Mapa Do Tesouro - Sango Obi
Ao contrário do que pensou, logo que acordaram, Nala e Oxum se trancaram no quarto delas e não sairam para nada, fazendo com que todos no navio Olokun começassem a comentar entre eles.
Uma vez que Oxum estava doente no dia anterior, logo, todos temiam que devido as condições dela, a mulher não pudesse ajudá-los a chegar até a ilha secreta de forma alguma.
O sol já havia aproximado-se do mar quando a mulher, devidamente vestida com calças, camisa branca, botas e seus cabelos soltos, saiu sendo arrastada por Nala que apenas a mostrou para Henry, levando de volta para o quarto.
Antes de voltar a entrar ela o chamou, aguardando seu irmão entrar para fechar a porta depressa.
— Oxum conseguiu me mostrar por meio de mapas uma parte do caminho para a ilha. — Nala explica gesticulando para todos os papiros sobre a mesa.
Pegando o papel que estava sobre a mesa, com sua tinta fresca, ele consegue ver com precisão os desenhos que sua irmã havia feito.
A pequena tinha uma habilidade com desenhos que nunca havia visto antes.
E mesmo já ciente daquilo, Sango se surpreendia com a qualidade dos detalhes no mapa.
A mulher sequer falava e sua irmã havia conseguido montar um mapa com precisão sobrenatural.
— Está tudo correto aqui? — perguntando a mulher recebe um aceno dela.
Foi muito inteligente da parte dela dar apenas metade do caminho, certificando-se que ninguém iria a trair e deixá-la para trás.
Parecendo pensativa ela continua a mexer em alguns mapas, enquanto o pirata colocava o papel com cuidado sobre a mesa.
Avaliando a instrução lá, percebe que justamente no meio do caminho já indicado por ela, ficava um pouco mais distante da área de pescadores onde a sua convidada foi mantida.
Se Oxum era tão humana quanto ele e sua irmã, como havia chego no meio do nada, para ser atacada por Sereias? Haveria uma chance daquela sua convidada não ser de todo humana? Ou estaria apenas sendo muito paranoico.
— O navio dela afundou nesta área. — Nala explicou vendo a dúvida se formar na cabeça de seu irmão.
Sim, o navio da mulher também foi pego na tempestade, mas era um navio de quê? Qual a função dela no mar? O que teria levado um navio a ir para uma rota tão perigosa quanto aquela?
— Sabe dizer do que se tratava o objetivo do navio por lá? — Sango questiona a sua irmã mais nova que nega com a cabeça, juntamente da senhorita Oxum.
Não havia nenhum aviso sobre navios afundados naquela área, tampouco relatos de alguém desaparecido.
— Ela não sabe...
Retomando seu posto, já com as coordenadas iniciais em mente, o capitão muda o curso do navio, sendo observado por Henry.
O que o senhor Obi só se deu conta ao escutar a voz de seu velho conhecido, o tirando das suas muitas perguntas.
Pois uma mulher como ela sabia muito e nada podia dizer de como o sabia. E de onde saiu aquele navio? Seria espanhol? Britânico? Talvez Francês?
— Sango? — a voz do homem o traz de volta à realidade usando seu tom de preocupação.
— O que é?
— Sabe que eu não gosto de me intrometer nas coisas alheias, não sabe? — seu amigo começou a falar com o capitão que revira os olhos sem olhar para onde o seu imediato estava.
— Sim, e é por isso que sei que não irá me incomodar com suas suposições tolas... — Sango ensaia uma falha tentativa de encerrar o assunto em vão.
— Não é uma suposição. É uma certeza. Você está gostando dela, não é? — sugerindo calmo faz virar na direção dele.
— Não. De onde tirou isso? — o Capitão do Olokun perguntou confuso.
Não havia dito nada a ninguém sobre seu interesse na mulher. Como será que ele concluiu aquilo?
— Eu os vi na praia...
Respirando fundo, pois de fato havia cometido um deslize ao ceder de maneira tão fácil ao feitiço dela, o capitão Sango fez uma careta e não teve tempo de falar mais nada uma vez que o homem se colocou a rir.
— Ela pareceu bem doente ontem... Sabe se está melhor? — Henry o questiona parando ao lado do homem.
Antes que pudesse dizer algo, Nala gritando atrai a atenção de todos, pois a pequena estava furiosa com alguem que lhe roubou comida.
— Me dê! Agora! Se não me devolver irei cortá-lo em pedaços! — sua irmã esperneia usando sua espada para ameaçar o homem.
— Você é pequeno e inútil, garoto! Eu faço algo de útil! Até a mulher tem mais serventia que você! — devolvendo de pronto o idiota não percebe o capitão entregando seu comando a Henry, indo até a confusão.
Sentada sem interagir com ninguém, Oxum olhava para o que deveria ser a comida parecendo tentar entender o que se tratava.
O que o deixava em dúvidas se ela estava de fato bem. Ou se fingia bem.
Dom inerente em toda mulher pela pouca experiência que o capitão possuía com o sexo oposto.
— Me devolva! — Nala grita com o homem que a ignora.
Com tranquilidade, Sango saca sua espada e coloca no pescoço do homem, sorrindo com calma apesar de sua raiva.
— Dê a ele o que é dele... — o pirata Obi começando a falar, se surpreende com o movimento rápido de Oxum.
A mulher colocou seu prato na frente de Nala e logo que a menina virou na direção dela, gesticulou para que ela a seguisse para um canto distante, pegando o prato que sua irmã deixou no chão.
Sumindo de vista, as duas pareceram evaporar, o deixando preocupado até que Nala vem correndo algum tempo depois.
— Capitão! — ela diz ansiosa correndo o máximo que pôde.
Como o sol se pôs e o mar estava muito estranho, uma vez que havia um nevoeiro incomum nele, o homem diminuiu sua velocidade.
O que algo fora da realidade de sua irmã, parecendo muito assustada e ele logo concluiu que algo deveria ter acontecido com sua convidada.
— O que houve? — Henry a questionando sério é ignorado.
A sua irmãzinha o segurou pela mão e saiu arrastando apressada. Na direção do fundo do navio.
— Você precisa vir comigo! — é tudo que a garota conta ao capitão que se põe a andar mais rápido.
— O que houve?
Debruçada na direção do mar, quase caindo, Oxum o fez correr para puxá-la de volta para o navio, sendo repreendido pela sua irmã.
— Ela vai ir buscar... — Nala o contando alegre recebe um olhar irritado do irmão.
O que havia sido perdido por elas no mar?
— Buscar o quê? — o capitão Obi insistiu em saber ainda sem soltar a mulher.
Parecendo irritada ela tentava se soltar dele que a ignora. Enquanto tenta entender o porquê da mulher parecer tão leve para alguém com o corpo dela.
— Eu vi algo brilhante nas águas. Oxum vai pegar para mim...
Menos de um mês e sua irmã estava a fazer de sua convidada sua lacaia. Onde estava os bons modos da garota?
— De maneira alguma, Nala! As Sereias estão atrás dela, acha seguro a deixar ir para água? — repreende sua irmã que olha a mulher por alguns segundos.
Insistindo que havia algo nas águas, ela o convence a ir olhar, jurando que se não fosse achado nada, Nala abriria mão de sua refeição por um mês.
— Oxum vai com você. — Nala avisando ao seu irmão mais velho recebe um olhar de poucos amigos do mapa do tesouro.
O que ela estava aprontando?
Sem saber o que dizer, o capitão chegou a pensar em chamar alguns homens, mas por motivos de nem mesmo ele acreditar em sua irmã, optou por ir sozinho com a senhorita que ao vê-lo estender a mão para entrar no barco o ignorou veemente.
— Mulheres. — é tudo que o capitão fala antes de se colocar a sozinho remar até onde a menina o indicou, sendo guiado pela estranha.
Batendo com uma das mãos contra a madeira do barco, Oxum sinalizou que haviam chego no lugar, onde havia apenas nuvens e uma água escura e turva.
— Não há nada aqui... — tentou dizer antes da mulher pular na água sem aviso algum.
Embora tivesse descido, também, por estar muito fria e não existir nada que permitisse a ele visualizar o que acontecia nas águas, Sango apenas desistiu de a procurar, ciente que o oxigênio seria necessário e aquela louca iria aparecer.
E de fato ela apareceu.
Emergiu com o que parecia ser sua camisa embrulhada em algo que a primeira vista ele não conseguiu identificar o que era por conta das algas e pouca luz.
— Certo. Temos de ir, estou congelando e creio que a senhorita também... — resmunga antes dela se forçar a subir m barco sem sucesso.
De certo a moça deveria estar exausta de nadar por aí.
A julgar pelo peso daquilo que ela o trouxe deveria ser apenas um monte de lixo de navios afundados, porém temeroso com a ideia de entristecê-la jogando tudo fora, o homem apenas aceitou e pensou em algo para se livrar daquilo depois.
Para sua sorte navios espanhóis viviam a passar por aquelas rotas perigosas, de forma que em breve acabariam esbarrando em um e poderiam arrumar mais mantimentos.
Pois Porto Real não havia muito o que pegar, visto que, toda a população trabalhava para ter o que comer e, mesmo que não pensassem duas vezes antes de o oferecer tudo que tinham, Sango por uma questão de justiça optava por trazer apenas o básico e dar um jeito para obter o que mais precisava, pois no mar suas possibilidades de tomar o que precisava eram grandes, ao contrário do povo da ilha.
— Isso são estrelas do mar? — o capitão Obi questionando a sua convidada recebe um sorriso incomum.
Logo que voltaram ao navio não viram ninguém por perto, nem mesmo os homens que costumavam a ficarem por lá, tomando rum e xingando um dos outros.
Para seu espanto nem mesmo Henry estava a comandar o navio.
O lugar parecia estranhamente deserto.
E o homem já até mesmo havia levado a mão a sua espada quando escuta uma risada infantil, seguida por algo passando por ele, indo na direção de Oxum, que se apressou em sair do lugar para mostrar o que trouxe.
Não era uma, eram três estrelas do mar, foi o que concluiu antes da pequena figura quase derrubar a mulher, que por uma diferença bem pequena saiu do caminho.
— Tia! Tia! Tia! Me dá! — a voz infantil pediu a mulher que de pronto a deu duas estrelas.
Sem entender de onde a criança havia saído, Sango procurou um outro navio ou algo do gênero até que Oxum, perguntou a pequena qual era seu nome e ela respondeu de forma bem animada.
— Conchinha!
Lembrando-se que a pequena poderia muito bem ser uma membra da falange de Sansu, uma das Erês do meio de Iemanjá, o capitão fez questão de manter distância, pois de certo se a menina tivesse algum recado a dar a ele, com toda certeza iria o entregar.
Além dele ter medo de espíritos, mesmo sendo de Erês, espíritos bem feitores e justos.
Com muita ternura, típica das outras que seu avô jurou ver uma vez, quando retornava de uma viagem durante sua juventude, viu uma dúzia deles parados a beira do mar, acenando e sorrindo.
A menina, no navio, que parecia menor que sua irmã, usava um vestido branco e estava descalça, deixando marcas de pé infantil no convés por onde andava de um lado ao outro mexendo nas coisas curiosa:
— Mamãe ouviu seus pedido. E ela disse “não”. Não deixa. Só mais uma vez e cabou... — respondendo a sabe-se lá qual o pedido, obtém um olhar chocado da mulher.
Parecendo aceitar de bom grado, Oxum se senta no chão e se coloca a brincar com a Conchinha, que até mesma ficou lá por alguns minutos antes de pegar suas estrelas do mar e sair correndo pelo navio, desaparecendo da mesma forma que apareceu.
Embora assustado com a presença tão notável e visível do Erê, o pirata se põe a orar a Iemanjá antes de ir para seu quarto, levando o embrulho feito a partir da camisa de sua convidada.
Não era nada de valor, pensou a princípio.
Não havia nada de importante ali. Numa água tão escura e sem visão alguma, como uma mulher poderia enxergar algo precioso?
Era impossível.
— O que vai lhe custar abrir e olhar? — fala consigo mesmo antes de desamarrar o nó dado por Oxum, encontrando algas a princípio.
Já ia rir, quando do emaranhado de algas tirou uma barra de ouro.
Depois o que parecia um porta-joias que ele conseguiu abrir, tendo anéis, colares e brincos dentro dele.
Não o chamado a atenção até que uma das joias de imediato o lembrasse alguém que não saia de sua cabeça a dias. Levando Sango a sorrir e guardar a peça consigo, para entregá-la.
Pelo sinal no ouro viu se tratar de algo Francês, o que fez o homem sorrir abertamente.
Saindo correndo pelo navio, se colocou a procurar a mulher, que encontrou já em seu quarto, fazendo tranças embutidas no cabelo pequeno de sua irmã, que sorria e fazia várias perguntas a Oxum que, por não ter voz, nunca poderia responder.
Usando uma camisa dele, que ficava aberta na área dos seios, cobrindo todo os braços, costas e até a metade da coxa de Oxum, ela logo o nota parado a porta, chamando a atenção de Nala que logo sorri o perguntando:
— Eu não estava certa, meu irmão?
Embora sério se começo, ele abre um sorriso e exibe o colar para a menina que dá alguns gritos indo em direção a peça.
— Sabes que não pode! Um homem não usa joias como essa... — se nega a entregá-la, recebendo um olhar triste da irmã.
Detestava a privar de fazer o que queria, mas o capitão Sango não podia apenas a deixar se vestir como uma menina e torná-la vulnerável aos olhos de outros.
A amava demais para permitir que qualquer coisa acontecesse à ela.
Como o colar era uma fina corrente de ouro, tendo uma concha muito bem desenhada como pingente, trazendo no meio dela um cristal que poderia ser um diamante ou qualquer outra coisa, o pirata Obi entregou a peça à mulher que pareceu confusa.
Achando divertido sua irmã pegou o colar de volta, colocou nas mãos dele e disse algo que o deixa sem reação por alguns segundos:
— Põe no pescoço da mulher, irmãozinho. Ela não consegue pôr... Seja um cavalheiro.
Caminhando devagar ele foi para detrás da figura feminina que, embora curiosa, se manteve parada enquanto ele tirava o cabelo de cima do pescoço dela e punha o colar onde ele ficaria perfeito:
No pescoço da sua convidada.
— Obrigado, Oxum... — Sango sussurra baixo no ouvido da mulher, antes de colocar seu cabelo molhado ao lugar de antes e pedir que sua irmã a ajudasse a secá-lo.
Constrangido até o último fio de cabelo, o pirata se afasta como se ela tivesse em chamas e sai sem olhar para trás, ciente que sua irmã o provocaria pela situação que o fez passar com seu mapa do tesouro.
Aquelas duas o matariam qualquer dia daqueles.
Notas Finais:
Quando você não vota nem comenta, sonhos morrem e atualizações não acontecem. Não seja vacilão, deixe seu voto e pelo menos um "amei, continua". ^_^
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