Caçadores

Nós caçadores somos apenas homens habilidosos. Homens que não servem a nenhum tipo de majestade, entretanto servem a si mesmos. Caçadores são pessoas que vivem resolvendo problemas. Se alguém coloca um preço pela cabeça de alguém ou de alguma coisa, um caçador resolve esse caso, na maioria das vezes com honra e justiça, mas as vezes com ganância e soberba.

Eu sempre estive sozinho. Não tenho pai, não tenho mãe, não tenho irmãos, não tenho ninguém. Tudo o que tenho são minha espada, meu arco, minhas flechas e meu livro de alquimia.

Não foi fácil conseguir isso. Não se pode roubar uma espada e usá-la como se fosse sua. Imagine ser visto pelas autoridade portando uma espada cravada por um símbolo inimigo, ou mesmo símbolo aliado mas não sendo um membro oficial da força aliada.

Deve-se conseguir as coisas com trabalho e mais trabalho: tanto é que desempenhei diversas funções em minha vida, sendo garçom, faxineiro, jardineiro, barman, ajudante de ferreiro, entregador, escudeiro e hoje um caçador.

Adquiri diversas virtudes em meio a tantas experiências. Como tratar as pessoas, como ser justo e como ser bom. Aprendi a importância de conquistar as coisas, não roubá-las -- tanto é que, neste reino, as penas para quem comete tal atrocidade é severa. Quando a lei funciona, não há porquê desobedecer.

Enquanto barman, aprendi do que os homens gostam. Alguns só gostam de bucetas e bebidas. Outros, como eu, gostam não só dessas duas coisas, como também gostam de matar. Principalmente matar quem merece morrer. E enquanto ajudante de ferreiro, aprendi que tipo de lâmina é boa, que tipo de lâmina as pessoas mais usam, etc. Enquanto entregador, aprendi a importância do comércio e das entregas. Mas minha vida como caçador só foi possível graças à meus tempos de escudeiro, servindo ao Lorde Forrester, da casa Forrester do Norte.

Ron Forrester me ensinou a sobreviver sozinho, embora seja irônico o fato de que eu o ajudei a sobreviver. Mas de certa forma, a lição primordial é: nunca estamos sozinhos. Sempre devemos buscar alguém para cuidar de nós, e alguém para cuidarmos. Se importar. Querer. Amar.

Ron, o Lorde Forrester, era herdeiro de umas terras no Norte, filho do Rei do Norte, o bravo Arthur Forrester. Ele sabia muito bem como empunhar uma espada, e não só me ensinou como fazer isso como também nunca reclamou quando eu participava do treinamento com alguns de seus soldados no acampamento. Aprendi com esses caras tudo sobre combate corpo-a-corpo e também a usar um arco e flecha.

O lance com a alquimia foi um pouco complicado. Ainda estou aprendendo. Matei um velho que estava sendo caçado por amaldiçoar a esposa de um lorde aliado da casa Forrester. Ele tinha vários livros no esconderijo dele, mas apenas um deles estava escrito numa letra legível e num idioma que eu consiguiria traduzir. Roubei este livro e deixei os outros.

Aprender a ler foi uma tarefa complicada que Ron Forrester me deu, mas valeu a pena. Aprendi vários truques de alquimia, sendo alguns bem básicos: criar coisas com os ingredientes certos.

Não é como se eu soltasse fogo pelas mãos ou duplicasse moedas de ouro. O máximo que sei é criar poções específicas e criar óleos especiais para colocar nas lâminas por um tempo. Preciso procurar mestres alquimistas pra aprender mais, só que não é barato uma aula com qualquer um deles, nem mesmo fácil de se encontrar um mestre -- ou sequer fácil de se livrar dos boatos caso eu seja visto com um.

...

Ontem mesmo eu havia partido numa caça à um urso que estava assustando alguns moradores da região mais próxima. Estava frio. O norte pode congelar o rabo de qualquer um que não se acostumar com o clima. E quando estive seguindo as pegadas do urso, pata por pata, ouvindo seus gritos ecoando em boa parte do morro, analisando seus arranhões nas árvores e danos visíveis, pude perceber que este urso não deveria estar ali. A "toca" dele, por assim dizer, ficava longe demais. Não teria motivos para um urso ter chegado aqui. Foi aí onde alguns moradores teorizaram que o urso foi controlado por um feiticeiro que queria assustar os moradores -- por alguma razão que ninguém ainda pensou.

Deixei uma isca para o urso: um salmão pescado há duas horas, pronto pra ser devorado. E quando o urso veio, eu peguei meu arco, mirei bem na cabeça do urso e atirei.

A flechada acertou no pescoço...

O filho da mãe do urso ainda conseguiu fugir com meu salmão.

Eu poderia ter matado o urso queimando a pele dele, mas isso não seria lucrativo. Eu precisaria da pele do urso para provar que eu o matei, e para vendê-la também.

Infelizmente o urso escapou.

Se ele voltar, os moradores ficarão insatisfeitos com o serviço.

...

Dias depois...

Um caçador e amigo de longa data, Hygor, me encontrou numa taverna aqui no Vilarejo de Gump, jogando damas com um bêbado. Ele se aproxima da mesa e diz:
- "E aí, cara. Não tem serviço pra hoje?"

Eu faço uma jogada mal pensada, olhando pra ele:
- "Tem alguns contratos, mas são pra caçadores mais avançados."

Ele coloca um saquinho de ouro na mesa e diz:
- "Vamos. Eu tenho um contrato, e se vieres comigo, te dou uma parte."

O bêbado faz uma jogada e come três peças minhas e faz dama. Falta apenas uma peça minha para ser comida e cerca de quatro peças dele.

- "Foda-se!" - Eu digo, bagunçando o tabuleiro e desistindo do jogo.

Eu pego o saquinho de moedas e me levanto, dizendo:
- "Vamos lá, Hygor."

...

Nós andamos pelo vilarejo enquanto ele fala sobre o contrato. Ele explica:
- "Tem uns trolls numa zona um pouco ao sul. Peguei este contrato com a coroa nórdica. Eles querem limpar os arredores e os locais de caça, e para provar meu valor, eu aceitei o contrato."

- "Então vamos lá. Não podemos decepcionar o Rei, né?!" - Eu aceno, dizendo - "Acho que só a gente dá conta. Gente demais atrapalha."

Hygor pega seu machado e diz, concordando:
- "Isto aqui é tudo o que eu preciso. Muito afiado e bastante leve, haha!"

Eu sorrio, dizendo:
- "Porra! Você é o cara!" - Risos.

...

Montamos no cavalo de Hygor e partimos para o sul horas depois de meio dia. A posição do sol está determinando algo como se fosse 17:20 horas.

Enquanto cavalgando, ele diz:
- "Este pangaré aqui é alugado. Está difícil pra comprar cavalos hoje em dia."

- "Eu domei um cavalo selvagem quando eu morava no sul, mas o desgraçado fugiu quando eu vim para o norte." - Eu digo.

- "É difícil com esse clima." - Ele afirma.

...

Chegamos numa zona cheia de árvores. Eu digo:
- "Olha! Acho que eles podem estar por aqui."

Hygor entra com o cavalo lá. O cavalo parece estar rejeitando o local. Nós descemos e Hygor diz:
- "Caralho! Fica quieto, mula véia!"

O cavalo começa a fugir para o caminho contrário. Hygor reclama:
- "Filho da puta!"

- "Ssshhh! Vamos fazer o menos barulho possível. Veja só isso." - Eu digo, apontando para cima.

Alguns pássaros voam sobre as árvores. Já é crepúsculo, cerca de 17:55. Eu pego meu arco e digo:
- "Acho que vamos ter preocupações maiores."

Hygor volta e começa a caminhar rumo às árvores. Ele diz:
- "Viemos até aqui pra isso mesmo. Vamos logo com essa porra!"

...

Chegando no meio das árvores, quase escurecendo, escutamos alguns ruídos:
- "GROAAARRR!!"

É um troll de dois metros.

Eu e Hygor nos comunicamos por sinais pra evitar fazer muito barulho.

Nos aproximamos dos ruídos e encontramos um pequeno bando de trolls. Eles costumam caminhar mais pelas árvores, e pararam por aqui por conta dos animais de caça. Cervos, alces, coelhos e até mesmo alguns lobos. Muitos trolls aqui podem atrapalhar a caça por alimentos.

Nos escondemos e esperamos os trolls passarem. Eu miro na cabeça de um troll com meu arco e flecha enquanto Hygor se aproxima vagarosamente com seu machado. Ele acerta uma machadada e eu acerto um disparo de flecha, vez por vez. Uma machadada para morte rápida e uma fechada na cabeça para garantir a morte -- além de evitar que eles gritem.

Porém...

Um troll vê Hygor antes, já exala os braços e grita:
- "RRAAAAARRRRHHH"

- "PUTA MERDAA!!!!!!!" - Hygor grita, correndo para se posicionar melhor e pegando seu escudo.

Eu vou correndo até ele, com minha espada em mãos. Não tenho escudo, pois tenho mobilidade melhor apenas com espada e arco.

Quatro trolls estão nos cercando. Matamos seis na surdina e agora temos que lidar com quatro no combate.

- "Vê se não morre, cara!"

- "Hoje não, meu parceiro!" - Eu respondo.

...

Corto o antebraço de um dos trolls e enfio a espada dentro da barriga dele, isso o mata rapidamente, mas a espada fica presa nele. O outro troll vem tentando me chutar, me agarrar e arranhar, mas eu esquivo empunhando meu arco e acertando uma flechada bem no joelho dele. Ele fica caído, enquanto eu me aproximo e chuto a cara dele, enfiando uma flecha dentro do olho dele com minhas próprias mãos.

Hygor se vira bem. Ele se move facilmente, pois a arma dele é leve, e nós caçadores não temos costume de usar armaduras pesadas, então temos boa mobilidade.

Ele usa o escudo para bloquear as braçadas do troll, e com isso ele acerta machadadas fatais no pescoço e no ombro. Ele derrota o primeiro troll e joga o machado na cabeça do outro troll, prendendo o machado e rachando todo o crânio dele.

Eu suspiro. Ele suspira. Começamos a rir, ele pegando seu machado e eu pegando minha espada.

- "Cara, essa foi a maior loucura que fizemos essa semana." - Diz Hygor.

Eu começo a esfolar o corpo dos trolls, querendo pegar os dentes deles, o couro e alguns pelos. Isso pode ser útil para venda, para alquimia e até para provar que matamos os trolls.

- "Cara, quanto vão nos pagar?" - Eu pergunto.

- "Eles vão nos pagar 200 coroas de ouro. Te dou a outra metade da sua parte quando chegarmos lá." - Ele responde. Ele me deu 50 coroas, então faltam mais 50. Ele ficará com as outras 100 coroas que ele ganhar.

- "Fechou então, brother." - Digo enquanto caminhamos para fora, guardando as armas e os items adquiridos na caça.

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