Uma Estranha Sem Nome - Sango Obi
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Embora quisesse falar mais com seu mapa do tesouro a cerca do que havia sucedido, para que ambos fossem encontrados a sobre restos do navio espanhol com quem lutavam antes dela ser atacada, Sango riu ao ver a cara descontente de Anne ao longo do dia.
— Cuidado que podem começar a dizer que está a ficar com ciúmes de meu mapa. — provoca a velha amiga que o olha muito irritada.
De certo que a mulher haveria de ter tocado em alguma ferida da Capitã sem se dar conta, pensara a princípio da desavença entre as duas.
Entretanto bastou que seu velho amigo o dissesse que Anne amaldiçoara a tal mulher por sua audácia de salvar a sua irmã Nala e não subir, obrigando-o a salvá-la, que logo concluiu o que o resto dos homens pensavam desde o começo.
A capitã Anne estava com ciúmes da atenção que Sango dava a seu mapa do tesouro.
— O que ela pensa estar fazendo? — a mulher exigiu saber com uma carranca.
Olhando para Henry o vê olhar para os lados antes de indicar um ponto atrás do capitão, que logo tratou de ver o que se sucedia.
A mulher parecia vomitar enquanto que sua irmã, Nala a mantinha encostada no na madeira do navio para que a mesma não caísse no mar.
— Em breve iremos ir para terra firme. Se quiser posso deixá-la sair do navio para espairecer, senhorita... — ele sugere a mulher que agora tinha uma feição muito doente, não parecendo em nada com o seu estado durante o dia.
— Ela precisa de mais que uns minutos. De certo não está acostumada ao mar... Ou será que está a esperar um filho? — o acusando olha para Sango que se assusta.
Anne sugeriu que ele tivesse de alguma forma feito mal a aquela mulher muda e fragilizada?
— Que tipo de calhorda acha que sou? Sou um criminoso com princípios, minha cara. Não a toquei nenhuma vez desde que a trouxe para o navio. — o Capitão afirmou irritado por fim pedindo que ela voltasse a seu navio, que estava vindo alguns metros atrás, rumando para o mesmo lugar que eles.
— Ela não é uma mulher qualquer, Sango! Tem algo assustador sobre essa mulher. Você por estar encantado não vê, mas eu vejo...
A ignorando, voltou sua atenção para a mulher que continuava a vomitar o que o pareceu espuma, deixando o homem preocupado com a possibilidade dela ter ingerido água do mar.
— Sango, eu pensei num nome para ela... — Nala começa a falar enquanto ajudava a moça a ficar de pé e caminhar para o quarto onde seu mapa vivo era mantido.
A seguindo curioso, parou na porta e aguardou em silêncio até que sua irmãzinha voltasse com um sorriso no rosto dizendo:
— Oxum é um bom nome, não acha?
Concordando em silêncio o capitão pediu que sua irmã ficasse com a moça doente e voltou a comandar o navio, pensando consigo como Nala chegou a conclusão do nome bom para a mulher.
Chegando ao porto, se surpreendeu em ver a mulher se recusar a sair, pois segundo palavras da irmã dele ela estava com problemas femininos e não poderia sair.
Entendendo que elas chegariam a um consenso sozinhas, o capitão partiu para a ilha Porto Real, onde haviam muitos conhecidos.
Lugar que para ele era o mais próximo da sua terra Natal.
Isso porque aquela ilha no começo não havia nada, mas conforme ele começou a levar seus irmãos libertos para a tal ilha e entregar a eles mantimentos que pudessem refazer sua vida naquele lugar.
De forma que quarenta tornaram se noventa e hoje haviam muitos, vivendo e se mantendo cada um com seu próprio estilo de vida sem importunarem uns aos outros. Tampouco de julgarem quantos deuses o próximo possuía.
— Capitão! — um senhor o saúda o homem com uma mensura por chapéu.
— Bem vindo de volta, capitão! — outro gritando faz os demais ao seu redor o saudarem com gestos sutis em sinal de respeito.
De início eram apenas escravos os ocupantes, mas após eles conseguirem construir um porto, facilitando a entrada de outras pessoas, Porto Real tornou-se um lugar de inclusão, onde qualquer um, vindo de qualquer lugar poderia viver bem e feliz.
Inclusive o próprio capitão, que com o tesouro da ilha das sereias poderia manter uma vida boa e sem maiores dificuldades financeiras.
— Sabe onde está o preto velho? — perguntou ao garotinho que ao vê-lo mostrou um enorme sorriso.
Aquela criança havia nascido ali, uma vez que sua mãe foi levada por colonizadores e desde então vivia pela ilha, ouvindo conversas de visitantes, brincando com os outros adultos e principalmente escutando tudo que o mais velho de todos dali tinha a dizer.
— Sim senhor, capitão. Posso levar até ele. — o menino afirma o segurando pela mão.
Guiando o pelas casas e pessoas, deixa o capitão próximo ao mar, onde ao longe se via o oceano a perder de vista e o horizonte.
Sentado num tronco, o homem observava com atenção um ponto invisível, sendo imitado pelo capitão que já saiu do navio trazendo o que sabia que ele gostava.
Um vinho tinto bem forte e um cachimbo com fumo de rolo era tudo que interessava ao Senhor.
E Sango, ciente daquele gosto do homem, sempre que podia o trazia aqueles itens.
Como mais velho e mais vivido o senhor, que era ótimo conselheiro e confidente também, dava a Sango tudo aquilo que ele precisava.
A sabedoria que só os antigos do seu povo possuíam e a sensação de familiaridade que, por vezes, no mar sentia ter perdido por completo.
— Quanto tempo, filho... Como vai a moça do mar?
Rindo, o capitão Sango Obi abre a garrafa e entrega ao homem mais velho que bebe do gargalo sem cerimônia.
O velho sabia de tudo. De certo que sim.
Nunca houve tampouco haveria nada que passasse despercebido pelo Preto Velho e ele não tinha ideia do porquê ainda ficar surpreso com isso.
Aquele ancião era uma personificação de toda sabedoria ancestral fora da África. Mais entendido que ele não existia ninguém.
— Indisposta, mas... Como sabe sobre ela, meu velho? — o capitão pergunta ao preto velho que ri com notável diversão.
— A moça do mar é feiticeira, Sango... Iá mi Oxorongá, o nome das feiticeiras. É bom não machucar ela, a mãe da moça é muito braba quando se trata dos seus filho. — Com movimentos lentos, típicos de um ancião, o preto velho explica fumando seu cachimbo de barro.
Soltando a fumaça com tranquilidade, o conhecido sorri para ninguém em especial, parecendo aguardar alguma coisa:
— Como sabe o que ela é? Sequer a viu... — Sango começa a reclamar com o senhor que o olha pensativo.
— Uma vez disseram que sendo Iá mi Oxorongá era fácil de descobrir... Porque o mar amansa com ela. E desde que a feiticeira entrou no Olokun não pegaram nenhuma tempestade, não foi moço? — o preto velho perguntou retórico pois já sabia da resposta.
Sim, de uns meses para a data atual o mar se tornou bem mais indocil, as águas escureceram e suas correntezas tornaram-se mais violentas, o que não era comum no Caribe, pois geralmente até as mudanças no mar já eram conhecidas.
Ainda sim, desde que trouxe Oxum para o navio, de fato, o mar para eles se tornou mais fácil de navegar.
— Preciso conversar cum a moça, filho... Se importa de dar alguns minutos, pra seu preto velho? — pede ao capitão que o encara confuso, antes de sentir uma mão em seu ombro, alertando da presença de uma terceira pessoa.
Usando só uma blusa masculina Oxum havia se aproximado acompanhada da sua irmãzinha Nala, que parecia bem preocupada.
Dando o espaço que o mais velho pediu, Sango foi até a irmã, ao longe com uma expressão nada boa, que tão logo que ele estava perto o disse:
— A pele dela está criando bolhas. E pequenas chagas, nada assustador, mas pode fazê-los achar que ela esteja sob algum tipo de maldição. — ela explica séria antes do mais velho ao longe oferecer sua bebida a mulher.
O que ele não costumava a fazer com frequência.
Alguns minutos de conversa após, o preto velho pediu ao capitão que se aproximasse e ajudasse a carregar a moça que dormiu escorada no ombro dele, num sinal claro de sua pouca resistência a bebidas.
— Ela precisa de água do mar, menina! Traz pra mim... — pede a Nala que logo para de acompanhar aos três e volta para praia.
Deixando a sob os cuidados do senhor e da sua irmã, o capitão do Olokun se põe a resolver seus assuntos seus, ainda que sua mente estivesse pensando em como poderia fazer se algo se aquela mulher morresse.
Porém, sem saber dos problemas dele, os habitantes da ilha, felizes pela presença de Sango, se puseram a fazer uma festa na beira da praia, que ao menos manteria todos os homens em terra firme sem fazer muitas perguntas.
Lutando contra a vontade de buscar informações sobre seu mapa do tesouro, o pirata ficou sentado na areia, até que todos os olhares foram para detrás dele e sem nem mesmo olhar uma vez sequer ele soube.
Ela estava na beira do mar. Havia juntado-se a festa em homenagem à ele.
E Sango sabia daquilo porque quando a mulher estava por perto seu corpo sempre reagia da mesma forma.
Algo se acendia nele e, sem que se desse conta, seus pensamentos, que antes estavam em qualquer outro lugar iam para o seu mapa vivo, fixando nele.
Oxum de fato deveria ser um feiticeira. Não havia outra explicação lógica e plausível para o quão intensa era a reação do seu corpo à mera presença dela.
Embora quisesse ir até a mulher, Sango ficou paralisado ao vê-la vestida como uma das cortesãs do lugar, com um vestido vermelho de espartilho apertado, saia sem nenhum tipo de sustentação, apenas o tecido solto e uma flor em seu cabelo.
Anuindo num gesto sutil, Oxum sorri e guia Nala para roda de dança que ficava na beirada do mar.
Juntando-se aos demais, ela recebeu explicações da mais nova sobre como se mover de início, mas tão logo que pegou o ritmo, passou a se movimentar por conta própria, sempre sorrindo para Nala e dançando com uma fluidez que muito lembrava o capitão do mar.
E como ele, a mulher era involátil, temperamental, intensa, hora calmaria noutra uma tempestade, mas mesmo tamanha dualidade não apagava a beleza, a áurea misteriosa e o imã que os dois tinham no que dizia respeito dele.
A única diferença era que, enquanto que o mar era pra ele, após liberta-se uma rota de liberdade, Oxum parecia ser o tipo de mulher que o enlouqueceria e o prenderia a si, tal como uma âncora, arrastando o homem para o mais fundo abismo.
E o problema naquela desconhecida era justamente saber o que no abismo daria. Seria no vazio sem fim ou numa nova possibilidade de amar novamente?
Fazia algum tempo desde que uma mulher havia tido o coração dele. E por vezes o capitão pensava que talvez fosse hora de seguir a diante.
Anne jamais o amaria mais que ao mar e ele a entendia. Cada um tinha suas prioridades e para ela, casar, formar uma família não era uma dessas.
Contrário ao que Sango pensava, logo não havia mais nada que pudesse ser feito com relação a eles. Apenas seguirem seu rumo.
Sorrindo como de maneira que fez o capitão de imediato focar toda sua atenção nela, Oxum foi até ele e o forçou a se levantar.
— Eu não sei dançar. — disse a mulher que ignorou por completo sua confissão.
— Só fique aqui conosco. Não se afaste, meu amigo. — Henry solicitando ao segurar o ombro de Sango é ignorado.
Jurava que na água ela havia o beijado, mas preferiu não falar nada sobre pois parecia ser apenas uma alucinação e um sonho.
Contudo, agora a tendo dançando na frente dele não pôde se conter e sua ânsia por tocá-la só aumentou de maneira latente.
Ao trazê-la para si, Sango sentiu o calor do corpo de Oxum e quando estava próximo de beijá-la, um som de explosão encerrou todo encanto e o capitão se colocou em estado de alerta, decidindo ir para o junto de alguns homens, afim de averiguar o que teria acontecido.
— Nala! Fique aqui com ela! Não deixe ninguém sair, estamos entendidos? — da ordens a sua irmã que de pronto arrasta Oxum para longe dele.
O que ele acabou agradecendo, pois facilitou a sua vida. Não poderia ficar tão perto dela.
Não se aquilo fosse, de alguma forma o levar a passar dos limites como agora a pouco.
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