Capítulo 6 - parte 5 (não revisado)
Na semana seguinte, Carlos leva Sheila para sair e Bia chama o namorado para jantar na sua casa. Depois de comerem e beberem um bom vinho, vão ver um DVD no quarto, DVD este completamente esquecido na metade do filme. Os dois caem adormecidos nos braços um do outro, após mais de hora de intimidades. Lá pela meia noite, Bia acorda para ir ao banheiro e desliga tudo, deixando o quarto completamente escuro. Volta para a cama e adormece por pouco tempo, pois é acordada pela irmã que abre a porta e a luz do corredor ofusca-a. Sheila, ao ver os dois e a Beatriz levantando a cabeça, murmura um desculpem e sai, fechando a porta e indo para a sala. Senta-se no chão, num canto escuro, e começa a chorar em silêncio, com grossas lágrimas saltando pelo rosto abaixo.
Algum tempo depois, surge a irmã, ainda sem roupas. Ela senta-se ao seu lado e Sheila seca rapidamente os olhos, tentando disfarçar. Suavemente, Bia põe a mão no seu ombro e afirma:
– Não precisa de esconder que eu vi, mana. Você realmente o ama ou é pura obsessão?
– Eu o amo acima de tudo, Bia, mas não adianta mais, já que ele não me quer.
– Sim, ele quer você. – Bia é taxativa e Sheila arregala os olhos, muito espantada. Sem entender, pergunta:
– Por que diz isso?
– Porque ele ama você, Sheila. – Afirma Bia com toda a convicção. – Todo este tempo ele tenta iludir-se que não, mas ele a ama.
– Como pode ter tanta certeza, mana?
– Quando você fechou a porta, ele se mexeu, me abraçou e disse: "amo você, minha Sheilinha".
– Fez o mesmo com Ana. Por isso ela terminou com ele; contudo, não me quis.
– Mas vai querer. Você vai lá dentro e deita com ele. Só que, antes entre no banheiro e depile-se de modo a ficar igual a mim. Do contrário, quando a tocar descobre logo. Depois, deite-se com ele e faça com que a ame. Quando ele descobrir, já será tarde.
– Não sei não, Bia. – Sheila tem medo, mas ao mesmo tempo esperança. – E se ele ficar furioso?
– Faça isso que acoberto você. De qualquer forma, vou terminar com ele assim que acordar, sem falar que vou contar toda a verdade. Isso não pode continuar assim.
– Obrigada, mana. – Sheila abraça Bia. – Acho que só uma irmã faria tal coisa.
– Apenas vá e faça-o feliz, irmã, que ele merece muito. Na verdade, eu jamais devia ter feito o que me pediu.
Sheila levanta-se e prepara-se às pressas. Tremendo, entra no quarto e deita-se ao lado do Carlos, que a abraça.
– Amo você, Sheilinha. – Sussurra em meio ao sonho. – Mais que qualquer coisa no mundo.
Tremendo de alegria e com lágrimas nos olhos, Sheila aperta-se a ele, que acorda sendo beijado. Deliciado, abraça a namorada e puxa-a para si, beijando-a com mais intensidade.
– Amor, você treme sem parar! – Sheila não responde e volta a beijá-lo cada vez mais. Ofegante, este afasta-a. – Florzinha, jamais me deram um beijo tão intenso e gostoso quanto este! Nossa está escuro demais e não enxergo nada!
– Shhh. – Sheila põe o dedo na sua boca, calando-o, enquanto ambos se acariciam e preparam, cheios de paixão.
Sheila vai subindo sobre Carlos, encaixando-se nele, deliciada e feliz. Quando param, cansados e ofegantes, ele comenta:
– Nós adormecemos e já deve ser tarde. Se a sua irmã chega, vai ficar estranho. Caramba, você parece estar mais alta e com a cintura mais fina! Ai, amor, isso estava bom demais.
A garota não responde e, ainda ofegante, beija-o novamente.
– O que foi que aconteceu entre ontem e hoje, amor? Os seus beijos sempre foram gostosos, assim como as nossas transas. Mas hoje... eu nunca senti nada assim, Flor. Foi forte demais. Nunca um beijo foi tão bom e intenso assim. Flor, eu amo você, amo demais!
– Também amo você Carlinhos, mais que qualquer coisa no mundo. – Volta a beijá-lo. – Meu Juan.
Carlos ouve a declaração da namorada, que o volta a beijar, quando se atina que há algo muito errado. Assustado, afasta-a e, com um salto, acende a luz.
– Mas que merda, Sheila. – Diz, olhando para ela. – O que você foi fazer?
– Carlos...
– Que droga, Sheila. Primeiro com a Ana e agora com Beatriz, a sua própria irmã! Será que você tem que fazer tudo totalmente do avesso? E agora, o que ela vai pensar de mim? Onde está ela?
– Carlos, acalme-se. Me deixe explicar...
– Melhor explicar mesmo, e terá de ser muito convincente.
– Ana disse que você me amava. – Sheila conta o que aconteceu, quando terminaram.
– Se isso for verdade, era provavelmente um sonho de lembranças antigas. E agora, o que vou dizer para a Flor?
– Eu sou a Flor, meu amor.
– Porra, Sheila, você apela cada vez mais. Que merda. Eu estou começando a me irritar muito com você. Se há algo que não tolero, são mentiras. – Ela chora. – Não adianta começar a chorar, que droga. Você me enganou, Sheila, e isso depois da nossa conversa, quando se passou pela sua irmã.
– Eu sou a Flor, Carlos, juro por Deus.
– CHEGA DE MENTIRAS, SHEILA.
Ela senta-se no chão, aos prantos. Na cama, Carlos aguarda que se acalme, tentando entender onde poderá estar a namorada.
Sheila, chorando muito, começa a declamar com a voz tremida, em meio aos soluços:
"Onde foste com o meu coração?
Em que outro lugar te encontrarei?
Tu que me acalentaste e alumiaste por meses,
estás agora desaparecido;
talvez pela eternidade afora.
Onde está a tua estrela
que iluminava o meu ser,
fazia o meu coração disparar
e os meus olhos brilharem
de alegria e felicidade?..."
Carlos, atônito, senta-se ao seu lado, olhando para a moça e ouvindo esta declamar tudo até à última linha.
– De onde tirou isso?
– Já disse: Eu sou a Flor e escrevi esse poema no dia que você me deixou. Quando marcamos o encontro, eu fiquei com medo de ser um desses perigos da internet e pedi para Bia me acompanhar. Quando vi você, fiquei com medo e assustada. Pedi para ela ir em meu lugar. Essa é a mais pura verdade, Carlos. Eu sou a Flor e amo você. – Volta a chorar. Carlos passa a mão nas suas costas e puxa-a para si, afagando os seus cabelos. Ela enterra o rosto no seu ombro. – Amo você, Carlos, amo você, meu Juan.
– Meu Deus, Sheilinha. Por que motivo você tem que fazer tudo da forma mais complicada que existe? Era só você ter aparecido lá e pronto!
Quando nota que as coisas acalmaram-se, Bia entra no quarto e senta-se ao lado deles. Carlos olha para ela, que sorri e, taxativa, diz:
– Ela é a Flor. Não me deixou contar a verdade, amor, mas ela ama realmente você. E você também a ama.
– Com pode saber?
– Simples, estávamos dormindo há pouco e você se mexeu. Me abraçou e disse: "amo você, Sheilinha." Agora chega de mentiras e ilusões. Está na hora de pôr os pingos no is.
– Você fez a mesma coisa, quando me deitei ao seu lado. – Afirma Sheila, ainda chorando um pouco.
Carlos fica calado, pensando. Ao fim de algum tempo diz:
– Você só mete as mãos pelos pés, Sheilinha. Caramba, vocês estão fazendo com que me sinta uma marionete. Puxa vida, se você tivesse sido sincera, toda esta bagunça estaria resolvida há muito!
– Eu sei disso, especialmente depois da nossa última conversa na internet. Mas tive medo de dizer a verdade. Morria de medo que voltasse a brigar comigo, como fez quando Ana terminou com você.
– Carlinhos – Bia, diz – a verdade apareceu. Eu não quero mais ficar com você, porque você ama a minha irmã...
– Eu...
– Apenas escute. Adorei você e amei cada segundo que passamos juntos, mas não sinto um amor genuíno, apenas uma paixãozinha. A minha irmã, ao contrário, é perdidamente alucinada por você. Quando me abraçou e disse que a amava, eu fiz tudo isto acontecer e Sheila é totalmente inocente. Eu forcei-a a vir aqui e se deitar com você. Por isso, não a culpe.
Carlos fica quieto, pensativo. Após alguns minutos começa a falar:
– Vamos fazer o seguinte: nós vamos parar por aqui, os três. Sheila, depois de tudo o que aconteceu, acho melhor recomeçarmos do zero. Na verdade, eu nem sei mais o que sinto e admito que o que aconteceu agora mexeu demais comigo, literalmente me desorientou. Mas, para eu começar um relacionamento novo, preciso que ele seja sincero. Este mês, você fez a minha vida virar do avesso, totalmente. Além disso, me deixou muito preocupado, pois transou comigo sem qualquer tipo de prevenção.
– Eu nunca antes fiz sem preservativos, meu amor, e tomo anticoncepcional desde a Débora, com medo de uma camisinha estourada. Além disso, só saí com o outro Carlos, que é totalmente cuidadoso.
– Tudo bem. Mas nós vamos começar do zero. Se você me quer, Sheila, terá de aceitar as minhas condições. Você precisa de reconquistar a minha confiança e eu quero ter a certeza do que sinto.
– Tudo o que você quiser, meu Juan. Eu faço qualquer coisa por você e já devia saber disso.
Carlos senta na cama, pensando em se vestir e ir para casa. Ambas também se levantam. Ao ver as duas irmãs lado a lado e nuas, olha para elas, extasiado. Bia nota o olhar do ex e diz, provocante:
– Do jeito que olha pra nós duas, até parece que quer um menàge à tróis!
Carlos ri.
– A ideia, não é nada má, mas eu apenas pensava em como vocês duas são as coisas mais belas que jamais vi. – Olhando ambas, dá-se conta que, apesar da semelhança extraordinária, Sheila bate a irmã facilmente.
Bia diz:
– Eu acho que vocês dois deviam conversar mais um pouco para resolverem tudo direitinho. Eu vou deitar no quarto dos nossos pais. – Dá-lhe um beijo rápido e sai, antes que ele fale qualquer coisa.
A sós, Sheila abraça Carlos novamente e beija-o, sentindo a sua reação. Cansados, ficam abraçados e Sheila diz no ouvido do Carlos:
– Amo você.
– Também amo você, Sheila, mas precisamos de estabelecer uma situação de confiança mútua. Você passou um período demasiado longo me tratando mal e eu preciso de tempo para sentir algo mais verdadeiro, sem o medo que me dá estar com você e me ferrar novamente.
– Eu entendo, meu Juan-Carlinhos, mas me dê uma chance, é só o que peço. – Ainda abraçados, ele diz:
– Você terá essa chance. Sheila, porque agora sei que ainda a amo. Você me deixou fora do ar quando apareceu aqui, se fazendo passar pela sua irmã! Caramba, nunca tinha sentido algo assim tão forte.
– Senti o mesmo, então vamos assumir logo.
– Não. Você precisa me reconquistar, voltar a ganhar minha confiança. Só isso. Afinal, não deve ser tão difícil já que sabe que a amo. – Ela sobe nele, beijando-o e despertando-o para uma última sessão, antes de recomeçarem do zero. Quando terminam, ele adormece dizendo, já sem consciência. – Amo você Sheilinha, mas não ria mais de mim, senão você me mata.
Chorando de alegria, adormece abraçada ao seu adorado Carlos.
O trio acorda tarde e cada um segue o seu caminho. Quando Carlos vai sair, Sheila pergunta:
– Vai correr?
– Sim.
– Posso ir junto?
Com um sorriso, ele aquiesce e a moça, mais do que feliz, apressa-se a vestir a roupa de correr. Carlos passa em casa para pegar as suas roupas e convida Sheila a entrar.
– Caramba, não é que Ana disse a verdade!? – Olha as medalhas e o jovem sorri. – Estou impressionada!
O rapaz vai ao closet e troca-se rapidamente, sem fechar a porta e deixando a garota cheia de tentações. Entretanto, ela esforça-se para não fazer nada errado e granjear a sua confiança, contendo-se ao máximo e contentando-se em observar o pretendido. Carlos nota o dilema e sorri-lhe.
– Pronta, Sheilinha? – Estende a mão para a moça que a pega e caminha ao seu lado. – Olhe, nada de bancar a forte desta vez. As câimbras além de doerem muito, provocam um desgaste estúpido. Assim que estiver sentindo cansaço avise. E vamos mais devagar, ok?
– Sim, meu amor.
O par começa a correr com ele mantendo o ritmo da moça que se vai aguentando bem.
– Estamos a seis mil metros corridos. Quer voltar agora?
– É melhor. Eu passei mal aos sete mil.
– Como se sente?
– Bem, mas cansada.
Correm mais até que Sheila pede para parar.
– Você chegou aos nove mil, Sheilinha, parabéns. Agora vamos caminhando em passo rápido e paramos no Cantinho para hidratar.
– Tudo o que você quiser, Juan.
Ele pega na sua mão e caminham de mãos entrelaçadas, com a garota de cabeça encostada ao seu ombro.
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