavam para consertar a roda.

     - E como vai com o seu marido? - Pergunto. - Soube que ele é um homem muito bom em negócios e que está enriquecendo bastante, pelo que sei ele está construindo um templo, não? - Pergunto puxando conversa, ela cruza os braços.

     - Como negociante ele é ótimo; como mestre e administrador melhor ainda... Mas como pessoa e marido... Ele é péssimo. - Eu me choco.

    - Ai meu deus! Não deve falar assim de seu marido! - Peço-a enquanto faço sinal para ela se acalmar. - O que aconteceu?... - Pergunto.

     - Bem... Eu apenas dei minha opinião e então ele... Me humilhou... - Eu suspiro.

     - Se sabia que seu marido não gosta quando você se intromete nas conversas, não devia ter o feito.- Digo e então entro em minha postura cética. - Você nasceu para se casar e enriquecer sua família, se não o faz com êxito, se torna uma decepção e é vista como uma mulher inútil na nossa sociedade. - Olho pra ela friamente. - Não gostaria de acabar sendo descartada e vivendo na Cidade do Diabo, gostaria? - Percebo que ela se arrepia toda.

      - Nem a pau. - Ela se abraça. - Só de falar na possibilidade de alguém viver lá me dá medo. - Suspiro.

      - Então Kendo, seja uma boa esposa, e fique quieta quando seu marido estiver fazendo negócios, de sua opnião depois das reuniões, como uma boa esposa. - Digo terminando a conversa e logo a carruagem volta a funcionar.



"Silêncio garoto, oh, silêncio garoto

Não diga uma palavra

Coloque a sua camisa, e ninguém se machuca

Silêncio garota, oh, silêncio garota

Apenas pisque os olhos

Jogue o nosso jogo, jogue o nosso jogo"





Pov. Rei

       Cara, Natsuo; coroa, Shoto. Jogo a moeda de prata pro alto e tento pegar, mas ela cai no chão e acaba rolando para dentro de um buraco, acho que eu não vou saber qual dos dois vai se casar com a moça que vem hoje.

         Eu olho para a janela, a pequena janela com grades, dava para ver um pouco do dia e do mar, o mar... Tão bonito, será que eu vou poder ir a praia de novo? Já faz anos que eu não sinto o cheiro, não ouço as ondas, não sinto a água, não vejo o horizonte.

        Suspiro, ficar aqui é cansativo, não há nada para fazer, acho que esse silêncio e essa prisão estão me enlouquecendo, eu não queria isso, eu apenas queria ver o mar, ele me deixa mais calma, olho para as minhas mãos, eu não queria ter nascido de forma diferente.

        "Então você queria ter nascido como?" - A voz feminina do meu lado pergunta, não poderia ser real, mas... Eu queria que fosse.

          - ... - Engulo em seco, olho para a figura, a jovem mulher de longos cabelos e olhos verdes, com um sorriso gentil e um vestido pobre de camponês. - Eu... Queria ter nascido normal... - Ela ri.

         "Ninguém é "normal", afinal, os humanos não são brinquedos, não somos marionetes para termos os mesmos rostos uns dos outros, as mesma personalidades, ou capacidades, isso que nos torna humanos, sermos diferentes!" - Ela sorri brilhante. - "Nunca há alguém igual o outro! Por isso sempre devemos conhecer pessoas novas! Não importa quanta criatividade tenhamos, sempre vai haver alguém que seja de um jeito inimaginável!" - Eu choro.

         Por que eu estou aqui? Nessa época? Nesse dia?





Flash Backs On





Pov. Rei (14 anos)

        Eu havia fugido, havia começado a menstruar, meus pais queriam me casar, estou com medo, então fugi, o mais longe que pude, acabei saindo do reino e parei dentro da floresta, mas ainda estou assustada, com adrenalina correndo em minhas veias, começo a chorar, se eu tivesse nascido como um garoto não teria que me casar agora, estão dizendo que eu envelhecerei rápido, que preciso casar agora, se não não serei bonita o bastante ou fertil o bastante, eu preciso me casar logo... Mas eu não quero!

        Estou com medo e meu medo só piora por ter chegado na floresta, há uma bruxa aqui, um monstro que mata os caçadores, dizem que ela é casada com centenas de demônios e que quando mata suas vítimas arranca seus corações e os devora.

        Eu estou com medo, mas se eu não fugir vão me achar, a floresta é o lugar mais perigoso que há, mas é por isso que ninguém vem aqui, às vezes enviam soldados, mas ninguém que entra, sai, morrer livre ou viver servindo? Demônios ou casamento?

        Eu fecho meus olhos, em minha mente eu estava de volta a minha casa, dourada, rica, eu estava sentada de joelhos na frente de meu pai, ao seu lado um homem velho e nojento, uma vida minha se passa diante de meus olhos, eu me casaria com alguém rico, teria meu primeiro filho aos 16, ele me amaria muito e seria treinado para tomar o lugar do pai, depois uma menina, linda, tão linda quanto eu, que seria dada a alguém da corte logo depois de sua primeira menstruação, teria um terceiro filho que invejaria os irmãos e que sempre estaria ao meu lado, então meu marido morreria de velhice, meu filho mais velho tomaria o lugar dele, eu seria tratada como uma rainha, cercada de filhos que me amariam, com dinheiro e apenas tendo que ficar em casa posando de bonita, calada para as pinturas, a vida perfeita e almejada por qualquer mulher.

         Eu me levanto e caminho até o meu pai e pego os papeis de casamento que estavam em suas mãos.

        - MAS QUE SE FODA! - Grito com ele. - Essa vida é minha e eu decido o que acontece com ela! Ela não pertence a mais ninguém!

       Sem pensar duas vezes eu corro para mais dentro da floresta, sentindo como se a mesma me engolisse, em meio ao meu medo e desespero tropeço em um raiz e caio no chão, começo a chorar, minhas lágrimas eram diamantes azuis claros, meu desespero aumenta e o chão embaixo de mim começa a congelar, eu tento respirar fundo pra fazer isso parar, mas estava com medo.

        Por que eu tive que nascer assim?

        - Ei? Está tudo bem? - Uma moça de longos cabelos verdes, olhos gentis e da mesma cor e uma expressão preocupada pergunta enquanto caminha em minha direção.

       - Fi-Fique longe de mim! Eu sou amaldiçoada! - Grito tentando fazê-la ir embora, mas uma rajada de gelo congela todo o chão ao meu redor e incluindo seus pés e vestido, ela ri doce e gentilmente.

      - Querida, a magia reage aos nossos sentimentos, não importa o que você diga. - Ela coloca o dedo indicador no queixo fingindo pensar. - Acho que você precisa de companhia. - Ela move a mão por cima do gelo que a prendia, logo fazendo o mesmo derreter.

        - Vo-você! É a bruxa! Fique longe de mim! Não me machuque! - Ela me dá um sorriso gentil enquanto se aproxima calmamente com as mão levantadas em sinal de defesa e calma.

        - Não tenho um único motivo para machucar você, muito pelo contrário, apenas tenho motivos para ajudá-la. - Ela se senta do meu lado. - Afinal, você está sozinha, triste, assustada e confusa, então eu devo ficar e te ajudar. - Ela sorri brilhante e segura as minhas mãos. - Percebo que já reprimiu muito de sua magia... Isso não é saudável, você tem reprimido seus sentimentos para tentar controlá-la, mas isso só te faz mal. - Eu choro.

       - E-eu não queria ter nascido assim! - Choro.

      - Então você queria ter nascido como? -Ela pergunta, eu no desespero a abraço.

      - Queria ser normal... - Ela ri

      - Ninguém é "normal", afinal, os humanos não são brinquedos, não somos marionetes para termos os mesmos rostos uns dos outros, as mesma personalidades, ou capacidades, isso que nos torna humanos, sermos diferentes! - Ela sorri brilhante. - Nunca há alguém igual o outro! Por isso sempre devemos conhecer pessoas novas! Não importa quanta criatividade tenhamos, sempre vai haver alguém que seja de um jeito inimaginável! - Eu choro, ela me dá um sorriso gentil e acaricia meu rosto. - Está tudo bem criança, ninguém vai te machucar...- Ela se levanta. - Vamos para mina casa, vou lhe fazer um chá, tem bolo também. - Me levanto.

       - Você tem algum geito de tirar minha maldição?... - Pergunto.

       - Que maldição? - Ela pergunta enquanto continuamos andando. - Sua magia? - Ela ri. - Ela é uma coisa natural sua, é impossível tirar, você nasceu assim. - Eu olho para baixo com tristeza.

       Dizem que eu nasci no dia mais frio que já houve, que minha família era muito pobre, então eu nasci na rua mesmo, de noite, debaixo da lua cheia, nevava devagar, o ceu era frio, mas eu quando nasci não chorei, meu pai no desespero me levou a uma curandeira, ela disse que não podia fazer nada, eu havia nascido com meus orgãos internos congelados, então ele me colocaram dentro de uma cesta e me empurram no mar, a Lua se iluminou e cima de mim e ambas começamos a brilhar, meus cabelos negros se tornaram brancos e eu comecei a chorar, naquele momento de confusão meu pai nadou para me pegar, mas minhas lagrimas não eram normais, eram diamantes.

        Então minha família se enriqueceu, até que eu fiz 8 anos e comecei a chorar menos, então ele começou a me espancar para me obrigar a chorar, mas depois dos meu 10 anos enquanto minha mãe batia em mim seu braço e meu quarto inteiro congelaram, tiveram que examinar o braço dela, estava tão congelado que quando deram uma leve batida com o martelo para ver se dava para salvar o braço se quebrou em pedaços de cristais de gelo que parecia safiras e não derretiam.

        Então eu passei da mais bela criança abençoada, para uma aberração fantasma, aprendi a controlar meus sentimentos para que essa maldição não acontecesse de novo.

       - Chegamos! - A mulher diz.

       Era um chalé simples e pequeno, feito de pedras e árvores caídas, o teto era um pouco alto e largo, então imagino que haja um segundo andar apertado ali em cima, a casa era um pouco torta e desproporcional, como se alguém tivesse feito a mão, ou não soubesse construir uma casa.

       - Meu nome é Inko, aliás. Bem... Moram mais duas pessoas comigo, mas um saiou, ou outro... É meio levado. - Ela diz abrindo a porta e um saco de farinha cai em cima dela. - Keigo... Não teremos torta de maçã hoje. - Ela diz sorridente e calma.

      - Ah não! - Uma voz masculina diz, eu entro atras dela que se limpa com as mangas do vestido, me deparo com algo incrível.

     - Você é um anjo! - Grito chocada.

     - Eu sou um o que? - O anjo Keigo diz com suas longas asas vermelhas, então seus olhos amarelos brilham. - Você é uma humana! - Ele corre e me abraça. - Que fofinha! Uma criança humana! - Ele me abraça mais forte. - Qual seu nome? - Eu coro.

    - R-Rei... - Digo com vergonha. - Eu tenho... Tantas perguntas... - Inko e ele riem.

    - É tudo mentira. - Inko diz enquanto se limpava com um pano húmido. - Vocês humanos inventam coisas para acharem que sabem de tudo... Anjos, demônios, monstros, bruxas... Vocês criam esses títulos para tentarem englobar no mesmo pacote coisas que não entendem, o que vocês chamam de anjos, chamamos de harpias. Keigo Takami é uma harpia, então se fzer alguma pergunta pra ele, não o veja com as histórias de anjos que vocês humanos criaram. - O tal senhor Takami ri.

       - Então vocês inventaram histórias sobre a minha raça e cultura sem nosso consentimento? - Ele ri mais e me solta. - Vocês humanos são piores do que me contaram! - Ele senta em cima da mesa enquanto fica abrindo e fechando suas asas enormes para se alongar enquanto boceja. - Mas o que uma criança humana faz na minha floresta? - Eu me sinto meio desconfortável.

       - Desculpe senhor Takami, mas essas florestas pertencem a Capital, ou seja, aos humanos. - Digo de cabeça baixa.

      - QUE?! - Ele grita. - Não! Não! Não! Não! Não! Nem pensar! - Ele diz parecendo irritado. - Os humanos são seres inferiores que pertencem a terra, eles criaram suas cidades! - Ele cruza os braços. - Já faz 5 mil anos que isso está definido! Os humanos ficam nas aldeias, que hoje cresceram demais, as harpias ficam com as florestas e montanhas e as sereias com o mar! - Ele se levanta e começa a andar com pés pesados em minha direção. - Mas vocês humanos criaram barcos para invadirem o mar! Fizeram armas para caçarem e matarem os animais! Além de criarem ferramentas para derrubarem nossas árvores! E ainda tem a audácia de dizer que o mundo todo é de vocês! - Ele grita comigo e eu vou andando para trás para me afastar dele. - Claro sem esquecer que inventam histórias falsas sobre nós, muitas vezes para nos matar e se acharem com tal direito!

          - Já chega! - Inko fica entre mim e ele. - Ela é só uma criança, os humanos morrem cedo, então não conseguem acompanhar as leis que criaram por muito tempo, com o tempo, suas lei se tornam regras, regras se tornam educação, educação se torna possibilidade, possibilidade se torna mito, mito se torna conto, conto se torna mentira, mentiras viram pó. - Ela respira fundo e suspira. - Temos que ensinar como os humanos podem conviver conosco de novo, apenas precisamos ter paciência. - Ele franze as sobrancelhas.

         - Foi por causa dessa paciência e carinho excessivo de vocês sereias que metade foram extintas, caçada e MORTAS! - Ele grita com ela e a mesma começa a chorar, ele faz uma cara de surpresa e abraça a perna dela. - Me desculpaaaaaa! Eu não devia ter dito isso! Me perdoaaaaaa! Eu fui tão malvado! Não fica chateada comigoooooo! - Ele pede e começa a chorar, nesse momento a porta se abre.

        - ... - A criatura monstruosa com um grande casaco de penas negras e uma máscara de osso de cervo nos encara por um momento, então suspira. - Devo perguntar o que está acontecendo? - Do nada Keigo pula da perna de Inko e vai correndo em direção a criatura.

       - Kai-Senpaaaaaaaaaaiiiiiiiii~~~~ - Ele grita enquanto tenta abraçar a criatura, mas logo a mesma coloca sua mão aparentemente normal na cabeça dele o impedindo de se aproximar.

     - Não vai tocar em mim sem tomar banho antes, você fede. - Keigo se afasta.

    - Aé?! E você! ... Você! Você... Ah você é impecável! Toma no cu! - Ele grita jogando os braços pra cima e se afastando emburrado.

        - Por que há uma criança humana aqui? - Ele pergunta se aproximando.

        - Está tudo bem Chisaki, ela é uma Filha da Lua. - Inko diz.

        - PERA?! QUE?! - Keigo pergunta. - Nossa! Por que não disse antes?! - Ele vem até mim e me abraça de novo. - Somos primos! - A criatura coloca a mão na testa e acena negativamente com a cabeça.

        - Oh, Pai Sol! Por que eu tenho que cuidar desse cara? Bem... Acho que não é necessário eu usar essa máscara. - Ele retira a mesma, junto com as penas negras e bagunçadas, na qual eu percebo que era apenas um casaco, então ele mostra ser alguém bem diferente do que eu imaginava, mas então ele coloca uma máscara de peste no rosto e se aproxima de mim, eu olho para ele e persebo que ele tinha asas negras e longas. - O que você quer? - Ele pergunta me olhando de cima, já que ele era muito mais alto que eu.

         - E-eu... Eu estava fugindo... - Ele ele cruza os braços.

        - Do que? - Ele suspira. - Vamos nos sentar, tomar um chá e você me conta o que ouve. - Ele diz enquanto se dirige a mesa, Inko estava preparando um café, eu vou sentar na mesa com ele. - Então? - Ele pergunta me olhando com olhos afiados.

        - Eu... - Fico com vergonha de falar. - Sangro... - Ele levanta uma sobrancelha.

        - Se cortarem meu braço eu também sangro, todos que tem sangue sangram. Os humanos são muito burros. - Ele diz em deboche.

        - Não nesse sentido. - Ele parecia pensar, então Inko solta uma exclamação.

       - Você está lunando! - Olho pra ela com cara de confusão.

       - Eu o que?

      - Quando seu corpo fica em sintonia com o da Mãe Lua, todas as fêmeas ficam em algum momento da vida em sintonia com a Lua com o ciclo da Lua, quando nossos corpos se unem com o dela! - Kai dá um tapa na própria testa, Keigo suspira.

        - Atá! É isso! - Keigo dá de ombros. - Vocês humanos são muito estranhos! Por que demorou tanto pra falar algo tão simples? - Kai se levanta.

       - Por que me preocupei com algo tão simples e natural? - Ele pergunta emburrado.

      - Vocês estão falando de menstruar? - Pergunto confusa.

      - "Men" o que? - Keigo pergunta.

     - Acho que os humanos chamam assim quando entramos nas fases da Lua. - Inko sussurra. - Mas por que você fugiu? - Ela pergunta.

    - Porque... Eles querem me casar... - Digo começando a chorar.

      - "Ca" o que? - Keigo pergunta enquanto se pendurava em uma das árvores dentro caídas do segundo piso, Inko tinha olhos brilhantes.

     - Casar! É quando dois humanos se amam e decidem passar o resto da vida juntos! Então eles fazem uma grande festa! - Kai apenas observava tudo de longe Keigo bufa.

     - Pra que fazer tantas festas para tudo? Não é mais fácil simplesmente dizer "ei eu te amo e quero passar a eternidade com você!". - Inko sorri, mas acena negativamente com a cabeça.

     - Como eu já disse antes, mas você nunca me escuta, os humanos vivem pouco, então fazem várias festas para tudo pra conseguir viver tudo que eles têm para viver.

     Kai me olhava com um olhar penetrante e assustador, não conseguia ver a metade de baixo de seu rosto, por causa da máscara, isso apenas me deixava assustada, mas ele parecia ser o único ao ver minhas lágrimas, então ele fala.

    - Eles queriam forçá-la a casar? - Eu aceno com a cabeça e a sala fica em silêncio, ele suspira. - Inko você é muito ingênua, os seres humanos são criaturas nojentas e cruéis, tudo que tocam é destruído, tudo que criam é cruel, eles são uma doença em nosso mundo. Você é ingênua demais Inko e não vê que qualquer coisa que eles fazem, mesmo que pareça bom, no final é para machucar. - Ele se aproxima de mim e se ajoelha na minha frente. - Mas não vamos cuidar de você, Inko tem trabalho para fazer e eu e Keigo vamos embora no outono. Terá que se virar sozinha. - Ele se levanta. - Devia aceitar seu lugar como humana e voltar para suas terras. Eu vou sair para caçar caçadores que entraram, se você estiver aqui quando eu voltar eu mesmo te mato. - Ele diz enquanto recoloca o casaco e a antiga máscara, então vai embora.

        Inko se aproxima de mim e me serve um pedaço de bolo e uma xícara de chá.

      - Sinto muito por isso... Chisaki não era assim antes... Mas algumas coisas aconteceram e ele agora odeia os humanos....

     - Todas as harpias odeiam. - Takami corrigi. - As harpias sempre odiaram os humanos, desde o início dos tempos, as sereias foram as únicas que tentaram ajudá-los. Se vocês sereias não estivessem lutado por eles nos harpias teríamos matado todos a muito tempo, e como eles agradecem? Matando, caçando, humilhando, torturando e ridicularizando sua história e cultura. Não sei com vocês sereias aguentam serem tratadas assim. - Eu me choco.

        - Você é uma sereia?! - Pergunto, ela ri.

       - Ainda não tinha percebido? Agora coma seu bolo, vou leva-la pra casa.





Flash Back off





        Eu estava na beira do telhado do castelo, nem ao menos sei como cheguei aqui, eu finalmente, depois de tantos anos, posso ver o mar sem ser atrapalhada pela vista das muralhas que cercam o reino, ele está tão lindo hoje...

       - Já chega Rei. - A voz fria e cruel diz atrás de mim e me faz tremer. - Eu sabia que você era uma aberração louca, mas não sabia que tentaria escapar desse jeito, infelizmente seus genes ruins passaram para 3 de nossos filhos.

     - E-Enji! - Choro dando um passo para trás, se eu der mais 3 eu morro. - V-vá embora!

     - Você é inútil, devia se matar, ninguém sentiria falta, além de que apagaria a mancha de magia que apareceu em meu reino. - Ele se aproxima mais. - A magia é uma doença, um vírus que deve ser apagado. Eu deveria ter te matado a anos atrás. - Eu dou outro passo para trás., estou com medo, com tanto medo.



"Limite todos os pensamentos e senso comum correto

Vocês estão criando suicidas com seus títulos predeterminados"

"Tipo: você é uma bagunça, perturbado, não estou impressionado, você é excesso

Um vestido, é tudo que você sempre será!

Estereótipos impõem controle e enganam muitas vezes

Bem-vindo à terra dos que têm mentes quebradas!"







Pov. Fuyumi

       Eu estava deitada em minha cama lendo um livro, hoje as coisas foram muito... Problemáticas. Espero que o café da tarde seja melhor, as visitas se atrasaram, mas era de se esperar, afinal, a estrada não é um caminho muito fácil da terra deles há nossa.

       Provavelmente Shoto será quem se casara.

      Isso é bom...

       Ele vai poder se tornar rei mais rápido se estiver mais rápido, será que o papai vai tentar me casar de novo?

    Eu sou apenas uma garota, se não me casar para enriquecer o reino serei descartável, meu pai vai me prender na torre como fez com a mamãe, eu não quero que nossa família se desfaça.

    Me levanto da cama e me aproximo da janela, as memórias de minha infância florescendo em minha mente, eu choro e silêncio, me perdoe irmão, Toya eu sinto muito, eu fiz tudo que pude para manter nossa família unida, mas você se foi, a mamãe foi presa, Natsuo quer fugir e Shoto... Pobre Shoto! Você não faz ideia do quanto nosso pai faz a cabeça dele!

    Eu queria que você estivesse aqui, eu queria que tudo voltasse a época em que éramos crianças, na época em que nos escondíamos no seu quarto e podíamos ser livres, que podíamos fugir pelas ruas e brincar, nos dar nomes diferente, ir para além da muralhas em nossa imaginação, roubar canoas e fingir que éramos piratas, eu queria você de volta irmão...

     Apenas queria que a nossa família fosse uma família feliz...



"Silêncio, garoto, oh, silêncio garoto

Não diga uma palavra

Coloque a sua camisa e ninguém se machuca

Silêncio, garota, oh, silêncio, garota

Apenas pisque os olhos

Jogue o nosso joguinho, jogue o nosso joguinho"



        Me sento e começo a chorar, meu coração doía muito, eu não pude fazer nada além de chorar e implorar quando ele morreu, eu sou uma vergonha, talvez se eu tivesse nascido como um garoto as coisas teriam sido diferentes...

       Eu me sinto ser abraça com carinho e ouço a voz de Toya em meu ouvido.

      "Fuyumi... Sempre inteligente e gentil, lembro quando ela trouxe escondido uma caixa de gatinhos abandonados pra gente cuidar escondido, se nosso pai soubesse podia mandar matar os bichinhos, eu espero que ela aprenda a se defender e seja livre... Você não é fraca, por favor, use toda essa força e inteligência para se libertar do que as pessoa te ensinaram, a vida é sua, você pode fazer o que quiser, você pode ser livre."

      Eu olho para trás, mas não vejo nada, me levanto e seco minhas lágrimas, Natsuo tem razão, eles... Quero dizer, nós não merecemos viver assim, preciso fazer algo!

      Começo a caminhar, vou para a sala de arquivos, com certeza posso achar algo que nos tire daqui, algum problema que precise ser resolvido, ou algum passeio para impressionar as visitas, qualquer coisa!







Pov. Natsuo

      Eu estava no maior tedio do mundo quando do nada o maldito do meupai aparece no meu quarto, ótimo! Não podia ficar melhor!

      - Natsuo, preciso que venha comigo, quero experimentar uma coisa. - Eu faço uma expressão de desgosto.

      - Eu estou com o joelho quebrado e mesmo se eu não estivesse; não iria te ajudar em nada! - Ele suspira.

      - Ou você vem me ajudar ou mando cortarem a cabeça de sua mãe. - Meu coração dá um pulo.

     - Você... Não faria isso... - Seguro a coberta com força.

     - Vai apostar? - Rosno frustrado.

     - Tudo bem! Apenas não machuque minha mãe. - Digo, então uma empregada aparece com a cadeira de rodas. - E as visitas? - Pergunto.

     - Iida está entretendo elas por enquanto, quando o café da tarde começar conversarei com elas e então Shoto vai passear com a Madame Yaoyorozu. - Suspiro enquanto subo na cadeira de rodas. - Pode se retirar. - Ele diz pra empregada.

    - Então... O que pretende fazer comigo? - Pergunto enquanto ele começa a me empurrar para fora do quarto.

    - Como eu já disse: uma experiência. - Isso não me cheira bem...







                                      ~Uma Andada Pelo Castelo Depois~









      Depois de andarmos pelo castelo entramos em um dos Aposentos Restritos, na quais são quartos que TODOS estão proibidos de entrar, apenas meu pai tem acesso, só eu acho que ele vai me matar aqui? Ninguém nunca entrou em um desses quartos, quem entrou morreu, afinal, jamais se deve desafiar meu pai, então como eu faço muito isso acho que ele cansou de mim e vai me matar.

      Quando entramos o quarto era escuro, mas havia uma luz que via de um tipo de aquário que tinha a forma de um cilindro, dentro tinha...

      Puta merda aquilo não pode ser o que eu acho que é?!

      Eu estou chocado...

      - Uma sereia, horrível não é? Uma criatura mágica e maligna que vive nas profundezas, foi muito difícil e caro achar e capturar viva uma dessas. - A jovem criatura parecia uma garota que não devia ter mais de 16 anos.

      Sua cauda era longa e roxa, dela saia ossos, seus braços possuíam algumas escamas em volta de ossos afiados, como os da caída, seu peito estava coberto com um tecido preto e amarrado a ele um crânio que devia ser de uma criança humana, seus cabelos eram curtos, ela possuía guelras alinhadas horizontalmente no pescoço e abaixo do peito além de cor de vinho e seus olhos roxos escuros mortos.

       - Essa criatura é uma aberração da natureza, uma mancha no mundo, a magia é uma doença que infecta e destrói tudo à sua volta. - Ele se aproxima do aquário e a criatura se afasta com medo. - Mas mesmo assim eu consegui manipular a magia dessa criatura para me manter jovem e vivo por anos, mas para isso foram necessários anos de experimento e adestramento com esse ser asqueroso. - Eu engulo em seco.

       Esse ser realmente me parece assustador e perigoso, mas se esteve nas mãos de meu pai e é meu pai quem está falando dele, acho que pelo jeito que esse ser está agindo... Se escondendo com medo... Não deve ser de todo o mal.

      - O que você quer? - Pergunto querendo terminar logo com isso.

      - Bem, graças a essa criatura eu consegui muita informações preciosas para testar algo que pode ser muito útil futuramente. - Ele tira de algum lugar uma bolinha verde que deveria ter o tamanho de uma bola de gude. - Coma.

      - QUE?! - Pergunto em choque. - Vamos ver se eu entendi! Você tem uma sereia guardada em um de seus quartos para ficar imortal, ai você rouba algum tipo de informação dela e então você quer que eu coma essa coisa?! - Pergunto.

      - Sim, ou sua mãe morre. - Engulo em seco, então suspiro e aceno.

     Ele se aproxima de mim e me entrega a bolinha verde, eu respiro fundo e coloco o negócio na boca, eu mastigo e o gosto era HORRÍVEL, foi a pior coisa que eu já coloquei na minha boca, tinha um gosto pior que pássaros mortos com merda, recheio de chocolate amargo e cobertura de tequila!

     Então engulo o negócio e sinto que vou morrer, começo a passar mal e a quase vomitar de tão horrível que era o essa porra, depois de alguns minutos de eu passando mal com aquele veneno o gosto começa a sair, eu me levanto e me apoio na cadeira de rodas.

     - Mas que merda era aquela?!... - Pergunto respirando com dificuldade.

     - Olha seu joelho. - Eu olho o mesmo e percebo que meu joelho voltou ao normal, eu estava mais que chocado naquele momento, isso é loucura, não pode estar acontecendo isso! - Bem, agora pode ir embora, se disser uma palavra sobre o que aconteceu aqui eu mando matarem sua mãe, entendeu? - Eu aceno e saio da sala.

     Eu não conseguia acreditar no que havia acabado de acontecer, estava muito confuso, então do nada aparece Fuyumi correndo até mim, eu estava chocado demais para lembrar que estava com raiva dela.

      - Natsuo! Finalmente te achei! - Ela diz enquanto segurava alguns papéis e pranchetas. - Sua perna está boa?! Lea pergunta.

      - E-eu não estava tão machucado, foi mais um susto mesmo, eu to bem. - Ela me olha com um olhar estranho mas volta ao assunto de antes.

      - Eu descobri algo que pode nos ajudar a sair daqui! - Ela diz enquanto coloca os papéis no chão e começa a ordená-los. - Eu analisei os relatórios de embarcações e de embarcações comerciais da Capital, parece que estamos diminuindo a renda normal em 0,5% por ano, isso pode apodrecer a Capital rapidamente, e pelo que eu analisei lendo cada um dos relatórios dos últimos 30 anos parece que em média a cada 300 navios que vão fazer o comércio 50 não voltam com o dinheiro, ou por que foram saqueados ou porque sumiram em uma das rotas menos utilizadas. - Eu faço a minha cara de "traduza porque eu sou burro", então ela suspira.

       - Mana eu não sou inteligente como você foi mal, eu nasci burro amada. - Ela ajeita os barcos.

       - Piratas estão roubando o dinheiro da Capital e isso ao longo do tempo vai fazer a Capital ficar pobre. - Ela traduz.

       - E a parte de fugirmos daqui? - Ela ri como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

       - Bem, você é o Capitão da maior parte da guarda, eu sou uma princesa sem utilidade e Shoto precisa se casar, então temos duas desculpas, podemos dizer que vamos fazer uma busca pra pegar os piratas, ou podemos falar que vamos organizar o casamento em uma ilha tropical, o papai não vai poder recusar nenhuma das duas, e como por algum motivo ele não liga para a segurança da economia do reino ou pro casamento do próprio filho, não irá para nenhuma das duas. - Eu abraço ela.

      - Fuyumi eu sabia que você era uma gênia e que ia acordar pra vida! - Ela ri e me abraça. - Tá na hora da fuga em família! Vai lá apresentar os dados pro papai! - A cara dela cai um pouco quando a solto.

      - Ele não vai acreditar em mim, é melhor você ir.

      - E você acha que ele vai confiar em mim?!

      - Que tal você fala da economia e depois eu falo do casamento?

     - E parece que eu vou lembrar desse números malucos?! - Ela começa a pegar os papéis.

     - Não se preocupe, eu vou anotar tudo que você precisa falar, depois você apenas joga uns papéis na mesa. - Ela junta tudo. - Vamos fazer isso no café da tarde, então ele não poderá ignorar os problemas financeiros da Capital, afinal ele poderia perder a chance de casar Shoto com aquela garota se mostrasse não ligar para a economia.

      - Fuyumi você é incrível! Vamos logo preparar nosso teatro! Precisa ser perfeito! - Ela ri eu começo a puxá-la para a biblioteca





              ~Enquanto Os Irmãos De Cabelos Brancos Se Preparam Para A Apresentação~









Pov. Jirou

     Eu fecho meus olhos e me concentro o máximo que consigo, então o mundo a minha volta começa a desaparecer, eu conseguia apenas ouvir o som da água, abro os meus olhos e estava em um lugar totalmente escuro e negro, então vejo meu irmão e vou nadando até ele.

     - Shinsou! - Chamo chorando.

     - Jirou! - Ele estica o braço me puxa e me abraça. - Onde você está? Você está bem?

     - Eu sou prisioneira de um homem muito cruel! - Choro e o abraço com força. - Ele me tortura todo o dia e me obriga a falar coisas sobre nos! Os humanos... Eles são horríveis! Você não faz ideia do que eles fazem conosco Shinsou! Eles são monstros! - Eu me solto dele e olho fundo em seus olhos. - Eu imploro! Por favor venha me buscar logo! - Peço acariciando seu rosto.

    - Sinto muito... - Ele segura meu pulso tirando minha mão de si e olha para longe. - Shigaraki e All For One vão destruir a barreira de corais, eu preciso fazer alguma coisa... Mas prometo que assim que a barreira de corais estiver a salvo eu vou buscar você! - E entro em choque.

     - Mas eu sou sua irmã! Você não pode me abandonar! - Grito com ele, ele me olha com uma cara de preocupação.

     - Mas Jirou! A Barreira De Corais é um dos únicos lugares que as sereias que ainda são livres de All For One e estão seguras! Não posso deixar que invadam! Há gente inocente lá! - Eu o empurro.

     - As sereia da barreira de Corais nos expulsaram quando éramos crianças! Nos excluíram por sermos diferentes das outras sereias! Nos abandonaram e agora eles valem mais que eu?! Que sempre estive do seu lado! Que nunca te deixei sozinho! Que te protegi quando as sereias queriam reproduzir sem sua autorização, que lutei por você que fiz tudo por você!

      - Nem todas nós negligenciaram! Algumas foram boas com agente! Te pessoas com que me importo lá! E não adiantaria eu salvar você se o único lugar que poderíamos estar seguros for destruído! - Eu me afasto dele.

     - Você me abandonou... - Uma fúria enorme invade meu corpo. - COMO PODE FAZER ISSO COMIGO?! - Choro. - Você me traiu!

     - Não Jirou! Vou salvar você apenas me espere! - Eu me afasto dele, me abraço, fecho meus olhos e tampo meus ouvidos.

     - Já chega! Vá embora! Vá embora!! SAIA! - O silêncio se instala novamente, eu abro meus olhos e eu estava novamente em minha jaula de vidro.







"Silêncio garoto, oh, silêncio garoto

Não diga uma palavra

Coloque a sua camisa, e ninguém se machuca

Silêncio garota, oh, silêncio garota

Apenas pisque os olhos

Jogue o nosso joguinho, jogue o nosso joguinho"









Pov. Fuyumi

     Eu estava tomando chá calmamente, junto com as visitas, eu e Kendo fazíamos silêncio absoluto enquanto a Momo e meu pai falavam um pouco sobre economia e o que cada país ganharia com aquele noivado, meu pai parecia irritado por ter que falar sobre isso com uma garota, mas eu apenas me mantenho calada, pois sei que ele pode se irritar se eu falar algo.

     Mas me irritava ao saber que nem tudo que ele falava sobre a economia era verdade, Shoto não estava falando nada, nem devia entender o assunto, Natsuo estava escondido um pouco longe no corredor, eu faço sinal com a cabeça para ele saber que estava na hora.

      - Pai descobre algo extremamente importante que precisamos resolver nesse exato momento! - Ele diz nervoso enquanto trazia todos os papéis da forma que eu instruí e ensinei. - Estamos perdendo uma quantidade alta de dinheiro ao longo dos anos por culpa de saques piratas, a Capital pode falir logo! - Ela fala BEM alto com desespero na voz, o que faz Kendo e Momo olharem afiado para meu pai.

     - Milorde a Capital está caindo? - Momo pergunta, hora de improvisar, eu faço código morce com os olhos para meu irmão que entende exatamente o que quero que ele faça.

    - Sim, pode olhar você mesma. - Ele diz e taca todos os papéis na mesa com todos os dados, além de algumas folhas que haviam meu cálculo sobre a economia.

     Ela analisava cada papel e folha com cuidado, olhando atentamente cada dado, meu pai fazia o mesmo, um pavor desesperador dele poder reconhecer minha caligrafia nos números das contas e cálculos me deixa aflita e nervosa. Então Momo estreita os olhos para meu pai.

     - De acordo com esses dados, parece que algumas partes do acordo entre meu pai e o senhor não poderão ser compridas. - Ela diz friamente, eu comemoro internamente.

     - Bem... - Ele se levanta. - Eu não estava ciente desses dados, então vou fazer uma pequena reunião com minha Ministra da Economia e o Capitão Da Segura e exércitos. - Ele faz uma reverência leve e olha para mim e Natsuo, então para Momo. - Com sua licença por favor. - Ele diz calmamente enquanto sai da mesa, um calafrio percorre minha espinha.

      Eu e Natsuo nos levantamos e seguimos ele até um sala distante, ele Natsuo ficamos em sua frente e sua expressão virou de ódio puro, ele me dá uma bofetada com tudo na cara e eu caio no chão tonta e machucada; eu não estava entendendo direito o que estava acontecendo, mas ouço Natsuo e meu pai gritando um com o outro.

     Eu tento me levantar do chão, mas meu pai chuta meu estômago com tanta força que eu cuspo muito sangue e quase desmaio.

     Isso não deveria acontecer...

     Essa não era a vida que deveríamos ter...

     A Capital deveria ser uma terra próspera e rica, com líderes bondosos e altruístas...

    Mas ao invés disso apenas fingimos ter tudo isso para sobreviver...

    Mas é apenas uma terra de mentiras.







"Nós fingimos abundância apenas para sobreviver

Vestimos uma falsa confiança, só pra nos sentirmos vivos"







Pov. Todoroki

    Eu estava em silêncio, sem saber o que fazer ou dizer, Yaoyorozu parecia ser uma boa pessoa, mas nunca estive em uma situação dessas... Momo me observava com o canto dos olhos, como se me analisasse, Iida estava de pé no meu lado como sempre faz.

    Então do nada Natsuo e meu pai aparecem, não vejo Fuyumi em lugar nenhum, o olhar de ódio que Natsuo lançava para meu pai era nítido, ambos se sentam e começam a conversar sobre o que iam fazer para se livrarem do problema da economia com as visitas, mas eu não presto muita atenção, não será problema meu, quando for rei deixarei isso para Natsuo e Fuyumi.

     Mas então sou obrigado a prestar atenção quando chamam meu nome.

     - Shoto. - Meu pai chama. - Você, seus irmãos, as visitas e uma grande equipe de guarda vão procurar e se livrarem de todos os piratas que acharem, mas peço que se concentrem nos que nos dão mais problemas. Depois matem ou os tragam aqui para fazermos justiça. - Natsuo se levanta, eu faço o mesmo.

     - Tudo bem... Vou preparar minhas coisas. - Digo fazendo uma reverência e me retirando do local.

     Eu estava caminhando com Natsuo em direção as nossos aposentos, eu podia perceber que ele estava muito aflito.

     - Aconteceu algo? - Pergunto, ele para de andar e me olha com um olhar de pena enquanto dá um sorriso.

    - Como você aguenta perder tudo que tem e não fazer nada a respeito e ficar tão calmo? - Ele pergunta.

    - Eu já perdi tudo que tinha, pedrinha minha mãe, meu irmão, minha liberdade, minha vida, já perdi tudo que tinha, não posso perder mais nada, não tenho mais nada para perder, não mais nada que nosso pai possa tirar de mim. E como perdi tudo bem jovem, aprendi com o tempo a me acostumar a não ter nada. - Digo dando de ombros enquanto conto a caminha para meu aposentos.













Pov. Fuyumi

      Eu cuspo sangue no chão do meu quarto, eu estava muito machucada, meu nariz sangrava, minha boca tinha alguns pequenos cortes, minha pele clara cheia de roxos e sangue, minhas costas doloridas como se estivessem quebradas, meus olhos inchados e doloridos de tantas lágrimas, além de estarem roxos, meus óculos quebrados e meu cabelo totalmente destruído.

     Choro silenciosamente enquanto me levanto e me arrasto até o banheiro do meu quarto, me olho no espelho e o quão horrível eu estava, eu forço meu sorriso de sempre, é bem fácil pra mim sorrir independente da situação, eu já estou acostumada a isso...

     Quando... Eu era criança... E tínhamos que ir a bailes de reinos vizinhos a negócios para meu pai dominá-los ou oferecer um acordo, Toya no caminho sempre dizia para mim quando estávamos sozinhos "Sorria, ou vamos morrer."...

      Ele também tinha que sorrir...

      A mamãe... Me ensinou a não chorar...

     Quando eu era muito pequena... Toya e nosso pai foram fazer uma reunião entre eles, a mamãe tentou fugir comigo, fomos livres por uma semana, em uma cabana velha na floresta, mas então nosso pai apareceu com a cavalaria... Nos escondemos debaixo do chão...

      A mamãe disse "Se você chorar, ele vai te ouvir", então eu não chorei... Eu não dei um pio... Mas qual a melhor maneira de tirar os ratos da toca? Ponha fogo... Eu me lembro do cheiro da madeira queimada... Do som dos vidros explodindo... Da fumaça... E da mamãe chorando pelo lugar destruído...

      E então eu aprendi a nunca falar... Quando falava meu pai fazia isso comigo, me deixava assim... Destruída... E quando eu era casada... Meu marido me estuprava se eu falasse qualquer coisa...

      Me olho no espelho e o soco com toda a minha força, quebrando-o em minha mão.











"Eles não podem mais me machucar

Não sobrou nada de mim pra quebrarem

Não sobrou nada de mim pra tirarem

Porque, querido, é fácil fingir um sorriso

Quando você já tem feito isso por tanto tempo

Querido, é fácil fingir um sorriso

Quando você já tem feito isso por tanto tempo"









      Eu caio no chão chorando, mas preciso ser forte, logo vamos embora... E não vamos mais voltar.









Pov. Kendo

      Eu não havia decorado um segundo pra começar a separar minhas coisas pra levar para o navio, as empregadas foram super gentis e me deram algumas roupas que não eram usadas, eram maravilhosas! Disseram que a princesa não deve ficar com a mesma roupa no armário por mais de 3 meses, então a cada 3 meses elas retiram todas as roupas que estão dentro e colocam novas, eu ganhei uma quantidade de roupas impecável inacreditável! E as roupas ainda pareciam novas e bem cuidadas!

    Não consigo acreditar que uma pessoa, mesmo uma princesa tenha tanta roupa bonita, nova e cara que precise jogar fora as roupas que ainda podem ser usadas! Inacreditável!

     Momo aparece no meu quarto com sua camisola, afinal já estava de noite.

     - Sinceramente Yaoyorozu, ele não teriam problema na economia se não gastasse tanto com essa coisas e roupas e detalhes desnecessários! - Digo com um sorriso enquanto olhava cada vestido bonito, tinham algum que tinha detalhes de ouro puro!

    - Talvez você tenha razão... Mas mesmo assim, sempre se deve prestar atenção nos crimes que ocorrem nos navios, afinal se os navios da Capital são saqueados, além de perderem dinheiro eles fortalecem a pirataria. - Ela diz enquanto começa a mexer no cabelo.

    - Então... - Digo enquanto me aproximo perigosamente dela. - O que você achou do Shoto?~ ~ - Pergunto, ela pare de mexer no cabelo.

     - Ele é quieto... Não fala muito, mas não parece ser do tipo que se importaria se eu me interessasse em economia... Mesmo assim ainda não consegui me aproximar dele. - Eu coloca a mão no ombro dela e lhe dou um sorriso inspirador.

     - Não se preocupe! Vamos ficar meses no mar! Talvez até anos! Você terá todo o tempo do mundo para ficar sozinha com ele! Quem sabe até se casem em uma praia! - Ela me olha com carinho.

     - Você parece mais animada que eu... Mas realmente quer ir? Como você mesma disse, podemos ficar até alguns anos no mar aberto... Não seria ruim para você ficar longe de seu marido? - Ela pergunta meu coração se aperta.

     - Não se preocupe, meu marido possui um harém pessoal para se satisfazer em minha saida, além de que somos jovens, então não haverá problema se ficarmos alguns anos longe um do outro... Ainda serei fértil quando voltar... Então realmente não há problema nenhum... - Eu seguro as minhas lágrimas, eu realmente não quero voltar pra lá. - Você é minha melhor amiga Madame Yaoyorozu... E como sou casada e você irá se tornar uma rainha... Provavelmente nunca mais vamos nos ver... Antes da Senhorita se casar quero passar o máximo de tempo possível com você... - Meus olhos se enchem de lágrimas e os dela também, mas ela sorri.

     Então nos abraçamos com força, eu não queria soltá-la de jeito nenhum e começamos a chorar juntas, sabíamos que quando nossa "jornada" no mar acabasse... Nunca mais nos veríamos...

    Depois de conversamos uma com a outra cada uma foi para o seu quarto, eu fui dormir já que já havia terminado de arrumar minhas malas, espero que sejam grandes os barcos que vamos, porque eu e a Momo não economizamos vestidos.

     Eu estava pegando no sono na minha cama maravilhosa, meu deus! Não existe uma cama mais perfeita que a daqui! É a melhor cama que eu já me deitei!

     Eu não demorei muito para pegar no sono, eu estava muito cansada da viagem, do dia, de tudo! Então praticamente dormi na hora.





Sonho \ Pesadelo \ Memória on







     Eu estava no salão de banquetes, os homens falavam alto e se divertiam, meu marido estava do meu lado, rindo e bebendo com seu sorriso no rosto, alguns dos convidados me olhavam e me assediavam comentando sobre minha aparência e o quanto eu era "gostosa" pro meu marido, que apenas ria e debochava enquanto acentia.

     Me sinto incomodada ao ser a única mulher aqui, enquanto eles me olhavam, me sentia exposta...

     - Com a sua licença... - Digo irritada ao meu marido enquanto me levanto. - Não estou me sentindo bem... então vou me retirar para meus aposentos.

     - Sente-se por favor, a festa mal começou. - Ele pede educadamente.

     - Eu- - Ele me interrompe.

     - Seu marido disse para sentar. - Ele diz com seu tom ainda normal, eu o faço aborrecida. - Caros cavalheiros... - Ele diz enquanto se levanta. -Acho que estã falando coisas desnecessárias sobre minha amada e doce esposa. - Ele diz carinhosamente enquanto vai para trás de mim e me abraça, eu me sinto mais segura.

      - Obrigado querido... - Sussurro e ele sorri.

      - Afinal de contas, ainda não foram diretos com que queriam dizer. - Eu fico confusa, então ele rasga a frente da minha roupa abrindo totalmente deixando meus seios nus e expostos para todos. - Digam a verdade... Minha esposa possui os mais belos seios de todo mundo... Nem os da sereias podem se comparar com os dela. - Ele pega meus peitos e começa a mexer neles na frente de todos enquanto eu estava chocada com tudo para reagir. - Vamos, eu deixo vocês tocarem. - Ele convida e eu no desespero e nervosismo seguro seu pulso.

      - Não! Por favor pare! Eu imploro! - Digo e começo a chorar me sentindo humilhada.

     - Shhhhhhh.... Fique quieta Kendo, me disseram que você era uma garota inteligente, você deve saber o quanto é importante para os negócios fazer acordos e tratados, além de que é muito importante agradar os convidados, então seja uma boa anfitriã e obedeça o se esposo. - Ele acena para os convidados que começa a me tocar enquanto eu chorava e meu marido me segurava.









"Silêncio garoto, oh, silêncio garoto

Não diga uma palavra

Coloque a sua camisa, e ninguém se machuca

Silêncio garota, oh, silêncio garota

Apenas pisque os olhos

Jogue o nosso jogo, jogue o nosso jogo"

Sonho \ Pesadelo \ Memória off







     Eu acordo chorando muito e quase gritando, eu me abraço enquanto deixo minha lagrimas escorrerem.

    Eu não quero voltar pra lá... 



















                                                             ~No Dia Seguinte~















Pov. Momo

      O dia amanheceu lindamente, eu me levante e fui tomar um banho, 3 empregadas aparecem e separam minhas roupas, eu saio do meu banho ,elas me vestem, colocam um pano em meus ombros, penteiam o meu cabelo, depois colocam algumas presilhas douradas e no topo um tiara de ouro.

     - Está linda Madame Yaoyorozu! - Uma delas diz.

     - Vermelho e dourado com certeza são suas cores Madame! - Outra comenta enquanto estica e alisa meu vestido.

     - Tenho certeza que linda como a Senhorita é e está o senhor Shoto se apaixonará na hora por você! - A última diz enquanto colocava os últimos detalhes de minha maquiagem básica.

     Quando ela finalmente terminam seus trabalhos saem de meus aposentos e um empregado chega e faz uma reverência, então ele começa a pegar minhas malas e coisas e a levar de cabeça baixa enquanto me guia para o destino.

     Assim que saímos do castelo, não muito longe eu vejo Kendo com um lindo vestido verde, acho que nunca vi ela com um vestido tão lindo e rico.

    Os moços levam as nossas malas para o barco, eu e Kendo vamos juntos, dentro do barco já estavam os irmãos da realeza, Iida, alguns guardas, umas empregadas a tripulação e o barco era enorme! O maior barco que eu já vi! Devia ter o tamanho de 5 barcos! Aquilo tava mais para um navio de guerra! Eu pensando que ainda estavam fazendo testes para criar barcos tão grandes...

     - Isso é enorme! - Kendo diz impressionada. - Eu achei que todos iam dormir juntos, mas agora tenho certeza que cada um vai ter seu quarto e com cama!

     - Sim... Devo admitir que esse barco foi feito para ter viagens longas...

     - O seu casamento podia ser feito aqui! É incrível!

     - Que bom que estão gostando! - Um homem grande, auto e jovem diz enquanto desce as escadas da área do leme e ajeita seu chapéu de navegador. - Eu sou Mirio Togata! Sou o Capitão desse navio, Capitão Da Fronte De Guerra Naval da Capital e serei seu guia nessa jornada e manterei vossas altezas seguras, mesmo que custe a minha vida! - Ele diz com um sorriso brilhante no rosto. - Gostaria que eu lhes apresentasse ao navio? - Todos acenam com a cabeça e vamos ver o navio.

    Era realmente enorme, possuía ao todo 8 andares, um salão de baile, suítes, banheiros de luxo, no salão de baile havia um palco para música e teatro, uma biblioteca, sauna, nos andares de baixo centenas de canhões de guerra, uma sala de armas, também haviam quartos para cada tipo de funcionário em uma área específica para cada trabalho, haviam empregadas, cozinheiras, guerreiros, alfaiates, musicistas, tudo e mais um pouco!

    Fuyumi foi para a biblioteca, Kendo foi junto, talvez ela queira se socializar com a princesa. Eu caminhava pelos salões e ouço algumas empregadas fofocando ruidosamente.

    - Viram aquela dama de companhia?

   - Sim! Ela é tão bruta!

   - Pois é, mal dá para acreditar que alguém daquela classe pudesse se casar com um senhor tão rico e servir alguém como a Madame Yaoyorozu!

   - Ela parecia mais um animal desengonçado que uma dama de companhia!

      - Viram o jeito que ela falou com os soldados! Como se pudesse se achar no direito de falar com castas inferiores! Ela é uma madama deveria agir como tal!

      - Ainda foi com a Princesa Fuyumi a biblioteca! Como se alguém com a educação e ensino dela fosse se igualar a alguém da realeza!

      - Além de que ela nem deveria estar na Capital, deveria estar em casa servindo seu marido.

      - Será que ela é impura?

      - Com certeza, afinal se não fosse teria um filho e estaria o criando em sua terra natal.

     - Que terrível! Todos sabem que perder a virgindade antes do casamento é um pecado imperdoável para uma mulher! Quem faz isso se torna totalmente infértil!

     - Que horror! Dizem que apenas nasce crianças de mulheres impuras na Cidade do Diabo!

     - Deve ser por isso que ela não voltou quando a missão foi iniciada! Deve estar com medo do marido descobrir!

    - Eu ouvi falar que todas as crianças da Cidade do Diabo são filhos de meretrizes! E que elas dão seus corpos até para as criaturas da noite!

     - Que horror! Espero que o nosso grande rei destrua logo aquela cidade!

     - O marido dela deveria bani-la para aquele inferno! Para ela aprender a agir como uma mulher de verdade! - Eu aperto meus punhos com força.

     Uma raiva furiosa dentro de mim que gritava para sair, mas eu respiro fundo e engulo, então caminho lentamente e passo por elas que quando me vem me comprimentam com reverênsias e elogios comuns, eu apenas ignoro tudo isso, desde que eu nasci me ensinaram como devo agir e me comportar, já estive cercada desse tipo de gente com esse tipo de opinião.

     Nós mulheres nascemos para servir, obedecer e os homens, nascemos e somos criadas para isso, é assim o nosso mundo, não há nada que possa mudar isso, tudo que fazemos e aprendemos é para o agrado de nossos maridos, temos deveres como esposas e devemos conceder criança a nossos homens.

    Não falamos, não sentimos, não ouvimos, não vemos, não queremos, não gostamos, não agirmos, somos como uma pintura no quadro que apenas serve para enfeitar o lugar, uma boneca descartável, nada mais que isso.

     Minha missão aqui é seduzir Shoto, me tornar a futura rainha da Capital e trazer riquezas para meu pai, se eu falhar... Não serei nada.











"Silêncio garoto, oh, silêncio garoto

Não diga uma palavra

Coloque a sua camisa, e ninguém se machuca

Silêncio garota, oh, silêncio garota

Apenas pisque os olhos

Jogue o nosso jogo, jogue o nosso jogo"















Pov. Enji

    Eu estava analisando e estudando meus documentos, mapas, livros, pergaminhos, qualquer coisa que pudesse falar como posso erradicar totalmente a magia e as criaturas asquerosas que vivem dela, quando começo a ouvir passos pesados vendo pelo corredor, ignoro, pois deve ser apenas um guarda qualquer.





"Silêncio garoto, oh, silêncio garoto

Silêncio garota, oh, silêncio garota"







     Mas então as luzes começam a se apagar e toda a minha sala começa a pegar fogo, eu me assusto e tento me afastar das chamas, acabo ficando encurralado e me por causa da fumaça acabo começando a passar mal e caio em minha grande poltrona vermelha, os passos pesados se aproximam e do nada alguém coloca o pé do lado da minha cabeça.

    Ele ri debochadamente e eu olho para o ser que está acima de mim, sua pele tinha queimaduras de níveis autos, cabelos negros queimados em tom carvão, ele tinha um sorriso debochado e olhos azuis claros que pareciam brilhar no escuro, eu logo reconheço aqueles olhos e aqueles sorriso.

    - Não é possível... 

















Pov. Dabi

     Eu olho para o verme abaixo de mim com deboche.

     - Olá papai~ Acho que temos alguns... Assuntos inacabados. Afinal... eu deixei você brincar bastante comigo e com meus irmãos... Agora é minha vez ~







"Jogue o nosso jogo

Jogue o nosso jogo

(Jogue o nosso jogo)

(Jogue o nosso jogo)

(Jogue o nosso jogo)

Você não vai brincar comigo?"











































































__________________________________________________________________________

Ok gente foi isso OwO

Eu gostei de ter colocado a música

Vcs gostaram?

Sim, fiz o cap um pouco mais longo do que o combinado TwT

Mas é que parecia que cês tinham gostado tanto do último q falou a história do Dabi!

Ai eu fiquei com vontade de falar um pouco mais dele e do que havia acontecido com a família dele depois q ele morreu

Além de que eu tinha que mostrar como era a família real -w-

E ainda faltou falar de um monte de gente -w-

Mas eu espero que tenham gostado OwO

Então é isso OwO

E gente alguem me ajuda que eu não sei qual a cor dos olhos da Jirou! Eu coloquei roxo escuro mas não sei se é roxo escuro ou preto, coloca ai o q vc achar melhor!

Quero ver quem vai adivinhar quem é o marido da Kendo!

Se alguém adivinhar, diminuo a meta por 15!

Mas só vale chutar uma vez!

Que comecem o s jogos 7w7

Se vc gostou comenta, deixa seu voto e se inscreva, claro não esqueça de compartilhar!

Bem agora temos a o lance da meta -w-

Vai ser:

35 votos

Essa é a meta OwO

Até o próximo cap!

Beijo! <3

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