Capitulo Treze
Marlon Shipka:
O sol estava alto no céu quando terminei o treinamento com os cavaleiros. O cansaço começava a pesar nos meus ombros, mas uma sensação de realização também me acompanhava. Os alunos haviam se saído bem, e o progresso que vi neles era encorajador. No entanto, não havia muito tempo para relaxar. Eu tinha outro compromisso — um almoço com Otto.
Sabendo que o encontro poderia ser mais do que uma simples refeição, voltei para o meu quarto para me refrescar rapidamente. Depois de trocar de roupa e me preparar, dirigi-me ao salão onde Otto havia organizado o almoço. Quando me aproximei da entrada, fui recebido por um dos criados, que me conduziu até a sala de jantar privada, onde o imperador já me aguardava.
Ao entrar, o ambiente era acolhedor, com a luz do sol entrando pelas janelas altas, iluminando a mesa elegantemente posta. Otto estava sentado à cabeceira, vestido de forma casual, mas ainda assim exalando a dignidade de um imperador. Ele levantou o olhar quando entrei, um sorriso suave surgindo em seus lábios.
— Marlon, que bom que pôde se juntar a mim — disse ele, sua voz calorosa e convidativa. — Por favor, sente-se.
Assenti e tomei o assento à sua direita, notando que a mesa estava decorada com pratos simples, mas que exalavam um aroma delicioso. O contraste entre a atmosfera descontraída e o ar de expectativa que pairava no ambiente era inconfundível.
— O treinamento foi intenso hoje? — perguntou Otto, enquanto servia vinho para ambos.
— Sim, mas foi um bom dia — respondi, aceitando a taça de vinho. — Os cavaleiros estão progredindo bem. Estão se tornando mais coesos como grupo, o que é crucial.
Otto assentiu, parecendo satisfeito com a resposta.
— Fico feliz em ouvir isso. A unidade entre os cavaleiros é fundamental para o futuro do império — comentou ele, antes de tomar um gole do vinho. — Mas hoje, não quero falar apenas de deveres e responsabilidades. Este almoço é uma oportunidade para nos conhecermos melhor, para que possamos fortalecer nossa aliança.
Havia uma sinceridade na voz de Otto que me fez relaxar um pouco. Embora eu ainda estivesse cauteloso, era difícil negar a honestidade em seu olhar.
— Concordo, Otto. Acho que é importante que haja confiança entre nós — respondi, pegando os talheres e começando a comer.
O primeiro prato era uma sopa leve, mas cheia de sabor, seguida por uma variedade de carnes assadas e vegetais frescos. Enquanto comíamos, a conversa fluiu de maneira mais natural do que eu esperava. Otto falava sobre sua infância, sobre como ele cresceu sob o peso das expectativas imperiais e como isso moldou sua visão de liderança. Ele não era apenas o imperador, mas também um homem que carregava a carga de seu império nos ombros, algo que eu começava a entender mais profundamente.
— Sabe, Marlon — disse Otto, enquanto terminávamos o prato principal — desde que conheci você, senti que havia algo especial em você. Não é apenas seu talento mágico, mas sua forma de lidar com as pessoas, sua capacidade de entender o que é necessário. Isso é algo que eu admiro.
Suas palavras me pegaram de surpresa. Não era comum ouvir Otto ser tão direto em suas observações, especialmente sobre algo tão pessoal. Olhei para ele, tentando discernir o que realmente estava por trás de suas palavras.
— Fico grato por ouvir isso, Otto. Mas sou apenas alguém que tenta fazer o melhor com as circunstâncias que me são dadas — respondi, tentando manter o tom humilde.
Otto sorriu, um sorriso que mostrava tanto apreciação quanto uma espécie de desafio implícito.
— E é exatamente isso que faz de você alguém tão valioso, Marlon. Não estou apenas falando de seu papel como bruxo imperial. Estou falando da pessoa que você é — disse ele, inclinando-se ligeiramente para a frente, sua voz carregada de uma intensidade que não podia ser ignorada.
Havia algo nas suas palavras, algo que fez o ar parecer mais denso, como se a sala tivesse encolhido ligeiramente. Minha respiração ficou mais lenta, enquanto eu ponderava sobre o que ele realmente estava tentando dizer.
— Otto, eu entendo que a confiança entre nós é crucial — comecei, escolhendo as palavras com cuidado. — Mas você sabe que as coisas entre nós são complexas. Não é apenas uma questão de lealdade ao império, mas também de como navegamos essa relação de maneira que seja benéfica para ambos.
Otto assentiu, seu olhar sério, mas ainda caloroso.
— Sim, e é exatamente por isso que eu quero que sejamos honestos um com o outro. Não há necessidade de máscaras entre nós. Se houver algo que você queira dizer, algo que esteja em sua mente, não hesite.
A profundidade da conversa era inesperada, e senti a tensão entre nós aumentar, mas de uma maneira que era mais intrigante do que desconfortável. Otto estava me dando uma oportunidade de abrir a porta para uma comunicação mais franca, mas também estava testando os limites do que estávamos dispostos a compartilhar.
Eu respirei fundo, ponderando minhas palavras.
— Otto, aprecio sua abertura e sua confiança em mim. Mas precisamos entender que estamos lidando com forças que vão além de nós dois. O que decidimos aqui não afeta apenas a nós, mas a todos ao nosso redor — disse, tentando transmitir a seriedade da situação.
Otto assentiu novamente, seu olhar agora mais contemplativo.
— Você está certo, Marlon. E é exatamente por isso que quero que construamos algo sólido, algo que resista às pressões externas. Este império é grande, mas são as alianças que o sustentam — ele pausou, observando-me atentamente antes de continuar. — E eu gostaria que você estivesse ao meu lado, não apenas como um aliado, mas como alguém em quem eu possa realmente confiar, em todos os sentidos.
As palavras de Otto carregavam um peso que eu não podia ignorar. Havia um subtexto que eu precisava entender completamente, mas também uma clareza em sua intenção que era difícil de ignorar.
— Otto, eu... — comecei, mas fui interrompido pelo som da porta se abrindo. Um dos criados entrou com a sobremesa, interrompendo o momento.
Otto recostou-se na cadeira, o sorriso retornando ao seu rosto.
— Não vamos deixar a sobremesa esfriar. Ainda temos muito o que discutir — disse ele, com um tom mais leve.
Eu sorri de volta, embora ainda processando o que havia sido dito. Enquanto a sobremesa era servida, senti que este almoço estava longe de ser apenas uma refeição. Era uma negociação, um jogo de palavras e intenções, onde cada movimento precisava ser cuidadosamente calculado.
Enquanto Otto falava sobre as sobremesas, senti que o verdadeiro diálogo entre nós estava apenas começando, e que as decisões que tomássemos hoje moldariam nosso futuro de maneiras que ainda não podíamos prever.
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Otto se virou para mim, com um sorriso que misturava charme e malícia.
— Marlon, sobre o que aconteceu no seu quarto ontem e na primeira vez que você dormiu aqui no palácio — começou ele, o tom de sua voz brincalhão, mas carregado de intenções.
Sua menção fez com que eu parasse com a colherada de sobremesa a caminho da boca, sentindo o estômago se revirar de leve. Eu já podia prever para onde aquela conversa estava indo, e não era exatamente o tipo de assunto que eu queria revisitar no momento.
— Se quiser... — Otto continuou, com uma sugestão clara em seu olhar.
— Pode parar — interrompi firmemente, colocando a colher de volta no prato e encarando-o de frente.
Otto parou, ainda com aquele sorriso, mas agora com uma curiosidade evidente em seus olhos. Ele estava acostumado a conseguir o que queria, e minha reação provavelmente não era o que ele esperava.
— Otto, eu entendo que você gosta de brincar e de testar os limites, mas precisamos ser claros sobre algumas coisas — continuei, mantendo meu tom calmo, mas decidido. — Há um tempo e lugar para tudo, e isso inclui certas conversas.
Otto me observou por um momento, seu sorriso suavizando-se um pouco, como se estivesse ponderando minhas palavras.
— Você tem razão, Marlon. Às vezes, eu posso me empolgar um pouco demais — admitiu, seu tom mais sério agora. — Não quero que você se sinta desconfortável ou pressionado, em nenhum momento.
Eu respirei fundo, apreciando a mudança de tom.
— Agradeço por entender — respondi, relaxando um pouco. — Só acho que há questões mais importantes que precisamos resolver primeiro.
Otto assentiu, e o ambiente no salão pareceu se acalmar. Embora eu soubesse que essa conversa não seria a última sobre o assunto, pelo menos por agora, havíamos conseguido estabelecer alguns limites claros.
— Certo, deixemos isso de lado por enquanto — disse Otto, voltando sua atenção para a sobremesa. — Ainda temos muitas outras coisas para discutir, e quero garantir que nossa aliança seja baseada em respeito mútuo.
Eu assenti, retomando minha refeição com uma sensação de alívio. A partir daquele momento, sabia que a dinâmica entre nós continuaria a ser um jogo de equilíbrio delicado, mas também sabia que, com a comunicação aberta, poderíamos encontrar um caminho que funcionasse para ambos.
A sobremesa foi consumida em um silêncio mais confortável, e, quando finalmente nos levantamos da mesa, senti que havia dado um passo importante na construção de uma relação sólida e respeitosa com Otto. Mesmo que as provocações continuassem, havia agora uma base de entendimento que nos permitiria trabalhar juntos de maneira mais harmoniosa.
— Obrigado pelo almoço, Otto — disse, ao nos prepararmos para sair do salão.
— Foi um prazer, Marlon. Espero que possamos continuar a construir algo significativo juntos — respondeu ele, com um sorriso genuíno.
Enquanto me afastava, sabia que o futuro ainda reservava muitos desafios, mas também oportunidades para fortalecer essa aliança, que agora começava a tomar uma forma mais definida.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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