Epilogo -Primeira parte (demônio)


Um ano depois...

–Beba mais! –Ofereceu uma mulher de cabelos verdes, roupas negras e colantes enfatizavam as curvas de seu corpo atraente. Os outros homens na taberna encaravam o acompanhante da charmosa fêmea com olhares de ciúmes, inveja e raiva.

–Agradeço pela a oferta, mas sinto que devo recusar... –Disse o jovem de cabelos castanhos e olhos de íris amareladas, sem dúvida ele era belo o que não diminuía a inveja dos ocupantes do local.

–Você nem bebeu a sua taça! –Disse a mulher indicado a taça ainda cheia do rapaz –Não gostas da bebida oferecida aqui? –Ela fez biquinho, querendo parecer fofa.

–Não é isso...É que eu não costumo beber e comer muito, digamos que minha dieta é bastante limitada! –Sorriu o jovem o que fez a mulher corar.

–Oh! Que pena... Será que nem a minha bebida especial irás querer?

–Especial?

–Sim...Digamos que todos que bebem praticamente perdem o coração...Para a bebida, é lógico! –Piscou sedutora.

–Aposto que diz isso para todos os homens aqui...

–Não! Lógico que não! Só para os especiais.

–Oh...Então você me acha especial? –Sorriu galante.

–Muito... –A mulher correspondeu o sorriso, contudo parecia hipnotizada pelo o jeito do outro.

–Então, me dá esse tal drink especial.

–Dar o que? –Suspirou ainda sonhadora.

–A bebida...Você não iria me dar uma?

–Oh! Sim! Sim! –Falou nervosa e totalmente rubra, logo a mulher se levantou e buscou a dita bebida. Os membros da taberna reclamavam resmungando baixo, pois parecia que todos ambicionavam ter a atenção da dona da taberna e também desejavam a famosa bebida.

–Aqui está...- Um copo contendo um liquido borbulhante foi posta na mesa.

–Hum...Isso parece interessante. Fico pensando que gosto deve ter... –O rapaz pega o copo, mas é interrompida pela a mulher que segura o pulso.

–Espere...Ainda não...

–Ah? Por que não?

–Eu gostaria... Bem...De um beijo antes...

–Um beijo? –O rapaz sorriu novamente o que fez a dona da taberna suspirar –E por que não podemos beijar depois do drink?

–Ora... Não faça tantas perguntas...-Disse pegando a gola da roupa do outro e o puxando para si –Não queres beijar a mulher mais desejada deste vilarejo? –Sorriu orgulhosa.

–Er...

A mulher não iria deixa-lo responder, com força aproxima seus rostos, lábios próximos...

–Não sabia que essa taberna os clientes ganhavam beijos? –Falou alguém, o som forte de algo sendo enfiado na madeira da mesa o que fez que esta tremesse. Era uma adaga e estava próxima demais da mão do rapaz que engoliu em seco, tentando em vão se afastar da dona da mulher.

–Ah? –A dona da taberna encarou de relance quem interrompia o momento –Não está vendo que estamos ocupados?

–Oh? Sério? –Um jovem de cabelos ruivos, longos amarrados em forma de rabo de cavalo, na verdade era preciso uma analise mais atenta para notar que de fato aquele rapaz esguio era de fato um homem, pois seu rosto afilado e as curvas que compunham o seu corpo podia colocar em desconfiança a sua masculinidade. A dona da taberna também notou que os outros ocupantes do local agora estavam observando o forasteiro, principalmente olhando a bunda do mesmo.

–Tsk...-Resmungou, não estava acostumada em ter concorrentes sejam eles outras mulheres ou homens que pareciam mulheres.

–Será que podes me soltar agora? –Perguntou o outro rapaz ainda sendo segurado pela a gola em uma posição nada confortável.

–Você realmente está gostando de toda essa atenção, não é mesmo? – Disse o ruivo cruzando os braços diante do peito.

–Querido...-Sorriu –Sabe que só tenho olhos para você! E não só meus olhos, todo o meu corpo é só seu!

–Já chega Asmeram! –Resmungou já corado o outro rapaz.

–AH? –Nisso a mulher soltou o outro subitamente –Você...E...Ele?

–Finalmente...-Suspirou Asmeram –Já estava cansado de fingir...

–O...O que? Fingir?

–Interessante bebida...- Analisou o ruivinho pegando o copo.

–Ei! Largue isso! –Rosnou a mulher se levantando e tentando pegar o drink, mas o jovem facilmente desviou de sua investida.

–Por que? O que de tão especial nessa bebida? Na verdade, eu acho muito interessante o fato que aqueles que a beberam nunca falaram nada a respeito... Na verdade, nem são mais vistos! Simplesmente somem!

–Está me acusando de algo?

–Não... Ou será que sim?

–Vocês vêm a minha taberna, me enganam e ainda me acusam, do que? Fazer que pessoas sumissem por tomarem minha bebida? Que ridículo!

–Se é tão ridículo assim, tome essa bebida, tendo em vista que ela é inofensiva! –Sorriu o ruivo amistoso.

Os outros ocupantes da taberna observavam tudo curiosos, alguns cochichavam entre si, realmente nunca tinham conhecido alguém que tinha tomado a dita bebida, mas o boato ainda continuava sobre indivíduos que a tomavam e depois passavam a noite com a dona da taberna, muitos homens desejavam isso, afinal a mulher era uma beldade!

–E-eu... –A mulher encarou o copo que lhe era oferecido, engoliu em seco.

–O que foi? Não é uma simples bebida? –Provocou o ruivinho.

–Maldito...-Rosnou pegando o copo e o lançando em direção ao forasteiro, mas este nunca atingiu o seu destino, ficando levitando no ar a poucos centímetros do rosto do ruivo.

–Tsc... Tsc...-Disse Asmeram fazendo um sinal de "não" com o dedo indicador –Ninguém machuca o meu Leony!

–V-você... –A mulher gaguejou ao ver que o rapaz que há minutos atrás estava flertando tinha alterado a aparência, seus olhos assumiram uma coloração amarelo intensa, caninos eram exibidos em seu sorriso, orelhas semelhante a elfo substituíram as orelhas antes considerados normais, mas o que foi mais impactante foi o rabo com a ponta triangular que surgiu, balançando atrás do ex-humano –Você é um demônio!

–Bastante observadora! –Riu Asmeram –Grande parte dos humanos não reconhecem um demônio tão rapidamente...Estou mais acostumado a ser chamado de monstro ou criatura, mas você, minha cara, acertou!

–Isso demonstra um conhecimento em seres paranormais... –Completou Leony descruzando os braços deixando a vista um colar cujo pingente havia um símbolo bastante conhecido...

–Um caçador... - Rangeu os dentes a dona da taberna.

–Exato. –Sorriu Leony –Então, deves já concluir por que estou aqui...

–Como ousa entrar em minha taberna tecendo acusações infundadas!? Vocês caçadores se acham os donos da verdade! O poder subiu a cabeça! Não tem nada de errado em meu estabelecimento comercial, tão pouco na minha bebida!

–E por que você não a bebeu? –Leony pegou o copo que ainda flutuava no ar.

–Ora... Eu não gosto de receber ordens! Ser forçada a agir contra a minha vontade!

–Mesmo que essa ordem lhe traria a inocência?

–Do que está me acusando, afinal?

–Margareth Smith, pelo menos é assim que és conhecida aqui, se mudou para esse vilarejo a cerca de um ano, no momento que passou a residir nessa localidade o número de desaparecidos do sexo masculino praticamente triplicou, mas lógico esse vilarejo já tem um histórico de desaparecimentos por se localizar perto de uma área critica propenso a ataque de criaturas diversas além de que muitos viajantes procuram fortunas escondidas nos pântanos que margeiam o vilarejo, tendo em vista a lendas antigas de rochas cravejadas de diamantes e outras pedras preciosas existirem em meio às lamas e nevoa densa do pântano... Esse ambiente instável parecia ser ideal para que você se estabeleça... Os desparecimentos causados por você seriam ocultados pelos outros provocados por monstros e pela natureza traiçoeira dos pântanos.

–Como ousa...-Leony levantou a mão interrompendo que Margareth continuasse a sua fala.

–Eu ainda não acabei... Quando recebi essa missão do prefeito deste vilarejo eu demorei um pouco para entender o real inimigo, na verdade o povo acreditava que uma nova espécie de monstro agora habitava os pântanos e provocou o aumento nos desaparecimentos, fui contratado para capturar tal criatura, mas o fato é que a fauna e flora do pântano continua a mesma me fez reconsiderar a teoria inicial... Mas eles não erraram: de fato um novo monstro chegou ao vilarejo.

–E que tipo de criatura seria? –Perguntou risonha a mulher cruzando os braços diante de si –Tudo o que você disse até agora não passa de suposição, que provas tem de me ligar a esses desaparecimentos?

–Verdade! São suposições, mas...- O ruivinho enfiou a mão dentro do seu casaco e retirou um papel já amarelado pelo o tempo e lançou sobre a mesa, uma desenho antigo de uma jovem risonha e gordinha estava disposta no papel - Margareth Smith, 57 anos, profissão: comerciante, dona de taberna, status: desaparecida... Isso é datado a mais de 50 anos, ao menos que você seja alguma parente desta mulher, afinal utilizas o seu nome e também os papeis pertencentes ao estabelecimento comercial da mesma, eu não vejo outra associação...Pois como pode evidenciar pelo desenho, você nada parece com ela. Além disso, pelos registros...-Leony pegou um caderninho em seu outro bolso do casaco – O seu nome, Margareth Smith, apareceu em diversos locais diferentes e também associados com tabernas e...Olha que interessante! Também envolvido com o aumento de desaparecimento de indivíduos do sexo masculino na área! E isso ocorre a mais de 60 anos... Você me parece muito jovem para perdurar tanto tempo no negocio, não é mesmo?

A mulher começou a rir, seus cabelos esverdeados caíram sobre o seu rosto. A gargalhada dela parecia ecoar pelas as paredes do local. Os outros clientes logo se levantaram e correram para a saída, fugindo da taberna que agora parecia mais perigosa do que o próprio pântano.

–Você é o primeiro caçador a chegar tão perto da verdade... –A voz daquele que se denominava Margareth agora tinha mudado, parecia esganiçada e fria –mas ainda não respondeu a minha pergunta... Que tipo de criatura você achas que sou?

Leony virou o rosto para Asmeram que, por sua vez, observava toda a cena com as pernas cruzadas flutuando tranquilamente no ar.

–Oh! Esse é o momento que posso falar? Eu estava me divertindo tanto vendo meu pequeno virgem lidando com a situação... Alguém já lhe disse como você fica sexy com essa atitude toda de profissional?

–Asmeram...-Novamente o demônio provocou o rubor dominar o rosto alvo do ruivinho – Esse não é o momento para flertes!

–Ops...Desculpe! Esqueci que devo fazer isso somente em nosso quarto, quando eu retiro cada peça de sua roupa e beijo todo o seu corpo...

–ASMERAM!

–Desculpe de novo! –Gargalhou –Oh! Sim... Você perguntou sobre a seu tipo? Ora, trata-se de uma resposta muito fácil! Eu já vi muitos humanos decaírem na busca pelo o poder, controle e...Imortalidade. Beleza eterna. Isso atrai muitos indivíduos para as trevas... Mas lógico que isso tem um preço caro a ser pago, pois nada é dado sem uma troca.

–Demônio...Não fale como me conhecesse! –Rosnou –Você não sabes nada sobre a vida humana para me julgar!

–E eu não estou te julgando! –Sorriu – Só estou discorrendo sobre a arte da necromancia, afinal ela é muito atraente...Enquanto muitos temem a morte outros são atraídos pelo o enigma do fim da vida, ou, talvez, tentando entender como escapar da própria morte.

A mulher bateu com a mão fortemente na mesa, a taberna como um todo parecia tremer com aquela ação. Velas se apagaram, uma luz esverdeada parecia advir das paredes do recinto, o cheiro de podridão também começo a ser sentido.

–Então...-Continuou a falar Asmeram ignorando as alterações no ambiente a sua volta –Como sentiu se tornando uma necromante? Mas precisamente uma lich? Quando começou a notar que ao longo dos anos seu corpo começou a deteriorar? Decompor? Quando começou a buscar por vitimas para retirar a energia vital advindo do coração para manter a sua aparência humana saudável e bela?

–Calado!!

–Na verdade eu até achei estranho... Lichs normalmente não se importam com a aparência, vocês são considerados um tipo de mortos-vivos... Seu corpo irá decompor, tal como qualquer outros...O que importa para um necromante é a sua imortalidade e poder magico, mas parece que você entrou nessa "ciência" por outros motivos...

–Eu não sabia que meu corpo iria ficar assim...-Falou a mulher encarando as próprias mãos, Leony notou que a pele da mesma estava ficando cada vez mais pálida –Eu queria ser imortal...Permanecer jovem para sempre...Bela...Busquei alternativas, os vampiros não estavam abertos a novas transformações. Problemas na superpopulação é que alegaram, além disso não queria ser uma escrava da "fome" por sangue...Não...Deveria ter outro meio...A necromancia me pareceu mais fácil... Eu teria poder e imortalidade, mas... –Levantou o rosto, o caçador pode observar a carne que moldava seu belo rosto escorrer, finalmente revelando a real aparência esquelética de Margareth –Veja o que isso fez comigo?! Eu sou horrenda!

–Matar homens e arrancar-lhes o coração não justifica o estrago que fez em sua vida... –Começou a falar Leony.

–Ou morte! –Completou Asmeram sorridente.

–Você não entende... Talvez não agora que és belo e jovem! Mais um dia irá envelhecer, ninguém irá lhe dar atenção! Ficaras sozinho!

–Isso é mentira... –O demônio agora assumira uma atitude séria que surpreendeu até mesmo o seu parceiro caçador –Eu sempre ficarei ao lado de Leony... Se pensas que a aparência física é a única coisa que mantes as pessoas unidas, que faz elas serem amadas, está errada! É evidente que nunca conheceu o amor. Quando se ama, trata-se de gostar do outro alguém muito além de sua beleza superficial, é sim amar suas atitudes, personalidade, gostos e desgostos...E isso não irá mudar tão rápido ao longo dos anos e nem irá findar na velhice! Leny nunca ficará sozinho, além de mim, existem muitos outros que o amam e ficarão sempre ao lado dele!

Leony sorriu com aquela confissão, também sentiu seu coração bater forte com aquelas palavras, sabia que com o contrato passaria a envelhecer mais lentamente por compartilhar sua alma com a de Asmeram, mas isso não o tornava imortal...Saber que o demônio não iria abandona-lo na velhice e que...O amava... Causava uma grande felicidade e conforto. Se não tivessem trabalhando teria puxado o demônio para um beijo. Asmeram parecia ter ouvido tal linha de pensamento pois sorriu para o humano que , por sua vez, corou.

–Idiota! Tolo! Imbecil! Amor? –Riu com escarnio o que era estranho tendo em vista que não tinha língua, era só um esqueleto com longos cabelos verdes... Extremamente estranho –Isso não existe!

O chão da taberna começou a se romper, mãos cadavéricas forçavam a sua saída, eram zumbis, os corpos revividos daqueles que tinham desparecido.

–Tantos...-Havia pesar na voz de Leony que se movimentou rapidamente pegando a sua adaga que ainda estava fincada na mesa.

–Acha que irá destruí-los com essa faquinha?! –Gargalhou a Lich.

–Eles não são os meus oponentes, você que é...-O caçador olhou para seu parceiro sobrenatural que sorriu.

Asmeram finalmente pousou no chão, os zumbis urrava e tentavam sair dos buracos por eles formados, saindo do subsolo da taberna.

–Bem... Acho que terás que pensar em outro tipo de negocio que não envolva tabernas! –Estalou o dedo e uma pequena esfera de fogo de coloração escura se formou.

–Não! Irá queimar a todos nós!

–Parece que você realmente não tem um conhecimento tão aprofundado de minha raça...Esse é um fogo produzido por mim, desta forma, irá só queimar quem eu quero! –Nisso Asmeram deixou que a esfera caísse no chão, ao tocar a madeira o fogo se alastrou, os zumbis que agora já tinham subido, cambaleavam vindo em sua direção coberto de chamas.

–Isso seria uma nova definição de churrasco? –Perguntou o demônio sorridente enquanto destruía os zumbis com socos.

Leony nem se preocupou em respondê-lo, aquelas piadas eram realmente fora de contexto! Definitivamente não era o momento certo para brincarem...

–Você deve estar muito orgulhoso... Ter um namorado forte para te apoiar e proteger! –Disse a lich os poucos indícios que se tratava da mulher sensual de a momentos atrás residiam unicamente nos cabelos verdes, contudo agora assumiam uma coloração mais opaca, no lugar do seu corpo estava um esqueleto, com algumas partes ainda dotadas de carne o que geravam maior repugnância e o aspecto ainda mais cadavérico.

–Eu sinto muito...-Falou o ruivinho.

–Ah? Por que está se desculpando? –Perguntou confusa.

–O que você se tornou foi por causa disso, não é? Por não ser amada?

A lich o encarou, não dava para prever muito bem se ela estaria irritada, surpresa ou apenas o observava... Afinal, para ter expressão deve ter um rosto para tal.

–Não sinta pena de mim, caçador... Se queres me matar apenas faça isso! Ao menos que saiba como matar um lich! –Nisso ela se lançou sobre o menor que desviou com rapidez, no processo conseguiu ataca-la, cortando o braço. O ossos caiem no chão, mas continuam se mexer buscando a sua dona.

–Um lich ganha a vida eterna por colocar a essência de sua vida em um objeto...Se destruí-lo será o seu fim.

–Oh! Parece que realmente você fez o seu dever de casa, caçador! E como irás saber onde está esse objeto tão precioso? Lógico que eu não deixaria em um lugar evidente a qual todos podem ver! Não sou tão idiota assim!

–Não...Eu sei que não é! –Sorriu a mulher morta-viva emitiu um grunhido, não gostava o quão tranquilo o humano estava diante daquela situação –Acha mesmo que iriamos implantar esse plano sem termo te observado por muito tempo?

–Observaram?

–Coletamos informações... Alguns dos seus clientes, mesmo que bêbados, são bastante observadores, principalmente depois de oferecermos duas ou mais garrafas de vinho como incentivo para reativarem as suas memórias.

A lich rangeu os seus dentes, já estava cansada de ouvir aquilo tudo. Se atacasse agora, independente se o caçador soubesse ou não do seu objeto valioso, poderia mata-lo e isso significava matar também o demônio já que as almas de ambos estariam interligadas. A mulher-cadáver atacou, usando a sua outra mão esquelética, tentou agarrar Leony, mas esse desviou novamente, desta vez lançou a adaga no meio do rosto da lich que urrou de dor. Ela podia ser imortal, mas aquilo não significava que ao passar dos anos tinha se tornado imune à dor. Leony valeu-se do momento do momento para saltar a bancada que separava o bar da área exclusiva da barista.

–Maldito seja! –Urrou a lich retirando a adaga do rosto putrefato, com o braço que ainda dispunha atado em seu corpo lançou uma esfera de energia em direção ao jovem caçador que se lançou ao chão, desviando, contudo não pode se esquivar dos armário atrás de si que explodiu ao ser atingindo pela bola mágica. Garrafas, copos caíram sobre si.

–Eu vou te matar! – Novas esferas de energia foram lançadas de forma aleatórias em direção ao bar. Leony, em meio ao caos, tentou buscar o seu alvo, tinha que se lembrar de suas investigações.

–Há algo mais que gostaria de relatar em relação à dona da taberna? –Perguntou Leony a um velho cuja aparência lhe caracterizava como um bêbado típico, roupa suja, barba por fazer, bafo forte de álcool. De inicio se apresentou relutante em cooperar com a investigação, mas depois do oferecimento de bebida acabou de descrever com uma riqueza de detalhes a taberna e os hábitos dos seus clientes bem como da bela taberneira.

–Bem...Vejamos...Eu já disse que ela é bela, não é? Tem belos de uns...-Nisso fez uma indicação com as mãos para o seu peito, fechando e abrindo o punho para descrever em meio de gestos o que de fato queria dizer.

–Fora isso...-Resmungou meio corado Leony.

–Hum... Acho que não...Espera! Tem algo...Não sei se pode ser mesmo importante.

–O que seria?

–Eu só vi algumas vezes somente...

Leony esperou meio cético sobre o que o bêbado poderia dizer, afinal apesar da ajuda que tinha dado, muitas vezes seus relatos se tornavam repetitivos.

–Um colar com um pingente... Ela usa...Mas não sempre...Fica acariciando...Me lembro de uma vez ter perguntando o que era? Se era valioso, sabe? Não que eu pretendia roubar ou algo do tipo...Mas só por curiosidade! Ela não me respondeu só retirou rapidamente o colar e o guardou.

–Aonde?

–Hum...Estou me sentindo meio que com sede. Isso atrapalha a minha memória, sabe? Já não sou o mesmo homem de antes... Minhas costas doem, meus joelhos doem... –Choramingou o velho exibindo um olhar maroto para o seu copo vazio. Leony rolou os olhos, logo encheu o copo com mais bebida –Oh! Agora me lembrei! Ela se abaixou, acho que existe uma espécie de alçapão abaixo do bar, onde ela guarda aquela bebida especial que eu lhe falei. Não entendo por que ela guardou ali, digo... Não parecia ser algo tão precioso assim para ser guardado junto com tal bebida! –Falou irritado, lógico que para ele a bebida seria o "bem" mais precioso do que qualquer joia.

"O alçapão!" Pensou buscando o que o bêbado tinha lhe relatado. Podia ser mentira, aquilo era uma grande possibilidade... Mas fora a único informação que conseguira ,das varias entrevistas que tivera com diversos bêbados da pequena cidade, que realmente poderia significar algo próximo do objeto que podia conter a alma da lich.

–Onde está? –Resmungou, na verdade era difícil de buscar algo em meio aquela confusão. Sua mão apalpava, randomicamente, o chão buscando a alça que seria do dito alçapão.

–Ei! Bruxa! –A voz de Asmeram fez Leony estremecer, não queria que o demônio se intrometesse em sua luta, mas no momento deveria calar o seu orgulho e se concentrar na resolução daquela investigação – Para alguém que diz que não sabia que a necromancia iria lhe causar essa mudança de aparência até que tens muitos poderes...

–Não me chame de bruxa! –Gritou a lich –E o que está insinuando?

Leony ouviu mais uma esfera de energia sendo lançada, contudo não de encontro ao bar, logo supôs que fora direcionada a Asmeram.

"Oh! Não!" Pensou aflito temendo que seu parceiro se machucasse, Lichs eram serem fortes, o suficiente para batalharem de igual-a-igual com um demônio, além disso, Asmeram perdeu parte dos seus poderes ao se tornar seu parceiro, afinal o incubus não podia deter todos os poderes do seu status anterior de rei, agora estava compartilhando a alma com um humano e como consequência perdera parte de suas habilidades. Isso fazia com que Loeny se sentisse em parte culpado e responsável pela a segurança do demônio.

–O que estou insinuando? –O jovem caçador suspirou aliviado ao ouvir novamente a voz de Asmeram indicando que tinha escapado do golpe a ele lançado – Nada de mais...Só que talvez, quem sabe você não estivesse mesmo buscando a beleza e a vida eterna.

"Como assim?" Leony deixou essa pergunta dominar seus pensamentos enquanto suas mãos buscavam o alçapão "Ela não desejava ser bela? Bem aquilo fazia sentindo... Todo aquele que adentra no mundo da necromancia e afunda tanto nesse conhecimento ao ponto de se tornar um lich deveria saber suas consequências, não podia ser apenas um leigo brincando com magia negra e a morte... Mas se ela não buscava a beleza... O seria sua real intensão?!" Suas mãos colidiram com o metal frio e circular... Era a alça. Leony logo começou a abrir a porta escondida no chão.

–Você não sabe nada sobre mim... Não sabe nada sobre a minha vida tão pouco sobre a minha morte! –Guincho a mulher-zumbi.

–De fato, não sei... Contudo, devo lembra-la que não sou um simples demônio. Sou um incubus...

–E daí?

–Minha raça se alimenta de sentimentos... Mas precisamente o de conteúdo sexual, lógico. Mas isso não nós impede de sentir os outros sentimentos.

A lich permaneceu em silêncio. Leony observou o espaço escondido abaixo da porta, lá tinha espaço para guardar pequenos barris onde deveria conter a bebida "especial" que a mulher usava para entorpecer as suas vitimas antes de retirar-lhes o coração. Contudo em meio a esses barris havia uma caixa de aparência antiga, se podia notar que o tempo já tinha consumido a verdadeira coloração do recipiente, ferrugem o dominava. Leony o pegou com cuidado e o abriu...

–Você tanto expressou o escárnio com relação ao "amor", dizendo que não existe...Mas o que sentes agora, além do ódio e rancor, é o amor. –Continuou a falar Asmeram.

–Mentira! Eu não sinto isso! –Gritou.

Leony tocou o medalhão e o abriu. Uma foto antiga se encontrava ali.

–Eu vou destruir todos vocês... Como ousam? Me julgarem sem nada saberem? Vou transforma-los todos em zumbis e irão apodrecer ao meu lado!

–Não! –Interpôs Leony se levantando de onde estava trazendo em suas mãos o medalha, uma luz tênue era emitido do objeto –Seus anos de escravização de almas inocentes acabaram... Se entregue a justiça e será julgada pelos seus crimes.

–Você o encontrou... –Sorriu a Lich, pelo menos era o que jovem caçador supunha eu fosse um sorriso, afinal era meio difícil saber isso tendo em vista que a mulher-zumbi não dispunha de lábios –Finalmente... –Nisso ela apontou o dedo para Asmeram, mais uma esfera de energia se formando, o demônio a encarou confuso, logo braços dos zumbis antes destruídos, e ainda em chamas, seguravam suas pernas o impedindo que se movesse.

–O que está fazendo? –Perguntou alarmado Leony.

–Se o ama...Sabes o que deves fazer...-Disse simplesmente, estava prestes a lançar o seu poder fatal por sobre o incubus. O caçador retirou rapidamente uma adaga de seu cinto e fincou a lâmina no medalhão.

Uma luz ofuscante dominou o local. Um grito de dor foi emitido. Leony pode ver, com dificuldade pois a luz o impedia de decernir as formas, a lich se decompor diante de seus olhos... Estava virando pó! Mas ela parecia estar feliz, teve a impressão de até ver uma lágrima escorrer de sua orbita escura e rolar em sua face de crânio. Aquele era o seu fim.

–Leony! –Gritou Asmeram tomando o caçador em seus braços e voando dali. O fogo agora consumia toda a taberna e a estrutura do local estava ruindo. Os dois escaram antes que toda a taberna tenha desabado... Realmente aquele era o fim.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top