Malleus Maleficarum I
São de outros tempos sofrimento e revolução que me açoitam. Essas feridas são de hoje, mas eu realmente penso que já nasci com elas decorando meu corpo. A última década foi tão estranha que a ainda me pergunto se algo vai mudar.
Quero ter uma voz, quero ter um espaço digno. Quero pensar que posso lutar por algo sem ser rotulada por isso mas é impossível me olhar sem julgar. Quero pensar que estou segura e ser tratada como Rei sendo uma Rainha.
Deixando de pensar em mim pensei um pouco na minha outra metade, não dessa do amor carnal, mas da outra metade da minha essência como sou, então quase como se fosse sussurrar a mais bela prece eu disse :
Minha irmã, lutadora irmã. Somos iguais mesmo de outro sangue, de outra pele e de eras que nos separam.
Minha irmã, revolucionária irmã. Dizem que você foi tão louca que te calaram com a morte.
Minha irmã, adorada irmã. Sendo retratada como uma musa, a mais santa de todas.
Minha irmã, deste tempo respirando sem parar.
Ouvi os gritos pelas ruas que rasgaram. Estamos tão separadas! Os pensamentos não se ligam mais, as ideias se tornam como linhas paralelas. Daqui uns tempos gritaremos novamente porque a tragédia é certa, gritaremos bem mais alto na mesma sintonia. E minha prece, agora em lágrimas, ainda continua:
Minha irmã, decadente irmã. Considerada um objeto de obscenidade.
Minha irmã, fraca irmã. Suas lágrimas decoram o chão que seu rosto tocou
Minha irmã, invadida irmã. Seu corpo está oco e você o repudia
Minha irmã, quase morta irmã. Já não respira.
Não me vê querendo te carregar pelo colo como o mais precioso ser?
E dos seus lábios trêmulos de dor ouvi você sussurrar que nesse mundo Vênus tem sido abusada por Deuses.
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