Capítulo Trinta e Dois(final da 1°parte)

Marlon Shipka:

Uma sombra densa e pulsante se espalhou pelo chão da arena com a rapidez de um relâmpago, deslizando como um manto negro que engolia tudo ao seu redor. Em questão de segundos, ela se fechou ao redor dos pés de todos presentes, subindo pelas pernas e escorrendo por debaixo da pele como um veneno invisível, infiltrando-se nas veias, envolvendo músculos, ossos e, por fim, o coração. Um arrepio percorreu o ar, e os gritos de pavor e surpresa se intensificaram.

Alguns lutaram contra a invasão sombria, mas a resistência foi inútil. A magia os consumia rapidamente, arrancando o controle de seus corpos. Um por um, eles caíam de joelhos, submissos, e seus olhares vazios se voltavam para o dono daquela magia infernal. Matteo, com um sorriso macabro no rosto, observava seu trabalho com um prazer cruel. Em cada olhar perdido, ele via o reflexo sombrio de sua vitória, o eco fumacento de sua força negra corroendo a vontade dos indivíduos.

A sombra avançava em minha direção também, tentando envolver meus pés, mas eu não permiti. Com um esforço concentrado, invoquei minha própria magia, e uma luz intensa explodiu à minha frente, desfazendo as sombras que tentavam me sufocar. O brilho era tão poderoso que iluminou cada canto da arena, arrancando gritos de surpresa dos dominados.

— Como isso é possível?! Ninguém deveria ser capaz de destruir minhas sombras! — Matteo berrou, a fúria evidente em sua voz. O sorriso presunçoso em seu rosto se contorceu em ódio puro.

Eu sorri de lado, sabendo exatamente como provocá-lo. Matteo sempre foi um pavio curto, alguém que se deixava consumir pela própria arrogância.

— Você ainda é o mesmo tolo, Matteo. Vou te mostrar o que significa ser um bruxo de verdade! — disse, minha voz cheia de determinação e desprezo.

Sussurrei as palavras de poder, e a terra respondeu ao meu chamado. Um punho de pedra e terra surgiu com força descomunal, atingindo Matteo em cheio e lançando-o para longe como uma boneca de trapos. Ele foi arremessado violentamente, colidindo contra uma parede da arena com um impacto que fez a estrutura estremecer. Sem hesitar, virei para os cavaleiros, que ainda lutavam contra a influência das sombras.

— Cavaleiros, protejam os cidadãos! — ordenei com firmeza, minha voz cortando o caos ao redor. — Esse idiota é meu!

Com um movimento ágil, me impulsionei para o alto e me lancei na direção em que Matteo havia sido arremessado, deixando para trás os gritos desesperados das pessoas e, acima de tudo, o clamor de Otto, que ecoou em meus ouvidos como um apelo angustiado. Mas eu sabia que essa batalha era minha. Não poderia me deixar distrair.

A adrenalina pulsava em minhas veias enquanto voava na direção do perigo, concentrando toda minha energia no próximo embate. O ar ao meu redor parecia vibrar com a tensão crescente, e por um breve momento, tudo se silenciou. Sabia que Matteo não desistiria tão facilmente; ele voltaria com ainda mais força e raiva. E eu estaria pronto para enfrentá-lo, não como uma vítima de seu ódio, mas como alguém decidido a pôr um fim definitivo em sua ameaça.

Essa luta não era apenas sobre poder, mas sobre enfrentar o passado, os erros que nunca foram corrigidos e a vingança que Matteo carregava como um fardo podre. E hoje, eu estava determinado a garantir que ele não voltaria a levantar sombras sobre ninguém.

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Matteo flutuava diante de mim, sua figura era um espectro da pessoa que ele foi um dia. Seu corpo parecia estar à beira da decomposição, com pedaços de carne e pele se desprendendo como folhas secas. Eu podia sentir a presença maligna da magia necromante que o envolvia, misturada com feitiços instáveis e encantamentos que nem consegui identificar completamente. Isso só confirmava uma coisa: minha negligência na coleta de informações sobre magia estava me custando caro.

— Deixe-me te explicar algo, seu desgraçado — Matteo começou a dizer, seu sorriso maníaco distorcendo ainda mais suas feições corroídas. — A razão pela qual estou vivo é simples: um homem se apaixonou por mim. Ele fez de tudo para me trazer de volta, e sua devoção me teletransportou instantaneamente de volta ao mundo dos vivos.

Enquanto ele falava, um de seus dedos se soltou do resto do corpo e caiu ao chão com um som surdo. Era óbvio que a magia que o mantinha de pé estava longe de ser estável. Ele não passava de uma marionete decrépita movida pelo ódio e pela obsessão.

— Eu me lembro de ter lido algo semelhante no passado, mas não compreendi totalmente o significado... nem o preço que se paga por esse tipo de ressurreição. — Minha voz soou firme, mas minha mente analisava rapidamente a situação. A alma dele e o corpo morto estavam em um processo de fusão forçada, mas ainda estavam frágeis e desconexos. Era uma questão de tempo até que ele se despedaçasse completamente.

Matteo tentou conjurar um feitiço, mas nada aconteceu. Seu rosto contorceu-se em fúria, e eu não pude deixar de rir.

— Vejo que ainda não conseguiu controlar sua magia das sombras — provoquei, com um tom debochado.

Furioso, ele cerrou os punhos e avançou em minha direção, rasgando o céu com sua velocidade. Mas era óbvio que ele não tinha o controle que imaginava. Seu corpo já não respondia como antes, e o ódio era o que o guiava, não a razão. Ele era uma sombra do guerreiro que um dia foi, e isso o tornava mais perigoso em sua imprevisibilidade, mas também mais fácil de derrotar.

Enquanto ele atacava descontroladamente, eu me movia com precisão e graça. A magia que eu conjurava manipulava o espaço e o tempo, criando saltos entre segundos, pausas breves que me permitiam ver e reagir antes que ele pudesse sequer perceber. Era uma magia divina, uma arte reservada para aqueles que possuíam o domínio absoluto sobre suas habilidades. Matteo, com toda sua fúria cega, não tinha chance.

Ele errava golpe após golpe, enquanto eu me deslocava de um ponto a outro, como um borrão intangível. Minha mão se envolveu em pura energia mágica, e com um movimento calculado, comecei a desferir socos em seu corpo de diferentes direções. Cada impacto ecoava com um som oco, seu corpo se deteriorando mais a cada ataque. Matteo cambaleava, ofegante, sua expressão oscilando entre dor e desespero.

Finalmente, um dos meus golpes o acertou com força suficiente para jogá-lo do céu. Ele despencou como uma pedra, e antes que pudesse se chocar contra o chão, uma enorme sombra se ergueu para amortecer sua queda. Era sua própria magia tentando protegê-lo, mas ele estava à beira do colapso. Seus pulmões lutavam por ar, seus olhos estavam vidrados, e ele parecia mais próximo da morte do que da vida.

— Você é patético, Matteo — declarei com frieza, descendo suavemente até o solo. — Sua obsessão pelo passado o condenou a isso, a ser um cadáver ambulante, movido por uma magia instável e um ódio vazio.

Eu sabia que ainda não havia terminado. Mesmo em seu estado deplorável, Matteo era perigoso. Sua determinação doentia o mantinha de pé, mas agora, ele estava apenas prolongando o inevitável.

Enquanto ele reunia o que restava de sua força, preparei-me para o golpe final. Desta vez, não haveria retorno para Matteo. Eu me asseguraria de que ele não voltasse a assombrar este mundo ou qualquer outro.

Matteo avançou com toda a força que ainda conseguia reunir, seu corpo deteriorado movendo-se em um frenesi de desespero e ódio. Seus olhos ardiam com a chama persistente de quem não sabe quando desistir.

— Isso ainda não acabou! — ele gritou, sua voz ressoando com um tom rouco e determinado, enquanto erguia a mão em minha direção.

Senti a magia se concentrando ao redor dele, densa e sufocante, uma mistura caótica de sombras e maldições antigas. O ar ao redor começou a tremer, e uma onda de energia escura se formou, pronta para me atingir. Matteo estava disposto a arriscar tudo em um ataque final, mesmo que significasse a destruição completa de seu corpo.

Mas eu não recuei. Mantive meu olhar fixo nele, sentindo a adrenalina percorrer minhas veias, meu corpo preparado para reagir. Com um movimento rápido, canalizei minha magia, criando um escudo de energia pura que brilhou com intensidade, como uma barreira luminosa entre mim e o poder sombrio que Matteo estava prestes a liberar.

A energia dele explodiu em minha direção, uma onda negra e pulsante que parecia gritar em agonia enquanto avançava. O impacto foi violento, o chão tremeu e o ar se encheu de faíscas e fragmentos de poder, mas meu escudo segurou firme, bloqueando a investida.

— Você não entende, Matteo? — gritei acima do som estridente do confronto. — Não importa o quanto você tente, sua magia não é mais o que era. Você está lutando contra o inevitável!

A sombra que ele conjurava começou a rachar, o poder instável ameaçando consumi-lo. Matteo cerrou os dentes, recusando-se a aceitar a derrota. Mesmo assim, o desespero estava evidente em seus olhos. Ele sabia, lá no fundo, que estava lutando uma batalha perdida.

Eu aproveitei o momento de hesitação. Com um gesto decidido, invoquei uma rajada de magia concentrada, mirando diretamente no ponto onde a energia dele estava mais fraca. Um feixe de luz perfurou a escuridão, rompendo a sombra que o envolvia e atingindo-o em cheio.

Matteo gritou, uma mistura de dor e fúria, enquanto seu corpo se desintegrava lentamente, como areia soprada ao vento. As sombras ao redor dele começaram a se dissipar, e por um instante, ele parou de lutar, seus olhos se fixando nos meus com uma expressão de derrota.

— Não... pode acabar assim... — sussurrou, sua voz agora quebradiça, quase apagada.

Eu me aproximei lentamente, ainda cauteloso, mas certo de que ele não tinha mais forças para reagir. Quando fiquei a poucos metros, olhei diretamente em seus olhos.

— Adeus, Matteo. É hora de você descansar de vez.

Com essas palavras, a última fagulha de magia que o mantinha de pé desapareceu. Seu corpo colapsou, transformando-se em poeira que o vento rapidamente levou embora. Restava apenas o silêncio pesado e o ar carregado de energia dissipada.

Respirei fundo, sentindo o alívio misturado com a exaustão. Ao longe, pude ouvir o som de passos se aproximando rapidamente. As vozes de Otto e dos cavaleiros ecoavam, mas por um breve momento, tudo o que eu queria era fechar os olhos e deixar aquele capítulo sombrio finalmente se encerrar. Matteo se foi, e com ele, parte de uma história que deveria ter ficado enterrada no passado.

De repente, algo me atingiu com uma força avassaladora, me tirando o equilíbrio no ar e arrancando o fôlego dos meus pulmões. Antes que eu pudesse reagir, vi uma figura sombria surgindo diante de mim, segurando o corpo inerte de Matteo nos braços. A surpresa e o choque se misturaram com a dor do impacto. Minha visão ainda se ajustava, mas logo consegui discernir o rosto do intruso.

— Não era de se esperar menos do bruxo que salvou os impérios — a voz masculina ecoou, carregada de um tom sarcástico e calculado. Quando finalmente foquei minha visão, pude ver o homem claramente. Ele era imponente, com uma presença que parecia distorcer o próprio ar ao seu redor. Seus olhos eram um poço de escuridão, e ele segurava Matteo como se ele fosse uma simples marionete.

— Deve estar surpreso — ele acrescentou, um sorriso frio brincando em seus lábios.

Meu corpo ficou tenso e uma sensação de alerta percorreu minha espinha.

— Quem é você? — perguntei, tentando manter o tom firme apesar da situação.

— Não precisa saber. — Sua resposta foi cortante e desdenhosa. Em um movimento rápido, ele estalou os dedos, e uma enorme esfera de luz negra se formou no ar, indo em minha direção com uma velocidade mortal.

— Magia das chamas: bola de fogos! — gritei o comando, e uma esfera flamejante se formou à minha frente, explodindo na direção do inimigo. Ondas de fogo se ergueram ao meu redor, criando um escudo incandescente, enquanto as chamas dançavam como flores selvagens, prontas para consumir tudo em seu caminho.

Quando a fumaça e as chamas começaram a se dissipar, olhei ao redor, mas Matteo e o misterioso homem haviam desaparecido. A energia no ar ainda pulsava com a presença daquela magia estranha, mas eles se foram. No entanto, eu percebi que alguns traços de sua magia haviam se dispersado pelo campo. Com rapidez, invoquei um frasco encantado e consegui capturar um pouco daquela essência antes que sumisse por completo. Isso seria útil para investigar o que realmente aconteceu ali e quem era aquele desconhecido.

Voltei à arena, agora vazia e em silêncio absoluto. Todos os ocupantes haviam se retirado para o lado de fora, ansiosos e temerosos do que poderia ter acontecido. Quando caminhei em direção à multidão, notei que os cavaleiros me olhavam com expressões de alívio, ainda tentando processar os eventos. O caos havia passado, mas a tensão permanecia.

No meio da multidão, Otto se destacava, sua figura imponente irradiando calma e autoridade. Ele me observava, e quando nossos olhares se encontraram, um sorriso surgiu em seus lábios. Ele então estendeu a mão para mim, um gesto que parecia carregar mais do que simples apoio. Havia orgulho e confiança, como se, apesar de tudo, ele soubesse que eu voltaria vitorioso.

Com um suspiro, caminhei em sua direção e segurei sua mão. Sentir o calor e a força naquele simples toque me fez perceber que, apesar das incertezas e dos desafios que ainda estavam por vir, não estava sozinho. Havia aliados, havia propósito. Mas, ao mesmo tempo, a sensação de que algo maior estava por trás dessa invasão crescia dentro de mim. Matteo e o misterioso homem eram apenas o começo.

— Precisamos discutir o que aconteceu — disse Otto calmamente, sem largar minha mão, mas com um olhar sério que indicava a gravidade da situação.

Assenti, sabendo que, a partir de agora, a investigação sobre essa nova ameaça seria uma prioridade. Havia perguntas que precisavam de respostas e segredos sombrios que ainda não tinham sido revelados. Mas, por ora, estávamos juntos, prontos para enfrentar o que viesse. E eu estava determinado a descobrir quem estava por trás de tudo isso e garantir que Matteo jamais voltasse para nos atormentar.

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Mais tarde, Otto insistiu em me acompanhar até a central dos cavaleiros mágicos. Seus olhos me analisavam de cima a baixo, como se estivesse conferindo se não estava faltando nenhuma parte do meu corpo após o confronto. Havia uma preocupação silenciosa em sua expressão que ele tentava mascarar com seriedade, mas eu podia sentir sua inquietação.

Ao entrar na central, fui imediatamente envolvido pela opulência do lugar. As paredes internas estavam cobertas com cascatas de seda cor de bronze, que capturavam a luz suave das velas nos candelabros reluzentes pendurados no alto. Os pisos eram adornados com peles macias e tapetes ricamente bordados, amortecendo cada passo. Ao longo das paredes, divisores de seda brilhante separavam pequenos grupos de cavaleiros. Alguns conversavam em pé, visivelmente tensos, enquanto outros estavam deitados em almofadas, tentando se acalmar com xícaras de chá. Contudo, o tremor de suas mãos revelava o estado de nervos em que se encontravam.

A tensão não estava restrita apenas à central. Pelo que soube, o povo do império também estava profundamente abalado. O medo e a incerteza pairavam no ar, todos se perguntando quem tinha ousado atacar a arena e qual seria o próximo alvo. Por precaução, Alice e Dennis foram enviados de volta ao palácio sob uma grande escolta, enquanto nós viemos direto para cá.

Meus dedos apertavam o frasco encantado que continha as partículas de magia que capturei. Elas vibravam com uma energia familiar, mas que eu não conseguia identificar com clareza. Já senti essa força antes, mas a lembrança escapava como um sussurro esquecido.

— Marlon, se não quiser participar dessa reunião com os cavaleiros, eu entendo — Otto disse, interrompendo meus pensamentos com uma voz suave, mas firme.

Desperto de minhas reflexões, olhei para ele e dei um sorriso tranquilo. — Não se preocupe. Vou ouvir tudo e serei seu apoio. — Com essas palavras, seguimos para nossos lugares na mesa central.

Enquanto nos acomodávamos, invoquei um livro em minhas mãos. Era uma obra que catalogava todos os tipos de magia existentes no mundo. Folheando rapidamente, encontrei algo que me deixou inquieto. A essência de magia que capturara estava relacionada à magia primordial, uma das mais antigas e poderosas que já existiram. Lendas antigas afirmam que foi graças a essa magia que as primeiras grandes façanhas e catástrofes se manifestaram neste mundo.

Otto se adiantou e, com autoridade, ordenou:

— Quero um relatório completo. A arena foi o único local atacado?

Um dos capitães, rígido em posição de sentido, respondeu sem qualquer emoção na voz:

— Aparentemente, o ataque foi focado apenas na arena. Contudo, por alguns segundos, notamos que ao norte algumas pessoas desmaiaram e ficaram hipnotizadas quando uma sombra se espalhou por suas peles. — A capitã listou os eventos com precisão, mas meu foco permanecia no livro em minhas mãos.

Pessoas capazes de manipular magia primordial são raríssimas. E quando nascem, suas famílias e conhecidos frequentemente os tratam como ferramentas, explorando suas habilidades sem piedade, privando-os de qualquer opção ou liberdade. A crueldade que essas almas enfrentam é imensurável.

Minha mente se fixou em uma conclusão perturbadora: quem trouxe Matteo de volta à vida não só tinha controle sobre a magia primordial, mas provavelmente fazia parte de uma linhagem antiga ou de uma organização que possuía esse conhecimento.

— Apesar de tudo, todos somos gratos ao Marlon por ter nos defendido do perigo imediato. — Uma voz no meio dos cavaleiros interrompeu meus pensamentos, e logo todos assentiram em concordância. — Honra ao bruxo imperador!

Me senti um tanto desconfortável com essas palavras, sorrindo meio sem jeito enquanto os olhares se voltavam para mim. Não era o tipo de reconhecimento que eu buscava, mas entendia a necessidade de manter a moral alta.

Otto, retomando o controle da situação, bateu o punho esquerdo na palma direita, um gesto enérgico que cortou o murmúrio crescente.

— Precisamos aumentar nossas defesas para garantir que algo assim não aconteça novamente. Nosso primeiro dia de festival foi arruinado, mas podemos colocar todos em alerta máximo para evitar novos incidentes.

Com isso, uma discussão intensa começou entre os cavaleiros e oficiais. Murmúrios e sugestões surgiam de todos os lados, enquanto tentavam delinear os próximos passos para proteger o império. Enquanto isso, segurei o frasco em minha mão e observei a essência da magia primordial com renovada determinação. Precisávamos descobrir mais sobre nosso novo inimigo, e eu estava disposto a fazer o que fosse necessário para isso.

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Quando retornamos ao palácio, o silêncio reinava no caminho. Otto estava visivelmente pensativo, os olhos fixos à frente, mas sua mente parecia distante, envolta em preocupações. Eu podia sentir a tensão no ar, algo mais profundo do que a simples preocupação pelo império.

Quando finalmente chegamos ao salão principal, ele parou de repente e se virou para mim. Seu olhar estava carregado de uma mistura de ansiedade e determinação.

— Me prometa que não vai se colocar em perigo novamente — ele pediu, a voz firme, mas com uma leve vulnerabilidade que raramente deixava transparecer.

Senti o peso daquelas palavras e o que elas significavam. Otto sempre foi uma fortaleza, alguém que controlava tudo ao seu redor com precisão e confiança. Ver essa camada de preocupação era raro. Segurei sua mão com firmeza, tentando transmitir a segurança que ele precisava.

— Eu prometo... ao menos que o perigo venha até mim — respondi com calma, um sorriso sereno tocando meus lábios enquanto apertava sua mão. — Pode confiar em mim, Otto. Eu sou capaz de me defender e proteger você, assim como todos os outros. Não estou sozinho nisso, e você também não.

Ele continuou a me encarar por alguns segundos, como se procurasse alguma certeza nas minhas palavras. Então, soltou um suspiro profundo e deu um leve aceno de cabeça, embora eu soubesse que ainda havia preocupação em seu coração.

— Sei que é forte e que já passou por muita coisa, mas não posso evitar me preocupar — ele admitiu, sua voz agora mais suave, quase num murmúrio. — Não posso perder mais ninguém importante para mim.

Aquelas palavras ressoaram dentro de mim, e senti uma conexão ainda mais forte entre nós. A responsabilidade de proteger aqueles que amamos é um fardo pesado, mas é um que carregamos juntos.

— Nunca subestime o que podemos fazer juntos — respondi, apertando sua mão uma última vez antes de seguirmos em frente, prontos para enfrentar o que viesse.
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Gostaram?

Até a próxima parte 😘

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