O lobisomen


–Victor foi um mal-educado! –Reclamava a bruxa que bufava de raiva – Nem se apresentar de forma devida ele o fez! Para um vampiro nobre, ele parece ter esquecido toda a etiqueta!

–Que se dane a etiqueta! –Rosnou Leorion –Esse vampiro tocou as partes intimas do meu irmão! Eu ainda vou retornar a Bloody Wood e caça-lo...Pouco me importo se ele é um slayer e que tecnicamente somos aliados... Eu irei fazê-lo pagar por...

–Já chega vocês dois! –Bradou Leony, bochechas vermelhas de embaraço e raiva –Eu já disse que estava bem! Devemos estar focando no meu próximo possível parceiro do que ficar discutindo sobre essas coisas!

–Maninho...Tens certeza que queres continuar? Digo... Não sabemos ao certo o que o outro amigo pervertido da Silv poderá fazer!

–Ei! Eles não são tão pervertidos assim... Bem...Talvez um pouco... –Resmungou a bruxa pensativa –De qualquer modo, Leozinho não se feriu de verdade em nenhum dos encontros anteriores!

–Pode ser que não fisicamente...Mas se levarmos em conta o seu orgulho...

–Eu estou bem...Já disse! Irmão, você será o primeiro a saber quando eu desistir desta busca! Eu te garanto! Mas deves respeitar a minha decisão!

Leorion suspirou longamente. Seu irmão estava certo em relação aquela questão, mas isso não impedia que se preocupasse.

–Então...Qual é o nosso novo destino?

–Bem...Vejamos! –Silvanna olhou a sua lista – Iremos para o norte! Para as montanhas prateadas!

–Oh! Esse nome é bem melhor que a floresta dos corvos, aonde encontrei o Arthur...E nem tem comparação com Bloody Woods! Talvez seja mais fácil! –Falou confiante o ruivinho.

–Não tire conclusões precipitadas... Você irá descobrir quando chegar lá e então veremos se ainda tens tanto entusiasmo assim. –Sorriu provocador Leorion, como resposta Loeny fez biquinho. Poderia ter algo pior que uma floresta morta e outra enfestada por vampiros? Duvidava muito!

~~**~~**~~

Uma rajada forte de vento atingiu o aspirante a caçador o fazendo cair para trás. Aquele lugar nada o que Leony tinha ansiado... Pensava, que iria enfrentar um obstáculo menos perigoso, se comparado as aventuras anteriores, mas pelo visto tinha se enganado totalmente. Diante dele se erguia uma cadeira de montanhas de coloração prateada, provavelmente devido a essa aparência que adveio o nome do lugar... As montanhas bem que eram bonitas, mas o frio extremo, camadas de neve expeça que rodeavam o local de modo que o ruivinho se via quase que coberto pelo o manto branco, sem falar da floresta...Uivos de lobos era ouvidos constantemente.

–As montanhas prateadas! Local perfeito para fazer bonecos de neve! –Disse animada Silvanna, a bruxa estava sentada sobre uma vassoura que levitava, assim a mulher não estava sofrendo para se locomover como os dois humanos.

–Também é um local perfeito para fazer picolés...E advinha qual será os sabores deles? –Resmungou Leorion apontando para si mesmo e depois para o seu irmãozinho.

–Não sejas dramático... Nem está tão frio assim! Estamos no verão!

–Isso é o verão!? Imagino como deve ser o inverno...

–Er... O meu futuro parceiro é o abominável homem das neves? –Inquiriu Leony, se assim o fosse, como seria o futuro daquela parceira? Não queria que o seu parceiro derretesse quando saíssem do norte rumo ao sul!

–Não! –Riu Silvanna –Yetis vivem mais para o oeste, bobinho!

Leorion rolou os olhos com aquela afirmação, como se eles soubessem da distribuição demográfica das criaturas sobrenaturais.

–Aqui iras encontra Yuri Volk, o lobisomem! –Anunciou a bruxa enquanto segurava o seu chapéu pontiagudo, evitando que esse voasse devido as rajadas fortes dos ventos.

–Lobisomem?! Espere...Que eu saiba nestas terras não existe nenhuma alcateia! –O caçador parecia confuso com a informação.

–De fato, não existe... As montanhas prateadas tratam-se do local em que os lobisomens solitários ou exilados são encaminhados.

– O que? Você vai mandar o meu irmãozinho de encontro a feras que não estão submissos a nenhuma legislação de uma alcateia?! Isso é uma terra sei lei!

–Não se preocupe! Sei que Leozinho irá encontrar Yuri antes que algo de ruim aconteça!

–E por que dizes isso?!

–Lobisomens, tal como lobos, prezam por seus territórios! Eu irei encaminha-lo para a o território de Yuri!

–Mas se ele encarar o Leony como um inimigo e ataca-lo?

–Ele não irá fazer isso...-Sorriu Silvanna –Eu já lhe expliquei antes, esses "possíveis parceiros" que escolhi não irão causar nenhum dano físico a Leozinho!

–Estamos perdendo tempo...-Reclamou o ruivinho abraçando a si mesmo para buscar mais calor para aquece-lo – Acho melhor eu entrar na floresta agora e ir procura-lo... Não acho que seja recomendado adentrar lá a noite!

Leorion desenrolou um cachecol de seu pescoço e deu ao irmão.

–Você tem razão... Temo que uma tempestade esteja se aproximando...Tomes cuidado.

–Não se preocupe! –Sorriu o menor enquanto enrolava o tecido no pescoço, agora tinha dois cachecóis para aquece-lo –Voltarei antes que vocês possam imaginar! Além disso voltarei com o meu parceiro!

–Esse é o espírito! –Bateu palmas a bruxa. O caçador nada diz a respeito... Na verdade achava que sua mente já estava praticamente congelada.

~~**~~**~~**~~

O silêncio parecia dominar aquele ambiente. Aquela floresta parecia inabitável ou talvez a neve, que praticamente ocupava todo o local, absorvia o som... Leony estava ofegante, uma nuvem de fumaça esbranquiçada saia de sua boca, sendo este o ar condessado e quente advindo de seus pulmões, já estava andando por uma hora e não sabia ao certo se estava na direção correta que Silvanna tinha lhe indicado. Tudo parecia tão igual! Era arvores e mais arvores... Neve e mais neve! Como saberia a diferença?!

–Acho melhor eu voltar...Eu não quero acabar me perdendo... –Se virou, tentando retornar pelo o caminho que tinha vindo, mas...Onde estava as suas pegadas?

–Ah...Não! – Olhou desesperadamente em sua volta e depois olhou para o céu de azul opaco. Flocos pequenos e tímidos de neve caiam delicadamente... Esses mesmos flocos teriam escondido as suas pegadas ao formarem uma nova camada de neve.

–Perfeito! –Resmungou, não podia estar em uma situação melhor! O que mais faltava acontecer? –Atchim! –Espirrou alto.

–Sozinho, perdido... E agora resfriado! –Talvez fosse o frio que o estava deixando rabugento, mas realmente estava irritado! Por que essa busca por um parceiro ideal não poderia ser mais fácil? Talvez em um restaurante ou em uma praça? Não...Tinha que ser em meio a florestas sinistras!

–Atchim...-Fungou, estava começando a esfriar mais... Tinha que encontrar o caminho de volta antes do anoitecer –Mas... E o tal do Yuri? Eu não posso simplesmente desistir! Esse é o território dele! Pelo menos eu penso que estou no território dele...Não! Tenho que ter confiança! Não posso ter pensamentos negativos agora! Bem...Se até agora eu não o encontrei talvez eu não tenha deixado a minha presença bastante evidente... –Sim! Devia ser isso! Tudo estava tão silencioso, como o lobisomem iria perceber que estava ali?

–Já sei! OHHHH! SENHOR VOLK! O SENHOR ESTÁ POR PERTO! –Gritou com toda a sua força. Como resposta obteve o eco e o cair de neve acumulada em arvores ao seu redor. Fora isso o silencio ainda imperava.

–Devo tentar mais vezes! - Sentiu reacender a chama de esperança em seu coração. Os outros dois encontros anteriores com os seus possíveis parceiros foram totais desastres, principalmente por não tê-los identificado logo de inicio...Desta forma, não teve a possibilidade de expor suas qualidades e nem de convencê-los das vantagens que aquela parceria iria lhes conferir... Mas, agora que tinha para pensar, que vantagens poderia dar a esses seres sobrenaturais tão poderosos? Não sabia lutar... Tão pouco tinha alguma habilidade especial...

–Não! –Balançou rapidamente a cabeça para os lados, flocos de neve saltaram de sua cabeleira ruiva –Não devo pensar desta forma! Eu posso não ser forte ainda...Mas estou disposto a aprender! Além disso, sei que posso ser uma boa companhia...Sei cozinhar, limpar e até mesmo falo mais de um idioma...E...Será que eles também não desejam conhecer o mundo? Lutar contra os maus...Ser respeitado e admirado? Buscar alcançar os limites de suas habilidades? Conhecer novas pessoas... Enfim... Tem tantas vantagens!

Um rosnado baixo fez com que Leony interrompesse suas divagações, novamente olhou em sua volta. Parecia estar sozinho...

–Quem está aí? –Perguntou pegando sua adaga, desde do seu encontro com os vampiros seu irmão o fizera carrega alguma arma, mesmo que não conseguisse ainda empunhar uma espada devido ao peso e sua inexperiência, sabia que podia ferir o seu inimigo, pelo menos o suficiente para que pudesse escapar...

O rosnado foi emitido novamente, agora mais perto.

– Yuri? –Perguntou incerto, será que tinha conseguido atrair o lobisomem?

Para sua surpresa um lobo saltou por detrás de um tronco caído. Leony cai para trás, mais ainda segurava a adaga diante de si apontando para o animal...Na verdade, aquilo não parecia um lobo comum... Tinha pelagem cinzenta, era bem grande, tanto de comprimento quanto de altura. Podia ter o tamanho tal qual um cavalo! Será que era um lobisomem? Nunca tinha visto um...Mas pelos os livros que lerá imaginara algo mais monstruoso, um ser meio humano e lobo, andando em duas patas... Parecia que novamente os livros o havia enganado!

"Eu ainda vou processar esses escritores..." Mas não era o momento para pensar nisso...Estava enfrentando um "grande" problema agora, literalmente.

–Er...Você consegue me entender? Estou à procura de Yuri... Você seria ele?

O lobo nada respondeu apenas começou a andar em círculos em volta de Leony que tentava de alguma forma acompanha-lo com o olhar e com a adaga que segurava. Não iria baixar a sua guarda.

–Olha...Eu peço perdão por ter entrado em seu território sem avisar...Digo... Acho que não dá para avisar essas coisas ne? Tipo...Não é como se o território fosse uma casa e pudesse bater na porta ou mesmo tocar a companhia. –Riu nervosamente –Enfim... Eu só vim conversar... Nada demais!

O lobo parou e encarou com olhos penetrantes o ruivinho.

"Será que ele me entendeu?!".

O animal se lançou sobre o humano, pronto para ataca-lo. Leony rapidamente se defendeu com a adaga ferido o lobo.

"Acho...Que esse não deve ser o Yuri!" Concluiu em sua mente em desespero. Leony observou impotente quando o lobo cinzento abandonava a sua forma lupina adquirindo a forma humana...Não era muito interessante de se observar, ver ossos se quebrando e deslocando, bem a pelagem que parecia se decompor com uma velocidade surpreendente... Mas o processo durou apenas alguns minutos. Agora, diante do aspirante a caçador, estava um homem de cabelos cinzentos, musculoso... O corte da adaga jazia em seu peito. O lobisomem não parecia nada feliz com aquele fato...

–Tsc... Maldito humano...-Rosnou tocando o peito –A lâmina da sua arma é de prata!

–AHAM! –Exclamou alegre o menor –Finalmente uma informação extraída dos meus livros que não é mentira!

O lobo o encarou incrédulo.

–Ótimo...Fui ferido por um filhote humano que nem sabia que poderia me ferir?! Que humilhação...

–Ei...Eu não sou um filhote! Sou adulto! Completei 18 anos faz uns 4 meses atrás! –Falou orgulhoso estufando o peito.

–Ainda cheiras a leite fresco...Filhote...-Rosnou o lobo –Que pena que ainda és tão novo... Mas sabe o que dizem? Quanto mais nova a presa, mais macia e suculenta é a carne...

Leony sentiu um calafrio percorrer a sua espinha.

–Olha...Eu posso te garantir que minha carne não é tão suculenta assim! Eu sou magro! Esses casacos que estou usando é que dá uma falsa impressão que sou gordinho! –Disse nervosamente.

–Pouco me importo... Ossos também são nutritivos, basta roê-los e comer o tutano! –Lambeu os lábios o lobo.

–Eca...Sinceramente...Estou quase aderindo ao vegetarianismo... –Resmungou.

O lobisomem soltou uma risada esganiçada.

–Não terás tempo para isso...Pelo menos não nesta vida! – Nisso avançou em direção do garoto. Este se levantou e ainda apontava a adaga para o outro.

–Cuidado! Eu ainda estou armado! Posso te ferir novamente!

–Eu te subestimei uma vez...Não rei fazê-lo de novo! –Em um movimento rápido, pegou o pulso de Leony e apertou com força. O garoto emitiu um gemido de dor, tentou ainda segurar a adaga, mas a dor era alucinante. Finalmente seus dedos a saltaram. O lobo sorriu com a pequena vitória e jogou, brutamente, o humano de encontro a uma árvore.

–Finalmente terei comida o suficiente por alguns dias... –Sorriu, caninos expostos. Leony tremeu, tentou se levantar mais o seu corpo não o correspondia. Suas costas doíam devido ao impacto, pior estava o seu pulso...Parecia quebrado-Diga adeus a sua vida...Humano...

Um uivo longo parecia cortar o ar. Leony notou que o homem-lobo a sua frente tremeu.

–Droga... Eu não tenho tempo a perder! –Falando isso começou a se transformar em lobo novamente, iria atacar o humano e arrasta-lo para longe daquele território antes que o dono daquelas terras aparecesse. O lobo cinzento, ao fim da transformação, se posicionou para o ataque final. Leony sentiu as lágrimas quentes rolarem em seu rosto....Parecia que chegara ao fim de sua jornada afinal. O lobo saltou...Mas no meio do ar foi interceptado por outro lobo de pelagem branca. Este mordera o seu pescoço. Um ganido de dor foi emitido pelo o cinzento.

Uma luta se inicio entre as duas feras, mas era evidente a diferença de forças, o lobo cinzento tentava inutilmente atingir o outro lobo, mas este desviava e o atacava com precisão. No fim, o lobo cinzento, já bastante ferido e cambaleante resolve fugir.

Leony não sabia se deveria sentir alivio ou medo... Aquele novo lobo poderia ser o seu novo inimigo e agora não tinha a sua adaga para se proteger.

O lobo virou para encarar o humano, se aproximou lentamente. O ruivinho tremeu e fechou os olhos temendo o pior. Entretanto, ao invés de um ataque mortal sentiu algo quente e molhado em sua bochecha. O focinho do lobo estava colado ao seu rosto, o farejando. Quando desceu para o pescoço parcialmente exposto do ruivinho, já que um dos cachecóis tinha se perdido com o impacto com a árvore, Loeny não pode conter o riso, afinal aquilo lhe fazia cocegas.

O lobo se afastou, como estivesse assustado com aquela reação.

–Oh...Desculpe... Meu pescoço é sensível...-Disse sorridente, não achava que aquele lobo iria machuca-lo, afinal ele tivera chance para tal e até o momento nada o fez.

–Shhh...Não se assuste! –Levantou a mão que não estava machucada e tentou acariciar a pelagem branca do lobo, este se aproximou novamente e farejou a mão, ainda desconfiado –Eu só quero te agradecer...- Riu enquanto afagava o focinho do animal, aos pouco este deixou que o humano se aventurasse, permitindo que este o acariciasse.

–Parece que você gosta disso, não é rapaz?! –Sorriu Leony ao ver que o rabo do lobo balançava rapidamente para os lados. Subitamente o lobo se afastou.

–Ai...Espere... –Choramingou chateado o ruivinho, afinal estava começando a se divertir.

O lobo, parecia pronto para fugir.

–Ei...Não me deixe aqui! Atchim! –Espirrou ao ponto da catarro sair por seu nariz. O lobo emitiu um ganido –Eca! –Choramingou o ruivinho tentando se limpar – Não é como se isso fosse a minha culpa! –Corou envergonhado.

O lobo o observou por mais alguns instantes e correu. Leony tentou se levantar para chama-lo novamente, mas a dor em suas costas o impediu.

–Droga... –Resmungou, o que iria fazer? Não podia se movimentar... Estava com frio, resfriado e...

RONC!

O grunhido emitido pelo o seu estomago lhe informou que para somar a lista, também estava com fome.

–Perfeito...-Choramingou, abraçou as pernas perto do seu corpo, tentando manter diminuir a perda de calor para o ambiente. Os minutos passavam e Leony sentiu seu corpo ficando dormente... Sentiu sono... Sabia que não podia dormir, mas parecia ser uma luta impossível de se vencer. Suas pálpebras estavam pesadas, tal como o seu corpo...

A escuridão logo o alcançou e Loeny caiu desfalecido na neve...

~~**~~**~~

Cheiro de sopa...Foi a primeira coisa que o ruivinho notou quando seus olhos se abriram, sua barriga roncava demandando o seu alimento. Mas primeiramente o aspirante a caçador devia saber aonde estava. De primeira vista parecia uma casa, mas olhando com mais precisão notara que as paredes eram curvas e irregulares, constituídas de pedras! Tratava-se de uma caverna, mas que tinha o conforto de uma residência. O humano estava coberto por pele de animais e...

–Pelos deuses...Eu estou nu! –Notou rapidamente quando levantou a manta de si, realmente estava tal como veio ao mundo. Olhou para os lados, aflito, buscando suas roupas. Antes que pudesse se levantar, o som de passos o sobressaltou...Alguém se aproximava. Leony puxou as peles de animal para cobrir ainda mais o seu corpo. De modo que só seus olhos estavam descobertos.

Um homem alto, cabelos brancos, quase prateados, pele morena que contratava ainda mais a coloração de sua cabeleira. Olhos de íris azuladas observaram Leony, o garoto logo o reconheceu, tratava-se do lobo branco que tinha o salvado, só que agora em sua forma humana.

–Você está nu! –Choramingou o ruivinho, o homem olhou para a sua cintura como se só agora tivesse notado o fato. Trazia nas mãos uma tigela de sopa, esta foi colocada sobre uma pequena mesa de madeira. O rapaz pegou uma das várias peles de animais que estavam jogadas pelo o chão e amarrou em sua cintura. Depois de se "vestir" o homem levantou o olhar para o humano, como que esperasse a sua aprovação.

–Está bem...Acho que você não é acostumado a se vestir...Não é?

O estranho rapaz negou com a cabeça e se sentou diante de Leony, se aproximou e começou a farejar o garoto que tentava se afastar, parecia que aquele "nudista" não tinha noção dos limites da "zona de conforto"!

–Er...Eu estou bem! Obrigado...Você me salvou, não é?

O rapaz assentiu se afastando, pegou a tigela de sopa e entregou a Leony. O ruivinho pegou, relutante, mas logo levou a tigela aos lábios e bebeu o seu conteúdo. Estava faminto! Quando terminou percebera que o rapaz-lobo o observava.

–Obrigado novamente...Estava delicioso! –Sorriu.

O rapaz se levantou subitamente e pegou a tigela. Leony estava cada vez mais confuso com os atos do seu salvador. E por que não falava? O outro lobisomem tinha falado...

–Acho que eu tenho que ir...-Disse tentando se levantar, com as mantas cobrindo o seu corpo. O ruivinho deixou escapar um gemido de dor que fez o rapaz vir ao seu encontro rapidamente.

–Ah...Eu estou bem...Devo estar um pouco machucado, mas sei que logo irei me curar e...

O rapaz não esperou que o humano explicasse, pegou as mantas e as retirou bruscamente. Leony emitiu um gritinho agudo, nada masculino, tentou cobrir o seu corpo nu com as mãos.

–O-o que você pensa que está fazendo?

–Quieto. –Mandou o rapaz, tinha tanta autoridade em sua voz que Leony não pode dizer "não" ao comando e automaticamente se calou. O homem parecia apreciar o silêncio, voltou sua atenção em examinar o garoto, suas mãos navegando pelo o corpo do ruivinho, sendo que este mordia o lábio inferior tentando conter que qualquer som saia de sua boca, afinal não queria desobedecer o outro.

"Quando me tornei submisso assim?" Perguntou para si mesmo, surpreso com suas próprias atitudes. Enquanto isso, as mãos do lobisomem ainda percorriam seu trajeto misterioso pelo o corpo de Leony, pareciam massagear e algumas vezes apertavam alguns locais.

–Ah...-Soltou um gemido baixo, o humano enrubesceu devido a isso, levando ambas as mãos a boca, tapando-a. O rapaz levantou o olhar, fitando o humano com curiosidade. Um dos seus dedos subiu pelo o peitoral do humano, alcançando uma protuberância que seria um dos mamilos róseos do garoto. Tocou e apertou.

–AHH! –Gemeu abafado Leony –N-não faz! D-doi...

–Hum... –O lobisomem parecia concentrado em sua descoberta e ignorou o pedido do menor, continuou a "brincar" com o mamilo, logo este ficou ereto e avermelhado.

–Hum...Pare! Não é aí que estou machucado! –Resmungou Leony.

–Já disse para ficar quieto. –Mandou novamente o lobo e como na outra vez o humano não conseguiu negar a dominância e se calou.

O rapaz se abaixou e farejou o mamilo, Leony estava ofegante, nunca imaginara que podia sentir sensações tão discrepantes com simples toques naquele local. Sentia dor e desconforto, mas também prazer...Isso era tão estranho.

–AH! –Gritou o ruivo ao sentir seu mamilo ser envolvido pela a boca do lobisomem. Aquilo já era demais!

O rapaz chupou e mordiscou, enquanto sua outra mão massageava e apertava o outro mamilo. Leony não continha mais os gemidos.

–N-não! Ah! Isso...Isso é estranho! Não devíamos estar fazendo isso! –Choramingou, levou as mãos na cabeça do lobo. Este levantou o rosto para encarar o humano e emitiu um rosnado...Não era o mesmo rosnado que o lobo cinzento, era algo diferente. De alguma forma tal som teve um efeito direto em Leony, fazendo com que o menor cruzasse as pernas rapidamente.

"Eu não acredito! Estou excitado!".

– Por que devemos parar? Eu sei que estas gostando...Posso farejar o seu desejo.

–Não! –Leony negou com a cabeça –O seu nariz está com defeito! Vamos parar com isso agora!

–Tolo...Seu corpo clama por mim... –Falando isso se aproximou do pescoço do ruivinho e o lambeu de leve, inconscientemente Leony tombou a cabeça para o lado, dando mais espaço para as ações do lobo –Viu? Você é submisso a mim... Desejas ser dominado. Eu irei adorar cravar meus caninos em seu pescoço...Marca-lo como meu.

–Não! –Leony empurrou o lobisomem com uma joelhada, rapidamente se cobriu com as mantas –Fique longe de mim!

O rapaz sorriu, pela a primeira vez o que fez Leony tremer, não sabia se aquilo era algo ruim ou bom.

–Talvez...Não sejas tão submisso assim...

–Olha! Acho estamos tendo um mal entendido aqui...Eu agradeço muito por ter me salvado e me alimentado! Mas esse negócio de submisso é muito estranho! Eu vim aqui buscar por Yuri Volk e não para ser...Seu submisso!

–Eu sou Yuri Volk...-Falou o lobo desamarrando a manta que cobria sua cintura, expondo novamente o seu corpo nu, contudo agora tinha um acréscimo. Uma ereção bastante evidente.

–Pelos deuses! –Virou o rosto para um lado qualquer, seu coração batia rápido.

–Por que está a minha procura?

–Por que você está despido de novo?!

–Primeiro responda a minha pergunta...

–E-eu...Eu...-Tentou recuperar a calma, inspirou fundo e expirou –Eu desejo ser um caçador, por isso vim para convence-lo em ser meu parceiro...

–Silvanna te mandou aqui, não é mesmo?

–Como sabes? –Se virou para encarar o lobo, grande erro! Seu rosto ficou totalmente vermelho ao ver a nudez do outro –Ai pelo amor de todos os deuses! Por que não se vestes?! –Cobriu os olhos com as mãos.

– Eu estou acostumado a viver assim...Nós lobisomens transitamos em nossa forma animal e humana continuamente, roupas atrapalham. Você não pareceu se importar com esse fato quando o lobo cinzento estava te atacando a momentos atrás.

–Isso por que eu estava sendo atacado! Eu tinha que me concentrar em me manter vivo do que notar as...As partes pudentes do meu oponente!

Yuri riu baixo.

–E ainda pretendes ser um caçador? Você precisa ser protegido...Eu posso fazer isso, se você aceitar ser meu... Não iras se preocupar em ser atacado novamente.

–Não! Eu já tive a minha cota de pessoas tentando me proteger durante toda a minha vida! Esse é o momento eu quero demonstrar que posso me defender sozinho!

–Está fazendo um ótimo trabalho...-Respondeu o lobo, irônico.

–Quer saber? –Retirou as mãos dos olhos e finalmente encarou o lobo, agora sim estava furioso – Eu preferia você na sua forma de lobo! Pelo menos ficava calado e era mais fofo!

–Fofo? –Rosnou Yuri –Eu sou um lobo alfa! Não sou fofo!

–Como se eu soubesse o que alfa significa... –Deu os ombros, tentou se levantar, desta vez conseguiu, engoliu a dor que sentia – Meu sonho é me tornar forte...Não quero ver os outros sempre se preocuparem comigo... Você não deve saber como é...Sentir que todos te olhem como fosse feito de porcelana, te julgarem incapaz de exercer certas atividades por sua aparência! Quero ser forte para mostrar a eles... Quero também ter a oportunidade de protege-los!

Yuri balançou a cabeça.

–Você está certo...Eu não sei como se sentes...Nunca precisei abaixar a minha cabeça a ninguém ou fui protegido.

–Pois é...Eu imaginei... Mas isso me faz me lembrar de algo que minha mãe uma vez me disse, que mesmo o mais forte das criaturas tem suas fraquezas, mas paradoxalmente, tais fraquezas é o que os torna ainda mais fortes.

–O que isso significa? –Rosnou o lobo, não gostava de ter sua força questionada, não tinha fraquezas... Era o mais forte lobo das montanhas prateadas.

–Eu não sei... –Deu os ombros –Eu não sou forte ainda para saber disso...Presumi que você soubesse já que és tão forte, alfa, dominante! –Disse irritado enquanto vasculhava pela a caverna, buscando suas roupas.

–Ei...Aonde pensas que vai? Eu não te autorizei a sair. –Novamente a autoridade na voz, Leony sentiu o seu corpo lutando para corresponder aquele comando, mas por fim sua vontade venceu.

–Eu não sou sua propriedade para mandar em mim! Eu já lhe agradeci pela hospitalidade e por ter me salvado...Mas é evidente que não queres ser meu parceiro, não é mesmo?

–Lógico que não...Não me submeto a ninguém! Lobos tem hierarquia e eu estou no topo dela!

–Pois estas enganado...Ser um parceiro significa que teremos posições iguais, um em relação ao outro!

–Isso também é impossível de ocorrer...-Sorriu arrogante –Sei que és do tipo submisso...

Leony corou.

–P-pois se enganas! –Em um dos cantos encontrou finalmente a sua roupa – Bem, eu irei indo...

–Você está ferido...Devia deixar pelo menos que eu trate a suas feridas.

–Não! –Respondeu rapidamente o menor já se dirigindo a entrada da caverna, só os deuses sabiam até onde seria o limite do "cuidar dos ferimentos" daquele lobo...Além disso, não queria que Yuri notasse a sua ereção! Não iria dar esse prazer a aquele lobo metido ser dominante.

Yuri o observou sair... Não sabia o que fazer, era a primeira vez que alguém o negava alguma coisa. Sem falar, que era a primeira vez que se dispunha a cuidar de alguém e até alimentar! Isso era estranho...Muito estranho... Ele era um alfa, os outros lobos o temiam... Até outras raças de seres sobrenaturais expressavam a sua admiração. Mas aquele pequeno humana o tinha enfrentado...E por que não se sentia irritado com esse ataque a sua autoridade?

–Tsc...-Não entendia por sentia como se tivesse perdido algo... Mas o que seria? Assumiu a forma de lobo e foi para a entrada da caverna, podia ver o humano se distanciando. Suas orelhas lupinas se abaixaram em sinal de tristeza e uivou...

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