Capítulo 6 - parte 2 (não revisado)
Ana corre para o seu carro e voa para a casa da Sheila. Toca na campainha e abrem a porta. Esbaforida, entra no quarto da amiga e, ao vê-la naquele estado, assusta-se muito, perguntando:
– Você está bem, Sheila?
– Ainda tonta, mas estou bem. – Abatida, Sheila levanta-se e senta na cama.
– Sheilinha, que tal me explicar o motivo da sua irmã estar atracada no Carlinhos, lá no Cantinho?
Muito deprimida e chorando, Sheila conta para a amiga tudo sobre o Juan.
– Mas que droga, Sheilinha. Era só você aparecer lá e pronto!
– Já lhe disse que ele não me quer, Ana.
– Deixe de ser idiota, pelo amor de Deus. Como sempre, você estragou tudo. Caramba!
– É a minha especialidade, Ana. – Sheila volta a chorar e a amiga abraça-a e acalanta-a. Quando se acalma, continua. – Jamais vi corpo tão perfeito!
– Eu disse pra você, mas só via um nerd nele! Quando você viu o corpo dele!?
Sheila conta sobre o acidente e termina, questionando:
– Por que ele se esconde naquelas roupas tão folgadas?
– Diz que são mais confortáveis.
– Me deu o maior calor!
– Eu sinto isso até hoje, Sheila, só de lembrar. Mas que droga de coincidência ser ele o cara da internet.
– A minha vida tá que é uma zoeira só?
– Sheila, corra atrás enquanto pode. A sua irmã é tão parecida com você que periga ele se perder nela.
– Não posso fazer isso, Ana. Eu joguei a Bia nos seus braços!
– Ela sabe sobre vocês?
– Eu contei tudo uma vez. Ela quis cancelar, mas não deixei.
– Por que motivo você não arriscou, sua tonta? – Ana sacode a cabeça. – Sei que ele não resistiria. Tenho a certeza!
– Porque também tenho certeza que ele me ia escorraçar e eu não ia aguentar isso de novo. Eu o amo tanto que outro corte desses iria, literalmente, acabar comigo.
– Devia acreditar no que eu disse quando terminei com ele. Afinal, foi esse o motivo de ter feito tal coisa, senão ainda estaria com Carlos.
― ☼ ―
A turma, reunida, vai para uma danceteria e divertem-se a valer, com Carlos e Bia dançando sem parar com os beijos. Pela meia noite ele larga a garota em casa, combinando de saírem para correr de manhã bem cedo. Ela entra no quarto e vê a irmã profundamente adormecida.
Pensa nela, sabendo que Sheila ama aquele rapaz, mas ele parece não querer absolutamente nada com ela. Deita-se, decidida a conversar com a irmã na manhã seguinte. Muito cedo, acorda e põe roupas para correr. Na frente do prédio, encontra Carlos aguardando. Este olha a garota e cai de amores. O short é tão curo que quase aparece a virilha da moça. Esta, ao se sentir tão meticulosamente observada, diz rindo:
– Assim eu fico sem jeito, seu tarado. – Beija o jovem nos lábios.
– Eu não sou tarado. Você que é a delícia das delícias, Florzinha.
– Você também é uma delícia. Gosto mais quando veste roupas justas. – Observa Carlos, com um short de corrida e uma camiseta justa, que deixa visível toda a sua musculatura fenomenal.
– Quer correr quanto?
– Que tal os vinte e um quilômetros?
– O que você quiser, gatinha.
– Não acredito que aguente muito mais que isso.
Começam a correr lado a lado, com Carlos no ritmo da nova namorada.
– Eu moro aqui. – Aponta a sua casa.
Correm tranquilamente e sem parar. Na volta e já perto da casa dele. Bia comenta:
– Estou morrendo de sede.
– Somos dois. Que tal pararmos na minha casa para beber água?
– Boa ideia.
– Você vai fazer a meia maratona com facilidade, Bia. O seu tempo é excelente.
Entram e vão direto para a cozinha. Após beberem, Carlos mostra a casa.
– Não tem ninguém?
– Os meus pais estão nos Estados Unidos, num congresso de cardiologia. São médicos.
Quando a moça entra no seu quarto, vê logo a estante das medalhas e troféus, aproximando-se dela.
– Caraca, quanta medalha! – Nota que estão divididas em grupos. – Jiu-jitsu, natação, triatlo e atletismo! Nossa, Carlinhos, você faz tudo isso!?
– Adoro esportes, Florzinha, desde criança.
– E eu adoro quando me chama assim. Aproxima-se dele e beija-o com vontade. Este começa a acariciar a namorada que já está muito elétrica. Devagar, ela vai empurrando Carlos até à cama, fazendo o jovem cair nela. Com ar safado, sobe em cima dele, sentando-se sobre a sua cintura. Sorrindo, ela tira a camiseta e inclina-se para o beijar, enquanto o provoca.
– Não sou o único tarado, amor.
– E eu disse que era? – Ambos muito suados e excitados começam a se beijar e agarrar sem parar, enquanto ele tira o seu sutiã e beija-a, lânguido.
― ☼ ―
Sheila acorda e nota que a irmã já saiu. Mal termina o banho, esta entra no quarto, toda sorridente.
– Onde foi?
– Correr com Carlos.
– Entendo. – Fica abatida.
– Precisamos de conversar.
– Sobre ele? – Questiona, segurando-se para não chorar. – Esqueça, mana. Ele não quer mais saber de mim. Eu fiz tudo errado. Se está gostando dele, vá em frente.
– Tem a certeza? Eu não quero fazer você sofrer. Afinal, você é minha irmã!
– E daí? Isso não vai fazer ele ficar comigo ou gostar de mim. E se você o largar e contar a verdade, ele vai-me culpar de novo. Esqueça. Acho que vou correr um pouco. Você tinha razão, Bia, é agradável demais.
– Como vai a cabeça?
– Melhor e já não dói, mas que descuido! – Veste o short e a camiseta, saindo em seguida. Corre por uma hora e para no Cantinho, completamente só.
Já não tem mais lágrimas para verter e fica apenas quieta, em silêncio, bebendo a água que Henry trouxe. Olha para o mar e pensa em tudo o que passou nesse ano, achando que entrou num pesadelo iniciado em final de Fevereiro e que não quer terminar mais. Uma mão gentil toca o seu ombro e vira-se de lado.
Ana beija a amiga e senta-se ao seu lado, sem falar nada, pois sabe que é isso que Sheila deseja. Após um bom tempo caladas e apenas olhando o mar, Ana rompe o silêncio:
– Muito mal, Sheilinha?
– Sim. Arrasada.
Ana puxa o seu rosto contra si, acariciando a amiga.
– Queria mesmo é saber por que tudo com você tem que ser tão complicado.
– Eu também queria, Aninha.
– Afinal, ele tremeu ou não, quando o tocou?
– Para mim, tremeu. – Sheila é enfática e Ana acredita nela.
– Ele se deixou beijar por bem cinco segundos, Sheila. Com tantos sinais, como você foi deixar isto acontecer?
– Não estava tão certa e não queria magoar você mais do que já fiz, Ana.
– Eu fiquei com vontade de matar você, Sheila. Mas, na facul, ele me disse uma coisa especial, pedindo que a perdoasse. Ele disse que a nossa amizade é tão sólida que podia suportar um abalo desses. E disse mais uma coisa. Disse que perdoou você há muito tempo, mas não lhe diga que eu contei, ok?
Sheila abraça a amiga ainda com mais força.
– Não desista dele, Sheilinha. Eu desisti por você...
– Estraguei tudo com você, Ana, e agora não vou estragar com a minha irmã. Acho que não mereço a sua amizade, depois do que fez por mim.
– Merece sim, Sheila. Vi a sua sinceridade quando eu terminei com ele e a sua preocupação por mim. Como o meu pai diz, nós temos o defeito de nos deixarmos dominar pelas emoções.
– Ele deve ter razão.
– Tem sim, e Carlos é como ele, maçom. Sabe dominar as emoções desde criança, mas eu juro para você que ele a ama, minha amiga. Não desista dele, só que não lute com as emoções que vai sair perdendo. Com ele, terá de ser racional.
Ambas afastam-se e Ana pede duas cervejas. Enquanto bebem, ficam em silêncio, curtindo o mar. Alguns garotos aproximam-se e passam uma cantada nelas, que os ignoram e estes desistem. No fim da segunda cerveja, Sheila pede uma água tônica.
– Caraca! – Exclama Ana.
– Desejo saber o que ele sente quando bebe isto. – Aponta a latinha para a amiga. – Sabe, depois de correr até que é bem gostoso. Acho que vou para casa, Aninha. Volto mais tarde.
– Cuide-se, Sheila. – Quando a amiga vira-se, Ana diz. – Espere que acompanho você. Também vou para casa.
Lado a lado, caminham juntas, até que se separam na rua da Ana.
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