Capítulo 6 - parte 7 (não revisado)

Após almoçar, o par vai para o Cantinho. Ao chegarem lá, encontram bastantes amigos, inclusive Rui que está abatido e sozinho.

– O que houve, Rui – pergunta Carlos – onde está Deby?

– No hospital. Foi contaminada com hepatite C. Pelo menos não foi AIDS.

Sheila vai falar, mas Carlos segura o seu braço.

– No meio de todo esse azar, ainda tiveram sorte. Hepatite C tem tratamento e ela vai-se safar. Agradeça a Deus por isso, Rui.

– Devia ter ouvido você, Carlos.

– Esqueça, amigo. Ponhamos o passado para trás. O ano tá acabando e temos um novo começo pela frente...

– Carlos – interrompe Ricardo, um colega de curso que não costuma sair muitas vezes com eles – eu tô vendo coisas ou você e Sheila vieram de mãos dadas para cá, como dois namorados?

– Nós viemos, Florzinha? – Carlos olha para Sheila e pisca o olho, sorrindo.

– Não me parece, Juan. Acho que Ricardo está vendo coisas...

– Eu vendo coisas? – Interrompe. Gritando, continua. – VOCÊS AINDA ESTÃO DE MÃOS DADAS! E que história é essa de Juan e Florzinha?

– Tudo ilusão, Ricardo, pura ilusão. Você está vendo coisas demais. – Carlos beija a moça nos lábios. – Melhor ir a um oftalmo. Juan e Flor são dois nicknames, apenas isso.

– Caraca! Agora sim, acredito em milagres. Vocês estão namorando?

– Não. Estamos recomeçando, apenas isso. Sem brigas. Um novo começo.

– É mesmo? Que eu saiba, um beijo desse tipo diz outra coisa!

– Apenas uma fantasia de uma corrida de maratona.

– Caramba, cada vez entendo menos!

Sentados, lado a lado, conversam com os amigos por algum tempo. Mauro nota o olhar apaixonado da Sheila e a felicidade estampada no seu lindo rosto.

Animados, discutem sobre como será a festa de ano novo e, quando Carlos se dá conta, Sheila dorme no seu ombro.

– Gente, vou levar a Sheilinha para casa que ela dormiu. Hoje pedalou muito e deve estar exausta.

– Carlos, você me fez perder cinquenta pratas, seu safado.

– Por quê?

– Porque apostei com o negão que isso jamais iria acontecer!

– Somos seres dinâmicos, Mauro – Carlos ri – então aprenda com os seus erros.

Gentil, sacode a garota que, ainda dormindo, põe os braços no seu pescoço e puxa-o para si, dizendo:

– Amo você, Carlinhos. Podíamos voltar para a sua casa e continuar aquilo que começamos após a corrida.

– Sheilinha, acorde. – Diz este, completamente vermelho, ouvindo as risadinhas dos amigos. – Você está sonhando, acorde.

Ela abre os olhos e vê as caras divertidas dos amigos, enquanto Mauro dá cinquenta Reais para Denílson.

– Você ganhou, negão.

– Até mais, gente. Amanhã passamos aqui.

Sheila levanta-se e pega o Carlinhos pela cintura, caminhando meio ensonada.

– Eu queria dormir com você, Juan, mas só dormir, pois tô cansada demais.

– Então vamos para casa, Flor. – No quarto do Carlos, despem-se e dormem abraçados. A meio da noite, o jovem acorda e sente que a moça está ofegante e muito encostada nele, esfregando-se na sua perna. Nota imediatamente que ela tem um sonho erótico dos fortes, o que o deixa elétrico. Delicadamente acaricia Sheila, até que esta acorda. Algum tempo depois, ambos param e ela deita a cabeça no seu peito.

– Eu te amo tanto, Carlinhos. – Volta a dormir rapidamente, enquanto Carlos afaga os seus cabelos, pensando em tudo, muito quieto.

Ele está completamente entregue, mas não sabe se faz a coisa certa, pois teme que tudo dê errado. Por outro lado, estes dois dias dão-lhe a mais pura certeza que jamais a havia esquecido. Meia hora depois, adormece para só ser acordado de manhã cedo, com um beijo delicioso. Abre os olhos para dar de cara com duas bolas verdes, brilhantes, que o encaram com tanto amor que ele derrete.

– Dormiu bem? – Pergunta com um sorriso gentil, beijando-a.

– Se melhorar estraga. – Responde Sheila.

– Sabe, eu ando pensando que quero comprar uma casa para mim e viver sozinho. Quer vir comigo procurar uma?

– Você faz umas perguntas tão tolas, amor. Eu quero estar com você sempre, até no inferno, se for preciso. Caraca, estou morrendo de fome!

– Isso é mais que natural. Ontem você não jantou. – Beija-a de novo e levanta-se. – Vamos tomar banho e café.

Saem para a rua e vão a uma imobiliária, procurar casas. Veem umas dez, mas Carlos não gosta de nenhuma. O corretor pega as informações de como ele deseja que seja o imóvel e promete entrar em contato se achar um similar. Após almoçarem, vão passear e acabam parando no Cantinho.

Ficam com os amigos até ao anoitecer e ele leva a garota para casa.

– Aguenta outra pedalada amanhã, Flor?

– Claro. Sete horas?

– Isso. – Beija Sheila nos lábios, que entra em casa nas nuvens. A irmã não está e aproveita para ler o livro. Surpresa, dá-se conta que a Ana não estava de sacanagem e a personagem da história é realmente ela, mas uma Sheila mascarada, amorosa, que se apaixona por um cara muito trapalhão. Janta e deita-se cedo, só acordando quando a irmã chega e também se deita.

– Desculpe, mana. Acordei você. Pensei que estivesse com Carlos, como ontem.

– Não. Temos um acordo. – Suspira, deliciada. – Preciso dormir que vou acordar cedo. Carlinhos está treinando para a maratona e vou com ele.

– Caraca! Com vai fazer para acompanhar ele por quarenta e dois quilômetros? – Pergunta espantada. – Nem eu aguento isso!

– Vou de bicicleta. Boa noite.

– Legal, mana. Boa noite e não deixe esse gato escapar de você.

Muito cedo, ela acorda e vai para a casa do Carlos, que a espera sentado no degrau da entrada com a bicicleta ao lado. Dão-se um pequeno beijo.

– Atrasei?

– Não, anjo, eu é que levantei muito cedo. Pronta?

Por três dias fazem isso e Sheila já não se cansa tanto com o percurso. Depois de correr, ele toma banho, sozinho, e almoçam juntos. Nesse dia, o corretor liga e marcam para ver uma casa pela qual ele cai de amores.

– É linda, amor. E a piscina bem grande, como você quer.

– Prepare toda a papelada para a semana que vem, que vou ficar com ela, amigo. Mas gostaria de negociar um desconto para pagamento à vista com cheque administrativo.

– Falarei com o proprietário e acredito que ele vai aceitar. Entrarei em contato.

Despedem-se e vão para o Cantinho. No caminho, Sheila pergunta:

– Por que quer morar sozinho?

– Acho que está na hora. Esta semana vou começar a encomendar os móveis. Quer me acompanhar e ajudar a escolher, Sheilinha?

– Claro!

– Quando tiver as chaves e os meus pais retornado, eu vou-me mudar.

– Quando voltam?

– Lá por dez de Janeiro. Aproveitaram o congresso para tirar férias. Chegamos.

Deby está lá, grudada no namorado e muito pálida, mas bem. Sheila aproveita para a abraçar.

– Vocês salvaram a minha vida. Obrigada. – Diz a moça com um sorriso tímido. – E vejo que agora está mais feliz, Sheila. Finalmente você conheceu o verdadeiro Carlinhos.

– É sim, Deby, antes tarde que nunca.

À noite, Carlos leva a garota para casa, mas a despedida é um beijo um pouco mais longo.

– Corrida amanhã? – Pergunta. – Quer tentar os dez mil?

– Quero sim, amor. Até mais. – Sheila entra, andando nas nuvens. No quarto vê um recado da irmã, informando que vai dormir com Carlos. Furiosa, liga para Bia.

– "Alô? Oi, mana."

– VOCÊ NÃO DISSE QUE IA DEIXAR ELE PARA MIM E AGORA QUER DORMIR COM ELE?

– "Caraca, Sheila, acalme-se. Conhecemos dois Carlos, esqueceu?"

– Oh, meu Deus! Me perdoe, Bia!

– "Você não tem jeito mesmo, mana. Beijo que ele tá voltando do banheiro e eu tô bem taradinha."

Bia desliga e Sheila sorri. Come alguma coisa e senta-se a ler o final do livro, rindo muito com a história. Quando termina, abraça o volume contra o peito, sorrindo. Acorda à meia noite, descobrindo que adormeceu na cadeira. Vai para a cama e volta a dormir.

Muito cedo, levanta-se e procura as roupas de correr, mas estão todas sujas. Vai ao armário da irmã e encontra um short, que serve mas fica muito curto e um pouco apertado, pois a irmã é um número abaixo. Olha-se no espelho e nota que quase que parece nua. Sem se importar, dá um sorriso, imaginando a reação do Carlos. Em baixo do seu prédio, o amigo aguarda, sorridente. Ao ver a moça num short tão curto, bem mais que o usual, não deixa de olhar atentamente e ela nota, feliz.

– Gosta da paisagem? – Sheila gira. – Que carinha de tarado!

– Demais. Dá até para visualizar como é sem a roupa, Florzinha. Você só não é mais gostosa por falta de espaço. Acho que nem a Tânia era assim tão bela e perfeita.

– Quem é essa Tânia? – Pergunta muito enciumada, enrugando a testa e fazendo Carlos rir.

– Uma gaúcha que namorei ano passado. Não precisa ter ciumes. Caraca, gatinha, esse short desperta desejos e dá vontade de ver o que tem debaixo.

– Isso você já viu mais de uma vez e pode ver quando quiser, Juan. Sabe disso. O short é da Bia, pois os meus estão sujos. É por isso que está apertado. – Aproxima-se dele e beija-o. Provocante, encosta-se nele.

– Melhor a gente correr, senão vamos para a cadeia por atentado violento ao pudor. – Carlos sorri e ela retribui. Pega na sua mão e ambos caminham até à praia.

Mal entram na pista do calçadão, começam a correr com Carlos marcando a distância. Nota que a Sheila já tem bem mais resistência, não ficando ofegante.

– Seis mil, Florzinha, como se sente?

– Bem. Consigo até falar. – Ela ri. – Mas não muito. Pedalar na marcha pesada aumentou a minha resistência.

– Quer tentar mais mil antes de voltarmos?

– Sim, Juan. Hoje já disse que amo você?

– Está dizendo agora, amor. Não se canse falando.

Aos sete mil, ambos dão meia volta e continuam correndo.

Quatro sujeitos começam a correr atrás do casal, falando provocações.

– Nossa, que loiraça mais gostosa! – Comenta um.

– É mesmo... tesuda como um raio. Dá vontade de comer aqui mesmo. – Carlos começa a sentir o sangue subir, mas opta por ignorá-los. – E ainda por cima com um mané metido a musculoso.

– Será que ela vai ficar brava se a gente passar a mão na sua xoxotinha? Deve ser uma delícia!

– Florzinha, estamos em dez mil. – Ele começa a se preparar para a briga, pois sabe que o circo está armado e ela não conseguirá acelerar o passo. Olha de lado e vê que são quatro sujeitos grandes e fortes.

– Ainda me sinto muito bem, Juan. Eu aviso se ficar muito cansada. – Ela está um pouco ofegante, mas aguenta com felicidade e orgulho. Repentinamente dá um grito e cai no chão, com a mão entre as pernas, chorando. Carlos para imediatamente e abaixa-se junto a ela, aflito. Os quatro, provocadores, param a pouco mais de um metro atrás, em semicírculo e com caras de deboche, de braços cruzados.

– O que houve, Florzinha?

– Alguém me deu um beliscão muito forte na vagina. – Responde baixo, cheia de dor e lágrimas. Furioso, Carlos tira os óculos e põe na mão dela.

– Segure para mim e fique calma. – Levanta-se e vira-se para o quarteto, rubro de cólera. – Qual de vocês, filhos da puta, fez isso com a minha garota?

– Eu, babacão. – Carlos olha para um deles, que está de sunga e com uma tremenda ereção, aparecendo metade do pênis. – Quer dar uma chupadinha aqui na rola do papai? Daí, depois a gente traça essa loiraça.

Sem lhe dar a menor chance de defesa, Carlinhos chuta-o na genitália com toda a força que tem. O sujeito voa cerca de três metros e cai desmaiado, jorrando sangue pelo pênis esmagado.

– É assim que eu castro tarados e estupradores. Agora, em vez de papai virou mamãe. – Afirma furioso e já se atirando ao segundo, socando-o com toda a força nos ouvidos, enquanto usa o seu corpo de escudo contra os dois amigos dele. Com uma violenta chave de braço, quebrando-o e, logo depois, joga o agressor para longe, saltando sobre o terceiro e ao mesmo tempo chutando o quarto no rosto, que cai atordoado. Enquanto surra sem parar o terceiro, o quarto, ainda zonzo, começa a tentar fugir, mas Carlos salta de um para cima do outro derrubando-o no chão e socando-o sem intensamente, até que o rosto fica uma só mancha de sangue. Ainda rubro de cólera, olha o estrago que fez nos quatro, levantando-se e aproximando-se da Sheila, cujas dores já diminuíram a ponto desta sentar-se e observar completamente boquiaberta o que o seu Carlinhos fez. Este aproxima-se da moça, pegando os óculos e recolocando-os.

– Você está melhor, meu amor? – Ao chegar perto dela, toda a fúria desaparece, dando lugar a um sorriso meigo. – Me deixe ver se ele a machucou.

Ela entreabre as pernas e o rapaz vê que está tudo bem. Faz um carinho nela e levanta-a.

– Vamos sair daqui antes que a polícia apareça. Consegue correr?

– Não. Agora que parei, senti todo o cansaço e não quero passar mal. Podemos só caminhar? Tô morrendo de sede.

– A minha casa é em poucos quarteirões. Bebemos lá.

– Amor, você não matou ninguém, né?

– Não, mas o que fez aquilo em você, provavelmente ficará incapacitado para o resto da vida. Ele estava com uma baita ereção e dei-lhe um senhor chute com toda a minha força, que é tremenda. Ele ficou com os testículos esmagados e o pênis destroçado. Acho que nem uma cirurgia de reconstrução o vai salvar. Bem feito. Estupradores deviam ser fuzilados. Agora, vai mijar sentado.

– Você é um demônio quando se enfurece, amor. O que é aquilo? Não é Kung-fu, porque eu vi Miguel lutando e foi muito diferente.

Jiu-jitsu, minha princesa. O seu nerdinho aqui é campeão carioca desde criança. – Carlos sorri para Sheila saber que está brincando, mas ela não nota.

– Puxa vida, Juan, vai ficar lançando isso na minha cara o resto da vida?

– Só se você casar comigo, né? Não se zangue, Sheilinha, era apenas brincadeira. – Ainda muito suados, entram em casa e bebem bastante.

Juan, queria tomar um banho com você.

Carlos sorri e pergunta:

– Outro dia de fantasia, Florzinha?

– Você quer?

– Sim, quero. Será que não ficou machucada para isso? – Pergunta preocupado. – Eu não quero que sinta dores por minha culpa, anjo.

– Acho que não. – Aproxima-se e abraça-o, sedutora, começando a tirar o short. – Mas se o meu doutorzinho quiser conferir se está tudo bem, eu estou aqui.

Carlos dá uma risada e Sheila continua:

– Eu já estou bem, amor. Foi apenas um beliscão em um lugar muito sensível, mas já me sinto bem. Deve ser como um chute no saco, exceto os seus, é claro.

Carlos dá uma gargalhada.

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