Capítulo 5 - parte 3 (não revisado)

Na segunda-feira à tarde, a turma encontra-se no lugar usual, sentando-se e juntando mais mesas à medida que vêm chegando. Mauro e Rita são os últimos a vir. Bebem um pouco com os amigos e, ao fim de meia hora, levantam-se para tomar um banho de mar. Olhando para a areia, Carlos pergunta:

– Ultimamente a praia anda muito suja, vocês não acham?

– Concordo. – Admite Sheila, para espanto geral dos amigos que a olham boquiabertos. Ana sorri. – Devíamos fazer uma campanha de conscientização.

– É verdade. Devíamos sim. Xi, olhem ali. – Carlos levanta-se e observa o casal. – Ritinha se machucou!

Os amigos olham e veem Mauro pegar a namorada ao colo e trazer de volta para a mesa. Senta a garota na cadeira e pega no pé dela, que sangra bastante. Carlos levanta-se e compra duas garrafas de água mineral para lavar o pé da moça.

– Em que objeto se cortou, Rita? – Pergunta.

– Acho que era algo de metal, mas não vi direito.

– Quando foi que tomou uma antitetânica pela última vez?

– Acho que nunca precisei disso.

– Nesse caso, é melhor ir ao hospital. Até porque o corte é profundo e seria melhor levar uns pontos.

– Estou sem o meu carro, Carlos – informa Mauro – importa-se de nos levar?

– Mas claro que levo. Esperem aqui que eu vou pegar o carro. Assim, Ritinha não precisa de caminhar.

Mal Carlos levanta-se, Sheila vai ao balcão e pede:

– Henry, tem uma dessas sacolas de lixo grandes? Amanhã trago uma para você. – Pega a sacola e vira-se para os amigos. – Ei, gente, que tal limparmos este canto e começarmos a alertar as pessoas?

Aos pares, todos vão para a praia com um saco plástico para cada grupo. Sempre que passam por algum banhista, começam a sua campanha, alertando para os perigos. Carlos encosta o carro e só vê Mauro e Rita na mesa. Sai e ajuda o amigo a levar a namorada para dentro.

– O que aconteceu? – Pergunta. – Cadê o resto da turma?

– Sheila convenceu todo o mundo a ir limpar a praia.

– Caramba – Carlos espanta-se – eu não esperava por essa. Ela está-se transformando!

– Quem sabe você não repensa sobre ela, mano. – Censura Mauro.

O carro parte para o pronto socorro e eu observo o trio até sair da vista. Depois olho o resto da turma na areia da praia e noto como estão determinados. Sorrindo, eu fecho o meu computador, que ponho na mochila, e entrego para Henry, decidido a me juntar ao grupo.

– Henry, dá-me uma dessas sacolas. Eu compro um rolo novo para ti. Podes guardar a minha mochila? Esses garotos tiveram uma ótima ideia e pretendo ajudá-los nesta campanha.

― ☼ ―

Uma hora depois de ir para o pronto socorro, o trio volta ao bar e encontra os amigos todos reunidos, de volta às suas mesas. Juntam-se a eles e Carlos olha para Sheila. Quando o olhar de ambos encontra-se, ela sorri e ele corresponde sem nem mesmo dar-se conta. Discreta, Ana observa-os.

Pelo resto da tarde, Carlos não tira o olhar da garota, sem nem mesmo se atinar. Quando Sheila levanta-se, afirmando que vai correr, ele segue a moça com o olhar e Denílson sorri discretamente.

– Mauro e Ritinha, quando quiserem ir embora, levo vocês para casa, ok?

– Nesse caso, quatro olhos, que tal agora? – Mauro sorri. – E muito obrigado por tudo, amigão.

– Vou aproveitar a carona. – Afirma Denilson, levantando-se e ajudando Mauro a levar a irmã.

― ☼ ―

Na quinta-feira, Sheila está que não se aguenta. Passou a semana toda procurando uma roupa adequada para o encontro, trocando de ideia mais de mil vezes.

No final da tarde, encontra os amigos no Cantinho.

– Você está diferente, Sheila – comenta Carlos – e mais bonita, radiante. Tá mais parecida com Sheila que eu conheci no início do ano.

– Acha mesmo? – Pergunta ela. O elogio do Carlinhos mexe com a moça, mas a expectativa de um encontro com alguém que realmente se importa com ela é muito maior. – Eu me sinto normal!

Ana ouve o comentário e olha para o par. Ela já superou a separação, mas ainda sente bastante. Entretanto, nota claramente que Carlos olhou para Sheila com interesse genuíno. Sorri, quando vê que agiu corretamente ao separar-se do namorado. Desde que a moça parou de implicar com Carlos, este tem-se aproximado cada vez mais dela, sem no entanto deixar a amiga ver isso. Ana por muitas vezes viu o ex-namorado olhando de lado para Sheila, discretamente. Ela nota que nem Carlos se atina que cada vez mais está interessado pela moça.

– Não, Sheila, você está diferente. Deixe pra lá. – Ele sorri, meigo, e a garota balança, sentindo vontade de o abraçar e beijar.

– Carlinhos, você me empresta o seu livro?

– Ana está lendo. Depois empresto para você.

– Já terminei, am... Carlos. Amanhã trago de volta. A história é linda, mas a personagem principal parece a Sheilinha! – Ana provoca, sabendo que acertou em cheio ao ver Carlos ficar muito vermelho. – Parece tanto que até impressiona.

– Amanhã não devo vir. – Diz a garota, que nada nota. – Tenho um compromisso.

– Sábado, então. – Afirma Carlos. – Ou quando quiser. Me ligue que trarei para você.

Por muito tempo após o diálogo Ana presta atenção ao Carlos, que olha discretamente para Sheila, mas sem tirar os olhos dela. Quando este muda o olhar, depara-se com Ana e nota que ela o observa, ficando um pouco sem jeito. Ele dá uma sorriso meio torto para a ex-namorada, que cai na risada sacudindo a cabeça.

– Qual o motivo da graça, Ana? – Pergunta Mauro. – Se a piada é boa, também quero saber. Todos queremos.

– É sim, Mauro, é excelente, mas eu não posso contar. É só por enquanto. – Carlos está cada vez mais vermelho ao se ver apanhado e o amigo nota; todavia, não entende.

– Bem, considerando o rosto de Carlinhos, só pode ser com ele, mas não imagino algo tão engraçado para uma gargalhada sua.

– Aguarde os fatos, Mauro, que não deve demorar muito.

– Gente, vou pra casa. – Sheila levanta-se. – Té mais.

Ela toma o seu caminho e Carlos fica seguindo a moça com o olhar, embora tentando disfarçar ao máximo. Ana levanta-se e senta ao lado do ex.

– Então, amor, eu não tinha razão? – Diz baixinho, sorrindo muito. – Você ainda ama Sheilinha, mas não quer admitir nem para si mesmo. Está agindo igualzinho a ela.

– Qual é, Ana, eu apenas estranhei essa mudança. Você não notou?

– Notei sim, da mesma forma que notei que você não parou de olhar para ela, meu anjo. Pense nisso. Eu também vou indo. – Ana levanta-se e pega no seu rosto, beijando-o na boca com todo o carinho. – Só uma despedida, meu amor. Vou sentir muito a sua falta. Até mais. Tchau, galera.

– Tchau – Carlos fica sem fôlego – você é bem imprevisível, Ana.

– Tchau, Ana.

– Carlos, o que diabo está rolando? – Mauro está genuinamente espantado.

– Não me pergunte, mano.

– Por que será que isso tem um forte cheiro de Sheila? – Denílson dá uma risada. – Você não parou de olhar para ela, Carlinhos.

– Vocês não notaram que ela parecia diferente?

– Realmente parecia – Mauro olha para o amigo – como se estivesse na expectativa e na iminência de algo novo. Talvez alguém que tenha conhecido. Bem, assim ela para de implicar com você.

Carlos fica inquieto ao ouvir isso, mas mantém-se calmo e Denílson é o único que nota, pois é extremamente observador.

– Até parece que você não gostou da ideia, Carlinhos. – Provoca o amigo. – Será que ela virou a sua cabeça?

– Ora, mano, deixe a garota em paz. Faz tempo que ela parou de implicar comigo.

– Ei, Carlos, eu estou falando de você e não da Sheila...

– Pô, negão, não implique com Carlinhos que você não sabe do passado.

– Bem, gente, eu vou fazer alguns exercícios que ando meio folgado. – Carlos levanta-se. – Talvez nadar uma ou duas horas. Até mais.

A sós, Denílson, Mauro e Rita conversam.

– Negão, nem pense que Carlinhos tá a fim da Sheila...

– Ah tá sim, Mauro, e tenho certeza que vou ganhar aquela aposta. Ele não parou de olhar para ela a tarde toda, pode ter certeza. Aliás, vem olhando sem parar desde segunda-feira.

– Mano, eu torço para que os dois fiquem juntos, mesmo tendo apostado contra, mas eu sei mais que você, negão. Tenho pena da Sheila, só que ela jogou fora a sua chance em Março.

– Ela me disse que fez algo horrível com ele, mas você sabe muito bem que ele sempre perdoa. Cara, eu vi o jeito que ele tem olhado Sheila. Não se iluda.

– Amor, o meu irmão tem razão, pois eu também tenho notado isso. Carlinhos não para de olhar para ela.

– Será? – Mauro dá uma risada. – Negão, eu ia amar perder essa aposta. Só espero que tenha razão, mas não tô na fé.

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