Ravus Annus

 Desde o ano passado aprendi que estava sobrevivendo de forma equilibrada, não me motivava pela alegria ou tristeza, eu era neutra. Sabe o que mata de verdade? A frase ''nunca vai acontecer comigo'' e quando acontece a gente fica sem chão. Lembro-me bem, primeiro a revolta, a crise e depois a melancolia. Era como se eu estivesse no mesmo mundo de ontem, de outros dias, mas é como se alguém tivesse apertado o botão que ligava uma luz cinza. Fiquei tão desencantada da vida, e fiquei....e fiquei.....e fiquei.....

De repente, eu não parecia mais andar, estava me arrastando nessas cinzas.

Perdi minhas duas tentações porque os anos passam e pareço estar mais distante, o ruim é que acho que tenho ainda o direito de sofrer por pessoas sendo como sou. Não queria essas pessoas para mim e para sempre, uma delas me bastasse por um momento, um apenas e veja só, fiquei com nada. É nisso que se resume o que vivo, nada.

E de outra perda, tenho que superar a maior de todas. A perda de alguém que vai para o mistério natural da vida. Respeito a morte e não a nego, eu sei que ela é necessária quase como respirar, mas não respeito as doenças que secam a vida, que a suga de forma tão cruel e sem misericórdia. Passar datas especiais agora é como abrir as portas para nostalgia e saudade, e sabemos bem que essas duas coisas nos findam sem morrer.

Perdoe-me se pareci tão distante tantas vezes, é que nesse ano cinza me senti deslocada, me senti além mentalmente falando, estou nesse corpo mas ao mesmo tempo não estou aqui, e tem dias que não quero estar aqui.

Dois mil e dezoito acaba daqui uns dias, mas o ano já acabou comigo bem no seu começo. 

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