O parceiro - Vampiro (Epilogo)
Dois anos depois...
A carroça passava com dificuldade pela a estrada lamacenta, era a estação de chuvas e dessa forma uma época muito difícil para se locomover por aquelas áreas, mas negócios eram negócios, o velho comerciante tinha que vender seus produtos na próxima cidade, além de entregar algumas encomendas para ricos clientes.
– Oi! Garota! – O ancião se virou para encarar uma garota que estava sentada na parte traseira do veículo – Podemos chegar um pouco atrasados em nosso destino... Por causa da lama e tudo mais.
– Eu te paguei para me levar a cidade Alfieres, não para chegarmos rápido. O tempo não é um problema para mim. – Respondeu a jovem com evidente empáfia em sua voz.
– Está bem. – Deu os ombros – Só queria avisar.
– Agradeço por sua preocupação, humano.
Novamente o ancião deu os ombros, já havia tentado puxar conversa com aquela estranha viajante, mas era impossível. A garota de cabelos louros encaracolados, roupas do mais caro tecido e de designer nobre, carregando duas espadas cujo a empunhadura era da mais pura prata... Só significava que devia ser importante, de algum modo...E o que ela fazia ali? E ainda mais sentada na garupa de uma carroça velha de um humilde comerciante? Não fazia a mínima ideia...
A carroça continuava a atravessar o caminho enlaçamento, até que um certo momento a sua égua empacou, fazendo o velho praguejar ao se sentir impelido para frente devido a inercia do momento.
– Bestys! O que foi? – Reclamou o comerciante tentando incitar o seu cavalo, mas esse nem se moveu, pelo contrário, retrocedeu e relinchou.
– Sei que não gostas de toda essa sujeira, mas querida, toda a estação de chuvas é assim! – Dialogou com o animal, mas parecia que a sua Bestys estava por demais teimosa.
– Humano. – A menina, sua passageira, tinha se levantado e mirava com seus olhos de íris avermelhadas o entorno.
"Ela tinha esses olhos?" Matutou o ancião, só então notara aquele fato, mas a verdade era que a garota evitara (ou melhor não o achava merecedor) de fita-lo nos olhos.
– Não estamos sozinhos... – Continuou ela com uma voz apreensiva, o que contrastava com sua atitude arrogante de momentos atrás. O comerciante olhou em seu entorno, estavam atravessando uma trilha sobre duas encostas recobertas por arbustos e árvores retorcidas.
– Oh! Droga! – Praguejou, afinal, não podia esquecer que as estações de chuvas além de trazerem consigo aquele clima úmido, péssimas estradas também eram as épocas dos maiores índices de...
– Isso é um assalto! – Gritou alguém, a voz advinha de algum lugar próximo, mas o ancião não teve que buscar muito para vislumbrar uma lâmina de uma espada vindo em sua direção.
A garota observava tudo, sabia que tinha força o suficiente para aparar aquele golpe, era rápida e resiste... Era uma característica destacada de sua raça, mesmo assim, hesitou. Suas mãos tremiam e seguravam fracamente a empunhadura das espadas gêmeas.
– Sou mesmo uma inútil... – Rangeu os dentes, por sua incompetência aquele humano iria morrer... Desviou o olhar da cena.
O som de metal colidindo com metal. Não era esse som que a garota esperava ouvir.
– Graça aos deuses! – Rogou o comerciante com alegria. Isso fez com que a garota voltasse seu olhar para a cena e, para sua surpresa, diante de um corpulento e malcheiroso bandido estava um rapaz, cabelos cor de sangue amarrados em um sofisticado rabo de cavalo, roupas de couro negra que moldavam com perfeição em seu corpo esguio e levemente musculoso. O que mais lhe chamara a atenção fora o fato de o novo personagem portar duas espadas!
"Como eu?" Pensou a menina olhando para as suas armas inutilizadas que jaziam em suas mãos trêmulas.
"Mas ele não é um vampiro...Ele é um humano!".
– Sai da frente, garota! – Gritou o assaltante – Meu negócio é com o velhote!
– Pois, estamos em um impasse. – Falou o rapaz fazendo um rápido movimento com as lâminas de suas espadas de modo que fez com que a espada do seu oponente saltasse das mãos do mesmo e rodopiasse para trás, se perdendo em meio a uma poça de lama.
– Primeiro eu não sou uma garota! – Enfatizou passando a mão sobre o seu peitoral liso, a garota que observava tudo corou totalmente, podia entender, em parte, a confusão quanto ao sexo, pois o estranho espadachim detinha curvas e uma bunda que alguns poderiam enquadrar na categoria da anatomia feminina, em outras palavras ele era bem andrógino...Além de ser bem atraente.
A garota tentou não olhar para o seu próprio corpo que mais parecia uma tábua rasa...Sem nenhuma curva sequer! Talvez se deixasse o cabelo curto e evitasse os vestidos seria ela a ser confundida com o seu sexo oposto?
– Segundo, sou eu tenho negócios a tratar com você.
– Como assim? – Rosnou o homenzarrão.
O rapaz apenas sorriu e sustentou nos dedos o pingente de seu colar. Um grande M moldado em prata e bronze.
– Um caçador?! – Agora o bandido tinha mudado o tom, sua voz passou de grossa para fina em uma fração de segundos.
– Pois é, sua cabeça está a prêmio, senhor Dick-Fedorento...Alias, se não reconhecesse a sua face, poderia identifica-lo pelo cheiro!
– Mas não deve ser um valor assim elevado... Ne? – Falava nervoso, mas seus olhos vasculhavam o seu entorno, talvez buscando uma rota de fuga...
– De fato, não é muito... – Sorriu o caçador – Mas posso considerar como bônus, afinal minha verdadeira missão é proteger essas estradas na temporada de chuvas. Estou sendo pago pelo o prefeito de Alfieres.
– Alfieres?! – Exclamou a garota fazendo com que a atenção de todos fossem voltadas para ela. O jovem caçador franziu o cenho.
– Uma vampira?
"Droga...Eu não devia ter falado nada! Mas será que é ele? O humano que procuro?" Pensou aflita e esperançosa, sua busca tinha chegado ao fim, não que fosse uma longa busca, já que fazia apenas uma semana que saíra de casa...Mas, pelo menos já tinha alcançado o seu objetivo!
– Pois, senhor caçador... – Falou o salteador, sua voz se tornara mais firme e confiante, o que não era um bom sinal – Digamos que não estou sozinho nessa empreitada!
E ao terminar a sua fala, gritos de guerra foram ouvidos nas proximidades, aliados do senhor Fedorento estavam se mostrando além dos arbustos e árvores contorcidas das margens do caminho. Entretanto, o ruivo não parecia muito preocupado com o fato de enfrentar mais inimigos.
"Ele pode ser um bom espadachim, mas não pode ser tão bom assim!" Concluiu a menina-vampiro.
– E eu te digo o mesmo, também não estou sozinho. – Mal tinha terminado a sua fala quando um dos bandidos foi lançado de uma das moitas próximas de encontro aos pés do jovem caçador. O homem que vestia uma roupa surrada, exibia cortes em suas costas, mesmo que fossem de certa forma superficiais, vertiam muito sangue.
– Monstro! Monstro! – Gemeu, engatinhando até Dick Fedorento que o afastou com uma mescla de repulsa e medo.
– O que está acontecendo? – Urrou a pergunta para o sorridente caçador que novamente empunhou suas espadas.
– O que está acontecendo? Ora, você está sendo derrotado!
– Até parece que o Grande Dick será capturado por um caçador efeminado e seu parceiro monstrengo! – Nisso retirou uma adaga de sua cintura e avançou.
O caçador ao invés de interceptar o ataque bestial, apenas desviou para o lado fazendo com que Dick se desiquilibrasse (pois deixara levantada a sua perna e o homenzarrão acabou por tropeçar na mesma) e caísse de cara em uma poça de lama.
Dick tentou se levantar, mas o aço frio de uma lâmina o impediu. Havia um homem logo ali ao seu lado, portando uma espada cuja a lâmina estava perigosamente direcionada a garganta do bandoleiro.
– Quem você chamou de monstrengo? – Inqueriu feroz a misteriosa figura, Dick pode notar a palidez daquele rosto de feições altivas. Cabelos loiros igualmente pálidos amarrados em um elegante rabo de cavalo, além de olhos de íris escarlate penetrante – Você se olhou no espelho ultimamente? Acho que sua definição de monstrengo deve estar defasada.
A lâmina afundou levemente no pescoço de Dick Fedorento, que sentiu o corte em sua pele e o sangue quente começar a escorrer. O bandido tremeu, podia ver que sua vida seria facilmente eliminada com um simples gesto por parte daquele ser.
– Victor... Lembre-se que a recompensa é maior para aqueles que estão vivos e não mortos! – Alertou o caçador.
– Já temos uns oito insetos como este. Um a menos não fará diferença.
Dick engoliu em seco, bem que esse ato era meio difícil de fazer quando se tem uma espada de encontro a seu pescoço.
– Ele é o líder, logo vale mais! Pare de fazer drama! – Nisso o ruivo se aproximou do companheiro e tocou-lhe o ombro – E você não é um monstrengo...
– O que? Acha mesmo que fiquei chateado pela a opinião de um humano que nem sabe os princípios básicos da higiene?
– Lógico que não ficou. – O caçador rolou os olhos – Não é como você fosse vaidoso ou algo do tipo, não é mesmo?
Victor semicerrou os olhos e fitou o seu parceiro.
– Leony...Você está sendo sarcástico. – Não era uma pergunta e sim um fato.
– O que? Sou proibido de ser sarcástico agora? Eu não tenho culpa se você perde a paciência quando insultam a sua aparência! Você é lindo, tenha mais confiança em si mesmo!
– Eu não preciso de um discurso motivacional... – Resmungou – E eu sei que sou lindo!
– E humilde também? – O caçador arqueou a sobrancelha com um tom brincalhão.
– Quando você se tornou tão sarcástico? Eu ainda me lembro do humano que tropeçava nas próprias pernas e falava tanta besteira... Bons tempos aqueles!
Agora era a vez do ruivo corar.
– Também me recordo do vampiro que "ajudou" – Leony fez questão de fazer o sinal de aspas com os dedos – um inocente garoto a fazer xixi...Tocando no pinto dele e tudo!
– Você realmente gosta de trazer esse assunto à tona! – Rosnou Victor.
– Ora, não é como tivesse mentindo!
– E não é como você não tivesse gostado! – Agora ele estava dando um sorriso malicioso e orgulhos.
– E-eu...Eu... – O caçador agora estava tão vermelho quanto a tonalidade de seu cabelo.
– Er... – Dick já estava ficando com torcicolo com todo aquele papo estranho – Será que poderíamos negociar...
– Não! – Falaram a dupla em uníssono.
Pelo o visto esse era o fim da carreira do grande Dick fedorento e seu bando.
– Agora temos que amarrar os ladrões e traze-los a cidade... – Matutou Leony que internamente desejava retornar para a pousada aonde estava hospedado para mergulhar em uma banheira de água morna repleta de óleos perfumados, tinha conseguido controlar, ao logo dos anos, a sua mania por limpeza...Pelo menos em parte! Aliás, qualquer um ansiaria por um banho depois de toda aquela luta em meio a lama – Você se importa de nos emprestar a sua carroça para o transporte?
O velho comerciante estava todo sorridente e assentiu animado.
– Lógico! Não tem problema nenhum! Vocês me salvaram a vida e... Espera! Eu tenho uma passageira... Tenho que perguntar a ela sobre a mudança de planos quanto ao transporte. Aonde ela est... – Ao falar isso se voltou para a garota que agora tinha se materializado bem ao seu lado. O ancião quase tivera um ataque de coração ao vislumbrar tamanha velocidade.
– Você é o humano que eu procuro! – Anunciou a vampira apontando para o rosto de Leony que apenas piscou os olhos, confuso.
– Sou?
– Foi você o humano que sequestrou o meu irmão e agora o escraviza por meio de um contrato mágico? – Rosnou a menina.
– Sequestrei? E...Irmão? – Nisso Leony voltou seu olhar para o seu silencioso parceiro.
– Pela dentadura de Nosferatu...Elise? O que está fazendo aqui? – Resmungou Victor levando a mão ao rosto e soltando um suspiro de enfado.
– Não é obvio? Estou aqui para te salvar? – A garota vampiro, ou melhor, Elise, estufou o peito com orgulho de admitir tal missão.
– Me salvar dele? – Victor não escondeu o seu tom de incredulidade ao apontar para o seu agora muito irritado parceiro.
– Pois eu posso ser muito perigoso quando quero ser! – Disse cruzando os braços diante do peito, Victor conteve uma risada...Ou melhor, não se conteve e apenas riu sem dó nem piedade, Leony resolveu ignora-lo – Mas, eu não sequestrei o Victor...A verdade é que ele que veio atrás de mim! Não sei o que andam falando lá na terra dos vampiros, mas o que existe entre nós é uma relação de parceria! Ele assinou o contrato por livre espontânea vontade e...
– Parceria? – Victor fez essa pergunta enquanto enlaçava seu braço na cintura de Leony – Só isso é o que temos?
Elise corou com aquela insinuação e não foi a única, as bochechas do caçador estavam tão avermelhadas como cerejas frescas.
– Victor! – Resmungou o ruivo, mas não se afastou, tentava recuperar o controle da situação mesmo com o braço musculo do vampiro o apertando e fazendo com que seus corpos se aproximassem, consequentemente fazendo que o rubor do seu rosto se alastrasse por seu corpo.
– Agora que você já entendeu o que realmente está acontecendo, volte para casa. – Mandou Victor.
– Espere! Ela acabou de chegar...
– Por isso é mais fácil para ela ir deste modo!
– Victor! – Agora sim Leony se afastou do seu parceiro – Não é assim que deve tratar a sua irmã!
O vampiro rolou os olhos com aquilo.
– Não venha com esse rolar de olhos! Você nunca me falou nada de sua família! Alias, você conhece tudo sobre a minha! – Argumentou Leony – Nesses dois anos que estamos juntos... Você sequer sugeriu que visitássemos Bloody Woods! Veja a consequência... Estão espalhando boatos estranhos ao nosso respeito!
Victor deu os ombros.
– Nem todos tem uma família estruturada como a sua, Leony. E quanto a esses boatos, não precisa ficar tão preocupado...Vampiros são uma raça tão orgulhosa e elitista que esses rumores só ficarão concentrados em Bloody Woods.
– Essa não é a questão... Os vampiros, a sua família... Você não está preocupado com as consequências de sua escolha?
Victor se movimentou rapidamente, segurou a nuca do caçador e o beijou. Elise mordeu o lábio inferior com aquilo, o velho comerciante (que assistia toda aquela novela) soltou um longo assobio.
O beijo logo evoluiu para algo mais quente, algo que era comum de ocorrer quando Victor tomava a iniciativa. Leony sentiu um dos caninos do vampiro arranhando o seu lábio inferior, sangue começou a fluir do corte superficial, era pouco, mais Victor nunca desperdiçava. O vampiro lambeu o corte soltando um gemido de prazer, rouco e animalesco que gerou um calafrio no corpo do ruivo.
– Eu não me arrependo da minha escolha.
Leony sorriu com aquele gesto.
– Então... – Elise que permanecera em silencio durante aquela longa demonstração de afeto resolveu, por fim, perguntar – Você saiu da nossa floresta por livre espontânea vontade?
Victor mirou a irmã com descontentamento.
– Sim.
– Abandonou o seu cargo de caçador dos vampiros, defendendo os limites do nosso reino e mantendo o equilíbrio dos vampiros mestiços?
– Sim.
– Por que você se apaixonou por um humano?
Victor mirou de relance Leony.
– Sim. – Respondeu com um meio sorriso.
– Agora entendo porque o papai estava tão furioso com o seu desaparecimento...Tipo, você ter sido capturado por um humano maligno era uma opção melhor do que abandonar seu cargo e fugir das responsabilidades de nossa família.
–Veio aqui me criticar, maninha? Me arrastar de volta para Bloody Woods? – Victor iria pegar as suas próprias espadas, mas foi impedido por Leony.
– Você não vai atacar a sua irmã!
– O que? Você irá me deixar ir?
– Podemos resolver isso sem tanta violência!
– E-eu não quero brigar com você! – Disse a vampira batendo com força o pé no chão – Eu só...Você sumiu, dois anos sem notícias suas e...Papai dizendo que você foi sequestrado e tudo mais! Eu fiquei preocupada e não entendia por que o nosso progenitor e os anciões que governam o nosso reino não faziam nada para te procurar! Por isso, roubei umas espadas do arsenal e fugi...
–Oh. – Victor suavizou sua expressão – Eu não sabia que você gostava tanto de mim assim, maninha. Ficou com saudades?
A garota corou, Leony deu um tapa no ombro do vampiro (não era como ele fosse sentir o seu golpe, mais o que vale é a intensão).
– Eu te entendo, Elise. – Falou o caçador afagando os cabelos da menina que não soube como reagir aquele gesto tão gentil, seus pais e tão pouco Victor nunca a trataram dessa maneira – Meu irmão mais velho também tinha desaparecido em sua jornada e, tal como você, fui busca-lo, mesmo não sabendo nem como me defender... Desejava encontra-lo para dizer que queria ser como ele, um grande caçador. Você também tem o mesmo objetivo?
Elise corou ainda mais.
– Victor sempre foi um irmão idiota e metido.
– Ei! – Rosnou o referido irmão.
– Mas... Ele era um dos melhores guerreiros de Bloody Wood e...Eu sentia orgulho de ser sua irmã, mesmo que ele nunca parecia me notar... – Confessou adotando uma postura cabisbaixa. Aquilo era humilhante! Viera até ali para provar o seu valor, lutar contra o humano malvado e libertar o seu irmão, pensava que com isso iria ganhar o respeito de Victor e por fim ele a notaria...Mas toda a sua jornada fora em vão.
– Mas eu te notava, nanica. Você era muito chatinha para não ser notada.
– Victor! Não fale uma coisa dessas! – Reclamou Leony.
–Ela vivia me seguindo, perdi a conta das vezes que tive que salva-la na floresta. Vampiros mestiços carregam muito rancor dos vampiros puro-sangue, uma criança puro-sangue perdida é um alvo ideal para eles se vingarem das sanções que são impostas a eles. Por isso eu digo e repito: Eu sempre te notei, Elise.
A garota-vampiro levantou a cabeça para encarar o seu irmão mais velho, não era difícil ler a expressão que estava estampada em seu rosto: Surpresa e felicidade. Leony sorriu ao ver aquela reação, sabia que Victor podia ser meio arrogante (talvez meio não fosse a palavra correta para descreve-lo, talvez ¾ de arrogância!) e, por isso, bruto, contudo, nesses últimos anos tinha aprendido a discernir o amor em meios aquelas palavras presunçosas.
– Viu? Ele se importa com você! – Concluiu o caçador, Elise tinha novamente corado e assentiu timidamente.
– Posso dizer que eu a tolero... – Resmungou Victor.
– Você veio de tão longe para nos achar...Que tal vir conosco para Alfieres? Posso pagar um quarto na pousada em que nos estamos hospedados para que descanse!
– Ela já devia voltar para casa! – Sublinhou Redcliff – Quanto mais tempo ela passar fora de Bloody Woods mais pesado será a punição! Você já viu que estou bem, pode retornar para a floresta e informar o meu "bom" pai que não fui sequestrado!
– T-talvez... – A garota brincava nervosamente com a barra de seu vestido – Eu não queira voltar...
– Como é?
– Sem sua presença, Victor... Bloody Woods não me parece mais um lar. Papai e Mamãe ficam concentrados em seus negócios e só falam comigo para ressaltar as minhas responsabilidades como vampira pura e...Até planejaram meu casamento com um vampiro de um clã aliado...Para manter puro o sangue dos vampiros originais.
Victor soltou um animalesco rosnado. Os ladrões que ainda estavam conscientes tremeram ao ouvirem tal assombroso som.
– Bem, mais um motivo para que você venha conosco! – Insistiu Leony – O que acha?
– Se Victor não se opor... – Murmurou.
– Tsk... – Foi tudo que Victor respondeu, Leony pode traduzir com facilidade tal resmungou. Pelo visto, eles tinham acabado de ganhar uma nova aliada em sua jornada.
***
Leony se sentia totalmente renovado ao retirar toda a lama e demais sujeiras de seu corpo. Alfieres era conhecida por suas fontes termais, de modo que havia várias pousadas com fontes exclusivas para seus clientes... Aquela cidade era um destino turístico cobiçado, por isso a estação de chuvas e os bandoleiros a ela associada era ruim para os negócios. Turistas e comerciantes não viriam a Alfieres sabendo que durante o trajeto seriam alvos dos mais vis bandidos. Por isso, o prefeito clamou pelo o auxilio de um caçador. A tarefa de Leony seria capturar os fora da lei que dominavam o terreno alagado, na verdade, o jovem caçador faria isso independente do pedido do líder municipal...O seu dever como caçador é caçar tais sujeitos, mas deixou que o prefeito o mimasse com o melhor quarto de uma prestigiosa pousada e com sua ampla e limpa casa de banho!
"Estou no paraíso!" Pensou se deixando afundar na piscina de água quente. Sabia que ficaria triste quando as estações de chuvas terminassem...
– Você vai ficar todo enrugado se ficar aí por muito tempo. – Comentou Victor entrando no cômodo sem ao menos se incomodar com a sua mais do que evidente nudez.
– Você andou de nosso quarto até aqui deste jeito? – Inqueriu Leony tentando não olhar muito para a parte de baixo de seu parceiro.
– Obvio que não, usei uma toalha na cintura.
– Só isso?
– O que? Casa de banhos são assim! Pare de ser tão puritano! – Resmungou o outro – Além do mais... Você já me viu pelado muuuuitas vezes, não é mesmo?
Leony borbulhou, estava com o rosto corado (talvez devido o calor das águas) parcialmente submerso, preferiu não responder aquele fato.
– Sabe...Eu não estava planejando que nossas aventuras incluíssem crianças. Não estou afim de servir de babá. – Reclamou Victor soltando o seu cabelo loiro ainda preso em um firme rabo de cavalo. Leony sempre achara mágico quando o seu companheiro libertava suas mechas de sua prisão! As feições do vampiro relaxavam e suas feições se tornavam menos altivas e um pouco mais...Selvagem.
– Ela é sua irmã. – Argumentou o caçador – E o que tem de errado ela nos acompanhar? Ela não parecia muito feliz em retornar ao seu antigo "lar" e ...Para falar a verdade, nem você.
Victor deus os ombros.
– Certo. Talvez eu não goste de minha antiga vida. – Admitiu – Mas isso não signifique que queira mudar minha nova vida, entende? Estou feliz com o modo que vivemos... Só nos dois.
Victor fez questão de enfatizar as últimas palavras. Leony sorriu e se aproximou do seu vampiro. Victor podia ser um poderoso guerreiro, de provocar terror em seus adversários, mas o caçador sabia que por trás de toda aquela fachada de "Vampiro metido e malvado" havia um rapaz extremamente mimado e carente por afeição.
– Ela não vai atrapalhar o que nos temos, Vicky. – Disse o ruivo – Além do mais, eu gosto de crianças... E ela é mais do que especial por ser a sua irmã. Você quase não me fala nada do seu passado, por outro lado, você sabe praticamente tudo sobre mim... Quero te conhecer mais! Somos parceiros...Somos...Amantes... Tipo...
Victor puxou o embaraçado caçador para o seu colo, arrancando uma exclamação de surpresa do mesmo.
– Você já sabe muita coisa sobre mim. – Disse o vampiro dando o seu famoso meio sorriso.
– Sei é?
– Sabe, por exemplo, qual é a minha comida preferida. – Ao falar isso deixou seus olhos escarlates focarem no pescoço do seu companheiro, precisamente na marca de suas presas. Marca essa que o vampiro se "esforçava" muito em mantê-las sempre "novas".
– N-não é desse t-tipo de coisa que estou falando! – Respondeu se esforçado para não se deixar seduzir pelo vampiro.
Victor soltou um suspiro.
– Você sabe de outras coisas...Tal como o modo que gosto que minhas roupas sejam dobradas.
Leony o mirou, assentindo lentamente, de fato, sabia sobre aquilo...Tinha descoberto como Victor era perfeccionista de tal forma que sempre brigava com o serviço de lavanderia donde se hospedavam. O caçador decidiu, por si só, recolher a roupa lavada e passada, dobra-la do jeito que o vampiro gostava e assim as brigas terminavam.
– Sabe que gosto de cuidar do meu cabelo e do seu. – Continuou falando.
Agora o ruivo sorriu amoroso. Victor tinha um ritual de escovar os cabelos antes de dormir e tal hábito ampliou para albergar Leony. Era um momento que eles passavam em um confortável silêncio, bastante relaxante e íntimo.
– Sabe que gosto de passar tempo com a sua família...
Outra verdade, quando iam visitar os pais de Leony, Victor se tornava um verdadeiro cavaleiro, ajudando a mãe do jovem caçador na costura e até participando da colheita com o pai de Leony.
– Menos com o meu irmão. – Frisou o ruivo.
– Tsk. – Resmungou o outro – Ele vive tentando competir comigo...
Leony riu, seu irmão (Leorion) persistia em provocar Victor, o convocando para duelos. Uma competição de testosterona, como Silvanna gostava de apelidar tais "duelos".
– Viu? Sabes muito sobre mim... Se não te falei sobre o meu passado, era por que não via nele nada que valesse a pena contar, comparando com o que tenho agora...Ao seu lado, sinto que finalmente estou completo.
Agora sim o coração de Leony derreteu por completo.
– Victor... Eu também me sinto completo ao seu lado. – Tocando a face do seu parceiro, companheiro e amante.
– Sabe como nos sentiríamos ainda mais completos? – De novo o sorriso travesso foi exposto nos lábios do vampiro.
Loeny não tivera nem tempo de raciocinar a resposta pois sua boca fora tomada em um fervoroso beijo. Victor entrelaçou seus fortes braços sobre a esguia cintura de Leony, colidindo seus corpos quentes não só pelo a temperatura das águas termais, mais pelo próprio fervor associado a paixão. Victor dominava o beijo, se deliciando em provar aquela boca doce... Tudo em Leony lhe era viciante, seu sangue, seu corpo, sua personalidade, o guerreiro vampiro nunca imaginara se deixando dominar por seus desejos, afinal, sua vida sempre uma eterna contenção de seus anseios. Afinal, a busca pela a saciedade era associada ao descontrole e a loucura dos vampiros mestiços, escravos de seus desejos e sede. Contudo, quando estava ao lado de Leony, pela a primeira vez em muitos anos, se sentia saciado. Como se tivesse, por fim, chegado ao fim de uma longa maratona e recebido o seu tão esperado prémio.
– V-Vicky... – Gemeu o ruivinho, em meio ao beijo. Sentia seus pulmões arderem, aquele beijo não só lhe descompassava o coração como roubava o seu alento
– Shh... Não desejas que os funcionários da hospedaria te escutem, não é? – Sussurrou o vampiro, libertando a boca de seu companheiro. Podia apreciar a visão da vermelhidão dos lábios de Leony, do rubor de sua face que competia com o rubro de sua cabeleira úmida.
– Não d-devíamos fazer esse tipo de coisa...Aqui...
– Pretendes retornar duro para o nosso quarto? – Ao fazer aquela pergunta, Victor aproveitou o momento para apalpar a ereção de Leony.
– Ah! – Gemeu ainda mais alto o rapaz, que, com rapidez, tapou a boca com as mãos e lançou um olhar meio fulminante meio excitado para o seu amante.
– O que me diz, Leony? – Insistiu o vampiro, agora massageando o falo que detinha capturado em suas mãos, movimentos de subida e descida, massagem na cabeça do mesmo. Leony tremia de prazer, suas mãos praticamente não se sustentavam, não podia tapar sua boca e impedir que mais gemidos escapassem de seus lábios.
– E-esta bem...Só desta vez. – Sentenciou, já derrotado o ruivinho.
"Você disse a mesma coisa, ontem..." Lembrou Victor, não que fosse enfatizar tal fato para o seu querido humano.
Com aquelas palavras ditas, não havia nada o impedindo de continuar o seu ataque. Em um movimento rápido, Victor levantou o caçador e o colocou na beirada da grande piscina natural.
– O que..?
Redcliff abocanhou o membro de Leony e mais uma vez as palavras que, porventura, iria ser articuladas pelo o ruivo, morreram em sua garganta.
– Deuses! – Choramingou o humano, seus dedos afundaram na cabeleira loura platinada de Victor, este, por sua vez, sugava e se deliciava com aquilo que tinha em sua boca. Adorava ainda mais escutar o efeito que causava em seu parceiro. Leony estava ofegante, seu corpo parecia se movimentar por si só. Aquela boca quente, o toque da língua de Victor... Aquilo o estava levando a loucura. Ou melhor...
– Vicky...Assim...Assim eu irei...
Victor libertou o duro membro de sua boca. Saliva e pre-gozo escorriam pelo falo, aquela visão fez Leony engolir em seco.
– Não irá gozar antes de eu estar dentro de você. – Determinou Redcliff virando, de forma brusca, o humano, de modo que agora ele estava apoiado na beira, com sua bunda exposta para o lascivo vampiro.
Victor lambeu os lábios, sentiu um tipo diferente de sede... Sabia que não ficaria satisfeito tão somente com sangue. Suas mãos navegaram, lentamente pelo corpo de seu amante, até alcançar sua bunda. Ali ele desfere um tapa.
– Ai! Victor?! – Reclamou Leony, mas o tom de raiva do humano não ocultou o deleite em sua fala.
– Adoro ver as marcas que deixo em seu corpo... – Admitiu sorrindo, seus caninos ficaram amostra, mais um novo tapa foi dado e mais um grito de prazer e dor foi emitido pelo caçador.
– Você também adora, não é mesmo?
– C-cala boca. – Resmungou o menor.
– Não devia ocultar seus anseios, Leony.
Um novo tapa, um calafrio de prazer se propagou pelo corpo do humano.
– Deuses! Victor...Se continuar a fazer isso irei gozar! – Choramingou.
– E nos não queremos isso, não é mesmo? – Victor abriu as nádegas de Leony, pode observar a sua entrada, piscando convidativa.
– Sabe a vantagem de fazer amor na água? Nem preciso te preparar tanto...Ainda mais, com a frequência com que fazemos, creio que você consegue me receber sem nenhuma resistência. – Analisou tecnicamente o vampiro.
– Deuses... – Leony levou as mãos ao rosto, tento ocultar seu embaraço – Pare de falar dessas coisas!
Como resposta a aquele pedido Victor apenas riu e se posicionou na entrada de seu amante.
– E-espere...Devíamos sair da psici... AH! – Victor o penetrou de uma vez, Leony não conteve o seu grito de prazer. Todas as preocupações de serem discretos foram eliminadas pelo regozijo de se sentir preenchido pelo grande membro de Victor...E como o vampiro tinha falado anteriormente...Se sentindo completo e conectado ao seu amante.
Victor não esperou muito para começar a movimentar. Retirando totalmente o seu falo do interior de Leony, só para depois estocar com força em seu interior. O som dos gemidos, da água se movimentando e rosnados do vampiro ecoavam pelo ambiente. Em um dado momento, Victor puxou o menor para dentro da piscina de águas termais. Se sentou e fez com que o ruivinho ficasse sob o seu colo, seu membro ainda em seu interior.
– Vic...A água...Vai entrar...E... – Redcliff ignorou as reclamações do humano e começou a movimenta-lo sobre o seu rígido falo. Leony logo se deixou dominar pelo deleite das sensações.
Era perfeito.
Victor emitiu um rosnado bestial, seus olhos de íris rubra brilharam como brasas quentes em uma fogueira.
– Perto... – Foi a única palavra inteligível que preferiu em meio ao seu rosnado. Leony, como resposta, apenas assentiu.
O movimento se tornou errático e ainda mais feroz. O limiar estava sendo alcançado.
– Victor! – O vampiro puxo o rapaz para si e mordeu o seu pescoço. Sangue e prazer. Foi assim que eles alcançaram o ápice, gozando em total ressonância.
Leony estava entorpecido, acariciava os cabelos sedosos de seu parceiro enquanto esse se alimentava do seu sangue. Seu corpo estava amolecido, algo recorrente de quando faziam amor.
– Terei que jantar de novo... – Sussurrou, depois de perder sangue (normalmente ocorria depois que transavam) sentia uma imensa vontade de comer.
– Hum... – Victor lambia o pescoço, limpando traços do liquido rubro e também cicatrizando o ferimento.
– Nos sujamos a água de sangue e... – Agora Leony sentiu vergonha, quando os funcionários entrassem para limpar, iriam notar as evidências do ato bem ali, flutuando e corando as águas antes límpidas.
– Esse é trabalho deles. Não é como eles não tivessem nos ouvido, com a garganta que tens... Aposto que toda a pousada escutou! – Victor sorriu orgulhoso, como se aquilo fosse algo bom.
– Meus deuses! – Leony escondeu o rosto no peitoral musculoso do seu parceiro – Você acho que sua irmã nos ouviu?
Victor deu os ombros.
– Ela terá que se acostumar a isso, se ele quer tanto nos acompanhar em nossa jornada!
Leony só estava que não tivesse traumatizado a criança vampiro.
~**~
– Maldito irmão! – Choramingou a garota vampiro enquanto retornava para o seu quarto, tinha indo a piscina de águas termais para relaxar um pouco depois da sua longa jornada rumo a "encontrar e salvar Victor!". Contudo, seu planejamento de fim de tarde foi totalmente destruído ao ver...Ou melhor...Escutar o que seu irmão e Leony estavam fazendo ali!
– Eles não têm vergonha? – Disse irritada, mais com seu irmão mais velho (que devia ser o culpado de tudo aquilo!) do que Leony (a qual agora, tinha que admitir que começara a gostar e muito).
"Terei que sobreviver a isso?" Pensou se deitando em sua cama, um sorriso se fez nos seus lábios. Mesmo tendo meio que traumatizada com a interação daquele casal, se sentia feliz...
Aquele seria o começo de uma nova jornada...Rumo a encontrar o seu verdadeiro destino no mundo ao lado daquela excêntrica dupla.
~~**~~
Palavras da autora
Pessoal, com essa capítulo eu concluo essa história. Ahh! Mais Nathy eu queria mais histórias, dos outros parceiros! Infelizmente, não irei fazer justamente por que pretendo iniciar outra história interativa no halloween!! Então, o legal é participar de outra votação e com isso vocês escolherem o final de outra história, não é mesmo?
Espero que tenham gostado dessa jornada!
Obrigada!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top