Capítulo Quarenta e Quatro
Marlon Shipka:
Quando retornamos ao castelo, a atmosfera parecia incomumente serena, como se o mundo lá fora estivesse a anos-luz de distância de nossas preocupações. No entanto, essa calma não se refletia em Otto. Ele estava claramente ansioso desde o momento em que contei sobre meu encontro com os usuários de magia das trevas. Não tinha outra escolha senão ser honesto com ele, então revelei que eu também possuía esse poder sombrio — um poder que jurei nunca mais usar após concluir minha vingança contra meus tios e Matteo.
Otto ficou em silêncio, seu olhar fixo no vazio enquanto a carruagem avançava. Sua expressão carregava uma mistura de surpresa, preocupação e, talvez, uma sombra de medo. Ele sabia que lidar com magia das trevas era algo delicado, perigoso até, e, ao ouvir minha confissão, parecia perdido em seus próprios pensamentos, como se estivesse reavaliando tudo o que sabia sobre mim.
Quando finalmente chegamos ao castelo e a carruagem parou, o clima tenso foi rapidamente interrompido por um gritinho animado. Virei-me para a janela e vi Alice, com os olhos arregalados de curiosidade, espiando Gurokishinia e Dorōru.
— Isso é... um gigante? E uma fada? — Drake perguntou, quase em um sussurro, enquanto se aproximava, a voz cheia de incredulidade.
— Onde vocês encontraram esses dois? — Jam indagou, sua expressão alternando entre confusão e fascínio.
Gurokishinia, com sua postura elegante e asas reluzentes, pousou suavemente ao lado da carruagem, lançando um sorriso enigmático para as crianças. Dorōru, por outro lado, permaneceu parado, sua figura imensa atraindo olhares de todos ao redor. Sua presença dominava o espaço, mas ele se manteve em silêncio, quase como se soubesse que, para aqueles que nunca haviam visto um gigante de perto, sua simples existência já era o suficiente para causar um impacto duradouro.
Otto finalmente desceu da carruagem, seu semblante ainda sério, mas com uma determinação renovada. Ele deu um longo suspiro antes de se aproximar de mim.
— Eu ainda preciso de tempo para processar tudo isso — ele murmurou para mim, sua voz baixa, apenas para que eu ouvisse. — Mas saiba que, independentemente do que aconteceu no passado, estou ao seu lado. Só preciso entender como lidar com isso.
Assenti, sentindo uma mistura de alívio e apreensão. Era compreensível que ele precisasse de tempo. Magia das trevas carregava um estigma, e eu sabia que essa revelação não seria fácil para ele. Mas, por enquanto, sua presença e suas palavras foram suficientes para me tranquilizar.
— Esses dois são aliados agora? — perguntou Alice, ainda olhando fascinada para Gurokishinia.
— Por enquanto, sim — respondi. — Eles estão aqui para nos ajudar, mas será uma jornada difícil para todos nós.
Lila e Lopes apareceram pouco depois, ainda cautelosos, mas aceitando a presença dos novos aliados. A dinâmica no castelo certamente mudaria, e todos sabíamos que a jornada à frente exigiria confiança mútua — algo que não seria fácil de conquistar.
Gurokishinia se aproximou de Alice, abaixando-se para ficar à altura deles.
— Não precisam ter medo — disse ele, com um sorriso gentil. — Estamos aqui para proteger e lutar por um futuro melhor, assim como vocês.
Dorōru manteve sua postura, mas, ao ouvir as palavras de Gurokishinia, fez um leve aceno, confirmando o que havia sido dito. Embora sua presença fosse intimidadora, percebi que havia um desejo sincero de redenção nos olhos do gigante.
— Vamos nos preparar — disse Otto finalmente, erguendo a voz para todos. — Temos muito a fazer e pouco tempo. Precisamos estar prontos para o que está por vir.
Enquanto todos se dispersavam para suas tarefas, senti o peso das escolhas que fizemos até agora. O caminho à frente estava repleto de incertezas, mas havia um fio de esperança. Com Otto ao meu lado e novos aliados em nossa jornada, estava pronto para enfrentar qualquer sombra que tentasse nos deter.
O castelo, que antes parecia um lugar seguro e isolado, agora estava no epicentro de uma tempestade iminente. Mas, enquanto caminhávamos juntos em direção ao grande salão, não pude deixar de sentir que, apesar de todos os desafios, algo novo e poderoso estava nascendo entre nós — uma força que poderia muito bem ser a chave para superar os perigos à espreita.
Quando passamos para dentro do castelo, senti a mão de Otto me puxando com uma firmeza inesperada. Ele me conduziu diretamente para seu escritório, trancando a porta atrás de nós com um clique decisivo. Seu semblante estava carregado de seriedade, e eu sabia que essa conversa não seria fácil. Ele se sentou em sua cadeira e me fez ficar à sua frente, o olhar fixo em mim, como se estivesse tentando decifrar todas as camadas da situação.
— Entendo por que escondeu isso de mim — começou ele, massageando as têmporas com evidente frustração. — Mas agora você trouxe para o seu lado pessoas que são temidas e odiadas por muitos. — Ele soltou um suspiro pesado, passando a mão pelos cabelos. — Muitas pessoas não vão reagir bem quando souberem o que você fez. O império ainda está se adaptando à mudança de ter homens-feras vivendo em igualdade com os humanos. Agora, você adiciona usuários de magia das trevas à mistura? Isso vai causar tumulto.
— Eu sei que isso pode causar problemas — respondi, com firmeza. — Mas é o que preciso neste momento. Não estamos lutando contra inimigos comuns, e precisamos de toda a força possível. — Seus olhos me analisaram com uma expressão de descrença, quase como se não quisesse acreditar que eu realmente tomaria esse caminho. — Além disso, agora posso afirmar com mais certeza que há um espião entre nós. Eu já desconfiava disso há algum tempo. E, antes que pergunte, não é a Lídia.
— Eu nunca pensaria isso — Otto retrucou, ofendido, como se a ideia fosse absurda. — Ela é só uma criança. Mesmo que, às vezes, demonstre uma maturidade impressionante quando conversa comigo ou interage com Alice e Dênis, ela é inocente.
A forma como Otto defendia Lídia com tanta convicção me deu um alívio enorme. Sabia que, apesar da desconfiança que muitos poderiam ter por sua conexão com Matteo, Otto via a bondade e a pureza nela. Isso era crucial, especialmente em tempos como este.
— Fico feliz em ouvir isso — disse, um sorriso sincero se formando nos meus lábios. Otto podia ser cauteloso, mas ele sabia reconhecer o verdadeiro caráter das pessoas.
Ele se recostou na cadeira, o olhar fixo em mim, como se estivesse tentando enxergar o que eu estava planejando. — O que você vai fazer agora, além de garantir que alguns nobres olhem para você com ainda mais desprezo? — A pergunta dele tinha um tom sarcástico, mas a preocupação subjacente era inegável.
— Os aliados de Theorban e Matteo estão começando a debandar. Isso ficou claro depois que me viram enfrentá-lo e, ainda mais, agora que Lídia não está mais sob a influência deles. — Pausei por um instante, observando a reação de Otto. — Theorban e Matteo devem estar desesperados, vendo seus planos desmoronarem. Quando souberem o que fiz, eles vão tentar usar isso para virar os outros nobres contra mim. Talvez até tentem um ataque direto. Por isso, preciso que você organize uma festa para o nosso casamento e convide a todos.
Otto me olhou com surpresa genuína, como se não tivesse certeza se eu estava sendo sério. — Uma festa de casamento? Agora? — Ele arqueou uma sobrancelha, claramente tentando entender a lógica por trás da ideia.
— Exatamente. — Assenti com firmeza. — Isso vai atrair todos os nossos inimigos para um único local, em um ambiente controlado. Além disso, mostraremos aos outros que não estamos nos escondendo, que estamos no controle. Eles vão esperar que estejamos acuados, mas em vez disso, vamos exibir força e confiança. Uma festa grandiosa vai servir como palco para mostrar que, apesar das adversidades, estamos prontos para o que vier. E, ao mesmo tempo, poderemos observar quem se aproxima e quem se afasta.
Otto permaneceu em silêncio por alguns segundos, ponderando minhas palavras. A ideia não era convencional, e ele sabia que envolveria riscos. Mas também compreendia que, em tempos de crise, às vezes era preciso jogar com cartas inesperadas.
— Você realmente acha que isso vai funcionar? — ele perguntou, finalmente.
— Sim. Se conseguirmos desestabilizar Theorban e Matteo ao mesmo tempo em que ganhamos o apoio de alguns dos nobres mais influentes, poderemos neutralizar uma grande parte da ameaça. Claro, precisaremos tomar todas as precauções possíveis, mas confio que você pode fazer isso acontecer.
Otto respirou fundo e assentiu lentamente, aceitando a ideia. — Muito bem, vamos fazer isso. Mas saiba que, se as coisas saírem do controle, não hesitarei em agir com toda a força necessária.
Eu sorri, sentindo a cumplicidade e a determinação entre nós se solidificarem ainda mais.
— É disso que eu gosto em você, Otto. Está sempre pronto para o que der e vier.
Ele se levantou, e antes que eu pudesse me virar para sair, Otto segurou minha mão, desta vez com mais suavidade.
— Vamos enfrentar isso juntos. Seja o que for.
Assenti, apertando sua mão em resposta. — Sempre juntos.
Quando saímos do escritório, eu sabia que o caminho à frente seria perigoso, mas estávamos prontos para jogar a última cartada. O castelo, que antes representava segurança, agora seria o palco de uma batalha silenciosa — uma batalha pela confiança, pelo poder e, acima de tudo, pelo futuro do império.
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Caminhei em direção à biblioteca buscando um momento de paz em meio ao caos crescente, mas assim que entrei, a tranquilidade que esperava encontrar foi instantaneamente destruída. Uma figura estava lá, sentada preguiçosamente com os pés sobre a mesa, exalando uma aura que misturava indolência e perigo. Algo estava profundamente errado, e senti os pelos da minha nuca se arrepiarem antes mesmo de ele falar.
— Demorou para voltar, Marlon Shipka — disse a figura, sua voz carregada de um tédio divertido. Com um movimento lento e deliberado, ele retirou o capuz, revelando cabelos castanhos ondulados que caíam até os ombros. No mesmo instante, as sombras ao redor começaram a se agitar, como se reagissem à presença desse intruso.
— Calados. — A ordem saiu sem qualquer esforço, mas a autoridade nela era inquestionável. As sombras recuaram, ainda inquietas, mas subjugadas à vontade dele.
Quando ele se levantou e começou a caminhar em minha direção, seus movimentos eram graciosos, quase dançantes, mas havia uma ameaça latente em cada passo. Instintivamente, dei um passo para trás, sentindo o peso da tensão no ar.
— Quem é você? — perguntei, mantendo minha voz firme. — E o que está fazendo com as sombras?
Ele riu, um som suave, mas cheio de arrogância.
— Você deveria olhar com mais atenção, Marlon. — Com uma confiança perturbadora, ele continuou a se aproximar, ignorando a distância que eu tentava manter. Quando estendeu a mão e tocou meu queixo, senti uma onda de energia gelada percorrer meu corpo. Ela invadiu meus sentidos, como se estivesse tentando tomar controle da minha visão, distorcendo minha percepção da realidade.
Por um momento, lutei contra aquela influência, mas antes que pudesse reagir completamente, vi as sombras ao redor mudarem, revelando suas verdadeiras formas. Espíritos acorrentados emergiram das trevas, suas correntes enferrujadas enroscadas em seus corpos magros e torturados. Eles se debatiam, gemendo em desespero, mas não conseguiam se libertar. Aquilo não eram apenas sombras; eram almas presas, manipuladas e forçadas a servir a esse estranho.
Eu bati na mão dele com força, rompendo o contato, mas o estrago já estava feito. As imagens dos espíritos acorrentados ficaram gravadas em minha mente, e o sorriso satisfeito do homem à minha frente apenas intensificou a repulsa que senti.
— Vejo que agora enxerga o que realmente são — ele disse com um tom de satisfação, como se tivesse provado seu ponto. — Almas perdidas, mas sob meu comando, elas finalmente têm um propósito. Não se preocupe, Marlon, ainda há tempo para você se juntar a elas... ou a mim.
Senti um calafrio percorrer minha espinha.
— Guiá-las? Isso não é guiar. É escravidão. Você está manipulando essas almas, mantendo-as em correntes de desespero.
Ele levantou uma sobrancelha, claramente se divertindo com minha indignação.
— Manipulando? Eu prefiro pensar que estou lhes dando uma nova razão para existir. Essas almas estavam vagando, sem propósito, consumidas pelo vazio. Eu ofereço a elas um novo significado, algo mais... duradouro. Mas vejo que você ainda está preso à sua visão limitada. Isso é curioso, considerando que você já viveu duas vidas com todas as memórias intactas.
Suas palavras me atingiram como um golpe, revelando que ele sabia mais do que deveria.
— Eu não vou permitir que continue com isso — declarei, tentando firmar minha postura e reunir coragem. — Essas almas merecem paz, não servidão.
Ele suspirou, como se estivesse lidando com uma criança teimosa.
— Sempre tem alguém querendo ser o herói moralista. Mas vou te dar um conselho, Marlon: nem toda escuridão precisa ser banida. Às vezes, ela pode ser uma ferramenta, algo a seu favor. Eu aprendi isso durante séculos de aprisionamento. — Ele se afastou com a mesma leveza com que se aproximou, claramente não se sentindo ameaçado. — Da próxima vez que nos encontrarmos, espero que esteja mais disposto a ouvir minhas propostas.
Ele voltou a se sentar, colocando os pés novamente sobre a mesa, como se o confronto entre nós fosse uma mera formalidade.
— Até lá, tente enxergar além da sua visão simplista de bem e mal. O mundo não é tão preto e branco como você pensa.
Fiquei ali, congelado por alguns instantes, tentando controlar o impulso de atacá-lo. Mas sabia que ele estava jogando um jogo complexo, cheio de nuances que eu ainda não compreendia completamente. Sem dizer mais nada, saí da biblioteca, com minha mente fervilhando de pensamentos sobre as almas aprisionadas e as correntes que as mantinham cativas.
Aquela figura não era apenas uma ameaça, era um novo jogador em uma guerra que já estava repleta de inimigos e traições. Ele não apenas mexia com as linhas entre vida e morte, mas distorcia as fronteiras entre controle e liberdade, bem e mal.
Enquanto caminhava pelos corredores do castelo, as imagens das almas presas ainda dançavam em minha mente, e uma sensação de urgência crescia em meu peito. Eu precisava descobrir quem era essa figura e como ela se encaixava na batalha que estava por vir — antes que fosse tarde demais, e o império fosse consumido por algo muito mais sombrio do que qualquer um poderia imaginar.
Um segundo depois, Lunerio apareceu de repente, seus olhos prateados percorrendo a sala com desconfiança, como se estivesse tentando decifrar o que havia acontecido. Sua postura estava tensa, e o ar ao redor dele parecia vibrar com uma energia residual, como se estivesse analisando a distorção que sentira.
— Aconteceu alguma coisa aqui? — ele perguntou, franzindo a testa. — Senti uma distorção no espaço dimensional. Algo está errado.
Eu o encarei por um momento, ponderando como deveria abordar o que acabara de vivenciar. Decidi ser direto, pois o tempo era precioso.
— Lunerio, antes de você ser preso, existiu outro deus que foi aprisionado? — perguntei, minha voz séria. — Alguém que tinha o poder de acorrentar espíritos?
Lunerio me olhou fixamente, como se estivesse tentando conectar os pontos em sua mente.
— O deus da morte — ele respondeu, como se fosse uma resposta óbvia. Mas logo sua expressão endureceu, o rosto assumindo uma palidez súbita. — Mas... há uma mínima possibilidade de ser... — Ele interrompeu a si mesmo, mordendo a língua com força, como se tivesse dito mais do que pretendia.
— Lunerio, o que você sabe? — exigi, dando um passo em sua direção. — Quem é esse ser? O que ele quer?
Ele hesitou, claramente lutando internamente com o que sabia. Finalmente, soltou um suspiro pesado, como se estivesse carregando o peso de séculos de segredos.
— Antes de eu ser aprisionado, existia um deus cuja própria existência foi apagada dos registros. Ele não era apenas o deus da morte, mas também o deus dos laços e dos grilhões. Ele possuía a habilidade única de vincular almas ao seu serviço, mesmo após a morte, negando-lhes qualquer chance de descanso ou reencarnação. — Lunerio pausou, seus olhos fixos em mim, como se estivesse tentando decidir o quanto podia confiar em mim com essa informação. — Ele foi considerado perigoso demais, tanto pelos deuses quanto pelos mortais. Seu desejo de controle absoluto levou a uma guerra entre as divindades, e no final, ele foi derrotado e selado fora do fluxo do tempo.
— E agora ele está livre? — perguntei, minha mente correndo com as implicações. — Foi ele que encontrei na biblioteca?
Lunerio fechou os olhos por um instante, como se estivesse tentando sentir alguma coisa no ar, antes de abrir novamente com uma expressão grave.
— Se ele realmente está livre, isso significa que o selo que o mantinha aprisionado foi rompido. Mas ele não poderia escapar sem ajuda. Alguém ou algo deve ter trabalhado por muito tempo para enfraquecer essa barreira. E, se for mesmo ele, estamos todos em grande perigo. Seu retorno trará caos não apenas ao reino dos vivos, mas também ao dos mortos.
O pavor começou a se enraizar em meu peito. A ideia de uma divindade com o poder de acorrentar almas, manipulando-as como marionetes, era aterrorizante.
— O que podemos fazer para detê-lo?
— Não será fácil — Lunerio admitiu, sua voz carregada de seriedade. — Ele é sutil, paciente e manipulador. Sua força não vem do combate direto, mas da capacidade de corromper e controlar. Ele se alimenta do desespero, do medo e da perda. Precisaremos encontrar uma maneira de reforçar as proteções antigas e, acima de tudo, impedir que ele aumente ainda mais seu poder.
— Você mencionou uma possibilidade mínima... o que mais você não está dizendo? — insisti, notando que Lunerio ainda estava segurando algo.
Lunerio desviou o olhar, claramente relutante.
— Existe uma lenda. Dizem que, se ele conseguir capturar a alma de alguém que já cruzou entre a vida e a morte mais de uma vez, ele pode se tornar praticamente invencível. Ele estaria buscando alguém como você, Marlon. Deve ser por isso que atacou o império, está querendo a sua alma que nasceu aqui e foi para outro mundo intacto sem perder uma parte sequer da sua essência.
Um arrepio percorreu minha espinha ao ouvir isso. De repente, a conexão entre minhas experiências passadas e o interesse dessa entidade se tornou dolorosamente clara.
— Então ele precisa de mim para completar seus planos...
Lunerio assentiu, sua expressão sombria.
— E é por isso que você precisa ser extremamente cauteloso. Ele tentará te manipular, te atrair com promessas de poder ou redenção. Mas tudo o que ele oferece é envenenado.
— Ele já começou a jogar — murmurei, sentindo o peso da responsabilidade que agora recaía sobre meus ombros. — Ele se aproximou de mim, tentou me convencer de que a escuridão pode ser usada a meu favor.
— Esse é o truque dele — Lunerio respondeu, sua voz carregada de preocupação. — Não importa o quão tentador pareça, ele sempre distorce a verdade para servir aos seus próprios fins. Ele fazia isso.
Ficamos em silêncio por um momento, ambos cientes da gravidade da situação. A guerra contra Matteo e Theorban já era complicada o suficiente, mas agora, tínhamos que lidar com uma ameaça muito mais antiga e maligna. Uma ameaça que poderia facilmente transformar o conflito atual em algo muito mais destrutivo.
— Precisamos descobrir onde ele está se escondendo e reforçar as defesas espirituais do castelo — declarei, já pensando em nossos próximos passos. — Se ele está atrás de mim, não podemos deixá-lo agir nas sombras.
Lunerio assentiu, mais decidido agora. — Vou começar os preparativos, mas precisamos agir rápido. Cada segundo que ele ganha, mais forte ele se torna.
Enquanto Lunerio desaparecia para começar seu trabalho, senti o peso da realidade se instalar. O que antes parecia uma luta clara entre luz e escuridão estava se tornando algo muito mais complexo. E agora, a batalha não era apenas pela sobrevivência, mas pela própria natureza da alma.
Sabia que o caminho à frente seria traiçoeiro, mas, por mais assustador que fosse, eu estava determinado a não deixar esse antigo deus ter sucesso em seus planos. Afinal, algumas almas merecem descanso — e eu faria de tudo para garantir isso.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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