Já estou muito longe da luz que me acorda, eu não sou mais criança para temer o movimento da escuridão. Deito para dormir e é tão frio, nada me deixa calma mesmo depois de um dia que o cansaço tenha me moído até os ossos. Ainda espero a calmaria após a tempestade. Conversas e olhares surgem na minha mente de forma estática, não tenho mais certeza de como foi meu dia. Quando vou embora tudo me parece bem, mas é na minha cama que as feridas do cansaço se abrem.

   Tudo bem, ainda posso fechar os olhos mas minha mente ainda se mantém terrivelmente acordada. Ouço todos os barulhos que me tormentam, odeio as noites que ouço o barulho da estrada, os motores rugindo em fúria por presa ou uma corrida clandestina que ecoa por inúmeras ruas. E pior.....O som dos cachorros brigando e de seu choro de dor causando por mordidas, é meu pesadelo sem estar de fato inconsciente. 

     Olhos fechados não me curam. A tranquilidade da escuridão não me cura. Não cura e não segura o terrível monstro da insônia que me arranca os pedaços por noites seguidas. 

    E pela manhã.......As pessoas só conseguem ver o que sobrou de mim, a mentira da mente sã.