Para ser um caçador...Precisas de um parceiro!


Gritos e risadas preenchiam o local, homens corpulentos levantavam seus canecos feitos de madeira ou mesmo chifres de algum animal e derramavam o liquido escuro e espumante que tinham em seu interior. O cheiro de álcool e suor pairavam, tal como uma neblina densa, misturada com a fumaça que emanava dos cachimbos diversos que ali os homens também consumiam. Leony sentiu uma leve repulsão por aquela atmosfera quando adentrou na taberna, na verdade também sentiu um grande embaraço pois todos os olhos dos homens que ali se encontravam se voltaram para ele, afinal era raro um garoto que mais parecia um bibliotecário ou mesmo algum estudante adentrar em um local como aquele.

"Eu tenho um objetivo..." Pensou o jovem tentando ignorar a demasiada atenção que estava recebendo dos fregueses da taberna que seguiam seus passos atentos. Leony olhou rapidamente para os lados buscando alguma cabeleira ruiva, tal como a dele, em meio aquele mar de homens musculosos e mal-encarados.

–Leorion... Onde você está? –Sussurrou, quase como fosse uma prece, já estava quase se arrependendo de tomado a iniciativa de buscar o seu irmão mais velho...Afinal se não o encontrasse ali significava que teria que tentar a sorte em outra taberna da cidade e Leony não sabia se teria a coragem suficiente para adentrar em outra...

"Como o meu irmão pode gostar deste ambiente?!" Pensou nervosamente tentado forçar a sua passagem, não queria fazer um contato demasiado longo ou mesmo dirigir mais de duas palavras para os homenzarrões do local... Se sentia tão pequeno e fraco ali! O mundo era tão injusto! Por que os deuses permitiram que ele, mesmo sendo homem, fosse menor, esguio e até possuísse feições quase que femininas? Isso sempre lhe causou problemas...

–E ai, garotinha? Está perdida? –Perguntou um homem que exibia uma longa barba, Leony podia ver vestígios do que seria comida nos pelos escuros parcialmente grisalhos, tinha quase certeza que tais vestígios de alimento não advinham da comida que aquele senhor estava comendo naquele momento...E sim advindo de jantares anteriores.

"Nojo!!" Sua mente gritou em desespero.

–E-eu... N-não sou uma garota, senhor! –Respondeu educadamente, forçando a sua voz de modo a torna-la mais grossa. "Isso irá mostrar minha masculinidade!".

–Sério? Tens certeza? –Riu o outro.

–Com esse rosto...E esse corpo? –Inquiriu outro homem de aspecto esquelético, tinha um olho de vidro no local que deveria ser o seu olho esquerdo.

–A bunda dele é tão empinada e torneada... –Lambeu os lábios um terceiro.

"Perigo! Perigo!" tais palavras se expressavam tal como letras vermelhas e brilhantes em sua mente.

–Eu posso garantir a vocês, com total segurança e convicção, que tenho todos os requisitos que me classificam como um indivíduo do sexo masculino! –Tentou manter sua voz firme, mas falhava indubitavelmente.

"Droga...Por que eu pensei que isso seria uma boa ideia?!".

–Hummm...Eu não sei não, princesa. Acho que devemos investigar o seu corpo...Só para termos certeza. –Sorriu o barbudo, exibindo os dentes podres.

–N-não será necessário!

–Ora, nós insistimos... –Nisso um dos homens segurou um dos braços do jovem tentando imobiliza-lo enquanto outros já se avançavam para apalpar o corpo do mesmo.

"Não! Não!" Tentou se desvencilhar da mão forte que o segurava, contudo o seu capturador se mostrava deveras forte. "Não! Minha aventura não pode terminar desta forma..." Choramingou.

–Acho que a festa aqui já acabou...-Uma voz irrompeu o ambiente, Leony soltou um suspiro de alivio, conhecia muito bem de quem advinha aquela voz.

–Ah? –Grunhiu o barbudo – E quem é você para...

Leony pode ver de relance quando um homem de longa cabeleira ruiva se aproximava, usava uma roupa de couro, nas costas podia-se ver o cabo de sua longa espada. Cicatrizes bem como músculos que dominavam o corpo do outro ruivo exibiam tanto a sua experiência quanto o sua força. Contudo, não foi a aparência que impactou os homens que ali estavam e sim o símbolo do pingente que estava pendurado no pescoço do guerreiro ruivo: o emblema da letra "C" em ouro e uma espada atravessando o símbolo, essa era folhada em prata. Aquele insígnia o classificava como...

–Caçador! –Exclamou um dos homens que rapidamente soltou Leony e levantou as mãos em sinal de rendição.

–Ah...C-caçador... –Gaguejou o barbudo –Nós só estávamos conversando...Nada demais...

–Acredito que o meu irmão não estava gostando nem um pouco da dita "conversa" que vocês estão oferecendo, não?

–Irmão?! –Resmungaram alguns dos outros homens logo se afastando, o que menos queriam é ter alguma desavença com um caçador.

–N-nós sentimos muito! –Falou rapidamente o barbudo levantando também as mãos como que demonstrando o quão inofensivo era –Não sabíamos...Que ele era o seu irmãozinho...

–Sei...E se não fosse? O que teriam feito? –Perguntou o caçador enquanto puxava Leony para perto de si – Que eu saiba o prefeito desta cidade está oferecendo uma recompensa bastante tentadora para qualquer caçador que capturasse estupradores ou mesmo indivíduos que estejam expressando alguma atitude de assédio sexual para com os cidadãos...

–Oh...Oh...-O barbudo olhou para os lados, seus companheiros anteriores já haviam fugido –Eu... Lhe garanto que...Não era a minha intensão...Desculpe...O grande caçador! –Fez uma reverência, como sua submissão pudesse comprar a sua liberdade.

–Tsc...Suma daqui...-Rosnou o caçador –Se eu te ver novamente em uma situação como essa... Não serei tão complacente assim.

–S-sim...C-claro! –Gaguejou, logo escapando dali.

Leony exibia um sorriso orgulhoso mas esse logo se desfez ao ser encarado por seu irmão, este não parecia muito feliz em vê-lo. Um silêncio se fez entre os dois. O menor engoliu em seco... Tinha conseguido se livrar de uma confusão para adentrar em outra.

–Oi...-Acenou cordial.

–Leony, o que está fazendo aqui?!

–Oh! Eu estou bem, obrigado por perguntar! E nossos pais também estão muito bem! Além disso, eles estão com saudades afinal qual foi a última vez que nos visitou? Mês passado? Não...Espera...-Tocou os lábios em sinal que estava pensando –Ah! Me lembrei...Dois anos atrás! Nossa como o tempo voa, não é mesmo?

–Leony...-Rangeu os dentes –Não tente mudar de assunto! O que está fazendo aqui?

–Ora...Eu já tenho 18 anos...Posso muito bem vir a uma taberna e beber!

Nisso o ruivo mais velho emitiu um riso baixo.

–O que? –Agora era a vez de Leony ficar irritado.

–Maninho... Nós dois sabemos que você nunca iria adentrar em uma taberna para fazer isso...

–Ora e por que não?

–Aposto que primeiramente você iria limpar umas dez vezes a caneca de cerveja para ter certeza que esta estaria livre de germes, e mesmo assim não beberia...Além disso, aposto que irias querer ver as condições sanitárias da cozinha e iria fazer um maior escândalo pelo o que iria ver... No final, você iria embora e provavelmente iria reportar a guarda local e exigir que o estabelecimento seja fechado...

Leony corou, de fato, algumas coisas que o seu irmão tinha dito era verdade, mas não tinha nada de errado em prezar pela a limpeza e a saúde!

–Você fala de um modo como se fosse algo ruim... –Resmungou, inconscientemente um biquinho se fez em seus lábios. Novamente o mais velho riu.

–Não, não é...Mas você exagera. Todas as tabernas são deste jeito. As pessoas que vem aqui não estão ligando pela higiene, apenas querem beber um pouco e se divertir... E canecas sujas até que dão um sabor especial a cerveja. –Piscou divertido.

Leony levou as mãos a boca, já se sentindo nauseado.

–Maninho...Por causa disso, eu lhe pergunto : Por que veio aqui? –O tom sério havia retornado.

–Er...Será que não poderíamos sentar antes? Já faz dois anos desde a última vez que nós virmos... Eu estou com saudade. –Confessou baixinho.

–Eu também...Estava com saudades, maninho...-Sorriu dando um cafuné no menor, bagunçando as mechas ruivas do mesmo –Certo...Vamos sentar!

Leorion abriu caminho na multidão, Leony o seguiu rapidamente. Logo chegaram a uma mesa afastada na qual uma mulher de cabelos purpuras estava sentada. O que chamava a atenção na figura feminina, não era seu vestido longo e negro que sobressaltava as curvas de seu corpo, tão pouco o chapéu pontiagudo que usava...E sim o decote que não escondia os seus peitos avantajados. Leony tentava não olhar para o local, mas seus olhos se sentiam atraídos... Tal como um ima.

–Essa é Silvanna...- Disse Leorion, o tom de sua voz exibia um certo nervosismo e embaraço.

–Ah...Eu não sabia que você tinha uma amiga...-Falou Leony se sentando a mesa, tentou focar os olhos em outro ponto da taberna que não os dois melões que ameaçavam saltar do pequeno espaço de confinamento em que estavam presos.

–Ela é meio que minha...Er...

–Sou a parceira dele! –Informou a mulher sorridente – E você deve ser o irmãozinho do Leorion...Ele vive falando de você! Eu estava tão ansiosa em conhece-lo! –Nisso Silvanna puxa Leony para um abraço, afundando o garoto em seus peitos –Você é ainda mais fofo do que tinha imaginado!

–Silv... Se controle, por favor! –Resmungou Leorion.

–Er...Eu...Eu nunca ouvi falar nada de você...-Confessou o mais novo, era meio difícil conseguir falar meio aqueles...Bem... "almofadas". Na verdade, também era difícil de respirar!

–Ah? Leoleo não falou nada sobre mim?! –Finalmente Silvanna afastou Leony dos seu busto e encarou, visivelmente chateada, o seu dito parceiro. Leorion, por sua vez, massageava o pescoço, desconfortável com a situação.

–Não mudemos de assunto...Primeiro eu quero saber o que fazes aqui, Leony? Você está muito longe da casa dos nossos pais! Eles sabem que você está aqui?- Havia uma certa urgência em suas perguntas, talvez estivesse evitar o olhar reprovador da mulher que ainda o observava.

–Eu deixei uma carta para os nossos pais antes de sair...

–Carta? Espera... Você fugiu de casa?!

–"Fugir" é uma palavra muito forte... Digamos que eu saí sem avisar e sem dizer quando irei retornar...

–Isso é a mesma coisa!

–Mas eu já sou maior de idade...Posso fazer o que eu quiser!

–Isso não é verdade! Nossos pais devem estar muito preocupados!

–Você fez a mesma coisa anos atrás quando decidiu ser um caçador...-Resmungou.

–Não foi a mesma coisa...Eu tinha expresso antes aos meus pais que desejava ser um caçador, eles se opuseram a minha escolha, logo sai de casa para provar a eles que estavam errados, que eu era forte o suficiente para exercer essa profissão... Depois disso, eles me apoiaram e tudo foi resolvido.

– Mesmo assim...A dois anos você cortou contato conosco...-Fez biquinho o menor.

–Isso não é verdade, eu ainda me comunico por cartas!

–Mas não é a mesma coisa...O que aconteceu? Por que não nós vista mais?

–Er...- Os olhos de Leorion se direcionaram para Silvanna e depois se voltaram para o seu irmão –Coisa ocorreram...Coisas de caçador...-Respondeu invasivo, a mulher emitiu um resmungo irritado.

–"Coisas de caçador"? –Leony parecia desconfiado.

–Isso não vem ao caso agora! Não sou eu que estou sendo o alvo dos questionamentos aqui! Você ainda não se explicou, Leony... O que você fez foi muito irresponsável! Podias ter se machucado ou até mesmo algo pior... Você viu o que ocorreu quando adentraste na taverna! Se eu não tivesse ido ao seu resgate...O que teria ocorrido?

Leony mordeu o lábio inferior, odiava aquilo...Parecer fraco e necessitar ser protegido sempre! Odiava a sua aparência...Queria ser forte tal como o seu irmão!

–Eu não gosto disso...-Disse, voz trêmula, por estar segurando o choro –Por isso fugi!

–Ah? –Leorion o encarou confuso.

–Eu estou cansado de você e nossos pais sempre me protegerem! Como se eu fosse incapaz de fazer isso sozinho... Como seu eu fosse algo frágil e...

–Leony... – O caçador tentou segurar a mão do irmão mais novo, mas este a afastou com um movimento bruto.

–Eu não quero ser visto sempre como o fraco da família! Eu consegui fugir de casa e vir a essa cidade, sozinho! Eu não me machuquei e nem me meti em confusões...A não ser no que ocorreu quando cheguei a taberna...

–Certo...Eu reconheço que você realmente me surpreendeu com isso... Mas existem muitos perigos em nosso mundo, o fato de você ter conseguido viajar sozinho sem problemas pode ser advindo de pura sorte do que real habilidade!

Leony mordeu o lábio inferior, lacrimas agora rolavam do seu rosto.

–Leoleo! Veja o que você fez! –Silvanna interpôs na discussão- Peça perdão!

–Mas...Eu só estou sendo honesto! E eu estou falando isso porque me preocupo com ele!

–Eu agradeço sua preocupação...Mas foi esse o motivo pelo o qual eu resolvi fugir...

–O que? –O ruivo mais velho já estava ficando impaciente, por que o seu irmãozinho não falava logo o motivo de tudo aquilo...

–Eu desejo ser um caçador!

Leorion ficou surpreso com aquela resposta... Tão surpreso que não sabia ao certo como responder. Abrindo e fechando a boca, não emitindo nenhuma palavra.

–Oh! Que maravilha! Mais um caçador na família! Que perfeito! –Disse Silvanna batendo palmas.

–Não! Isso não nada perfeito! –Rosnou Leorion –Ele não vai ser um caçador!

–Por que não? –Silvanna e Leony perguntaram ao mesmo tempo.

–Ser um caçador não é algo fácil... Enfrentamos perigos diversos todos os dias! Veja as minhas cicatrizes! Você pode achar que meus feitos são gloriosos, lutando contra monstros e caçando malfeitores... Mas a verdade é que teve vários momentos em que cheguei muito próximo da morte!

–Eu sei que caçador tem suas vantagens e desvantagens ...Eu não sou idiota! –Agora era a vez do menor emitir um rosnado.

–Pois não é o que parece! Você disse que é um adulto, mas não se porta como um!

–Não me venha me dar lição de moral! Você que não nem sequer visita a sua família...Isso é a atitude de um adulto responsável!

–Ei! Não tente me colocar como o mau-exemplo! Estamos discutindo as suas atitudes e não as minhas!

–Hipócrita...-Resmungou.

–O que disse?

–Você ouviu bem!

Os dois irmãos emitiam rosnado, Silvanna conteve um sorriso, eles podiam ser bem diferentes com relação a aparência, afinal Leorion era bem mais alto e forte que a fisionomia andrógena de Leony, mas as personalidades eram muito parecidas, ambos eram teimosos e também firmes em suas convicções e ideias.

– Eu não vejo problema nenhum de Leony querer ser um caçador... –Disse a mulher –O fato é que Leorion também optou por essa profissão buscando ser mais forte...

–Silv... –O caçador olhou para a parceira irritado por ela ter falado aquilo.

–Sério? –Os olhos de Loeny se iluminaram ao saber tal informação.

–Ora, sim... Leorion queria buscar conhecer a sua própria força e também conhecer seus limites, ele já foi um jovem inseguro e confuso, que nem você Leony... Além disso, ser um caçador lhe permite viajar e conhecer novos lugares e pessoas, trata-se de uma jornada continua do descobrimento de você mesmo e do mundo em que fazemos parte!

–Oh... –Agora Leony estava ainda mais motivado em ser um caçador.

–Silv! Não o estimule!

–Lógico que seu irmão estava certo com relação as desvantagens...Mas é por causa disso que caçadores trabalham com duplas! –Sorriu Silvanna ignorando Leorion –E não se trata de simples duplas...

–Ah? Como assim?

–Você precisa de um parceiro do mundo paranormal para ser a sua dupla...

–M-mundo paranormal?

–Um caçador enfrenta inimigos diversos tanto no mundo humano e no mundo paranormal... Deve entender que ambos os mundos estão interligados e que o caçador tem a função como uma balança entre eles, servindo como uma espécie de instrumento de justiça, julgando e capturando transgressores de ambos os mundos. De modo que para ele exercer essa função ele necessita de ajuda de alguém que conhece o outro mundo...

–V-você...É... –Leony não sabia muito bem como se expressar, se Silvanna era a parceira do seu irmão, segundo aquela explicação, significava que se tratava de um ser do mundo paranormal, mas ela parecia tão "normal", mesmo apresentando tão enormes... "almofadas"!

–Eu sou uma bruxa! –Sorriu a mulher –E faz dois anos que me tornei a parceira oficial do seu irmão...E acredito que é por causa disso que ele não visitou mais a sua família, eu peço perdão... Acho que o Leoleo deve sentir um pouco de receio de como vocês iriam reagir ao me conhecer... Não o culpo, para vocês humanos... Nós, seres paranormais, somos monstros e só causavam destruição aonde passamos, todavia a verdade é que nosso mundo não é muito diferente do seu...Somente temos algumas habilidades a mais! –Sorriu amigável a bruxa.

–Ohh... Bem...Eu nunca conheci uma bruxa antes...Então...Eu não vejo mal algum o fato de você ser parceira do meu irmão! Na verdade, acho até algo bem legal! –Correspondeu o sorriso o ruivinho.

Leorion suspirou aliviado, nem tinha percebido que segurava o ar até aquele momento, realmente sentia-se inseguro em relação a reação dos seus familiares, por isso tinha evitado de contata-los, a não ser por cartas, naqueles anos.

–Owt! Como você é fofo! –Falou Silvanna que puxou o menor novamente para um abraço afundando o garoto em seus seios.

–Silv...Assim você irá mata-lo sufocado! –Riu o caçador.

–Ops...- A bruxa logo interrompeu o seu abraço –Desculpe Leozinho...

–Leozinho? –Perguntou Leony ainda meio desnorteado.

–Meu apelido para você! –Piscou a bruxa.

–Oh...-Leony corou –Er...Bem... Então para eu ser um caçador eu tenho que ter um parceiro do mundo paranormal?

–Sim! Exato!

–Espere! Silv! Conseguir um parceiro não é algo tão simples assim! Você deve explicar as coisas para ele de forma correta!

Silvanna fez biquinho e encarou aborrecida o seu parceiro.

–Leony...-Começou a falar Leorion – Para ter um parceiro não se trata de simplesmente ir a uma ser sobrenatural e pedir! A parceria deve ser feita por meio de um contrato mágico, de modo que os laços entre o contratante, caçador, e o contratado, o ser sobrenatural, sejam formados... É tal como uma sincronia de energias e almas! O contrato não pode ser quebrado depois disso, só em casos muitos especiais... Desta forma, o caçador e seu parceiro ficaram ligados eternamente.

–S-sério?!

–Sim... Por isso que eu falei que ser um caçador não é algo fácil! Nos meus primeiros anos eu só treinei fisicamente, mas para participar das missões de fato eu precisava de um parceiro... Um aspirante a caçador, então, deve sair em uma jornada em busca do seu parceiro paranormal... Não se trata de uma busca nada fácil, muitos seres não desejam abdicar de sua liberdade sem ganhar nada em troca. Você deve provar o seu valor para esses seres...Muitas vezes até batalhar com eles para adquirir seu respeito e confiança...Mostrando assim as vantagens que eles irão adquirir com aquela parceria. Ao conseguir o seu parceiro, você será merecedor de ganhar isso...-Indicou o pingente exposto em seu colar –E assim se tornas um caçador de verdade!

–Nossa... –Leony tentava processar a nova informação, realmente não sabia nada sobre o que era ser um caçador, as informações nos livros que lera eram deveras incompletas!

–Agora você entende porque eu disse que não poderias ser um caçador...Não se trata unicamente de querer!

–Bem...Então...Se eu conseguir um parceiro paranormal, automaticamente posso me tornar um caçador, é isso?

–É...Espera! Não é para você se animar! Você não ouviu nada do que eu acabei de dizer? Não é algo tão simples assim!

–Leoleo...Também não se trata de algo tão complexo assim, afinal a nossa parceria não se formou em meio a uma sangrenta batalha. –Lembrou a bruxa o que fez o caçador corar.

–E como vocês se tornaram parceiros? –Inquiriu Leony, curioso, seus olhos já brilhavam, ansioso por mais informação.

–Digamos que... Leoleo me convenceu quando me mostrou o seu "grande equipamento"! –Piscou a bruxa. Se era possível para Leorion ficar mais vermelho? Sim...De fato era...O caçador estava tal como um tomate naquele momento.

–Ah? Você está se referindo a espada dele? –Leony encarou o casal confuso.

–Owt! Pela deusa! –A bruxa puxou o ruivinho para um novo abraço –Vamos adota-lo?! Eu quero que ele seja o meu filhinho!

–Silv... –Leorion balançou a cabeça, aquela batalha estava perdida...Não iria conseguir convencer o seu irmão a desistir, mas talvez a jornada na busca por um parceiro paranormal não fosse de todo ruim...Leony podia descobrir muito sobre si mesmo e quem sabe desistisse daquela ideia absurda de se tornar um caçador.

–Não se preocupe, Leozinho! Eu conheço alguns amigos que irão adorar ser seus parceiros!

–Espere! Silv! –Agora o caçador estava preocupado, tinha conhecido alguns destes amigos de sua parceira... Temia pelo seu irmão, principalmente pela virgindade dele!

–Agora, você terá que convencê-los...- Continuou a falar a bruxa, ignorando totalmente o ruivo mais velho - Eles podem ser bastante teimosos e rudes! Mas são os seres paranormais mais fortes de nosso mundo! Se tiver um deles como parceiro... Será o suficiente para conquistar o que ambicionas...Ser mais forte e a independência! Não é mesmo, Leozinho? Ah? Leozinho?

–Tsc... Silv... Eu disse que você poderia mata-lo desta forma! –Resmungou o caçador puxando o seu irmão, já desacordado, dos braços da bruxa.

–Oh! Não foi a minha intenção! –Disse risonha.

–Espero que você saiba o que está fazendo...Leony é meu irmão mais novo e eu o amo muito...

–Eu sei disso...Mas você também deve concordar que ele também tem o direito de buscar seus próprios sonhos... Não deve servir de obstáculo para isso.

O caçador suspirou longamente, olhou para o seu irmãozinho em seus braços... Realmente ele tinha crescido muito neste últimos anos...Ele não era mais uma criança, realmente não deveria trata-lo como tal...

–Está bem...Irei apoiar esse plano maluco...

A bruxa se aproximou e roubou um beijo dos lábios do caçador e sorriu.

–Eu te prometo que tudo vai dar certo...

Leorion correspondeu o sorriso, talvez a sua parceira...Não...A sua companheira, amante...Enfim... Estivesse certa. Iria confiar nela.

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